CONSIDERA<;OES SaBRE a LEXICa INDIANa NA LiNGUA PORTUGUESA
- UMA QUEST Ao DE LiNGUAS EM CaNTATa
This paper postulates that the portuguese language e.\pansion in the
Orient constitutes an authentic process of languages in contact, with intense and
dynamic movement of exchanges, assimilations and interidiomatic borrowings, and it
substantiates that the semantic history deliverance of the portuguese lexicon from
indian source is an outstanding linguistic work.
ABSTRACT:
Esta j3 bem delineado, no ambito dos estudos cia hist6ria da lingua portuguesa,
o proccsso de expansao do portugues no Oriente, conforme se pode comprova-Io, para
citar apenas duas referencias, na leitum das obms de Dalgado (1913) eLopes (1969), as
quais historiografam, de forma minuciosa, 0 emprego do idioma nas regioes afetas it
influencia do imperio portugues do ultramar oriental. Esta igualmente bem mapeado
(assim, em Dalgado [1919/1921] e Nimer [1943]) 0 processo de incorporac;iio, pela
lingua portuguesa, de vocabulos relativos as Iinguas com as quais a civilizac;ao
portuguesa teve contato, seja na peninsula iberica, seja no ultramar. No conjunto, tais
obras - referidas aqui dentre dezenas de expoentes - consolidamm as bases de um
intenso processo de intercambio interidiomatico, que envolve Iinguas numerosas e
diversas, pertencentes a familias lingiiisticas dispares, como 0 ambe, 0 persa, 0 turco, 0
sanscrito, 0 concani, 0 malaio. as estudos contemporaneos de lingua portuguesa, numa
de suas orientac;oes, tem se devotado it reinterpretac;ao dos dados ja colhidos,
entendendo 0 processo de expansiio da lingua portuguesa, niio como uma questiio de
simples projec;iio desse idioma sobre outros, mas como urn problema dimimico de
linguas em contato. Nesta perspectiva, os contatos entre idiomas siio concebidos numa
dimensao nao exclusivamente lingiiistica, referente apenas it circulac;ao de bases
semanticas, mas no contexto dos contlitos ideol6gicos, envolvenclo por conseguintc
intersec;oes, nem sempre consensuais ou simetricas, entre visoes de mundo e os sistemas
de designac;iio que Ihes correspondem.
a projeto "Estudo hist6rico-descritivo dos vocabulos de origem indiana na
constituic;ao do lexico do portugues e da lingua do Brasil", cujas premissas estuo
apontadas na comunicac;iio de Maria Valiria Aderson de Mello Vargas, constante destes
Estudos lingiiisticos, insere-se na perspectiva te6rica referida acima. Tern ele, por
objetivo, identificar os valores culturais inscritos nos vocabulos portugueses oriundos de
Iinguas indianas, resgatando as marcas ideol6gicas articuladas na intersec;ao entre
culturas. Uma de suas tarefas e consolidar urn banco de dados lexicol6gico, relativo ao
universo vocabular referido.
A prescntc comunicac;ao, que sc integra no projeto assinalado, defende a
oportunidade da constitui~ao do banco de dados lexicol6gicos referido. Ela visa a tres
objetivos: l. assinalar a riqueza do vocabullirio portugues de origem indiana; 2. apontar
a deficiencia dos diciornirios contemporaneos da lingua portuguesa no resgate desse rol
lexico; e 3. apresentar alguns exemplos do banco de dados a ser consolidado.
1. E quantitativamente numeroso 0 rol de palavras do portugues que derivam de
linguas indianas. No Glossario luso-asiatico, de Sebastiao Rodolfo Dalgado
(1919/1921) - obra que constitui 0 trabalho de referencia basico dos estudos em pauta -,
contam-se, no universo de 5640 vocabulos elencados, pelo menos 2150 palavras cujo
etimo deriva de idiomas indianos. Entre estes, ressaltam 0 sanscrito, 0 hindustani, 0
malaiala, 0 urdu, 0 marata e 0 tamil. As palavras ai referidas sao indice expressivo do
rico repert6rio de objetos materiais - e, em menor medida, simb61icos - entrevistos,
alguns pela primeira vez, em terras indianas, pelos portugueses. Eis uma diminuta
sele~ao de vocabulos, referidos por alguns poucos campos semanticos:
elementos do mundo vegetal: dmjora, do sanscrito [= scrto.] karpural; bogari
(especie de arbusto ornamental), do scrto. mugdara, pelo concani mogri; bangue
(especie de canhamo de que se extrai 0 haxixe), do scrto. bhanga, "canhamo"; copra
(amendoa de uma especie de coco oleaginoso), do sanscrito kharpara, atraves do
hindustani khopra; angelim (especie da familia das leguminosas), do tamil anjili; jaca,
do malaiala chakha; betele (planta aromatica da familia das piperaceas), do malaiala
vettila; rota Gunco-da-india), do malaiala rotan; elementos do mundo mineral:
corindon (sexqui6xido de aluminio), do sanscrito kuruvinda, "pedra semelhante ao
rubi", atraves do tamil kurundan; elementos do mundo animal: cauri (pequeno
molusco gastr6pode), do hindustani kauri; meru (veado), do scrto. mrga, "gazela";
alimentos: a{:ucar, do scrto. {:arkara, "grao de areia"; a{:ucar candi, do concani khadi
sdkar; canja, do malaiala kanji; caril, do concani kadhi; nele (tipo de arroz com casca),
do malaiala nel; tecidos: caqui, do urdu kdki; chita, do scrto. citra, "matizado";
objetos: palanquim, do scrto. palyanka, "assento para 0 corpo"; andor, do scrto.
hindola, "balan~o processional", pelo malaiala andola; rovo (instrumento de tortura =
ferro-caldo), do concani rav6; medidas: mercar (medida de secos e molhados), do tamil
marakhal; ana (moeda particionaria da rupia), do hindustani ana; raja (moeda do
Malabar), do malaiala raja; qualifica~oes de casta: bramane, do scrto. brahmana;
chatria, do scrto. ksatriya; vaixia, do scrto. vai{:ya; sudra, do scrto. {:udra; bogar (casta
de pedreiros), do marata bogar; qualifica~oes funcionais: comaca (guia e tratador de
'elefantes), do cingales kuruneka; bico (monge budista), do scrto. bhiksu, pelo pali
bikku); painim (aguadeiro do campo), do concani pahani; rajava, "bailarina", do
malaiala rachau), neiquebari (chefe de aldeia), do scrto. nayaka, pelo marata
ntiyakavddi; conceitos do dominio religioso: deva (divindade masculina), do scrto.
deva, "deus", "0 que brilha"; carma (a a~ao e sua consequencia), do scrto. karman,
"ato"; avatar (reencarna~ao divina), do scrto. avatara, "descida"; ramerriio, do scrto.
rdma (nome pr6prio); saniassi (asceta), do scrto. sannyasin; dominios diversos: cama,
camiio (aldeia), do scrto. grama, pelo tamil kdman; sitar, do scrto. sitar; bolca (imposto
I Na transcri~o das palavras indianas, empregam-se caracteres redondos nos vocabulos em italico ou - pelo
criterio contI'lirio - caracteres itlilicos em vocabulos em redondo, para assinalar, quando necessario, uma
distin~o diacritica.
incidente sobre perola pescada), do tamil valakku; bangala, do concani banglO.
Por pequena que seja esta amostra, que niio recupera decerto os campos
semanticos possiveis da lista, permite ela entrever 0 intenso processo de intera~iio
cultural havido entre as civiliza~oes em contato. E licito com efeito afmnar que a
riqueza das trocas interidiomaticas - desdobrada sobretudo no ambito da representa~iio
do mundo material - denuncia 0 processo de circula~iiodos signos - das palavras e das
coisas, pode-se dize-Io -, no dominio da intera~iioentre 0 colonizador e 0 colonizado. E
licito tambem afmnar que os processos de reconfigura~iio semantica havidos na rela~iio
entre os idiomas testemunham a incapacidade da civiliza~iio portuguesa de aferir com
parametros neutros de referencia os tra~os simb6licos das culturas do Oriente. Neste
sentido, 0 estudo do lexico indiano na lingua portuguesa, tal como proposto no projeto,
niio constitui apenas urn programa de analise de intera~oes semanticas. Trata-se de
descobrir, no ambito da lingua portuguesa, as marcas das tensoes sociais especificas do
contexto em exame que nela se projetam.
2. Niio obstante ter sido ele ja identificado, mormente nas obras antes citadas
(que, embora basicas, constituem raridades bibliograficas, de acesso muito
problematico), 0 lexico luso-indiano esm configurado de forma deficiente nos
dicionarios contempomneos da lingua portuguesa. Em artigo precursor, Fonseca (1981),
analisando 0 Novo dicionario da lingua portuguesa, de Aurelio Buarque de Holanda
Ferreira, na edi~iio de 1975, apontou os problemas basicos da dicionariza~ilo desse
lexico: a transcri~ilo das fontes sanscritas e de ordinario incorreta, devido ao emprego
irregular dos sinais diacriticos (de que resulta, para citar apenas um problema, a
indistin~iio da oposi~ilo fonol6gica entre, por exemplo, as vogais breves e longas e as
sibilantes palatal, cerebral e dental); a vernaculiza~ilo dos vocabulos e ca6tica, arbitraria
e assistematica (0 que motiva adapta~oes incorretas dos generos gramaticais, dos
acentos tonicos e dos valores foneticos); e a configura~iio do lexico e extremamente
irregular (dada a inclusilo de vocabulos pertencentes a registros dispares, tanto os de uso
efetivo na lingua [como canfora,jaca,palanquim]
como os de emprego e conhecimento
extremamente reduzidos [como, ainsa, hinaiana, mocsa
oscilando a lista de palavras
entre 0 formato do dicionario de uso e 0 do dicionario enciclopedico. A esses problemas
- que nilo silo exclusivos da obra analisada por Fonseca, mas recorrentes em todos os
dicionarios contempomneos -, acrescentam-se tambem, podemos aduzi-Io, a imprecisilo
do registro etimol6gico do lexico, 0 qual niio se faz na perspectiva abonante das linguas
de partida; a deficiencia do registro do percurso dos etimos, 0 qual niio da conta da
varia~iio semantica das palavras na transmissilo entre os idiomas (assim, no percurso
slinscrito -+ hindustani -+ portugues); e a deficiencia no registro das abona~Oes, 0 qual
niio se faz recorrendo-se aos textos, mais fidedignos, dos autores quinhentistas e
seiscentistas. Parece cabivel afmnar que os dicionarios contempomneos niio auxiliam 0
entendimento dos textos portugueses que documentam 0 processo de expans!o da
lingua portuguesa no Oriente.
Constitui meta do projeto a constitui~iiode urn banco de dados, organizado de
modo a superar os problemas de dicionariza~iio apontados. Propoe-se que 0 banco de
dados apresente 0 seguinte formato:
n,
•
•
•
•
abona~ao, com exclusao de vocabulos estranhos ao processo de emprestimo
vernacular;
configura~ao dos verbetes estabelecida em perspectiva etimol6gica, com 0 resgate
do sentido dos vocabulos de acordo com os valores inscritos nas Iinguas de partida,
identificando-se
as oscila~oes semanticas havidas na cadeia de transmissao
interidiomatica;
transcri~ao das palavras nao vernaculas de acordo com alfabetos diacriticos
organizados em bases fonol6gicas;
registro das palavras ja vernacularizadas de acordo com as abona~oes textuais,
acatando-se os formatos ja propostos, e evitando-se uniformizar as grafias, no caso
das variantes; e
emprego sistematico de abona~oes textuais para os sentidos das palavras, com
enfase nos textos contemporaneos it epoca de incorpora~ao dos vocabulos e aos
contextos de progressao semantica; recusa sistematica em simplesmente incorporar,
pOl' c6pia, as palavras dicionarizadas.
Trata-se, conforme se pode perceber, de empreendimento
de grande
envergadura, necessariamente
multidisciplinar,
envolvendo as areas da filologia
portuguesa, da lingiiistica, da hist6ria e da sociologia.
3. Estando 0 projeto do inicio de sua execu~ao, podem-se apresentar, no
momento, apenas amostras da pesquisa lexicol6gica que se pretende efetivar. No que
segue, algumas fichas - provis6rias - de trabalho:
3.1. palanquim. Defmi~ao: grande caixa quadrada, provida de urn ou dois
assentos e sustida pOl' uma vara reta ou arqueada, empregada para transportal' pessoas.
Etimologia: do scrto. paryanka ou palyanko (conforme a abona~ao de Pllnini, VIII, 2,
22), Iiteralmente "(assento para) todos os membros", designativo, neste sentido, de toda
e qualquer base para a acomoda~ao do corpo; atraves do pali pallanko, "base para
sentar-se no chao com as pernas cruzadas" ou "base para carregar imagens ou reliquias
budistas", e dai pelo hindi palaki, "liteira para conduzir pessoas". Comentario: Observase que, no percurso da palavra, persiste 0 tra~o semantico "base para acomoda~ao do
corpo", com perda, no hindi, do tra~o de perten~a do objeto ao universo sagrado,
conservado no pali, e reinterpretado em portugues como "base para transporte de
djgnatarios ou pessoas de posses". Reconfigura~ao dinamicada fun~lio do objeto, com
tTansla~ao entre os dominios do sagrado e do profano. Abona~oes: (l535i "Leva vintee
cinco oti trinta molheres das suas mais pryvadas, as quaes vao em cada huu seu
pallamque, que sao como amdas, e Q pallamque da molher prymcipal he todo cuberto de
pannos de grao borilado d'aljofar gramde e somente a .cana, os palaques das outras
molheres sao goarnecidos somente de prata, e outro palanque de sua pessoaque vaya
destro com hua amda do mesmo teor goarnecido d ouro." - Chronica de Bisnaga, p. 61,
apud Dalgado (1921: s.v. palanquim). (1545) "Logo atras delle em tres palanquins
vinha Nhay (:anoto, filha que fora do Rey de Pegu passado, a quem este Brama tomara
o Reyno, e mulher de Chaubainhli com quatro filhinhos seus." - Fernlio Mendes Pinto
(1985: 50).
3.2. andor. Defini~iio: padiola portlitil e ornamentada, para conduzir imagens
nas procissoes; tambem, palanquim, conforme a defini~iio de 3.1. Etimologia: do scrto.
hindola, "balan~o ou liteira ornados, em que se carregam no crepusculo imagens de
Krsna, por ocasiiio do Festival do Balan~o, no mes 9ravana [= a esta~iio das chuvas]",
segundo Monier-Williams (1899: s.v. hindola), atraves do malaiala andola, "base com
que se conduzem imagens de divindades [mormente, Krsna e Rama]". Comentario:
incorpora~iio, na palavra portuguesa, dos tra~os semanticos da forma e da fun~ao do
objeto indiano, 0 qual se adaptou as praticas da devo~iio cristii; a sinonimia de andor
com palanquim (enunciada na homologa~ao palanquim = andas constante do texto de
1535, em 3.1.) resulta possivelmente do cruzamento dos tra~os "base para transporte de
deuses e dignidades" e ''veiculo de transporte de dignidades". Abona~oes: (1687) "No
tempo dos nossos Reys so eles, e os Bicanasingas, por privilegio, andauao em andores.
De presente niio ha Parea que nao acarretemos." - Ferniio de Queiroz (1912: 839).
3.3. canja. Defini~iio: caldo de galinhacom arroz. Etimologia: do malaiala
kanji, "sopa de arroz". Comentario: incorpora~ao vernacular parcial do objeto indiano
(tra~os "caldo quente" + "arroz", proprios da culinaria vegetariana do Malabar), com
acrescimo do tra~o "carne de galinha", especifico da culinaria onivora portuguesa.
3.4. jangada. Defini~oes: 1. constru~iio ligeira, em forma de grade, para
transporte em agua; 2. arma~iio feita com madeira de urn navio, para salvar os
naufragos. Etimologia: do malaiala changadam, designativo de embarca~ao consoante
com a defmi~iio 1. Comentlirio: incorpora~iio no vocabulo portugues da forma e fun~ao
do objeto indiano, com expansiio sinonimica de escaler, e reconfigura~ao semantica de
acordo com a defini~iio 2. Abona~oes: (1560) "E loguo por a manha ordenadas duas
janguadas sobre Paros para os dous Capitaes, tendo ambos aceitado partir Antonio
dalmeida diante rodear 0 Ilheo..." - Gabriel Rebelo, Informa9iio de Maluco, p. 222,
apudDalgado (1921: s.v.jangada).
3.5. lamane. Defini~iio:nome do inidividuo que pertence a casta cuja fun~ao e
transportar alimentos em carros de boi. Etimologia: do marata laman. Comentario:
adapta~iio fonetica da palavra indiana, em vocabulo de pouca circula~ao na lingua
.portuguesa, em fun~ii(),decerto, da localiza~iio pontual e restrita da casta referida e da
ausencia de homologia entre as fun~oes sociais. Abona~oes: (1710) "Acompanhao 0
Exercito do Rey Mogor, que tern perto de duzentos mil homens, humas mulheres, que
se chamao lamanes, que tern muitos milhares de boys, com que provem de mantimento,
e do mais necessario ao dito Exercito." - Leonardo Pais, Promptuario, p. 15, apud
Dalgado (1921: s.v. lamane).
3.6. neiquebari.
Defini~iio: chefe de aldeia, arrecadador de impostos.
Etimologia: do scrto. nayaka, "chefe de aldeia, encarregado da posse do bastao (danda)
da ordem", pelo marata nayakavadi. Comentario: ressalte-se que na fixa~ao do vocabulo
portugues se mantem os tra~os "lideran~a" + "posse do bastiio da lei", com enfase no
tra~o "responsavel pela cobran~a de impostos". Abona~oes: (1553) "E 0 modo entre si
de se partir este foro, he que os neiqueibaress cabeceiras de aldeia que vem da linhagem
dos mais principaes daquella pouoa~iio, fazem cada anno lan~amento per todolos
moradores." -Joiio de Barros (1982: II, v. 1).
3.7. nele. Defini~iio: arroz em casca. Etimologia: do malaiala nel. Abona~oes:
(1687) "... crendo que quem Ihe fizer sacrificio de casca de nele marl (nele he arroz com
casca), e de azeyte de coco, fam logo acordar." Femao de Queiroz (1912: 7).
3.8. ramerrao. Defini~ao: ruido monotono e continuado. Etimologia: da
expressao si'mscrita rama rama, "6 Rama! 6 Rama!", invoca~ao do protagonista do
epico Ramayana, celebrado como avatara de Visnu, utilizada, por toda a india, como
forma cortes de sauda~ao, atraves da formula pan-indiana Ram Ram. Comentario:
adapta~ao, entre jocosa e irreverente, da formula indiana, com apagamento do conteudo
devocional e enfase no aspecto sonoro da repeti~ao continuada do vocabulo. Exemplo
da desqualifica~ao de valor simbolico nao compartilhado. Vale mencionar que, em
portugues, 0 adjetivo ramerrameiro, numa de suas acep~oes, significa ''retr6grado'',
"oposto ao progresso", "rotineiro". Abona~oes (da f6rmula de cortesia): (1687) "Ao
Quitri mandou professar armas; e deu Ihe por divisa a insignia da linha, 0 Sandia, com
a1guadiferen~a com a cortezia Rama Rama; que uem a dizer, Deos nos livre do perigo
das armas." -Femao de Queiroz (1912:125).
RESUMO: A comunica~ao postula que a expansao da lingua portuguesa no Oriente
constituiu um verdadeiro processo de linguas em contato, com intenso e dinamico
movimento de trocas, assimila~oes e emprestimos interidiomaticos, e defende que e
trabalho lingiiistico relevante resgatar a hist6ria semantica do lexico portugues de
origem indiana.
PALAVRAS-CHAVB: lexico luso-asiatico; expansao da lingua portuguesa; linguas
indianas.
BARROS, J080 de (1982). Decadas. Lisboa, Livraria Sa da Costa, vol. II.
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FONSECA, Carlos Alberto da (1981). "Considera~oes sobre 0 lexico indiano na lingua
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LOPES, David (1969). Expansiio da lingua portuguesa no Oriente nos seculos XVI,
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NIMER, Miguel (1943). Injluencias orientais na lingua portuguesa. Sao Paulo, [edi~ao
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PINTO, Femao Mendes (1983). Peregrina~oes. Lisboa, Imprensa Nacional.
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This paper postulates that the portuguese language e