Perspectivas da Mediação e da Arbitragem na Saúde Renato Battaglia Médico, administrador/consultor de empresas Membro do corpo de mediadores do MEDIARE Membro da lista de árbitros da CAMARB Membro do Comitê Brasileiro de Arbitragem Membro da Soc. Bras. de Administração em Oftalmologia Membro da Consulta di Bioetica di Milano [email protected] Seminário do SINDHRio em 10 de agosto de 2004 1 Conflito Negociação direta O comum do dia a dia e o limite [email protected] 2 “Você não pode solucionar um problema a partir do mesmo nível de consciência que o criou” Albert Einstein [email protected] 3 O terceiro neutro Os processos Conciliação Mediação Arbitragem Justiça tradicional Qual escolher ? [email protected] 4 Cada caso é único Ética Compaixão Conhecimento “Não existem mesas balanceadas” Phyllis Beck Kritek [email protected] 5 Características - celeridade, custos emocional e financeiro Negociação Conciliação Mediação Arbitragem Justiça tradicional [email protected] 6 Características - sigilo Negociação Mediação Arbitragem Conciliação Justiça tradicional [email protected] 7 Características - autonomia Negociação Mediação Conciliação Arbitragem Justiça tradicional [email protected] 8 Características - preservação Mediação Negociação Conciliação Arbitragem Justiça tradicional [email protected] 9 O terceiro é milenar Mediação refinada vem de 1970’s Arbitragem é mais antiga Sentenças arbitrais não comportam recursos se as partes assim convencionarem. Constituição do Império, 1824 [email protected] 10 Por que administrar conflitos na saúde ? Onde estão os conflitos ? O que é um paciente ? O que é uma “casa de saúde” ? Como é o dia de um profissional ? [email protected] 11 “Trabalhadores do Conhecimento” Peter Drucker Em 1950 Os “obrigados” e os “não-obrigados” Hoje Os “colegas” dizem o que deve ser feito. Não são homogêneos. O conhecimento eficiente é especializado. Fragmentado mesmo em grandes organizações. [email protected] 12 “O hospital é a mais complexa organização humana já concebida” Peter Drucker [email protected] 13 O hospital Com 300 leitos poderá ter 3.000 trabalhadores. 50% trabalhadores do conhecimento. Pode ter mais de 30 tipos de profissionais. Regras, exigências, formação, qualificação diversas. Poucas pessoas, porém, esperam autonomia. “Que a direção entenda o que faço.” “Não quero ser o administrador.” [email protected] 14 A day in the life (Lennon-McCartney) O profissional de saúde Pesquisamos um hospital na Bahia… Um lugarzinho maneiro prá relaxar: No CTI ? Na UC ? Quem sabe na admissão ? No centro cirúrgico ? Na pós-anestésica ? No SS ? Na farmácia ? Na enfermagem ? Só sobrou a enfermaria, lá é mamão-com-açúcar, mas interrompemos a pesquisa pois um paciente agudizou… [email protected] 15 “Nada é tão ruim que não possa ser piorado” Barão de Itararé O contexto da saúde hoje A concentração da renda [email protected] 16 E não é que vai piorar ? O custo da tecnologia A imprevisibilidade na saúde Quanto mais ofereço, mais tenho que oferecer Lá vai o caminhão [email protected] 17 As agências reguladoras Classicamente Possuem corpo técnico especializado. Competência funcional não subordinada à hierarquia administrativa. Possuem autonomia financeira. Estabelecem mandatos fixos para dirigentes. [email protected] 18 As agências reguladoras Quatro funções basilares Atividade normativa Atividade fiscalizadora Atividade sancionatória COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS [email protected] 19 Tão simples, né ? Conselho: ético Hospital: técnico Staff Profissional: técnico e financeiro Familia: emoção Operadora: financeiro e impotência e técnico ANS: legal, fiscal e pacificador [email protected] 20 Os conflitos mais comuns Médicos e hospitais técnico Pacientes emocional [email protected] Operadoras e seguradoras financeiro 21 “Nos EUA a confiança pública nas instituições de saúde pública e privada nunca foi tão baixa. A descrença é evidente no Sistema também. Pacientes não confiam nas seguradoras, médicos não confiam nos seus hospitais e os cidadãos duvidam da capacidade do governo para “salvar” o Sistema de Saúde”. 2002,Roberts and Shore Harvard School of Public Health [email protected] 22 Pacientes e hospitais Sistema atual não aumenta segurança do paciente. Não satisfaz necessidades do paciente. Perpetua clima de desconfiança em todos. Causará número crescente de disputas judiciais. Aumentará despesa com indenizações. [email protected] 23 Ações proativas - hospital Política de Prevenção do Risco. Programa de Gerenciamento do Risco. Programa de Segurança do Paciente. Política de Prevenção de Conflito. Programa de Gerenciamento do Conflito: intervenção precoce, med-arb. [email protected] 24 Ações proativas - profissional Boa relação entre o profissional e o paciente. Escuta ativa, dizer a verdade. 70-80% dos erros na saúde são causados por fatores humanos associados com relações interpessoais. Schaefer, Helmreich, Scheidegger, 1994 [email protected] 25 O que o paciente quer Uma compreensão do que aconteceu. Um reconhecimento do efeito sobre ele. Que o profissional assuma a responsabilidade. Alguma confiança de não repetição com + alguém. Não ter gasto extra devido ao erro. Gallagher, 2003; Wear, 2003; VHA Comitê Nac. De Ética, 2003; O’Connell, 2002; Marcus, 2002; Cohen, 2000; Vincent, 1994; Hickson, 1992 [email protected] 26 Pacientes e profissionais sofrem fortes emoções após um erro. Pacientes querem apoio emocional do profissional e um pedido de DESCULPA. Profissionais querem se desculpar mas temem uma admissão legal de culpa. Profissionais chateados mas inseguros sobre onde conseguir apoio emocional. Gallagher et al. Atitudes de pacientes e médicos após revelação de erro médico, JAMA, 2003; 289: 1001-1007 [email protected] 27 Revelação de erro com um pedido de desculpas frequentemente diminue a raiva e pode levar a familia a desistir de ir à justiça. Revelação de erro que não causa dano aumenta o nível de confiança na relação médico-paciente. Selbst, 2003 [email protected] 28 Programa de mediação do Rush Presbyterian Hospital Iniciado em 1997. Após discussão interna convida paciente para mediação ou negociação assistida. Modelo usado: co-mediação, procuradores das partes são co-mediadores. Objetivo: ajudar paciente a se sentir ouvido, solução rápida e justa. [email protected] 29 Johns Hopkins Hospital Iniciado em 2002. Cláusula de mediação obrigatória no documento de admissão do paciente, antes de ir à justiça. 24 casos em 2003 com 21 resolvidos. Gastos 30% menores em 2003 comparado a 2002. Encoraja queixa precoce e assunção da responsabilidade pelo erro. Aprovado pelos procuradores das partes devido à rápida solução dos casos. [email protected] 30 Drexel University College of Medicine Programa novo, 12 casos selecionados, 6 mediados em abril de 2004. Seleciona casos que irão a julgamento em 6 meses e onde há potencial da justiça decidir pelo paciente. Reclamante e reclamado não têm comunicação direta após início da mediação. Também convida paciente para mediação precoce com ou sem procuradores. [email protected] 31 Medicare Programa nacional, começou em setembro 2003. Mandatório oferecer mediação OPCIONAL. Começa pelas queixas sobre qualidade da comunicação. Co-mediação potencial com clínicos. Conselheiro do paciente com conhecimento do processo pode assistir. [email protected] 32 COPIC Programa dos 3Rs Reconhecer, Responder, Resolver Programa começou em 2001. Médicos participantes treinados para revelar o erro. 435 incidentes reportados foram para a RAC; 153 indenizações pagas no total de $ 791.588 ($ 1.820 por incidente), nenhum caso foi para a justiça até dezembro de 2003. (Custo médio de todas as causas é de $ 78.741) [email protected] 33 Kindred Healthcare Início em fins de 2002. Concordância (voluntária) em usar mediação e/ou arbitragem como parte do processo de admissão. Especialista em Gerência de Risco usa técnicas de mediação, resolve cenários difíceis e complexos de danos aos pacientes. [email protected] 34 Novas diretivas Mediação obrigatória para queixas registradas em: New Jersey e Florida. Oregon (introduzida em 2003). Washington (introduzida em 2/2004). Kentucky (parcial em 2/2004, decisão em 11/2004). Projeto de lei HR 1116 andando no Congresso desde 3/2004. [email protected] 35 Caso 1 - funcionário demitido da empresa em que trabalhava comprovou LER através de exames e laudos. Reconhecido nexo causal entre sua função e lesão. Mesmo despedido, árbitro entendeu que ainda poderia usar convênio do exempregador, visto que adquirira lesão em decorrência do trabalho realizado. [email protected] 36 Caso 2 – paciente pleiteou danos morais ao plano de saúde pela negativa de autorização para cirurgia. Contrato previa tal carência que paciente não cumpriu, mesmo tendo pleno conhecimento. Árbitro entendeu que não cabia indenização, pois paciente tinha conhecimento do prazo de carência. [email protected] 37 Caso 3 – paciente pleiteou ressarcimento por danos morais e estéticos em caso de lesão cutânea pelo uso prolongado de produto cosmético. Comprovado nexo causal entre tal uso e a lesão. Árbitro julgou procedente o pleito. [email protected] 38 O que nos falta ? Treinar/desenvolver habilidades: conversar com pacientes sobre danos; comunicação efetiva/gerenciar conflitos; técnicas de facilitação/mediação. Abordagem programática: prevenção: segurança do paciente, análise do risco; pós-evento: gerenciar conflito. Alinhamento/colaboração: entre pacientes, profissionais, hospitais, operadoras e seguro; com a comunidade legal e com a ANS. [email protected] 39 Agradecimentos Debra Gerardi Health Care Mediations, Inc. Lidia Faria CAESP – Conselho Arbitral do Estado de SP [email protected] 40 Muito obrigado !!! Renato Battaglia [email protected] [email protected] 41