RRPP Atualidades Publicação semestral do Curso de Relações Públicas da Famecos PUCRS – Ano 13 n° 25 – Porto Alegre, RS, Brasil, julho de 2007 O aniversário de um curso pioneiro Foto Elson Sempé Pedroso/famecos E mais: Divulgação Teatro empresarial é uma nova tendência Profissionais em cena Sophia Stoffel/RRPP Jefferson Bernardes/vipcomm Elson Sempé Pedroso/famecos Uma entrevista com Margarida Kunsch Dupla Grenal entra no campo da comunicação Os campeões montam assessorias de RRPP 2 RRPP Atualidades/Julho 2007 Expediente Publicação informativa e de reflexão do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mails: [email protected]; [email protected] Reitor: Ir. Dr. Joaquim Clotet Vice-Reitor: Ir. Dr. Evilázio Teixeira Diretora da Famecos: Drª. Mágda Cunha Coordenadora do Curso: Drª. Souvenir Dornelles Professores responsáveis: Tibério Vargas Ramos, Marisa Soares e Neka Machado Revisão: professoras Neka Machado e Vera Regina Silva Produção: disciplina Estudos da Mídia Impressa em Relações Públicas Alunos – Manhã: Adriana Knevitz de Oliveira, Bruna Alves da Silva, Caroline Zamith Contieri, Daniela Lima Jacques Pinto, Daniela Marsico dos Santos, Fabiana de Azevedo Fernandes, Fabiano Silveira, Fernanda Guimarães Ribeiro, Fernanda Lopes de Freitas, Gabriela Reis, Gabriela Rodrigues, Ioná Plein Bolzan, Julia Carla Hagemann Backes, Juliana Barth Menegatti, Juliana Zimmer Sampaio, Lisiane Lessa Santos, Luana Bublitz Martins, Luciane Fenner, Luisa Ferrazzi Magrin, Marcela Eltz Silva, Mariana Teixeira Marimon, Natália Alves Pereira, Patricia Lima da Silva, Sabrina Fiori Gabana, Saimon Leites Selau, Sofia Stoffel, Suellen Karine Stamm de Sá, Tanise Rizzon Portanova, Tiago Haas Reichert e Vanessa Viedo Moreira. Noite: Alexandra Hohenberger, André Dall’Agnol Schimitt, Andressa Lemes da Silva, Arthur Petersen Fontoura, Bruna Christo de Assumpção, Camila de Oliveira Pereira, Camila Lopes da Cunha Pizzato, Carolina Santos Fiorin, Cristiane Pacheco G. Santos, Dafne Aroni Pezente, Diego Wander Santos da Silva, Donateli Tejada Linck, Fabiane Borges Klafke, Gabriel da Silva Bessa, Gisele Vieira Sperk, Italo de Poli, Joselaine Venturini, Laís Marcolin Lucca, Leonardo Contreiras Rodrigues, Letícia da Silva Salmoria, Letícia de Castilhos, Manuela Berger da Silva, Marcela Martinez Pimentel, Mariana Carneiro Fraga, Mariana Fonseca Vargas, Mariana Martini Sardi, Natália Amaral Ambros, Natália Contiero, Natália Giavanaz, Natália Rangel, Paola Maria Cé, Renata de Bittencourt Brogni, Simone M. do Espírito Santo, Sônia Maria dos Santos Rosa, Sthefania Vilela de Ávila, Tatiele Zancheta, Úrsula Helena Mugnaini Araújo e Vanessa Silva da Rosa. Edição final: Caroline Contieri, Fernanda Guimarães, Fernanda Lopes, Gabriela Reis, Ioná Bolzan, Luísa Magrin, Patrícia Lima e Sofia Stoffel. Editorial Os estrategistas da harmonia As realidades presentes no mundo dos negócios, quando instituições e organizações enfrentam, de um lado, uma crescente concorrência e de outro, cidadãos e consumidores cada vez mais exigentes, podemos visualizar e dimensionar um forte terreno de trabalho para a profissão. Em meio a esses desafiadores cenários, se percebe um crescimento do espaço da Comunicação e, mais especificamente, das Relações Públicas, levando-se em conta tanto o seu papel estratégico quanto operacional. A função de relações públicas (ou relações externas, institucionais, assuntos públicos, etc.) se valoriza na medida em que ela se faz cada vez mais necessária, pois pode e deve dar conta das questões ligadas à construção e manutenção de bons e harmônicos relacionamentos entre organizações e seus diferentes públicos. Isto faz parte de sua essência, de sua razão de ser. Para ilustrar, lembramos aqui o título utilizado por Sidinéia Gomes Freitas em sua recente palestra em nossa faculdade: “Relações Públicas: os estrategistas que cuidam dos relacionamentos”. Contudo, quando falamos em futuro, em ampliação de mercados, também devemos pensar em outros fatores decisivos e que devem ser valorizados. Tentaremos aqui discorrer sobre apenas alguns deles. Em primeiro lugar, vivemos num ambiente social, político e econômico repleto de conflitos e crises, envolvendo inúmeras instâncias e públicos. Decorrentes da velocidade na disseminação de informações globais proporcionada pelas novas tecnologias, da exigência de transparência das organizações por parte de seus públicos e, mais especificamente no Brasil, da retomada da democracia e da implantação do Código de Defesa do Consumidor, organizações governamentais e não-governamentais vêm se deparando com a necessidade de construir uma comunicação eficaz, atendendo de forma rápida e criativa os anseios, dúvidas e expectativas de pessoas e grupos mais informados e cientes de seus direitos. Hoje, a imagem e a reputação das organizações estão diretamente atreladas ao seu estilo de tratamento e atenção para certas questões. O público vem cobrando cada vez mais uma postura pró-ativa não só da iniciativa privada, mas também do poder público e de outras diferentes instituições. Ainda, em meio às crises econômicas e aos ambien- tes mais complexos enfrentados pelos governos no mundo, se começa a dar atenção para investimentos sociais das empresas. Temas como “responsabilidade social” ou “empreendedorismo social” se fortalecem, chegando a ocupar um espaço de destaque no trabalho de comunicação e valorização da marca de organizações preocupadas em se manterem próximas a seus públicos de interesse. Essa, sem dúvida, continuará sendo importante área trabalhada pelas Relações Públicas. Outro fator a ser considerado é a crescente importância atribuída ao relacionamento com o público interno das empresas. Numa nova perspectiva, vem se valorizando esse campo de atuação das Relações Públicas, na medida em que os trabalhadores das organizações hoje devem ser vistos não só como empregados, mas também como consumidores e formadores de opinião em potencial, os quais ajudam a construir a reputação de suas empresas na sociedade. Também não podemos deixar de citar que há muito tempo deixamos de representar somente o institucional das organizações, quando passamos a atuar de forma mais efetiva com o mercadológico. As empresas vêm exigindo isso e devemos nos preparar para essa interação. Por meio desses exemplos, podemos perceber um futuro promissor e olhar com otimismo para esta carreira que escolhemos seguir. Enfim, vale ressaltar que existe um amplo espaço e muito a se fazer na área das Relações Públicas. Nesses atuais cenários, repletos de novas exigências, também novos relacionamentos institucionais e mercadológicos devem ser pensados e construídos, pois deles surge o “consumidor-cidadão”, aquele que hoje passa a dar tanto valor à reputação e à identidade de uma organização, ao seu perfil ético e responsável perante a sociedade e ao meio ambiente, quanto à qualidade de seus produtos e serviços. O que cabe àqueles estudantes e profissionais interessados em atuar como Relações Públicas, é visualizar oportunidades e espaços de trabalho hoje existentes, lançando-se a eles com competência, ética e paixão. Mostra quer surpreendê-lo Das 20h30min às 21h30min, Vanessa Machado Fabian, Gestora Ambiental da Gerdau, estará proferindo uma palestra. A temática é “Surpreenda-se”, com campanha baseada na preocupação com a preservação da natureza. Por meio de slogans, peças gráficas e ações de divulgação, os alunos serão incentivados a refletir sobre assuntos e hábitos cotidianos, A 28ª Mostra de Talentos em Relações Públicas, evento semestral realizado na Famecos, tem mais uma edição em 18 de junho, no espaço de exposições no prédio 41 do campus da PUC, das 18h às 22h, com entrada franca. A organização está a cargo dos alunos de Estudos dos Meios e Ações Aproximativas em RRPP (5°semestre/manhã), sob a supervisão da professora Marisa Soares. A Mostra divulga, em estandes, 30 projetos experimentais nas áreas de Indústria, Comércio e Serviços, Comunitário, Livre e Pesquisa, sob a orientação das professoras Ana Baseggio, Iara Silva, Laury Job, Léa Jacobus e Souvenir Dornelles. Drª. Souvenir Dornelles, coordenadora do Curso como a superprodução de lixo e a reciclagem de materiais. Toda a divulgação foi com produtos recicláveis. “O objetivo é dar exemplo e estimular a consciência ambiental”, explicou a aluna Letícia Marques. “Os futuros comunicadores devem perceber que e meio ambiente não é apenas responsabilidade de biólogos ou geólogos”, concluiu a estudante Cristiane Seewald . RRPP Atualidades/Julho 2007 3 Ensaio Imagem e Reputação Corporativa Conceitos, mensuração e relevância Arquivo pessoal Uma grande confusão entre os estudantes e profissionais de Comunicação está na aplicação dos termos “imagem” e “reputação”. Por meio de pesquisa bibliográfica e com profissionais da área tentaremos atenuar essa charada. 30 segundos de duração, enquanto que, muitas vezes, 30 anos não são suficientes para a construção e consolidação de uma boa reputação”, afirma Rogéria Taragan, mestre em Administração pela Carnegie Mellon University (Estado de São Paulo em 15/07/03). Existem maneiras de mensurar a imagem e a reputação? Imagem ou reputação? Comumente aplicados como sinônimos, “imagem” e “reputação” têm significados divergentes. Tais termos devem ser empregados com cuidado para não provocarem erros na construção de um texto, no planejamento de ações ou na própria comunicação oral. Imagem, segundo Paul Argenti, em “Comunicação Empresarial: A Construção da Identidade, Imagem e Reputação” (2006, p. 95), a imagem é “uma função de como os diferentes públicos percebem uma organização com base em todas as mensagens que ela envia em nomes e logomarcas e através de auto-apresentações”. A imagem é algo moldável. Constrói-se, geralmente, a partir dos investimentos em publicidade, propaganda e Relações Públicas das corporações, manipulada de acordo com o que elas desejam parecer. Kunsch (Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada, 2003, p. 164), acrescenta que trata-se da comunicação institucional – que tem por objetivo construir e formar uma imagem forte e positiva das empresas. Reputação designa solidificação. Ela é construída ao longo do tempo e não por uma impressão momentânea. É conquistada a partir do intercâmbio da empresa com seus púbicos de interesse (stakeholders), sendo de difícil manipulação, depende muito de Comunicação e Relações Públicas consolidadas. – A imagem pode ser construída, forjada ou adquirida, afirma a Prof.ª Me. Lana Campanella, integrante do corpo docente da Famecos/ PUCRS. Acredita que “a reputação refere-se a conduta pessoal ou o tipo de relação que a organização estabelece com os seus públicos e a sociedade em que está inserida”. Para a gerente de Marketing e Comunicação do Hospital Mãe de Deus, Carolina Leal, “a imagem é o que divulgamos, o que construímos e como nos vendemos para os nossos clientes e para a comunidade”. Alerta que “a reputação é como os públicos de interesse falam sobre a empresa, como a vêem. Se passarmos uma imagem Carolina Leal: “Acredito que a imagem e reputação andam muito próximas, um termo influencia o outro.” positiva – e que tem por trás disso um produto ou serviço que já garantiu credibilidade – a reputação tende a ser positiva também”. Pode-se diferenciar os termos por suas dimensões. por exemplo: tal empresa tem uma imagem excelente; sua reputação designa credibilidade, confiabilidade e responsabilidade sócio-ambiental. Imagem é um termo limitado – reputação não. “A imagem pode ser construída com uma série de comerciais bem feitos, com Vivemos em uma sociedade na qual a tangibilidade é um fator importante. Então, partindo do pressuposto que trabalhamos com o intangível, de que maneira comprovar a legitimidade da Comunicação nas organizações? Como demonstrar a importância da imagem e da reputação? A pesquisa é a única maneira de avaliar a imagem e a reputação das organizações. Métodos vêm sendo desenvolvidos, e, cada vez mais, torna-se visível o trabalho da Comunicação. No ramo de saúde, por exemplo, Carolina Leal, no Hospital Mãe de Deus, mensura a imagem e a reputação por meio de pesquisa de satisfação, de experiência, de grupo focal e de entrevista em profundidade. Relevância: Empresas com suas reputações consolidadas e imagens positivas têm vantagens no mercado: fidelizam seus públicos, atraem e mantêm mais talentos, por exemplo. Assim, os consumidores tendem a desfocar os aspectos negativos das corporações. Trata-se de uma fonte de vantagem competitiva. Alexandra Hohenberger, Diego Wander Silva, Gabriel Bessa e Letícia de Castilhos O caso TAM No dia 31 de outubro de 1996, o avião Fokker-100 da TAM caiu 24 segundos após a decolagem, a 2km de Congonhas-SP. Entre tripulação, passageiros e moradores do local da queda, totalizaram-se 99 mortes. Essa situação de crise alerta para a preocupação que as empresas devem ter com a opinião pública. Além das rápidas atitudes tomadas pela empresa, evitando maiores rumores e esclarecendo o acidente, um fator decisivo foi a imagem e a reputação construída por Rolim Adolfo Amaro, fundador da TAM. O comandante Rolim desenvolvia uma política de estima ao cliente, que ficava claro nas ações desenvolvidas: ajudava as senhoras a carregar a bagagem, atendia telefonemas dos clientes, cuidava da limpeza das dependências da TAM, cumprimentava os passageiros no embarque. Rolim deu sua cara à empresa. A TAM realmente colocava os clientes nas alturas. Devido ao fato, a imagem certamente sofreu abalos, mas a reputação consolidada fez com que não aumentassem as proporções do acidente, principalmente na retomada das atividades. O comandante marcou a história da empresa e suas ações servem de modelo para um planejamento de comunicação rentável . Rolim dizia: “Em busca do ótimo não se faz o bom”. 4 RRPP Atualidades/Julho 2007 Thiego Xavier Especial/RS O Grenal da A disputa sai dos campos e está presente Alunos da Famecos vivem na prática a rotina de uma agência Mudança para agregar valores Os laboratórios de Relações Públicas da Famecos mudaram de nomenclatura. Antes, dois laboratórios separados; agora, uma Agência de Relações Públicas formada por dois núcleos: Núcleo de Eventos, antigo Laboratório de Eventos (LabEventos) e Núcleo de Projetos Institucionais, ex-Laboratório de Relações Públicas (LaRP). “A mudança ocorreu para seguir uma tendência de mercado e para aprimorar a qualidade acadêmica dos alunos que estão estagiando nos laboratórios”, explica a supervisora da nova agência, professora Glafira Bartz. Aproveitando o aniversário de 40 anos do curso de Relações Públicas, a integração entre os laboratórios pretende marcar a data. Embora os espaços físicos dos dois núcleos continuem separados, os trabalhos estão integrados, assegura Glafira. A mudança decorre da vontade do curso de consolidar ainda mais a marca institucional da Famecos que, ao longo dos anos, sempre se adapta às novas tendências do mercado. “O objetivo é uma mudança da cultura para termos uma agência integrada”, reforça a coordenadora do curso de Relações Públicas, professora Souvenir Dornelles. Ela destaca, também, que o ponto-chave da mudança será a integração entre os laboratórios, que possibilitará ao aluno enxergar um todo, viabilizando a continuidade dos projetos da agência, o que oportuniza, para o acadêmico, continuar participando dos projetos nos semestres seguintes. Com a experiência de quem viu a agência nascer e muitos alunos se tornarem profissionais de renome após passarem pela agência, a professora Glafira deixa uma sugestão para os alunos: “Cada vez mais o mercado cobra experiência dos alunos e aqui, na agência de RP, é o local ideal para aprimorarmos nossas qualidades profissionais. Por isso, aproveitem muito os laboratórios da Famecos, em especial, a Agência de Relações Públicas. A troca de experiências profissionais e o aprendizado junto aos colegas e professores são fundamentais para formação acadêmica”, considera. Patricia Lima e Suellen de Sá Os clubes de futebol profissional, como o Grêmio e o Internacional da capital gaúcha, estão acordando para a importância da comunicação direta com seus públicos. Veículos de comunicação são criados e aperfeiçoados, a fim de garantir uma troca de informações eficiente com os maiores interessados: a torcida. Milhares de torcedores lotam os estádios Olímpico e Beira-Rio a cada jogo para incentivar seus times. Pensando neles, os clubes têm inovado seus canais de comunicação, transformando-os em redes modernas de acesso à informação. Todos os dias, notícias são veiculadas pelos meios de comunicação de massa, buscando atingir o grande público. Só isso já não basta, o investimento em canais próprios é crescente, visando uma linguagem do clube para o torcedor, sem influência de outros. Assim, foram criados um jornal, site e uma revista, que estão entrando na cultura do clube gremista através de sua assessoria. O Inter conta com uma revista mensal, um jornal distribuído nos dias de jogos no estádio, site e duas rádios. Além disso, ambos os clubes procuram manter uma correspondência com seus associados. Toda essa tecnologia disponível serve como um portal de informações do clube, ao qual todos têm acesso. O associado, por ser um parceiro da instituição, ganha espaços restritos, destinados exclusivamente a eles, recebendo um tratamento especial e diferenciado. Por serem organizações ligadas ao futebol, notícias que envolvem o time dia a dia, dentro e fora do campo, são priorizadas, assim como os treinamentos, contratações, entrevistas com jogadores e treinadores, podendo, às vezes, serem abordados outros assuntos. Há preocupação na atualização dos dados, em especial, dos sites. O clube tricolor enfatiza que, além da atualização, doze novas matérias são acrescentadas ao veículo todos os dias. O setor de ouvidoria se faz presente em ambos os clubes, com a função de servir como um canal direto que passa as informações vindas do torcedor (críticas, elogios e etc.), para os demais setores. O Internacional ainda possui um e-mail próprio da assessoria de imprensa, com a finalidade de deixar o torcedor se manifestar. É reforçado pelas duas assessorias de comunicação, que todos os e-mails são respondidos, “com exceção daqueles puramente de xingamentos e agressões verbais a jogadores, técnicos e diretoria”, comenta Alexandre Corrêa, responsável pelo setor colorado. No Grêmio, os e-mails são utilizados, também, para confirmar notícias e, se houver erro, as fontes serem buscadas. Elson Sempé Pedroso/Hipertexto Grêmio comemora o bicampeonato gaúcho em 2007 com o apoio de sua fiel torcida RRPP Atualidades/Julho 2007 5 Comunicação na busca pelo avanço da informação e relações públicas Jefferson Bernardes/Vipcomm Gerenciamento de crises A ocorrência de tumultos durante os jogos, devido a grande rivalidade entre as torcidas, fez com que, há alguns anos, Grêmio e Inter passassem a trabalhar com uma campanha junto à Brigada Militar e os órgãos de segurança, com a intenção de prevenir tais comportamentos. “Infelizmente, as campanhas não são eficazes àqueles mal-intencionados, que vão ao estádio com o intuito de bagunçar”, alega o colorado Alexandre Corrêa. Em casos graves, como o Gre-Nal ocorrido em 2006, onde banheiros móveis foram incendiados no Beira-Rio, a crise foi tratada de maneira diferente entre os clubes. No Grêmio, foi contornada a partir da valorização da imagem do torcedor que não participou da barbárie. Foi enfatizado que não foi um ato da torcida, e sim de um grupo restrito e pequeno, na tentativa de proteger os realmente preocupados com o jogo e o time. O clube colorado recebeu, após o incidente, uma série de reivindicações de seus torcedores, que enviaram e-mails, querendo participar do processo de apuração dos fatos e fornecendo informações. Os dados foram repassados para o departamento jurídico, que se encarregou do caso. O Inter procurou deixar claro que o fato ocorreu com a torcida adversária, isentando a sua. Outro caso comentado pela assessoria do atual campeão do mundo, aconteceu em 2005, no jogo contra o Fluminense no estádio Beira-Rio, onde houve um evidente exagero por parte da Brigada Militar. Matérias foram publicadas a fim de denunciar o exagero e apaziguar os ânimos, garantindo a prestação de apoio aos feridos, uma vez que, entre eles, haviam também crianças e idosos, explica Corrêa. Estratégias Questionados sobre como manter uma boa imagem com o público, o responsável pela comunicação tricolor, Haroldo Santos, foi enfático: “trabalhamos muito”. A assessoria colorada acredita que por serem muitos os que se interessam pelo clube, este tem o papel de valorizar aspectos positivos do próprio time. Logo, quando o Inter vence, é dado o maior destaque possível a isso, e quando perde, procura-se remeter ao futuro, à reabilitação e a possibilidade de volta de um momento mais favorável. Os dois clubes, ao possuírem uma assessoria de comunicação, mostram a preocupação em A excelente campanha colorada em 2006 será resgatada em um livro interagir e se aproximar de seu torcedor, tal de- mio Pra Valer, com programação 24 horas no partamento também nasceu, em ambos os casos, site. No Inter, as mudanças também são promispara que veículos próprios de comunicação fos- soras, com a implantação da TV e da Rádio Inter sem criados e abastecidos com suas informações ao site, a criação de um prêmio de jornalismo sooficiais. Com humor, o assessor gremista brinca bre o Internacional e um projeto destinado aos que seu departamento funcionários e dirigencresceu muito em dois tes. Está em processo A Grêmio TV contará com anos, acrescentando de finalização o livro que foi inaugurado dia um site próprio e será um novo sobre o mundial e toda 4 de abril de 2005, mestemporada colorada braço de comunicação do mo dia do aniversário de 2006. clube. O acesso ao site do rival. Este departaA importância mento é formado por colorado chega a um milhão de dada à comunicação um relações públicas, para o andamento dos pessoas todos os meses. jornalistas, publicitáclubes é cada vez mais rios, além de uma grantangível, já que retrata de equipe de comunicação que faz o trabalho e garante, segundo Haroldo Santos, “a linguaexterno e interno. No lado do adversário, exis- gem do clube direto para seu associado, sem a te apenas um profissional de relações públicas, interferência de terceiros”. O Internacional acremas que se encontra fora do setor de comunica- dita que sua estrutura está na vanguarda, sendo ção, responsável pela visitação ao estádio e por uma das melhores, senão a melhor, do país. Os receber as pessoas nas dependências do clube. comandantes e dirigentes admitem e respeitam a relevância de uma boa comunicação, e atribuem a ela a disputa cada vez mais acirrada fora Novos Projetos O processo de inovação não cessou, e mui- dos gramados, em um jogo, onde o objetivo é se tos novos projetos dentro da assessoria vão en- modernizar e levar a satisfação aos torcedores. trar em prática esse ano, como a TV Grêmio, que será inaugurada dia 20 de maio, e a Rádio GrêLuciane Fenner e Mariana Marimon 6 RRPP Atualidades/Julho 2007 Especial/RS A tradição que se comunica MTG procura divulgar à sociedade suas idéias de preservação da cultura e história do gaúcho Divulgação/ MTG No intuito de preservar e divulgar a história rio-grandense, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) busca, através da criação de uma cultura comunicacional, se aproximar da sociedade e mostrar a riqueza da tradição gaúcha. O Movimento surgiu na década de 60, a fim de cultuar e difundir a História, promover uma retomada de consciência dos valores morais do gaúcho e preservar as coisas boas do passado sem conflitar com o progresso. Após 40 anos de trabalhos, espalhou-se pelo mundo e hoje, só no Rio Grande do Sul, conta com cerca de 1400 entidades filiadas, divididas em 30 Regiões Tradicionalistas. A filosofia e os objetivos do Movimento estão expressos nas teses: O Sentido e o Valor do Tradicionalismo, de Barbosa Lessa e a Carta de Princípios, de Glaucus Saraiva. Na procura da integração entre a sociedade e a tradição gaúcha, o MTG encontrou na comunicação planejada a solução para a aproximação com seus públicos. “Sabemos que a comunicação é um produto e quando profissionais tratam dela, são reduzidas as possibilidades de erro”, afirma o ex-presidente do MTG, Manoelito Carlos Savaris. A assessoria foi implantada há três anos e o resultado foi surpreendente sendo que o MTG passou a ser mais conhecido e melhor interpre- ENART: um dos principais eventos de cultura regional da América Latina tado pela mídia, onde seus eventos ganharam páginas de divulgação referentes ao movimento. te seria bem diferente, acredita Basso. destaque nacional. Com essa atuação junto aos Com isso, foi possível atrair o interesse da Rede Preocupado em estar em contato com seus veículos de comunicação começa a desaparecer Globo na produção de material para o Jornal públicos, o MTG possui um site institucional e a imagem do “gaúcho grosso” para dar lugar ao Nacional de sábado à noite sobre o ENART (En- um informativo mensal, o Jornal Eco da Tradicidadão que defende sua identidade. Através das contro de Arte e Tradição Gaúcha). ção, que mantém a comunidade tradicionalista matérias publicadas, os tradicionalistas se recoA assessoria se faz muito relevante nos mo- informada sobre o que acontece no movimento, nhecem e a sociedade também passa a entender mentos de conflito em que o posicionamento do além de trazer aspectos da história e da cultua importância da preservação MTG gera polêmica na mídia. ra do povo gaúcho. Também há o Birô Gráfico, da cultura. Um recente exemplo foi na responsável pela produção dos materiais instiComeça a desaparecer questão da “Tchê Music” (gru- tucionais. Diante desse estereótipo, a imagem do “gaúcho mostrar a importância do trapos que incorporaram novos O Movimento Tradicionalista Gaúcho debalho de comunicação na orgagrosso” para dar lugar ritmos à música tradiciona- senvolve um papel pioneiro na preservação da nização foi o maior desafio para lista), quando o movimento tradição sul-rio-grandense, onde a imagem do ao cidadão que o assessor de imprensa, Felipe defende sua identidade posicionou-se não contra esse gaúcho está repleta de simbolismo e sentimenBasso, que está com o MTG desestilo, mas a favor da preser- tos de amor à terra, construída ao longo da forde o início do processo. “Não vação da música nativista. mação desse povo. Assim, a comunicação auxilia houve resistência na implantaNesse contexto, a existência de no fortalecimento dessa ideologia e da integração da assessoria, mas sim, indiferença. Houve uma comunicação personalizada com cada um ção com a sociedade. quem não acreditasse na importância do traba- dos veículos mostrou a essência do que estava lho, de que ele não traria resultado”. Como pro- acontecendo e se, naquele momento, não houAndressa Lemes da Silva, Fabiane Borges va do sucesso contabilizou-se só em 2006, 677 vesse um trabalho sério, a imagem final do debaKlafke e Natália Giovanaz RRPP Atualidades/Julho 2007 Aviação 7 Mariana Fonseca de Vargas Greve nacional de controladores fecha aeroportos Noite de sexta-feira, 30 de março, todos os 49 aeroportos comerciais do país foram fechados O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, José de Alencar Sobrinho, em 30 de março, garantia que não haveria greve no aeroporto Salgado Filho, uma vez que os trabalhadores gaúchos não aderiram ao movimento. No entanto, Sobrinho alertava que os passageiros poderiam sofrer com atrasos e falta de segurança nos vôos vindos de outros locais, já que as fiscalizações feitas pelos aeroportuários estariam paralisadas. A engenheira civil de 29 anos, Caroline Trindade de Angelis, recebeu R$ 4 mil da TAM por ter desembarcado com 30 horas de atraso no aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, na véspera do Natal do ano passado. A empresa aceitou pagar a indenização em audiência de conciliação no 4º Juizado Especial Cível do Rio Grande do Sul, no dia 23 de março de 2007. O acordo evitou que a ação de reparação de danos movida pela passageira fosse a julgamento. Apesar das 30 horas de diferença entre o horário previsto e a chegada, a engenheira não chegou a perder compromissos profissionais, mas reclama do estresse a que foi submetida e relata que outras pessoas desistiram de ver suas famílias porque, se saíssem do local em que estavam com atraso, perderiam as conexões de ônibus para o interior do Rio Grande do Sul. No dia da greve dos controladores houve um atraso de aproximadamente quatro horas, sendo que já estavam ocorrendo atrasos antes de 30 minutos. A explicação das companhias aéreas foi de que dependiam apenas dos controladores. Sem a autorização da decolagem, não há o que fazer. A única solução seria manter a calma e esperar. Embora a greve tenha paralisado todo o país, não houve muito tumulto em Porto Alegre. Por mais frustrante que tenha sido, os passageiros mantiveram-se compreensivos diante da crise. Os funcionários alegaram que não há previsão para uma nova greve. Camila Pereira, Natalia Contiero, Simone Marques e Sthefania Vilela Camila Pereira Passageiros mantiveram-se calmos diante da crise Atendimento ao usuário no Aeroporto Salgado Filho Varig: passado de glamour e um futuro mais popular No dia 7 de maio de 1927, nasce a S.A. Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense, conhecida como Varig, com sede em Porto Alegre e tendo como criador o oficial da Força Aérea alemã Otto Ernst Meyer. Sua história está entrelaçada com o nascimento da aviação no Brasil por ser a mais antiga companhia em atividade. A Varig torna-se hegemônica depois de absorver a Cruzeiro do Sul e adquirir outras empresas regionais, transformando-se na maior transportadora da América Latina. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, abre o ramo da aviação nas rotas internacionais. Passaram a concorrer com a Varig, nestes trajetos, a Transbrasil e a Vasp. O governo permitiu, ainda, a entrada de novas companhias estrangeiras para disputar este segmento, que obtiveram vantagens para operar com preços e custos mais baixos, a partir da isenção de alguns tributos. A Varig começa a apresentar prejuízo em seu balanço financeiro, agravando-se com a crise cambial no governo Fernando Henrique Cardoso, que impactam negativamente nos resultados da empresa. A TAM cresce e torna-se concorrente da Varig em vôos domésticos e ao longo da década de 90, inicia suas operações para o exterior. Cristiano Monteiro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que estudou a trajetória da Varig em seu mestrado, e o setor de aviação comercial em seu doutorado, relata que o principal erro administrativo foi continuar a atuar como se ainda estivesse nas décadas de 60 e 70. Com uma estrutura pesada no exterior, maior que a diplomacia brasileira, a falta de visão estratégica e a ausência de prestação de contas por parte de diretores, ajudou na queda da empresa. A compra No dia 28 de março de 2007, a Gol Transportes Aéreos compra a Varig. Em entrevista, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., afirma que a Varig não irá suprimir a primeira classe e nem trabalhar com requinte excessivo e, sim, fazer com que a Nova Varig ofereça planos internacionais de baixo custo. Para ele, a Gol pretende utilizar a marca Varig primordialmente em vôos internacionais, pois ela tem muito respeito no mercado mundial como antiga associada à Star Alliance, conhecida no mundo inteiro. Seu futuro parece ter um rumo, e se for no mesmo caminho de sua nova dona, a Gol, é promissor. Mariana Fonseca de Vargas 8 RRPP Atualidades/Julho 2007 Tendência Arquivo pessoal Reprodução Joice Trindade, formanda de RRPP Junior Achievement na web: um exemplo de blog corporativo A nova vitrine das Organizações Canais virtuais que proporcionam interação entre instituições e o mercado são considerados aliados na comunicação junto aos públicos. A mais nova realidade do cenário corporativo. A formanda Joice Trindade, que neste semestre está concluindo Relações Públicas na Famecos, vai enfrentar a banca examinadora de final de curso com uma monografia sobre os blogs corporativos, nova tedência do mercado. Sua monografia, intitulada A influência dos blogs no processo de comunicação organizacional, defende que, para a atividade de Relações Públicas, “as vantagens de utilizar os blogs são inúmeras (...), podem ser considerados uma fonte de informação, capaz de direcionar e apontar caminhos nas tomadas de decisões estratégicas, tão importantes no planejamento das organizações”. Hoje os blogs começam a chegar ao mundo corporativo e esta é uma realidade que nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ignorar. Para as organizações que percebem os blogs e o consideram como uma ameaça, Joice observou em sua pesquisa acadêmica que a decisão de utilizar ou não blogs, como instrumento de comunicação, faz parte da cultura organizacional de cada empresa. Mas ela adverte: as que valorizam ter um espaço aberto para o diálogo, não irão sentir problemas em implantar um blog. Os blogs corporativos estão se tornando uma ferramenta fundamental para qualquer organização. Mas entrar neste universo desconhecido pode ser difícil sem a assessoria adequada e o comprometimento por parte da empresa. “É importante contar com um profissional preparado, não só para definir as metas e estratégias, mas também na implementação, manutenção e mensuração dos resultados”, destaca a colega. Este instrumento permite que a empresa tenha uma relação menos formal com seu mercado consumidor, porque os blogs trabalham com uma linguagem informal, permitindo uma maior interação. Além disso, eles dão personalidade à comunicação organizacional, diminuindo o abismo entre a empresa e o cliente. A formanda de RRPP alerta, contudo, que da mesma forma que os blogs podem disseminar informações positivas sobre as organizações, também têm o poder de comprometer a reputação das empresas que não agirem corretamente. “Se boatos e fofocas espalham-se facilmente entre pessoas, imagina quando essas pessoas têm como recurso computadores ligados em redes”, compara. “A velocidade com que esses comentários proliferam-se é algo surpreendente, ainda mais com a utilização dos blogs”. As opiniões e idéias expostas nos blogs se espalham rapidamente, o consumidor deixa de ser passivo e passa a ser ativo tendo um espaço livre para interagir tanto com outras pessoas quanto com a organização. “O fluxo de informações recebidas pela empresa com certeza será maior e afetará a comunicação, desta forma, há necessidade de ter conhecimento para gerenciar esse fluxo de informações. Acredito que se bem administradas, essas informações podem gerar ações que permitam à organização maior agilidade e rapidez, no que diz respeito a atender às necessidades dos seus públicos”, sentencia. O blog corporativo é o mais novo espaço de atuação para o profissional de Relações Públicas, que pode gerir com muita competência este canal de comunicação entre a organização e seus públicos. Arthur Fontoura, Laís Lucca e Letícia Salmória exemplos Blog Tecnisa (http://www.blogtecnisa.com.br/), um dos primeiros blogs corporativo brasileiro; Blog do Estúdio Coca-Cola (http://mtv.uol.com.br/blogosfera/?b=blog_ do_estudio); Blog Edelman (www.edelman.com.br), cujo presidente da filial brasileira, que possui seu próprio blog, foi um dos entrevistados por Joice Trindade em sua monografia. RRPP Atualidades/Julho 2007 9 Marketing Focado Um conceito atual em comunicação A inovação no relacionamento entre empresa e seus públicos sem a utilização da mídia tradicional Cristiane Pacheco G. SANTOS O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa, formado pela Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, revela um conceito próprio de atuação em comunicação: o marketing focado. Constitui-se de um trabalho diferenciado de relacionamento entre empresa e seus mais diferentes públicos, através de estratégias de marketing e comunicação, dirigidas ao público-alvo, suprimindo a necessidade de altos investimentos em mídias convencionais como a televisão, por exemplo. No conceito de marketing focado, explica Gabriel, é possível planejar e implementar ações de relacionamento nas organizações com ferramentas de última tecnologia e meios de comunicação poucos usuais, porém de alto impacto: Marketing Interno – comunica, integra e motiva a equipe interna; Marketing de Relacionamento – reconhece, segmenta e qualifica a base de clientes; Marketing Promocional – promove a marca, aproxima clientes; Marketing Viral – uma informação que a empresa precisa comunicar sem o uso de ações O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa em seu ambiente de trabalho comerciais, que se espalha de forma invisível e incontrolável; e Marketing de Guerrilha – ações inova- Mateus Correa Lampert, experiente em marke- cliente”, afirma Gabriel. Hoje, o portifólio da doras, criativas, que geram mídia espontânea e ting interno. “Quando começamos a trabalhar agência conta com grandes marcas como: Cocadão credibilidade ao público-alvo. (...) entendemos que marketing externo pode Cola, Dado Bier, Lojas Colombo, Unimed Porto Para colocar em prática algumas das diver- ser conseqüência de marketing interno, então Alegre, entre outras. “Somos parceiros da Pop sas estratégias é indispensável o uso da internet, começou a nascer essa nossa idéia de marke- Rock. Tudo o que não envolve mídia é a gente como meio para alcançar o público desejado, ting focado”, enfatizou Gabriel. Com bastante quem faz”, assim como a parceria com a Nova seja através de e-mail marketing ou até mesmo esforço, abriram a agência, na época chamada Schin em sua participação no Planeta Atlântida via orkut, uma eficaz ferramenta que a própria apenas Inside, e foram em busca de clientes. A 2007. Com uma equipe formada por profissionais agência teve a oportunidade de comprovar, utili- tarefa não foi nada fácil, pois a empresa não era zando layout semelhante, para seu site. Exemplo conhecida, dificultando a entrada no mercado. e estagiários de RRPP e Publicidade, Gabriel é de marketing viral, “Os primeiros seis me- responsável pelo atendimento de marketing pois, no momento ses foram horríveis, vá- externo e seu sócio Mateus pelo interno. Atra“Marketing externo em que foi lançado, rias vezes pensamos em vés do trabalho de marketing focado, eles propode ser conseqüência sem o uso de divulgadesistir. Eu e o Mateus porcionaram a alguns clientes a conquista dos de marketing interno” ção, a repercussão foi estávamos em uma situ- prêmios Top Ser Humano e Top ADVB de Marimediata e surpreenação financeira aperta- keting. Suas experiências na gestão de marcas dente. “Nós o criamos porque passamos a fazer díssima”. Entretanto, tendo em mãos uma boa fizeram da Inside Direct um diferencial no meralgumas ações de marketing de relacionamento agenda de contatos e muita persistência, conse- cado, sendo a primeira agência “below the line”* via orkut”, comentou Gabriel a respeito da idéia guiram conquistar clientes, “em cinco meses de do Rio Grande do Sul. para a criação do site. agência tivemos a oportunidade de pegar o GalBRUNA C. ASSUMPÇÃO E Gabriel trabalhou na área comercial desde pão Crioulo, foi a primeira marca conhecida que CRISTIANE PACHECO G. SANTOS cedo. Após algumas experiências profissionais a gente atendeu”, lembra Gabriel. A partir daí, * Below the line: expressão criada por publicomeçou a conhecer melhor o marketing e se conseguiram credibilidade da empresa, na épocitários norte-americanos, quando se referiam a interessar. O resultado foi a idéia de abrir uma ca chamada Adubos Trevo, e não pararam mais. todo e qualquer trabalho de marketing que não utiagência em sociedade com o colega de faculdade “O mais difícil é conseguir o primeiro grande lizasse a mídia tradicional. 10 RRPP Atualidades/Julho 2007 Entrevistas Lições de um jovem relações-públicas Luciano Nunes Suminski, em entrevista concedida aos alunos da disciplina de Estudos da Mídia Impressa em RRPP, relatou um pouco de sua experiência acadêmica e mercadológica na atividade de relações públicas. Graduado pela Famecos em 2003, atua como assessor e consultor de comunicação, além de ser proprietário da VM Comunicação e Marketing, empresa de mídia exterior. O comunicador de 26 anos se interessou pelas Relações Públicas ao visitar uma feira de profissões. Ingressou no mercado de trabalho logo nos primeiros semestres, em escritório de contabilidade, para custear a faculdade. “Não podemos esperar a conclusão da faculdade para ser e acontecer”, disse referindo-se à importância do estágio. Além de prestar assessoria, consultoria e dirigir empresa própria, participa do GERP – Grupo de Estudos em Relações Públicas e, no Conrepp/4ª Região – Conselho Regional de Relações Públicas, onde atua como tesoureiro. A função do Conrepp é legislar e fiscalizar a profissão. Suminski garante que os bens mais importantes que os relações-públicas têm são suas leis. “Quero viajar para aprender línguas”. Ele destaca a necessidade de dominar outros idiomas, devido ao processo de globalização. Quanto ao futuro, Suminski estuda a possibilidade de especializar-se em alguma área da Comunicação ou graduar-se em outro curso, como História. O jovem empresário nota grande perspectiva na profissão. Defende que o profissional de RRPP tem uma visão global da comunicação e isso denota sua relevância no contexto organizacional. Acrescenta que os gestores estão, cada vez mais, percebendo o papel de intermediário que um RP executa entre a organização e seus stakeholders. Com uma visão crítica do mercado de trabalho, garante que o fato de muitos profissionais aderirem às funções da atividade ocorre porque os relações-públicas não estão assumindo seus reais papéis na socieMARIANA FRAGA CARNEIRO “É preciso ser empreendedor: fomentar novos negócios” Fabiana Fernandes Entrevista da Karen pela mahã MARIANA FRAGA CARNEIRO Luciano fala na turma da noite dade. “É a lei do mercado”, explica. “Nos Estados Unidos existem agências que trabalham exclusivamente com relações-públicas, aqui não”. “No Estado, o campo de batalha da atividade é mais acirrado. Todos os gestores buscam o trabalho das relações públicas, embora desconheçam a atividade”, observa. Para ele, comunicar bem, fidelizar os clientes e tê-los próximos são princípios básicos das organizações. Um dos obstáculos para a atividade é a dificuldade de mensurar resultados, por tratar-se de uma profissão muito subjetiva. “RRPP não é igual a Administração, por exemplo. Não é possível quantificar nosso trabalho em planilhas de Excel”. Entretanto, vêm sendo desenvolvidos métodos de pesquisas que possam legitimar a atividade nas corporações, comprovando que o trabalho desenvolvido pela Comunicação é rentável. Na opinião do entrevistado, uma sólida rede de relacionamentos é o diferencial para um bom (ou mau) profissional. Ele aconselha que esta postura deve iniciar ainda nos tempos da faculdade. “Parcerias para executar as funções de Relações Públicas são fundamentais”, complementa. “Nunca feche uma porta, ela poderá ser útil no futuro”. Alexandra Hohenberger, Diego Wander Silva, Gabriel Bessa e Letícia de Castilhos De RRPP para RRPP Histórias e experiências divididas com alunos em entrevista descontraída Em visita à Famecos, para uma entrevista concedida aos alunos do curso de Relações Públicas, Karen García de Farias, conseguiu, através de sua experiência, esclarecer muitas dúvidas. Bastante simpática e comunicativa, contou um pouco de sua trajetória profissional. Casada há 18 anos, mãe de duas meninas, Karen adora dormir, ler e ir ao cinema. Formada desde 1988, pela PUCRS, e pós-graduada em Marketing pela ESPM, construiu uma carreira linear, atribuindo à experiência adquirida aos estágios que fez durante o curso em organizações como: Brigada Militar, Grupo Capão Novo e Clube Farrapos — “posso dizer que fui uma privilegiada”. Segundo ela, esse foi um período essencial para sua vida profissional e acredita que todo aluno deve passar por esta fase. Hoje, como contratante, dá a seguinte dica: “Estagiários devem ir em busca, serem curiosos, não terem medo de errar. Mas devem ter a humildade de querer aprender e não terem receio de se expor”. Quando se formou, Karen já estava no mercado de trabalho, no Grupo RBS, no jornal Zero Hora, onde permaneceu até 1993, atuando nas áreas de Marketing Interno e de Incentivo. No mesmo ano, por motivos pessoais, mudou-se para Campinas, São Paulo. Trabalhou para o Grupo Vulcabraz na Grendene Unidade Jundiaí, coordenando a área de comunicação institucional. “Nosso mercado não deve nada para o mercado paulista, os profissionais gaúchos são muito valorizados”, relata. Em 1997, voltou para o Rio Grande e trabalhou para a Ciacorp (Hotelaria e Incorporação) na área de marketing. Em seguida montou sua empresa de consultoria, a KGF RRPP Atualidades/Julho 2007 11 EM DEBATE: Fabiana Fernandes Relações Públicas x Recursos Humanos Uma visão contemporânea de um diálogo sem fim Karen, trajetória de sucesso de marketing interno e relacionamento. A partir de 2004, uniu-se a Inside, formando a KGF Inside, onde permaneceu até 2005, encerrando a sociedade. Em 2006, é contratada pela Escala Comunicação e Marketing, como diretora de marketing. Ela destaca a marca desta agência de publicidade no mercado para sublinhar: “O maior patrimônio de uma empresa é a marca”. Questionada sobre como prevê RRPP daqui a dez anos, respondeu com veemência: “Não sei, é muito complexo. É preciso estar sempre atento às mudanças de comportamento. Relacionamento é a palavra-chave. O consumidor está cada vez menos permeável”. Sobre em que campo a atividade mais cresce, respondeu aos alunos: “O espaço é nas empresas. No futuro, as portas do mercado tendem a aumentar. É o profissional que deve fazer acontecer, pois ele é quem estabelece vínculos entre pessoas e marcas”. Ao encerrar a entrevista, Karen deixa uma impressão de boas expectativas aos futuros profissionais, falando com otimismo sobre os diversos campos da atividade e os anseios dos alunos. “O futuro das Relações Públicas é promissor”, sintetiza. Fernanda Lopes de Freitas e Patricia Lima Relações Públicas e Recursos Humanos são atividades consideradas antigas, e ambas começaram a ganhar notoriedade no final do século XX, recebendo influência dos modelos norte-americanos. A expressão Recursos Humanos começou a ser utilizada no início dos anos 70. Já as atividades de Relações Públicas se profissionalizaram durante os anos 50, mas as primeiras faculdades de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas surgiram apenas no final dos anos 60. Autores como Chiavenato (2002) afirmam que “a Administração de Recursos Humanos cedeu lugar a uma nova abordagem: a Gestão de Pessoas”. Com esta nova abordagem, tem-se a visão das pessoas como parceiras da organização e não como meros “recursos humanos”. O profissional de Relações Públicas exerce função estratégica importante nas organizações modernas ao planejar e executar a comunicação. No cenário atual, a atividade vem conquistando seu espaço no mercado de trabalho, porém, ainda não é dada sua devida importância. Ambas as profissões lidam com gestão de pessoas e visam, entre outras coisas, a produtividade, eficiência e eficácia organizacional, precisando ocupar cargos hierárquicos elevados e ter contato com todos os integrantes da instituição; além de trabalharem para que haja um bom clima organizacional. Apesar das muitas semelhanças, é visível a diferença do trabalho desempenhado por profissionais específicos de cada área, daí a importância de se ter o apoio de ambos para o sucesso organizacional. Mônica Riffel, 41 anos, graduada em Relações Públicas pela Famecos e pós-graduada em Marketing e RH também pela PUCRS, concorda que as áreas de Relações Públicas e Recursos Humanos podem trabalhar juntas. Diretora da Casa a necessidade de aprender a dar e receber feedback, o que é, sem dúvida, uma grande habilidade de RP. A atuação é ampla, extensa, pois existem inúmeros subsistemas de RH que podem ser administrados por um RP”. Liderança e motivação Sob o enfoque de RH, Mônica afirma que a liderança de pessoas é vista como o principal foco de trabalho, pois é a partir dela que uma Mônica Riffel reconhece organização cresce, amadurece e se a importância da parceria perpetua. Acerca da motivação, diz entre as duas áreas que deve ser trabalhada através de de Assessoria, ela presta serviços programas de coaching, capacitapara empresas como: Bhio Suply; ção e treinamento, eventos interJomhedica; Grupo Maxim; Grupo nos, planos de carreira e meritocraIESA; Concepa; Laboratório Merck cia, entre outros. Sharp, E1 Estacionamentos; ExcelSegundo Roberto Porto Simões, sior Pneus; Duplo M Comunicação. a informação é matéria-prima do Mônica vê as duas áreas como com- RP. Então, como o RH gera inforplementares, construindo planos mação? Mônica fala: “Escutando em conjunto. “A habilidade de se principalmente as pessoas envolvicomunicar é fundamental em qual- das no processo, entendendo suas quer processo de responsabilidades, RH”, enfatiza. atribuições, rotinas, “A habilidade de se Ela diz ser bem como acompafundamental a nhando seus resulcomunicar é fundamental parceria entre em qualquer processo de RH” tados”. Relações PúbliÉ notório que cas e Recursos cada vez mais as Humanos para um excelente re- pessoas procuram trabalho e não sultado nas Organizações. Acredi- emprego. É importante compreta ainda que o profissional de RP ender como o RH se adapta a esse possa executar perfeitamente um cenário. Riffel será “trabalhando papel de RH, principalmente no sobre projetos”. que se refere a programas de enNeste contexto, questionamos: domarketing e coachings. Em sua como o RH deverá gerir o fim do opinião, o RP é suporte em vários vínculo empregatício no futuro? treinamentos comportamentais e Como lidar com funcionários termotivacionais para os diversos pro- ceirizados e funcionários que tragramas de capacitação que o RH balham com competência? Mônica venha a desenvolver. assegura que o papel principal do Perguntada sobre a possibilida- RH é fazer com que as pessoas desde de ver um campo de atuação dos cubram seus potenciais, se aproRP na área de gestão de pessoas, priem dele e busquem encontrar o Mônica respondeu positivamente: seu melhor. Para isso, “não é pre“Sim e muito! Porque existe uma ciso estar constantemente aprimocarência enorme de utilizar uma rando as competências”. forma adequada de se comunicar e relacionar nas diversas organiDaniela Marsico, Juliana zações. As empresas vêm sentindo Sampaio e Lisiane Lessa 12 RRPP Atualidades/Julho 2007 Especial As iniciativas avançadas da PUC do Rio Grande do Sul na educação superior confirmam-se mais uma vez este ano. O Curso de Relações Públicas, um dos primeiros do Brasil, está completando 40 anos Relações Públicas da PUC começou com a profissão Adriana Knevitz e Fabiano Silveira O Curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da PUCRS, um dos pioneiros do Brasil, completa este ano 40 anos. Desde as edições de 2006, RRPP Atualidades vem destacando todos aqueles que foram e são atores desta trajetória. Em novas pesquisas, apresentamos outras pessoas que empenharamse, ano após ano, com esforço e dedicação, para o fortalecimento do Curso, aprovado pelo alto nível de seu corpo docente, profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente. O ensino de Relações Públicas na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul começou em março de 1967, com a transformação do antigo curso de Jornalismo, de 1952, na Faculdade dos Meios de Comunicação Social, polivalente, criada em 1º de dezembro de 1966, e a primeira a utilizar esta nomenclatura no Brasil. Apesar de nascer em um período de repressão política, em plena ditadura, trouxe ao ensino uma tendência de vanguarda que se firmava nos Estados Unidos. Foi tão pioneiro que iniciou suas atividades no ano da homologação da lei que regulamentou a profissão. A recém criada Famecos recebia em 67 as primeiras turmas do Curso Polivalente de quatro anos, com opções no quarto ano para as especializações em Jornalismo, Publicidade/Propaganda e Relações Públicas . O diretor da faculdade era o professor Cláudio Candiota, vice-diretor irmão Elvo Clemente e o primeiro coordenador do Departamento de RRPP foi o professor Roberto Porto Simões. Os alunos assistiam às aulas em vários prédios do campus, dificultando o ensino acadêmico e impedindo a criação de espaços para o treina- Curso pioneiro mento prático e estágios, já reivindicados pelas empresas de comunicação social. Diante desse quadro, ao assumir a direção da faculdade em 1969, o professor Alberto André sugeriu à Reitoria da Universidade a construção do prédio da Famecos, que, em 1970, diplomou 20 acadêmicos – a primeira turma de Comunicação Polivalente, com especialização em Relações Públicas, Jornalismo e Publicidade. Em 1971, era lançada a pedra fundamental e, no dia 8 de dezembro de 1972, foi inaugurado o primeiro prédio acadêmico no País com destino específico de servir à Comunicação. Os matriculados em março de 1973 estrearam o novo prédio 7 do campus, em estilo moderno, com quadriláteros de cimento na fachada, pintado de branco e virado para a avenida Ipiranga, visível e solitário, sem outras construções próximas e as árvores atuais que o encobrem. Fotos Adriana Knevitz e Fabiano Silveira Divulgação Prédio 7 recebeu a primeira turma em 1973. Nos espaços atuais, os alunos de hoje, no ano do quadragésimo aniversário Curso desbravador, voltado à formação e mercado A Coordenação do Departamento do Curso de Relações Públicas teve a sua frente profissionais capacitados, que desde a sua implantação preocuparam-se em formar pessoas, em uma área totalmente nova, verdadeiros desbravadores, que tiveram como sucessores profissionais também empenhados em planejar um Curso que fosse satisfatório aos alunos e ao mercado de trabalho. Todos que passaram pela administração tiveram uma participação importante, seja na elaboração do Currículo, em constante mutação, para acompanhar tendências, ou na sistematização do departamento, aproximando coordenação dos professores, alunos, mercado, entidades de classes e empresários. Simões iniciou na coordenação permanecendo até 1974. Depois vieram Lea Senger (de 1974-1981), Jerônimo Braga (1982-1984), Helaine Abreu Rosa (1985-1996), Glafira Bartz (19972001) e Neka Machado (2001-2005). Souvenir Dornelles, atual coordenadora do Departamento, assumiu no final de 2005. Ao longo dos anos, o currículo teve algumas alterações para que fosse se adequando às necessidades do mercado. O anterior permaneceu por 20 anos, dando lugar à nova grade curricular que tem vigência a partir de 2004. Em comemoração aos 40 anos do Curso de Relações Públicas, está sendo organizado um livro pela coordenação do Curso, com a participação de vários professores, escrevendo sobre temas pontuais e de interesse da área. “Outros volumes serão elaborados pelos docentes, ampliando os debates a respeito da atividade”, informou Cláudia Moura, professora da Famecos e responsável pela edição. Especial Ciclo de Integração entrou para a história Alunos e professores se mobilizavam em um evento anual para divulgarem a nova profissão emergente no Brasil Em 1974, o Curso de Relações Públicas ganha mais visibilidade a partir do I Ciclo de Integração de Relações Públicas (CIRP), evento anual de grande porte que ocupava as dependências do Salão de Atos da PUCRS, para suas palestras e conferências, sob a a responsabilidade dos alunos do VIII semestre. “O CIRP cumpre a tarefa de informar e integrar grupos para a compreensão mútua e o desenvolvimento comum, oportunizando aos acadêmicos prática profissional, com o elevado objetivo de conceituar e divulgar sua profissão”, conforme texto do projeto. Os alunos contavam com o apoio de diversos professores como Roberto Porto Simões, o idealizador do evento, Eurico Saldanha, Jerônimo Braga e Lea Senger, entre outros. O evento mobilizou entidades de classe, órgãos públicos e empresas privadas. Eram convidados para as palestras, personalidades de várias áreas. Os participantes vinham de diversos estados, além do Rio Grande do Sul, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e até mesmo da Argentina. Devido ao empenho do grupo de alu- Intercâmbio cultural Docentes da Famecos participaram nestas quatro décadas de congressos, seminários e cursos, no país e exterior. Também vieram à faculdade personalidades como o professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade, da USP, falando sobre Relações Públicas – Uma nova visão, em 1989. Melvin Sharpe, da Ball State University, EUA, esteve em 1988 e retornou em 93 com a palestra As Relações Públicas no Mundo” Laboratórios integrados Em 1999 foi criado o LARP – Laboratório de Relações Públicas, para realizar pesquisas, projetos, oferecer estágios e assessorias. Em 2002, o LARP, hoje Núcleo de Projetos Instituicionais, conquistou o prêmio Expocom na categoria de Agência Experimental Júnior, concorrendo com laboratórios de todo o país. Também passou a ser oferecida a oportunidade de produzir eventos de média e grande escala no Laboratório de Eventos, hoje Núcleo de Eventos. Curso pioneiro nos que participavam dos eventos, foi possível registrar e transcrever as palestras que eram no início datilografadas e depois impressas. Alguns exemplares podem ser encontrados na Biblioteca Central da PUCRS. Os anais iniciavam com a definição para Relações Públicas. “Relações Públicas é atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja, direta e indiretamente, ligada”. Seguido pelos objetivos do evento:“De acordo com os objetivos universitários inseridos no currículo de todos os for- RRPP Atualidades/Julho 2007 13 mandos do VIII semestre de Relações Públicas, buscamos a integração de alunos, professores, profissionais e empresas públicas e privadas através do CIRP, a fim de conceituar e divulgar o real sentido e importância de nossa profissão”. Neles aparecem algumas colocações que ainda se enquadram nos dias de hoje, 32 anos depois, como no IIº CIRP com a seguinte colocação: “O Curso de Relações Públicas abre perspectivas, mostra caminhos. Os grandes profissionais se formam por si. É preciso maior conhecimento para ascender na carreira profissional”, disse a palestrante Marta Geralda Alves de Azevedo. Assuntos abordados no III CIRP foram: Relações Públicas na Área Governamental, no Processo de Marketing, como Função Administrativa, Comunicação, Criatividade e Propaganda. O esforço conjunto de várias pessoas possibilitava o acontecimento de eventos marcantes para a comunidade acadêmica, reunindo personalidades importantes para o fortalecimento da teoria, profissão e afirmação da importância do Curso. Docentes e discentes estavam engajados também em ações solidárias para arrecadar recursos financeiros, contribuindo com Instituições como o Lar Santo Antônio dos Excepcionais e Associação Beneficente Santa Zita de Lucca. Alunos do primeiro semestre 2007, em aula, acompanhados pela professora Laury Job Sucessos de um curso cinco estrelas A ampliação do Departamento de Relações Públicas possibilitou a realização de outros eventos que premiavam, não apenas o Departamento, mas alunos. O curso teve o reconhecimento em pesquisa da Editora Abril como cinco estrelas. Estudantes conquistaram prêmios com monografia, conferidos pela Associação Brasileira de Relações Públicas. . Com o objetivo de diversificar e aumentar as oportunidades de trabalho, para estudantes e bacharéis da área, foram firmados convênios com órgãos públicos e privados. Acadêmicos participavam de diversos cursos e palestras, possibilitando um trabalho experimental, que incentivava a criação de um espaço para suprir a falta de bibliografia. Assim iniciou-se o projeto experimental de Relações Públicas. Estabeleceu-se a aproximação de alunos com as experiências profissionais relatadas em painéis, seminários e congressos apresentados por diversas personalidades. Também partici- param de eventos promovidos por entidades de classe e outras Universidades. Assim como em 1983, quando houve a integração da Famecos com os Cursos de Comunicação Social da Universidade de Caxias do Sul, UFRGS, Unisinos, Universidade de Pelotas e Feevale, em virtude do 1º Encontro de Relações Públicas da Região Sul e Seminário de “Relações Públicas, Planejamento e Execução”. O evento semestral Mostra de Talentos, lançado em 93, segue um sucesso. Outras ações merecem destaque. Em 1987 os alunos movimentaram a faculdade com a “I Mostra de Instrumentos de Relações Públicas”, com o Painel sobre: “Relações Públicas Alternativas” e “RRPP em Ação”, nome que recebeu o programa de divulgação e promoção profissional produzido durante todo o ano por alunos da área. Ainda naquele ano foi lançado, em dezembro, o famoso livro de Roberto José Porto Simões, em edição revisada e atualizada, RP – Uma Função Política. 14 RRPP Atualidades/Julho 2007 Especial Mercado está aberto a profissionais competentes A professora Cláudia Moura, formada nas três áreas da comunicação na Famecos, mestre e doutora pela USP, e que leciona Relações Públicas na PUCRS na graduação e no pós, vê perspectivas positivas na formação acadêmica, atuação profissional e Curso mercado. “O mercado de pioneiro trabalho está aberto para profissionais competentes e com conhecimento para atuar nos processos de comunicação das organizações”. Para ela, a tecnologia está a favor de RRPP, na medida em que a interação está ocorrendo através de sites e portais coorporativos, determinando relacionamentos de interesse institucional. A também ex-aluna e hoje professora da Famecos, Lana Campanella, ressalta que aliou sua experiência do Curso de Administração, ao perfil desejado para o profissional de Relações Públicas. Mesmo trabalhando, não dispensou oportunidades de trabalho voluntário ou remunerado na academia. Foi monitora da professora Dirce Rabello, de Língua Portuguesa, considerando que esta prática seria imprescindível para o domínio do idioma. Atuou como coordenadora da 10ª edição da Mostra Competitiva do Set Universitário. Excelente aluna, recebeu destaque em sua formatura, em 1998, por ter tirado a nota mais Lana alta daquele grupo de formandos. “Isto foi muito gratificante”, diz a ex-aluna, que admite ser seguidora dos passos de seu mestre Simões. Ela aplica seu conhecimento, além da vida acadêmica, como voluntária junto à Associação Cultural Italiana do RS, onde é diretora de Comunicação e Eventos, mesma função que exerce no Comitato degli italiani all’estero. Marta Bussnelo, presidente do Conselho Regional de Relações Públicas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aborda vários aspectos relacionando mercado de trabalho, credibilidade e a trajetória dos 40 anos do Curso de Relações Públicas na Famecos. Fala sobre pessoas ilustres, nas quais podemos nos espelhar, da credibilidade e do reconhecimento do profissional no mercado de trabalho. Cita o professor Jerônimo Braga, fundador do Conrep há 35 anos e presidente em duas ocasiões. “Profissional respeitado, conceituado e marcado como PUCRS”, enfatiza. Outras referências, segundo ela, são os professores Roberto José Porto Simões, Cláudia Peixoto, Ana Baseggio, Cleusa Scroferneker e Lana Campanella. “É uma equipe de professores muito bons, que estão na academia e no mercado, é o time todo de profissionais da PUCRS que são referências para nós todos na área de comunicação”, indica a presidente. Credibilidade Uma das funções do relações-públicas é indicar a credibilidade de pessoas e organizações. “A credibilidade do profissional de RP é muito pessoal, existem profissionais excelentes, são aqueles que buscam o conhecimento diário e não somente na academia. E este, terá um lugar no mercado” . E para isso deve “estudar, estudar, estudar, fazer cursos de línguas, saber de outras áreas fora da comunicação”, aconselha a dirigente. “Nossa profissão é de retaguarda, colocamos em evidência a organização e não a nós mesmos”. Marta completa que devemos seguir os passos de nossos professores que estão sempre envolvidos, trabalhando com a área de Relações Públicas, defendendo esta profissão. “Teremos profissionais bem reconhecidos, até porque o mercado está exigindo o perfil deste profissional”, enfatiza. Definição Existem profissionais de outras áreas utilizando o termo de relações-públicas para mostrar status, enquanto uns se escondem atrás de outras denominações para dizer o que fazem, quando na verdade são relações-públicas. Analisando o mercado de trabalho, Marta destaca como os campos mais promissores para trabalhar os órgãos governamentais, o terceiro setor, as empresa de médio, pequeno e grande porte nas áreas de tecnologia da comunicação, além do magistério. “É muito fácil para o publicitário e para o jornalista definir sua profissão com uma palavra. Tentamos algumas coisas como: RRPP faz relacionamentos com os públicos das organizações. São conceitos amplos, não tem como reduzir o que faz um relações-públicas. Fazemos gerenciamento da comunicação e o relacionamentos com públicos. Somos profissionais muito capazes para atuar nesta questão da comunicação com os públicos, para isso não tem outro profissional que tenha uma formação tão adequada quanto a nossa”, conclui a presidente . Instituições acabam entendendo a importância do relações-públicas Apesar da dificuldade do mercado em compreender o exato papel do relações-públicas, pela forma equivocada como a profissão ainda se apresenta para muitos empregadores, provocando desvios de função, é possível realizar um bom trabalho. “Mais cedo ou mais tarde, as instituições acabam percebendo que a comunicação é a chave para um bom desempenho no mercado ao qual a empresa está inserida”, destaca a profissional Letícia Mottin. “Cabem aos colegas saber selecionar, delegar e orientar o empregador para que haja excelência nas ações para as quais foi contratado”, afirma. Letícia Mottin, bacharel em Relações Públicas, graduada pela PUCRS em 1999, ao sair da Universidade foi convidada a ministrar Cursos de Capitação no Senac e se manteve por cinco anos na Instituição. Sua função era relacionada aos cursos de eventos, marketing, cerimonial e protocolo e comportamento social. Durante esse período, teve a oportunidade de apresentar aos leigos e interessados na área de eventos uma gama de possibilidades de atuação, bem como a troca de experiências de mercado. Em uma empresa no Rio de Janeiro, onde trabalhou, teve a a possibilidade de pôr em prática todas as ferramentas do Marketing, Comunicação e Relações Públicas. Paralelo ao Senac, trabalhou em empresas cujo principal enfoque era a comunicação interna (endomarketing). Exerceu funções de coordenação em eventos, logística e comunicação. Cada um aproveitando o espaço que surge nesta profissão regulamentada há 40 anos, no mesmo Análise de pesquisas no 7° semestre ano em que surgiu o curso de Relações Públicas na PUCRS, na então recém criada Famecos, hoje uma marca de reconhecimento internacional em comunicação. RRPP Atualidades/Julho 2007 Arte Ítalo De Poli Em discussão a manipulação da imagem em todos os sentidos O Sono da Bela Adormecida As novas tecnologias estão facilitando cada vez mais a manipulação das imagens, fazendo com que as pessoas procurem utilizar com freqüência estes serviços para alterações digitais e cirúrgicas. Este serviço, hoje em dia, muitas vezes ,é feito com ferramentas computadorizadas, propondo uma melhor estética visual de pessoas, produtos e serviços. Na área das Relações Públicas, onde a imagem e a aparência são o cartão de visitas, a professora e doutoranda Ana Bassegio acredita que a imagem tem que ser coerente com a identidade de cada um. “Se for distorcida, a mensagem não é aceita, podendo voltar negativamente, ou seja, se a transformação for muito visível, modificada demais, a pessoa pode receber um retorno negativo”, alerta. Em contraponto, o publicitário Marcelo Corrêa acredita que o retorno depende somente da visão do público-alvo a quem se destina a publicidade. “Para vender produtos de beleza jamais usaria a imagem de uma modelo com acne (espinha), a não ser que sirva para fazer um comparativo entre antes e depois (mostrar o efeito do produto naquele tipo de pele)”, explica. Sendo já comprovado que o photoshop é a ferramenta digital mais usada, tanto no meio impresso quanto no meio clínico, para cirurgias de correção (cirurgia plástica), acredita-se que muitas das pessoas recorrem a esta ferramenta por ela possibilitar a correção de detalhes que fazem com que se sintam de bem consigo mesmas se aceitando melhor. Já no meio publicitário, a ferramenta pode fazer a diferença no resultado de uma peça. Enfim, parece que estamos acordando em uma era digital, a bela adormecida, aquela a qual sua beleza era original, hoje, torna-se irreal. Enquanto os padrões de beleza se modificam, e a beleza original é deixada de lado, dando passagem a beleza artificial. Como diria Bassegio, “Imagem é tudo”. Camila Pizzato, Carolina Fiorin, Dafne Pezente e Ítalo De Poli 15 Desafios vencidos por uma jovem profissional Graduada desde 2003, pela Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, a profissional de Relações Públicas Sheila Vasques coordena um dos núcleos de produção do setor de eventos da RBS. Ela relata como foi sua trajetória desde sua vida acadêmica até os dias de hoje. Sheila chegou a prestar dois vestibulares para enfermagem, mas não passou. Concluiu que passar o dia todo dentro de um hospital não se encaixava no seu perfil. Optando por cursar Relações Públicas desde então, passou no vestibular sem saber exatamente o que fazia um profissional desta área. Ela ingressou na PUC no ano de 1999 e, desde cedo, começou a fazer estágios na área de Relações Públicas. Estagiou na PRAC (Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários), na Opus e na Atmosfera, onde passou por todos os departamentos. “Meu objetivo era entrar no Marketing, como esse setor fechou, saí desta empresa”, diz Sheila. Há dois anos, começou a trabalhar na RBS como free, depois foi assistente de produção e agora trabalha como produtora da área. “O setor de eventos da RBS constituise em: corporação, eventos e mídia, se o jornal tem um evento nós atendemos, se a TV tem, também realizamos”, explica Sheila. Alguns dos eventos de maiores destaque do estado como: Donna Fashion, Garota Verão, Gastronomia e Histórias Curtas, são atendidos pelo setor de eventos. Prestando serviços tam- bém à direção da RBS que realiza encontro de executivos e festa de final de ano. Em maio, Sheila participou da produção da Maratona Internacional de Porto Alegre, junto com a Rádio Gaúcha, e está produzindo o evento que irá comemorar o cinqüentenário da RBS. Sheila relata que a grande demanda de eventos faz com que ela tenha que abrir mão de algumas atividades pessoais. “Você não tem final de semana, não tem feriado, não tem horário. Em dia de evento, às vezes, você vira a noite, como agora que teve um evento na praia de Atlântida e eu ia todos os finais de semana. No final é gratificante ver o evento pronto, e para mim, como profissional, trabalhar na RBS é muito bom, porque estou construindo o meu nome, já conheço muita gente e tenho muitos contatos.” Sheila acredita que o bom profissional é aquele que corre atrás, que está sempre atualizado, lendo revistas que abordem fatos do mundo e que tenham o conhecimento de diversas línguas, construindo uma rede de contatos. “Pelo o que eu estou acompanhando no mercado, o contato é fundamental. Infelizmente o mercado tem essas coisas, mas tendo competência, conhecimento e uma visão bem ampla do mundo, somos capazes de conseguir muitas coisas boas na vida”, finaliza. nanda Guimarães, Bruna Silva, Luana Martins e Tiago Haas Luana Martins Sheila Vasques trabalha há dois anos na RBS 16 RRPP Atualidades/Julho 2007 Oportunidades na Amazônia Comunicóloga, Analaura Corradi possiu formação nas três habilitações de Comunicação Social: Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas – UCPEL em 1980. Atualmente, trabalha no Sebrae no cargo de Gerente de Comunicação e Marketing. Ministra aulas nos cursos de Comunicação Social e Turismo em diversas faculdades na cidade de Belém. Em entrevista, Analaura discute sobre a realidade da profissão de Relações Públicas no estado do Pará e afirma que grande parte das vagas para Relações Públicas estão no interior. – Em sua concepção, o que mudou nas últimas décadas na profissão de RP? – O curso deixou de ser tecnicista para ser estrategista. – O que falta para que a profissão e os relações-públicas sejam mais reconhecidos no país? – Os profissionais de RP precisam ser mesmo mais estrategistas, com noções fundamentadas na economia e na administração, para poderem usar a comunicação como um instrumento de trabalho eficaz, com o objetivo de prover a competitividade e a produtividade das empresas. Não podemos pensar em apenas comunicar, temos que promover o sucesso da empresa, que está extremamente ligado a sua finalidade de ser, isto é, venda do produto, da idéia ou do serviço. Desta forma, teremos profissionais de sucesso e profissão reconhecida. – Como está a profissão hoje no seu estado? Artigo – Vejo não só no Pará, mas em todo o Brasil uma profissão que tem mercado de trabalho. Porém, o profissional precisa ter a capacidade de perceber que estamos numa época de desenvolvimento no interior do País. Temos cidades como Parauapebas(1) que tem previsão de crescimento anual de 25% o que significa muito mercado de trabalho para Relações Públicas, Paragominas(2), Marabá(3) e Santarém também com um crescimento considerável. – Quais as atribuições que são específicas do RP e que continuam sendo ocupadas por outros profissionais na região? –Acho que as atribuições não são específicas de Relações Públicas, mas por falta de visão ampla temos uma concorrência direta nas Assessorias de Comunicação, pois temos que pensar e agir de maneira ampla na comunicação e não apenas como instrumental, porém de arquivo pessoal Analaura Corradi, de Belém forma estrategista de ação de mobilização dos públicos. – Quais as diferenças básicas entre o sul e o norte no que se refere a compreensão da profissão? – Não vejo diferença na compreensão da profissão. O Sul talvez, por ser maior o número de profissionais e de empresas, tem uma maior utilização dos serviços. O Norte, ainda em termos de desenvolvimento econômico, está saindo de uma situação em que as empresas predominantes eram familiares para agora se profissionalizar. Portanto, o Norte está tendo a oportunidade de ocupar um espaço profissional mais atuante, mas para tal respeito temos que ser profissionais estratégicos e que possamos atender as expectativas de sucesso da referida empresa. – No Pará, existem duas faculdades que oferecem o curso de Relações Públicas. Em sua opinião, há mercado para absorver esse número de profissionais que se formam todos os anos? – Sim. Acho que temos espaço. Depende do aluno ir atrás das oportunidades existentes nas grandes empresas que estão se espalhando pelo interior do Estado. Temos muito mercado no estado como um todo. – Atualmente, o assunto da moda é a preservação da natureza e, em especial, a da Amazônia. Em sua opinião, o profissional de RP pode contribuir nesse processo de conservação da biodiversidade brasileira? De que forma? – A moda de preservação já esta na “onda” desde de 1980, mas o profissional de RP deve sim aproveitar e contribuir, e muito, para o processo de conservação, já que as empresas para estarem inseridas nos interesses de seus públicos precisam estar comprometidas com ações sociais, culturais e ambientais, inclusive atendendo as expectativas dos ISOs de qualidade empresarial. Marcela Martínez Pimentel 1 Parauapebas: Localizada no Sudeste Paraense a 700 km da capital. 2 Paragominas: Sudeste Paraense a 300 km da capital. 3 Marabá: Sudeste Paraense a 530 km da capital. Globalização e Relações Públicas Com a globalização, as grandes organizações do mundo concorrem entre si. Não existe mais a idéia de que, por exemplo, uma empresa brasileira não pode ser comparada a uma americana. Ambas lidam de igual para igual em termos tecnológicos e estratégicos. Certamente ainda ficamos a desejar em quesitos como planejamento, já que a maioria das empresas do País não tem um projeto a longo prazo, seja por nossa economia instável, ou por falta de hábito. Diante do fluxo rápido da comunicação, os públicos cada vez mais informados e infiéis a uma marca ou empresa, as instituições que não tomarem certas medidas estratégicas tendem ao fracasso. A competitividade é grande. O consumidor quer mais da organização: além dos produtos e serviços, verifica a questão institucional, como está inserida na sociedade, quais seus valores, como lida com seu público. O profissional de Relações Públicas é responsável por manter a instituição bem vista e aceita pelo público, tanto externo como interno. Surgem, hoje, RPs valorizados, com oportunidade de migrarem de uma organi- zação para outra. Os consumidores estão muito criteriosos, opinativos e unidos. Marcas viram sinônimo de discussão em comunidades na internet. Tenho como exemplo uma empresa em que trabalhei, a Dimato’s, uma pequena rede de lojas de confecção feminina, porém, bem conhecida em Porto Alegre por utilizar um tecido de suplex firme, que fica bem aderente ao corpo. Ao entrar no Departamento de Marketing da empresa, soube que a intenção do proprietário era direcionar a marca ao público adolescente classe A. Acessei o Orkut, site de relacionamento na internet, e encontrei diversas comunidades relacionadas à marca, como: “Adoro mina que usa Dimato’s”; “Dimato’s é que nem caldo Knorr, qualquer galinha fica boa” e “Por que gordinha insiste em usar Dimato’s?”. Isto me fez ver que de uma forma ou de outra as pessoas expressam suas opiniões sobre as empresas, e não estão sozinhas, pelo contrário. É preciso estar atento. Gisele Vieira Sperk RRPP Atualidades/Julho 2007 17 Exclusivo Margarida Kunsch defende o crescimento da produção científica em RRPP no Brasil A defensora das teorias sinérgicas na Comunicação Organizacional, Margarida Kunsch, esteve na Famecos em 11 de maio, para participar de uma banca de doutorado e proferir palestra no auditório da faculdade, reservada aos alunos da Pós-Graduação. Livre-docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, referência obrigatória em assuntos de Relações Públicas e pioneira nos estudos de Comunicação Organizacional no Brasil, ela concedeu uma entrevista exclusiva ao RRPP Atualidades sobre a produção científica da área no País. Confira a seguir: fotos Sophia Stoffel quisas sistematizadas, com recurso científico para serem testadas e, a partir daí, se ter mais condições de construir teorias. Ou seja, nós precisamos ir a campo verificar como as organizações estão atuando. Como a área de relações públicas está presente. Com esses dados trazer reflexões e sistematizar novas teorias. Então, o que a gente espera é que os programas de Pós-graduação, sobretudo, no caso da ECA (USP), aqui a PUCRS, a Universidade Metodista de São Paulo, que são centros que têm linhas de pesquisa nessa área, liderem esse trabalho. – A teoria das relações sinérgicas está sempre atual, você acredita que haja alguma teoria que complete-a? – Na questão da sinergia entre as áreas, por exemplo, o meu posicionamento é mostrar que a área de relações públicas possa exercer uma função estratégica nas organizações; ela precisa ter uma visão ampla, não só da comunicação em si, mas da sociedade, do mundo contemporâneo etc. Então eu vejo que esse é um caminho. Essa nova dimensão das RRPP em uma visão estratégica é uma proposição antiga, porém, revitalizada, vamos dizer assim. Pode ser relacionada com o trabalho das RRPPs comunitárias no mundo contemporâneo, com o avanço do terceiro setor e as possibilidades de trabalhos mais orgânicos junto à comunidade e segmentos associados. – Qual seria então o papel da área de RRPP. – Eu vejo como um papel imEncontro: Simões, Cleusa, Kunsch, Cláudia e Souvenir portantíssimo, porque você tem – Sobre Produção Científica em RRPP no Brasil... – Olha, a questão da Produção Científica no Brasil, poderíamos dizer que é bastante significativa, sobretudo, se nós compararmos com outros países da América Latina, mesmo os grandes como o México, Argentina, Venezuela e até com países da Europa. Ou seja, a produção científica no país é bem razoável. Tanto vem sendo gerada nos programas de pós-graduação, como, também, da iniciativa de professores e profissionais, que, eventualmente, publicam livros. Agora, o que a gente precisa, no meu entender, para motivar e ampliar isso, é trabalhar mais esse tema, como vocês colocaram, já desde a graduação. Quer dizer: mostrar que a produção do conhecimento inovador tem um papel importantíssimo para consolidação do campo acadêmico do país. – A senhora acha que tem alguma promessa teórica, algum novo teórico surgindo? – Eu vejo que há necessidade de mais estudos teóricos. Nós temos teorias contemporâneas internacionais, nós sabemos do esforço do Professor Roberto P. Simões, daqui (Famecos); e o que precisa é de mais pessoas, mais pesquisadores que se debrucem para estudar novos objetos. Precisamos é de mais pesquisa empírica. De pes- condições de desenvolver um trabalho de articulação. Por exemplo, como mediar para que uma ONG consiga espaços na mídia para defender uma causa, principalmente, aquelas com finalidades políticas, as de movimentações sociais. Elas terão de usar estratégias adequadas, não podem só fazer assessoria de imprensa, então, eu penso que é um campo que tende a ser mais estudado e mais trabalhado. – A área da comunicação tem muitos teóricos provenientes de outras áreas. A senhora acha que o incentivo à produção científica pode mudar essa questão? – Eu acredito que sim, esta pergunta é bastante interessante, porque quanto mais nós estudarmos e evoluirmos quanto ao objeto da comunicação nas organizações, ou seja, o objeto das RRPP, menos vamos ficar dependentes das outras áreas. O que acontece é que, por exemplo, a comunicação organizacional teve como raízes a administração, a lingüística, a retórica, a psicologia organizacional, até mesmo a sociologia, que ajudaram a construir sua sistematização. No momento que o campo vai evoluindo, ele passa a ser mais autônomo. Eu vejo nesse início de século XXI que há boas perspectivas, mas vai depender do esforço de professores, dos profissionais, dos alunos, todos na figura de agentes. – Quanto ao termo, existem várias concepções de relações públicas. Isso influencia a produção científica em diferentes âmbitos? – Sim, é um termo polissêmico, ele tem várias comunicações. Mas isso já está superado. Para muitos ainda não é muito claro, o que falta realmente é o reconhecimento social. Por outro lado, é um termo usado no mundo inteiro, é uma profissão antiga. Eu vejo que não importa muito a questão da terminologia. O que importa é o que é feito. A área por si só é dinâmica e ao mesmo tempo complexa, pois você lida com o intangível, que é mais abstrato. – Há alguma tendência para as Relações Públicas no momento ? – Eu sou sempre muito otimista, eu vejo com grandes perspectivas a questão da atuação comunitária ( 3º setor), também com relação às novas tecnologias e as Relações Internacionais. As tendências são de ampliar as frentes de atuação, tanto no mercado quanto nos estudos. Fernanda Lopes de Freitas e Sophia Stoffel 18 RRPP Atualidades/Julho 2007 Tendências Como será o profissional de Relações Públicas em 2020? teatro Em discussão, perspectivas e paradigmas para a próxima década “O bom relações-públicas de 2020 terá de ser especial. Não será um profissional, será uma pessoa RRPP por inteira”, prevê Fábio Eltz, consultor de empresas que atua, há vários anos, no mercado corporativo. Ele não está sozinho ao afirmar tamanho salto. Publicações atuais sobre o tema apontam para um horizonte de maior dimensão das competências do relações-públicas nas corporações, ou seja, não haverá mais brecha para uma comunicação meramente promocional. A tendência é a organização seja cada vez mais cobrada por suas atitudes. Esta mudança, porém, já vem acontecendo há algum tempo. Tradicionalmente, os trabalhos na área estavam mais centrados no âmbito empresarial e governamental. Com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro setor e o grande número de entidades com ou sem fins lucrativos, as possibilidades de atuação neste mercado aumentaram muito. Um outro fator de extrema importância a ser considerado no universo das Relações Públicas é a globalização. Ela é o divisor de águas que possibilitou uma maior extensão e definição da atividade do profissional. Segundo Eltz, tudo ficou mais cristalino. “Tudo é sabido por todos. Não existe mais segredo. As pessoas e as organizações estão expostas”, argumenta. Tempos modernos As organizações têm obrigações e compromissos que ultrapassam os limites dos objetivos econômicos e com relação aos quais tem de se posicionar institucionalmente, assumindo sua missão e dela prestando contas à sociedade. É neste novo mercado que o profissional terá de transitar nas próximas décadas. A velocidade da comunicação impõe o cumprimento dos objetivos globais (empresa e mercado) e da responsabilidade social (empresa e sociedade) em uma escala progressiva. Fábio Eltz vê essa tendência com bons olhos, mas alerta para certas dificuldades. “Acredito que será uma atividade extremamente valorizada e difícil de exercer”. Para o consultor, será complexa a relação da organização com seus consumidores e com a sociedade, porque esta cobrará cada vez mais resultados. Embora o papel do RP seja, muitas vezes, o de meio de campo, a boa notícia é que o profissional dos próximos anos terá muito trabalho pela frente. “Será um papel delicado e que vai requerer bastante firmeza”, diz Eltz. Contentar a todos ao mesmo tempo nem sempre é possível, Fabiana Fernandes, Marcela Eltz, Saimon Selau e Tanise Portanova RP do futuro Na visão do consultor de empresas Fábio Eltz, o RP deverá ter, em 2020, além de muitas outras, as seguintes competências: lMuito conhecimento sobre o negócio de seu cliente em todos os aspectos (impacto social, ecológico, financeiro, etc.); lVisão de tendências em todos os tipos de comunidades; lFirmeza para se posicionar perante a sociedade e o seu cliente. Você já ouviu falar em teatro empresarial? A arte de William Schakespeare como ferramenta de comunicação dentro de uma empresa, para incentivar e mobilizar seus colaboradores, ainda pode parecer uma brincadeira lúdica, mas é uma nova tendência, e muito séria. Para muitos o assunto é desconhecido e vago, talvez até sem consistência, mas empresários mais antenados têm noção do que realmente se trata e alguns já comprovaram eficiência. O tema surge trazendo em sua gênese uma polêmica. Afinal, compete à área de Relações Públicas (mais especificamente à Gestão de Pessoas), de Marketing ou até mesmo de Recursos Humanos (RH)? Independente da resposta, mostra-se imprescindível para um bom entendimento entre cúpula e funcionários. No Rio Grande do Sul, contudo, ainda é uma atividade incipiente. O teatro empresarial é um exercício não só representar idéias, mas compô-las de forma criativa e clara para quebrar a monotonia do cotidiano da empresa. Para motivar a reflexão, de uma forma ao mesmo tempo atraente e descontraída, requer um intenso trabalho dos grupos teatrais, que hoje já se encontram especializados, focando este mercado. Estes profissionais constroem os trabalhos tratando de temas de interesse geral, tanto para públicos internos (colaboradores, representantes, gerência), quanto externos (consumidores, clientes, fornecedores, sociedade em geral). Tudo de acordo com a encomenda do cliente, ou seja, as organizações. Sejam elas privada ou pública, a pesquisa e a dedicação são as mesmas, o que variam em cada proposta são o foco e orçamento. Para o público interno Em 2001, Porto Alegre ganhou uma das grandes promessas do gênero, a Ato Variado Soluções Cênicas. Atua como empresa produtora artística com a proposta de atender a diversidade que o mercado proporciona. “Cada cliente quer um tipo de espetáculo”, revela Silvana da Costa Alves, proprietária da Ato Variado. Um evento Transpolul, exemplifica, queria substituir a costumeira palestra motivacional do final. AJURIS, por sua vez, desejava apresentar algo sobre a morosidade da justiça na abertura do Fórum Estadual de Juízes. O grupo também teve de enfrentar desafios na área do endomarketing e qualidade total. Segundo ela, a equipe atente às carências diagnosticadas pela organização contratante e suas necessidades de comunicação. RRPP Atualidades/Julho 2007 empresarial 19 Arte e ção ca i n u m o C Organizações estão investindo em dramaturgia para mandar seus recados ao colaboradores fotos Divulgação A montagem do teatro empresarial conta, em geral, com uma variedade de profissionais, dependendo da proposta e da verba disponível. São mobilizados, entre outros, roteiristas, atores, figurinistas, cenógrafos e músicos. Muitos deles unem suas várias habilidades para enriquecer o processo, barateando o trabalho. “Unir minha formação de teatro e publicidade foi um caminho natural e rentável. Trabalhei vários anos com eventos culturais, agências e teatro. Foi ótimo! Um dia, lendo a revista Amanhã, juntei amigos e destacamos nomes de empresas e suas necessidades de abordagem... daí surgiu a Ato Variado”, conclui a atriz e produtora. Empresas apostam Sem dúvida, esta é uma das maiores tendências a serem adotadas pelas empresas que estão mais atentas e interessadas em manter um bom relacionamento com seus públicos estratégicos, visando inovação e criatividade. É o caso do Grupo Herval, situado em Dois Irmãos, que faz jus a sua significativa expansão no Estado e no País a fora, e vem utilizando essa ferramenta na qualificação de sua comunicação interna. “Utilizar o teatro-empresa ou o teatro-treinamento é uma excelente ferramenta de fortalecimento de marca interna e formatação de identidade de grupo/ corporação, além de transmitir novos conceitos e modificações da cultura organizacional. Também funciona como treinamento de produtos e técnicas de vendas, especialmente quando exige a inteiração do público. A dramatização de situações atua com todos os sentidos: ver (visão) e ouvir (audição) pela dramatização dos atores; cheirar (olfato), pelo cenário; degustar (paladar) e sentir (tato), por inteirações com o público”, enumera Doris Hess, responsável pelo Departamento Marketing da empresa, confirmando a eficácia do processo. Doris registra um dos grandes destaques Funcionários voluntários formam o grupo teatral das lojas Herval, criado em 2003 nas ações culturais da empresa: a criação do Grupo Teatral Herval, onde os astros são os próprios colaboradores. Nasceu em março de 2003, a partir da empresa e da Associação de funcionários da Herval. Participam apenas funcionários voluntários, mas foi contratado um diretor de arte que ministra oficinas de teatro aos interessados. Uma de suas peças, refere-se ao tema Segurança do Trabalho. O que era para ser um projeto apenas interno, que trabalhasse com assuntos que envolvesse o dia-dia do público interno da empresa, ganhou dimensões maiores, indo atuar em outras organizações através de uma parceria entre estas e a Herval. O grupo já participou, inclusive, de vários festivais amadores do ramo na região. Públicos diversos O premiado espetáculo Retrato O teatro empresarial também pode voltar-se para o público externo. A Curto Arte Produções Artísticas, sediada no Vale dos Sinos, possui uma larga experiência no assunto. Uma das peças desenvolvidas pelo grupo é Educando com o Teatro, apresentado em entidades educacionais. Outro sucesso é o espetáculo Retrato , contratado por secretarias municipais de Agricultura, no interior do Estado. A peçca tem grande aceitação por abordar o êxodo rural de uma forma tanto informativa quanto poética, relata o ator e produtor Betinho Klein. Suas produções já ganharam 35 prêmios, oito de melhor espetáculo. Também se apresentaram na Capítal, em 2006, com produção independente na exposição paralela de Flavio Sholles, no Teatro Cia das Artes. O grupo Curto Arte também encena peças para o público infantil. O espetáculo Em busca das águas perdidas foi contratado pela Corsan para percorrer o Rio Grande do Sul, conscientizando sobre a importância da água e prevenindo o desperdício. Para Betinho Klein, a maior importância do teatro empresarial é que une arte, cultura e informação. “Muitas vezes, como no nosso caso, atingindo platéias que não têm fácil acesso ao teatro. As prefeituras, por exemplo, já nos conhecem por isso: vamos onde educar é preciso, não importa o caminho”, enfatiza. Ele conta que o trabalho não é fácil, pois exige a definição do interesse público, planejamento, roteiro, pesquisa de textos, espaços para o cenário e a direção de atores em cena. Fernanda Lopes de Freitas e Sophia Stoffel 20 RRPP Atualidades/Julho 2007 PROJETO PESCAR A responsabilidade social sem fronteiras O Projeto Pescar, que deu origem à Fundação, foi idealizado em 1976 pelo empresário gaúcho Geraldo Tollens Linck, fundador e então presidente da Linck S.A, revenda de máquinas e equipamentos rodoviários e industriais. O Projeto iniciou quando o empresário assitiu um assalto a um idoso. Testemunha da disparidade de forças e vigor físico entre aqueles dois “adversários” ocasionais, ele direcionou seu trabalho a um objetivo tão realista quanto metafísico. Passou a procurar adolescentes nas periferias próximas a sua empresa, e entre os mais necessitados escolheu aqueles que formariam o grupo pioneiro da Escola Técnica Linck. O início, em Porto Alegre, foi com apenas 15 jovens, reunidos numa pequena sala de aula onde funcionava a Escola Técnica Linck, hoje denominada Unidade Projeto Pescar Geraldo Tollens Linck, em homenagem ao seu fundador. Hoje a experiência consolidou-se e expandiu para todo o país: há uma rede com 97 Unidades e mais de 10.940 jovens formados. Por que pescar? Segundo Ézio Rezende, gerente de expansão, o nome da Fundação e do Projeto do qual se originou, foi inspirado no conhecido provérbio chinês: “Se quiseres matar a fome de alguém, dá-lhe peixe. Mas se quiseres que ele nunca mais passe fome, ensina-o a pescar.” A Fundação Projeto Pescar acredita que as empresas têm uma importante contribuição a dar na busca de soluções para os grandes problemas nacionais, tais como o desemprego, a pobreza e o insucesso escolar, com todas as suas conseqüências negativas sobre a vida da população. Para tanto, propõe que a tradicional postura assistencialista de “dar o peixe” – que não enfrenta o problema em sua raiz, gerando dependência doador/beneficiário – seja substituída por iniciativas de investimento social que promovam, em longo prazo, o desenvolvimento comunitário sustentado, ou seja, “que ensinem a pescar”. Os princípios pedagógicos norteadores do Projeto são baseados no aprender a aprender, utilizar situações problemas, trabalhar e produzir em equipe; aprender fazendo, fazer aprendendo, comunicar-se e comunicar descobertas com clareza e atuar no entorno social. Foto arquivo Fundação Projeto Pescar Participantes do VII Encontro de Jovens da Rede Projeto Pescar Franquia social Ao longo dos anos, a proposta de Geraldo Tollens Linck foi testada e aprovada. Dela nasceu o projeto pioneiro de franquia social, institucionalizado em 1988 e dirigido a empresários que não podem perder tempo e desejam investir, de forma responsável, em uma ação de cunho social que tenha forte impacto na sociedade. Proporcionando à empresa interessada em criar sua própria escola todo o suporte técnico e o acompanhamento necessários, de acordo com os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Face a expansão do Pescar e dos resultados positivos, o Projeto evoluiu para uma Rede de Unidades, cujo fortalecimento e expansão são atribuições da Fundação Projeto Pescar, criada em 1995. A Fundação nasceu com a missão de articular as escolas já existentes e desenvolver ações para incentivar a participação de novas empresas. Qualquer empresa, não importa o tamanho ou área de atuação, pode ter a sua escola do Projeto Pescar e a chance de ser uma empresa com responsabilidade social, conforme afirma Ézio. Pertencer à rede Pescar é uma bela oportunidade para empresas e pessoas que se colocam à frente de seu tempo. Abrir uma escola é fácil, simples, com baixo custo e conta com o apoio e a orientação da Fundação Projeto Pescar. Unidade Pescar Renner Um exemplo de sucesso engajado ao Projeto é as lojas Renner - segunda maior rede de departamentos do país. A Renner aderiu ao Projeto Pescar no ano de 2004, com a implantação da Unidade Pescar Renner, em Porto Alegre. O Projeto Pescar Renner abre espaço para a formação pessoal e profissional de adolescentes de 16 a 19 anos de baixa renda em sua dependência, encaminhando-os, depois, ao mercado de trabalho. Além de promover a aprendizagem básica para o exercício de uma profissão, estimula os jovens a adotarem novos hábitos e atitudes de convivência e cidadania. O curso é focado em atendimento ao cliente, com duração de oito meses, iniciando suas atividades em março. No total, isso significa mais de 740 horas/aula. No primeiro ano da escola, foram 238 inscrições para 15 vagas. A partir de 2006, as oportunidades passaram para 18 vagas. Dos alunos da rede, uma parte é absorvida pela empresa e os demais são contratados com o apoio da rede de relacionamentos da Renner. Donateli Tejada Linck Sonia Maria dos Santos Rosa 1976 – Iníco das atividades do Projeto Pescar 1988 – Começam a funcionar as primeiras franquias. 1995 – É criada a Fundação Projeto Pescar RRPP Atualidades/Julho 2007 21 O impacto das mídias digitais Com a orientação da professora Dra. Cláudia Peixoto Moura, bolsista realiza pesquisa na área Gabriela Reis A professora e doutora Cláudia Peixoto Moura vem desenvolvendo uma pesquisa sobre mídias digitais, seu impacto nos indivíduos e sua contribuição para as Relações Públicas. Nos levantamentos preliminares, já está definido que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) possibilitam uma maior interação entre seus usuários. Com o passar do tempo, a pesquisadora notou uma modificação no relacionamento interpessoal e no sistema organização-públicos em função da tecnologia. Esta modificação está ocorrendo com as pessoas que têm acesso à tecnologia. “Mídia digital é um meio no qual ocorre um processo de comunicação em um ambiente virtual, que contém conteúdos constantemente atualizados, e formatos adequados à tecnologia disponível”, diz Cláudia. No âmbito das empresas, elas podem aproximar as pessoas, melhorar alguns fluxos de informação e transformar competências individuais em conhecimento organizacional. A professora contou que a idéia da pesquisa surgiu a partir do desenvolvimento de um projeto conjunto entre a Famecos e uma empresa do Parque Tecnológico da PUCRS. Como participava da equipe que desenvolveu algumas ações para o êxito desta parceria, pensou em elaborar uma investigação que abordasse a questão dos Portais Corporativos como instrumentos de relacionamento entre as organizações e os seus públicos. No caso do estudo, as organizações são os veículos de Comunicação (rádio, jornal, televisão e revista), localizadas no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa está sendo executada por uma bolsista da PIBIC/PUCRS (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - CNPq). Ela desenvolve atividades de levantamento bibliográfico, coleta de informações de veículos de comunicação em Portais e sites destas organizações jornalísticas. Após a coleta, os dados destes Portais e sites contêm são analisados. O estudo aborda aspectos vinculados às atividades de Jornalismo e de RRPP, que são áreas ainda mais convergentes com o advento da tecnologia. Os portais corporativos de empresas de comunicação estabelecidas no Rio Grande do Sul possibilitam vários estudos de seus processos comunicativos, que ultrapassam o interesse público das informações veiculadas e enfocam o interesse institucional com ações promotoras de relacionamentos. “É importante destacar que poucas empresas de comunicação no estado possuem portais corporativos, ou mesmo sites. Ao lado de sua orientadora, Luísa já não teme a teoria Este já é um resultado relevante, pois os veículos de comunicação poderiam utilizar a tecnologia para estabelecer relacionamentos com os leitores e ouvintes de seus jornais e rádios, ao invés de meios de comunicação tradicionais”, revela Cláudia. A mídia digital pode ser considerada como uma grande oportunidade para RRPP, na medi- da em que o processo de comunicação em um ambiente virtual pressupõe a interação dos usuários. A interação pode ocorrer nos espaços da mídia digital com objetivos de RRPP. Os portais corporativos são exemplos disso, defende a entrevistada. Gabriela Reis, Juliana Barth e Luísa Magrin A experiência de uma bolsista A estudante de Relações Públicas da Famecos, Luísa Ferrazzi Magrin, bolsista da pesquisa, fala sobre o processo: Como ficou sabendo da bolsa e qual foi o critério de seleção? Estava à procura de estágio, então solicitei a ajuda dos professores e para alguns entreguei meu currículo. Através da indicação da professora Glafira Bartz, fui convidada pela professora Cláudia para ser sua bolsista. Sem pensar, aceitei o convite, pois sabia que teria muito a aprender com isso. Sem contar que pesquisas de iniciação científica têm grande valor para o currículo e para um possível ingresso na pós-graduação, mestrado e doutorado. Como está sendo para você trabalhar nesta pesquisa? Uma ótima experiência. Posso dizer que, neste ano, aprendi muito com a pesquisa e a convivência com a Cláudia. A princípio, fiquei receosa de trabalhar na pesquisa, por ser um campo teórico e, na verdade buscava estágios práticos para ter uma noção maior da profissão de Relações Públicas. Mas, por estar no início da faculdade, achei que seria um ótimo começo para mim. Agradeço a professora Cláudia por ter acreditado em mim e no meu potencial. O que, de fato, você aprendeu com a pesquisa durante este ano? Muitas coisas. Através da pesquisa acabei tendo contato com livros de diversos autores da área da comunicação e conhecendo a maioria dos veículos do Estado (rádios, tv, jornais e revistas). Trabalhei com conceitos como interação e interatividade e, ao analisar os sites, percebi a maneira que cada uma dessas mídias digitais se relaciona e interage com os públicos. 22 RRPP Atualidades/Julho 2007 Perfil Thiego Xavier Contratam-se bem-humorados! “O humor do funcionário é primordial!” Escondida, mas Espirituosa Com quase dois anos de casa, “escondidinha” na recepção do Centro de Produção Multimídia da Famecos, em uma conversa olho no olho e muita presença de espírito, Tatiana revelou-se. Nome completo: Tatiana da Silva Idade: 33 anos Estado civil: solteira Filhos: não Formação: secretariado executivo pela Unisinos O que gosta de fazer: ler, ouvir música, estar com amigos e família Seu time: Grêmio Uma frase: Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim... (Mário Quintana) Perfume: não vou revelar os meus segredos Marca: não gosto de marcas, gosto de conforto Cor: verde Animal de estimação: cachorro Qualidade: comprometimento Uma loucura: trabalhar três turnos e fazer faculdade Defeito: perfeccionismo Comida preferida: italianas Tempero que não gosta: ainda não descobri Esporte: caminhada e dança Música: Alma Nova de Zeca Baleiro Cantor: Atualmente ando numa fase Nando Reis Filme favorito: Brilho eterno de uma mente sem lembranças Livro: todos que caem em minhas mãos Mulher/homem bonito: Brad Pitt e Angelina Jolie Sonho de consumo: uma viagem a Paris Uma palavra: amor O que a deixa feliz: simplicidade Sou louca por... Chocolates Um pedido: autenticidade O que mais te incomoda no mundo: falta de caráter Um sonho profissional: no momento uma pós-graduação Um sonho pessoal: a espera do meu afilhado que está por nascer Há quanto tempo trabalha na PUC: um ano e oito meses Como é tua convivência com alunos, professores e colegas de trabalho: muito tranqüila Patricia Lima e Suellen de Sá O empresário Guilherme Rangel Paradeda, 33 anos, casado e proprietário do Choice Dining Club, desabafa sobre alguns problemas de humor em sua empresa e afirma “o humor do funcionário é primordial!”. Bacharel em Relações Públicas, fez intensivo de Marketing na ESPM. Trabalhou no Dado Bier na área do marketing e na Claro Digital. “Já pensei em ser comerciante. Quase fui representante da Mormaii”, confessa. O Dining Club é um estabelecimento que nasceu nos points modernos de Nova Iorque e Londres, sendo rapidamente, copiado em todas as grandes capitais do mundo. Tem como proposta três ambientes diferenciados (lounge, restaurante e pista de dança), deixando o cliente com a impressão de estar em três lugares ao mesmo tempo e livre para escolher qual se encaixa melhor com o seu momento. Encaixe perfeito também, com o nome da casa: “Choice”, uma vez que significa “escolha” em inglês. Além dos ambientes, a música e a iluminação são os pontos fortes. Paradeda conta que montou a empresa a partir de um business plan com o sócio e amigo Sérgio Tutikian, formado em Administração. Juntos, conseguiram o capital e iniciaram o processo de planejamento da casa que, em apenas seis meses, tornou-se um dos maiores sucessos da noite de Porto Alegre. O relações-públicas destaca a relevância do bom-humor nas organizações. “Quando tenho um funcionário muito bem qualificado, mas que com o tempo se mostra constantemente de mau-humor e não sabendo lidar com outras pessoas, demito”. Para ele, o relacionamento com pessoas é essencial em qualquer empresa. Confessa que já foi obrigado a demitir um empregado devido às constantes reclamações, tanto de colegas de trabalho, quanto de clientes. Já o funcionário da Choice, Kenji Itakura, discorda e argumenta que nem sempre o bom humor de funcionários é essencial em uma organização. “Em algumas situações, o contato não precisa ser direto com o cliente, como no meu caso, que sou cozinheiro da casa”, esclarece. Apesar de Paradeda defender o bom-humor, reconhece que muitas vezes é inevitável perdê-lo, já que em todas as organizações haverá crises, desavenças e eventuais problemas. “Entretanto, o funcionário que conseguir tirar de letra essas situações, chamará minha atenção para subir na empresa”, conclui. E para aqueles que ainda não têm emprego e estão à procura fica uma dica de jovem empresário: “Esteja sempre sorrindo, mostre garra, sempre com vontade de crescer e nunca perca a humildade”. Daniela Lima, Júlia Carla Backes e Natália Pereira RRPP Atualidades/Julho 2007 23 Arthur Fontoura Som e liberdade no embalo rave Festas iniciaram na ilha de Goa, na Índia, e os turistas as espalharam pelo mundo Manuela Berger Música e o exercício da liberdade durante horas A festa rave ocorre em sítios, lugares abertos e isolados O significado literal da festa denominada “rave” aproxima-se de delirar e entusiasmar. Talvez, a partir daí, seja possível entender o sentido desta festa, que ano a ano vem conquistando diferentes públicos. Hoje, muito na moda entre os jovens, a rave é uma festa que dura toda noite e continua no dia seguinte. Surgiu na ilha de Goa, situada na Índia. Esse lugar era muito procurado por turistas, principalmente hippies alternativos. Isso gerou uma grande mistura de perfis com o mesmo objetivo, a música. No começo, o som escutado era basicamente reggae e rock. Porém, no início da década de 90, turistas europeus trouxeram em sua bagagem a música eletrônica que foi rapidamente absorvida nas festas. Ela estimulava uma integração com o meio, com os ambientes ao ar livre. Contudo, a maioria dos participantes desses eventos em Goa era turista. Ao irem embora, essas pessoas levavam toda experiência e novos conhecimentos adquiridos na ilha. Desta forma, a cultura rave foi difundida para vários países. eletrônicos. Num palco, ao vivo – denominado Live P.A– o artista usa teclados, samplers (equipamento para copiar e reproduzir trechos de discos), bateria, instrumentos de percussão e até computadores. A divulgação é feita através de flyers, onde o lugar não se especifica, pois deve ser clandestino. O folheto contém ilustrações psicodélicas, indianas ou ecológicas. Traz atrações, preço e local de venda dos ingressos. Posteriormente é divulgado o lugar do evento (quase sempre sítios, lugares abertos e isolados) através de páginas da Internet ou mensagem para celulares. Com duração, normalmente, acima de 12 horas, a festa conta com performances de artistas plásticos, visuais e performáticos. Possui sempre uma a decoração cênica fluorescente que causa bastante impacto visual. Além disso, as roupas e acessórios dos integrantes, cobertas com flúor – pigmento acrescentado a tintas de tons cítricos – brilham na presença de luz negra. Os organizadores desses eventos enfatizam que os fatores de maior importância para o sucesso da festa são os DJ’s e a escolha do local. Um DJ conhecido atrairá um grande público. O local também é fundamental. Um lugar pequeno ou muito fechado pode significar o fracasso da festa. Além disso, quando o lugar é totalmente aberto, deve-se contar com outros fatores. Uma chuva, por exemplo, pode ser a sua ruína Quando questionados sobre o motivo de se reunirem em torno de caixas de som, para curtir muitas e muitas horas um som bastante repetitivo, os jovens são quase unânimes em admitir que, na verdade, o que querem é algumas horas de um clima de amor, amizade, tolerância e boas intenções. Em sua maioria, afirmam que durante esse tempo, esquecem dos problemas e de todo contexto social em que vivem. Pacifismo e harmonia O que se busca nestas festas é um pacifismo, uma harmonia com a natureza. O objetivo é que os participantes sintam uma atmosfera de liberdade, de união, de uma dança sem regras, sem limites. “Não tem como explicar a sensação. É completamente diferente das festas normais, em bares ou casas noturnas. A rave acontece em lugares enormes, como fazendas, parques, entre outros. É uma sensação incrível de liberdade, de paz. Todo mundo está ali na mesma energia. Não tem briga, nem azaração, não tem preconceito, todos se respeitam. É maravilhoso!”, diz o estudante e freqüentador Arthur Fontoura. Para organizar um evento destes, a primeira atitude, é a escolha dos DJ´S. O estilo de música que toca é invariavelmente a eletrônica, sendo a função principal dos DJ´S a interação completa com o público. Para isso, eles fazem uso das tecnologias mais recentes, mesclando todo tipo de sons Manuela Berger, joselaine venturini, renata brogni, e mariana f. fraga 24 RRPP Atualidades/Julho 2007 Diferentes realidades de Relações Públicas Um paralelo entre a difusão das Relações Públicas nos Estados Unidos, Espanha e Brasil A atividade de Relações Públicas está em movimento de expansão pelo mundo, e o futuro da profissão é cada vez mais promissor. A área foi analisada em três países com realidades diferentes. Os Estados Unidos, que criaram a profissão; o Brasil, onde ela está em fase de crescimento; e a Espanha, que vem se adaptando aos novos paradigmas. No fim do século XIX, surge nos Estados Unidos as Relações Públicas, sendo, assim, os grandes exportadores da profissão. “Nas universidades americanas, estuda-se a aplicação das funções e a atuação nas organizações. No currículo existe uma parte prática que é realizada em conjunto com a teoria”, explica a professora Ana Steffen, atual coordenadora do programa Inter Institucionais e Internacionais da Famecos. “O profissional vive no seu dia-a-dia as teorias estudadas na universidade. A sociedade de um modo geral confia no discurso dos relações-públicas ligando-os à assessoria de imprensa”, diz. Na Espanha, a história das RRPP está relacionada com a monarquia, segundo Souvenir Arte Leonardo Contreiras Dornelles, coordenadora do curso de Relações Públicas da PUCRS. “A história da profissão é parecida com a história deles, do seu sistema de governo”, fortalecendo-se nas áreas culturais, de eventos e principalmente protocolo. “Há uma grande preocupação com a imagem da realeza, aumentando o campo de trabalho para os profissionais”, observa a professora. Paralelamente, está se expandindo na Espanha a comunicação empresarial, com a busca de novos horizontes para os profissionais. No Brasil, a grande alavanca para o crescimento da área foi no período da ditadura militar, onde o termo Relações Públicas foi usado para que legitimassem o regime autoritário, e contribuiu para que a sociedade criasse equívocos sobre o seu papel. “O nosso país está adiantado em relação à Espanha, porém atrasado se comparado aos Estados Unidos”, compara Souvenir, que em março participou do 3º Congreso Internacional de Investigaciones y Relaciones Publicas, na Espanha. “Os profissionais devem cada vez mais valorizar a profissão e difundir seus conhecimentos para ser melhor entendida pela sociedade”, prega a professora. Para que as RRPP atuem com eficácia no contexto das organizações modernas, terão de sair da fragmentação para a globalização da comunicação. Leonardo Contreiras, Natalia Rangel, Paola Cé e Tatiele Zancheta