RRPP
Atualidades
Publicação semestral do Curso de Relações Públicas da Famecos
PUCRS – Ano 13 n° 25 – Porto Alegre, RS, Brasil, julho de 2007
O aniversário
de um curso
pioneiro
Foto Elson Sempé Pedroso/famecos
E mais:
Divulgação
Teatro
empresarial
é uma nova
tendência
Profissionais em cena
Sophia Stoffel/RRPP
Jefferson Bernardes/vipcomm
Elson Sempé Pedroso/famecos
Uma entrevista com
Margarida Kunsch
Dupla Grenal
entra no
campo da
comunicação
Os campeões montam
assessorias de RRPP
2 RRPP Atualidades/Julho 2007
Expediente
Publicação informativa e de
reflexão do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, avenida Ipiranga
6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mails: [email protected];
[email protected]
Reitor: Ir. Dr. Joaquim
Clotet
Vice-Reitor: Ir. Dr. Evilázio
Teixeira
Diretora da Famecos: Drª.
Mágda Cunha
Coordenadora do Curso:
Drª. Souvenir Dornelles
Professores responsáveis:
Tibério Vargas Ramos, Marisa
Soares e Neka Machado
Revisão: professoras Neka
Machado e Vera Regina Silva
Produção: disciplina Estudos
da Mídia Impressa em Relações
Públicas
Alunos – Manhã: Adriana
Knevitz de Oliveira, Bruna Alves
da Silva, Caroline Zamith Contieri,
Daniela Lima Jacques Pinto, Daniela Marsico dos Santos, Fabiana
de Azevedo Fernandes, Fabiano
Silveira, Fernanda Guimarães Ribeiro, Fernanda Lopes de Freitas,
Gabriela Reis, Gabriela Rodrigues,
Ioná Plein Bolzan, Julia Carla
Hagemann Backes, Juliana Barth
Menegatti, Juliana Zimmer Sampaio, Lisiane Lessa Santos, Luana
Bublitz Martins, Luciane Fenner,
Luisa Ferrazzi Magrin, Marcela
Eltz Silva, Mariana Teixeira Marimon, Natália Alves Pereira, Patricia Lima da Silva, Sabrina Fiori
Gabana, Saimon Leites Selau, Sofia Stoffel, Suellen Karine Stamm
de Sá, Tanise Rizzon Portanova,
Tiago Haas Reichert e Vanessa
Viedo Moreira.
Noite: Alexandra Hohenberger, André Dall’Agnol Schimitt,
Andressa Lemes da Silva, Arthur
Petersen Fontoura, Bruna Christo
de Assumpção, Camila de Oliveira
Pereira, Camila Lopes da Cunha
Pizzato, Carolina Santos Fiorin,
Cristiane Pacheco G. Santos, Dafne Aroni Pezente, Diego Wander
Santos da Silva, Donateli Tejada
Linck, Fabiane Borges Klafke, Gabriel da Silva Bessa, Gisele Vieira
Sperk, Italo de Poli, Joselaine
Venturini, Laís Marcolin Lucca,
Leonardo Contreiras Rodrigues,
Letícia da Silva Salmoria, Letícia
de Castilhos, Manuela Berger da
Silva, Marcela Martinez Pimentel,
Mariana Carneiro Fraga, Mariana
Fonseca Vargas, Mariana Martini
Sardi, Natália Amaral Ambros, Natália Contiero, Natália Giavanaz,
Natália Rangel, Paola Maria Cé,
Renata de Bittencourt Brogni, Simone M. do Espírito Santo, Sônia
Maria dos Santos Rosa, Sthefania
Vilela de Ávila, Tatiele Zancheta,
Úrsula Helena Mugnaini Araújo e
Vanessa Silva da Rosa.
Edição final: Caroline Contieri, Fernanda Guimarães, Fernanda Lopes, Gabriela Reis, Ioná
Bolzan, Luísa Magrin, Patrícia
Lima e Sofia Stoffel.
Editorial
Os estrategistas da harmonia
As realidades presentes no mundo dos
negócios, quando instituições e organizações
enfrentam, de um lado, uma crescente concorrência e de outro, cidadãos e consumidores
cada vez mais exigentes, podemos visualizar e
dimensionar um forte terreno de trabalho para
a profissão. Em meio a esses desafiadores cenários, se percebe um crescimento do espaço
da Comunicação e, mais especificamente, das
Relações Públicas, levando-se em conta tanto
o seu papel estratégico quanto operacional. A função de
relações públicas (ou relações externas, institucionais, assuntos públicos, etc.) se valoriza na medida em que ela se
faz cada vez mais necessária, pois pode e deve dar conta
das questões ligadas à construção e manutenção de bons
e harmônicos relacionamentos entre organizações e seus
diferentes públicos. Isto faz parte de sua essência, de sua
razão de ser. Para ilustrar, lembramos aqui o título utilizado por Sidinéia Gomes Freitas em sua recente palestra
em nossa faculdade: “Relações Públicas: os estrategistas
que cuidam dos relacionamentos”.
Contudo, quando falamos em futuro, em ampliação
de mercados, também devemos pensar em outros fatores
decisivos e que devem ser valorizados. Tentaremos aqui
discorrer sobre apenas alguns deles.
Em primeiro lugar, vivemos num ambiente social, político e econômico repleto de conflitos e crises, envolvendo
inúmeras instâncias e públicos. Decorrentes da velocidade na disseminação de informações globais proporcionada pelas novas tecnologias, da exigência de transparência das organizações por parte de seus públicos e, mais
especificamente no Brasil, da retomada da democracia e
da implantação do Código de Defesa do Consumidor, organizações governamentais e não-governamentais vêm
se deparando com a necessidade de construir uma comunicação eficaz, atendendo de forma rápida e criativa os
anseios, dúvidas e expectativas de pessoas e grupos mais
informados e cientes de seus direitos. Hoje, a imagem e a
reputação das organizações estão diretamente atreladas
ao seu estilo de tratamento e atenção para certas questões. O público vem cobrando cada vez mais uma postura
pró-ativa não só da iniciativa privada, mas também do
poder público e de outras diferentes instituições.
Ainda, em meio às crises econômicas e aos ambien-
tes mais complexos enfrentados pelos governos no mundo, se começa a dar atenção para
investimentos sociais das empresas. Temas
como “responsabilidade social” ou “empreendedorismo social” se fortalecem, chegando
a ocupar um espaço de destaque no trabalho
de comunicação e valorização da marca de
organizações preocupadas em se manterem
próximas a seus públicos de interesse. Essa,
sem dúvida, continuará sendo importante
área trabalhada pelas Relações Públicas.
Outro fator a ser considerado é a crescente importância atribuída ao relacionamento com o público interno das
empresas. Numa nova perspectiva, vem se valorizando
esse campo de atuação das Relações Públicas, na medida em que os trabalhadores das organizações hoje devem
ser vistos não só como empregados, mas também como
consumidores e formadores de opinião em potencial, os
quais ajudam a construir a reputação de suas empresas
na sociedade.
Também não podemos deixar de citar que há muito
tempo deixamos de representar somente o institucional
das organizações, quando passamos a atuar de forma
mais efetiva com o mercadológico. As empresas vêm exigindo isso e devemos nos preparar para essa interação.
Por meio desses exemplos, podemos perceber um futuro promissor e olhar com otimismo para esta carreira
que escolhemos seguir.
Enfim, vale ressaltar que existe um amplo espaço e
muito a se fazer na área das Relações Públicas. Nesses
atuais cenários, repletos de novas exigências, também
novos relacionamentos institucionais e mercadológicos
devem ser pensados e construídos, pois deles surge o
“consumidor-cidadão”, aquele que hoje passa a dar tanto valor à reputação e à identidade de uma organização,
ao seu perfil ético e responsável perante a sociedade e ao
meio ambiente, quanto à qualidade de seus produtos e
serviços.
O que cabe àqueles estudantes e profissionais interessados em atuar como Relações Públicas, é visualizar
oportunidades e espaços de trabalho hoje existentes, lançando-se a eles com competência, ética e paixão.
Mostra quer
surpreendê-lo
Das 20h30min às 21h30min,
Vanessa Machado Fabian, Gestora Ambiental da Gerdau, estará proferindo uma palestra.
A temática é “Surpreenda-se”, com campanha baseada
na preocupação com a preservação da natureza. Por meio de
slogans, peças gráficas e ações
de divulgação, os alunos serão
incentivados a refletir sobre
assuntos e hábitos cotidianos,
A 28ª Mostra de Talentos
em Relações Públicas, evento
semestral realizado na Famecos,
tem mais uma edição em 18 de
junho, no espaço de exposições
no prédio 41 do campus da PUC,
das 18h às 22h, com entrada
franca. A organização está a cargo dos alunos de Estudos dos
Meios e Ações Aproximativas
em RRPP (5°semestre/manhã),
sob a supervisão da professora
Marisa Soares.
A Mostra divulga, em estandes, 30 projetos experimentais nas áreas de Indústria, Comércio e Serviços, Comunitário,
Livre e Pesquisa, sob a orientação das professoras Ana Baseggio, Iara Silva, Laury Job, Léa
Jacobus e Souvenir Dornelles.
Drª. Souvenir Dornelles, coordenadora do Curso
como a superprodução de lixo e
a reciclagem de materiais. Toda
a divulgação foi com produtos
recicláveis. “O objetivo é dar
exemplo e estimular a consciência ambiental”, explicou a aluna
Letícia Marques. “Os futuros
comunicadores devem perceber que e meio ambiente não é
apenas responsabilidade de biólogos ou geólogos”, concluiu a
estudante Cristiane Seewald .
RRPP Atualidades/Julho 2007
3
Ensaio
Imagem e Reputação Corporativa
Conceitos, mensuração e relevância
Arquivo pessoal
Uma grande confusão entre os
estudantes e profissionais de
Comunicação está na aplicação dos
termos “imagem” e “reputação”.
Por meio de pesquisa bibliográfica
e com profissionais da área
tentaremos atenuar essa charada.
30 segundos de duração, enquanto que, muitas
vezes, 30 anos não são suficientes para a construção e consolidação de uma boa reputação”,
afirma Rogéria Taragan, mestre em Administração pela Carnegie Mellon University (Estado de
São Paulo em 15/07/03).
Existem maneiras de mensurar a imagem e a reputação?
Imagem ou reputação?
Comumente aplicados como sinônimos,
“imagem” e “reputação” têm significados divergentes. Tais termos devem ser empregados com
cuidado para não provocarem erros na construção de um texto, no planejamento de ações ou na
própria comunicação oral.
Imagem, segundo Paul Argenti, em “Comunicação Empresarial: A Construção da Identidade, Imagem e Reputação” (2006, p. 95), a
imagem é “uma função de como os diferentes
públicos percebem uma organização com base
em todas as mensagens que ela envia em nomes e logomarcas e através de auto-apresentações”. A imagem é algo moldável. Constrói-se,
geralmente, a partir dos investimentos em publicidade, propaganda e Relações Públicas das
corporações, manipulada de acordo com o que
elas desejam parecer. Kunsch (Planejamento de
Relações Públicas na Comunicação Integrada,
2003, p. 164), acrescenta que trata-se da comunicação institucional – que tem por objetivo
construir e formar uma imagem forte e positiva
das empresas.
Reputação designa solidificação. Ela é construída ao longo do tempo e não por uma impressão momentânea. É conquistada a partir do
intercâmbio da empresa com seus púbicos de
interesse (stakeholders), sendo de difícil manipulação, depende muito de Comunicação e Relações Públicas consolidadas.
– A imagem pode ser construída, forjada
ou adquirida, afirma a Prof.ª Me. Lana Campanella, integrante do corpo docente da Famecos/
PUCRS. Acredita que “a reputação refere-se a
conduta pessoal ou o tipo de relação que a organização estabelece com os seus públicos e a
sociedade em que está inserida”.
Para a gerente de Marketing e Comunicação do Hospital Mãe de Deus, Carolina Leal, “a
imagem é o que divulgamos, o que construímos
e como nos vendemos para os nossos clientes e
para a comunidade”. Alerta que “a reputação é
como os públicos de interesse falam sobre a empresa, como a vêem. Se passarmos uma imagem
Carolina Leal: “Acredito
que a imagem e reputação andam
muito próximas, um termo
influencia o outro.”
positiva – e que tem por trás disso um produto
ou serviço que já garantiu credibilidade – a reputação tende a ser positiva também”.
Pode-se diferenciar os termos por suas dimensões. por exemplo: tal empresa tem uma
imagem excelente; sua reputação designa credibilidade, confiabilidade e responsabilidade
sócio-ambiental. Imagem é um termo limitado
– reputação não. “A imagem pode ser construída com uma série de comerciais bem feitos, com
Vivemos em uma sociedade na qual a tangibilidade é um fator importante. Então, partindo
do pressuposto que trabalhamos com o intangível, de que maneira comprovar a legitimidade da
Comunicação nas organizações? Como demonstrar a importância da imagem e da reputação?
A pesquisa é a única maneira de avaliar a
imagem e a reputação das organizações. Métodos vêm sendo desenvolvidos, e, cada vez mais,
torna-se visível o trabalho da Comunicação. No
ramo de saúde, por exemplo, Carolina Leal, no
Hospital Mãe de Deus, mensura a imagem e a
reputação por meio de pesquisa de satisfação,
de experiência, de grupo focal e de entrevista em
profundidade.
Relevância:
Empresas com suas reputações consolidadas e imagens positivas têm vantagens no mercado: fidelizam seus públicos, atraem e mantêm
mais talentos, por exemplo. Assim, os consumidores tendem a desfocar os aspectos negativos
das corporações. Trata-se de uma fonte de vantagem competitiva.
Alexandra Hohenberger, Diego Wander
Silva, Gabriel Bessa e Letícia de Castilhos
O caso TAM
No dia 31 de outubro de 1996, o avião
Fokker-100 da TAM caiu 24 segundos após a
decolagem, a 2km de Congonhas-SP. Entre tripulação, passageiros e moradores do local da
queda, totalizaram-se 99 mortes.
Essa situação de crise alerta para a preocupação que as empresas devem ter com a opinião
pública. Além das rápidas atitudes tomadas pela
empresa, evitando maiores rumores e esclarecendo o acidente, um fator decisivo foi a imagem
e a reputação construída por Rolim Adolfo Amaro, fundador da TAM.
O comandante Rolim desenvolvia uma política de estima ao cliente, que ficava claro nas
ações desenvolvidas: ajudava as senhoras a
carregar a bagagem, atendia telefonemas dos
clientes, cuidava da limpeza das dependências
da TAM, cumprimentava os passageiros no embarque. Rolim deu sua cara à empresa. A TAM
realmente colocava os clientes nas alturas.
Devido ao fato, a imagem certamente sofreu
abalos, mas a reputação consolidada fez com
que não aumentassem as proporções do acidente, principalmente na retomada das atividades.
O comandante marcou a história da empresa e suas ações servem de modelo para um
planejamento de comunicação rentável . Rolim
dizia: “Em busca do ótimo não se faz o bom”.
4 RRPP Atualidades/Julho 2007
Thiego Xavier
Especial/RS
O Grenal da
A disputa sai dos campos e está presente
Alunos da Famecos vivem na prática
a rotina de uma agência
Mudança para
agregar valores
Os laboratórios de Relações Públicas da Famecos mudaram de nomenclatura. Antes, dois
laboratórios separados; agora, uma Agência de
Relações Públicas formada por dois núcleos:
Núcleo de Eventos, antigo Laboratório de Eventos (LabEventos) e Núcleo de Projetos Institucionais, ex-Laboratório de Relações Públicas
(LaRP). “A mudança ocorreu para seguir uma
tendência de mercado e para aprimorar a qualidade acadêmica dos alunos que estão estagiando
nos laboratórios”, explica a supervisora da nova
agência, professora Glafira Bartz.
Aproveitando o aniversário de 40 anos do
curso de Relações Públicas, a integração entre os
laboratórios pretende marcar a data. Embora os
espaços físicos dos dois núcleos continuem separados, os trabalhos estão integrados, assegura
Glafira. A mudança decorre da vontade do curso
de consolidar ainda mais a marca institucional
da Famecos que, ao longo dos anos, sempre se
adapta às novas tendências do mercado.
“O objetivo é uma mudança da cultura para
termos uma agência integrada”, reforça a coordenadora do curso de Relações Públicas, professora Souvenir Dornelles. Ela destaca, também,
que o ponto-chave da mudança será a integração
entre os laboratórios, que possibilitará ao aluno
enxergar um todo, viabilizando a continuidade
dos projetos da agência, o que oportuniza, para o
acadêmico, continuar participando dos projetos
nos semestres seguintes.
Com a experiência de quem viu a agência
nascer e muitos alunos se tornarem profissionais de renome após passarem pela agência, a
professora Glafira deixa uma sugestão para os
alunos: “Cada vez mais o mercado cobra experiência dos alunos e aqui, na agência de RP, é
o local ideal para aprimorarmos nossas qualidades profissionais. Por isso, aproveitem muito os
laboratórios da Famecos, em especial, a Agência
de Relações Públicas. A troca de experiências
profissionais e o aprendizado junto aos colegas
e professores são fundamentais para formação
acadêmica”, considera.
Patricia Lima e Suellen de Sá
Os clubes de futebol profissional, como o
Grêmio e o Internacional da capital gaúcha,
estão acordando para a importância da comunicação direta com seus públicos. Veículos de
comunicação são criados e aperfeiçoados, a fim
de garantir uma troca de informações eficiente
com os maiores interessados: a torcida.
Milhares de torcedores lotam os estádios
Olímpico e Beira-Rio a cada jogo para incentivar seus times. Pensando neles, os clubes têm
inovado seus canais de comunicação, transformando-os em redes modernas de acesso à
informação. Todos os dias, notícias são veiculadas pelos meios de comunicação de massa,
buscando atingir o grande público. Só isso já
não basta, o investimento em canais próprios
é crescente, visando uma linguagem do clube
para o torcedor, sem influência de outros. Assim, foram criados um jornal, site e uma revista, que estão entrando na cultura do clube gremista através de sua assessoria. O Inter conta
com uma revista mensal, um jornal distribuído
nos dias de jogos no estádio, site e duas rádios.
Além disso, ambos os clubes procuram manter uma correspondência com seus associados.
Toda essa tecnologia disponível serve como um
portal de informações do clube, ao qual todos
têm acesso. O associado, por ser um parceiro
da instituição, ganha espaços restritos, destinados exclusivamente a eles, recebendo um tratamento especial e diferenciado.
Por serem organizações ligadas ao futebol,
notícias que envolvem o time dia a dia, dentro e
fora do campo, são priorizadas, assim como os
treinamentos, contratações, entrevistas com jogadores e treinadores, podendo, às vezes, serem
abordados outros assuntos. Há preocupação na
atualização dos dados, em especial, dos sites. O
clube tricolor enfatiza que, além da atualização,
doze novas matérias são acrescentadas ao veículo todos os dias.
O setor de ouvidoria se faz presente em ambos os clubes, com a função de servir como um
canal direto que passa as informações vindas
do torcedor (críticas, elogios e etc.), para os demais setores. O Internacional ainda possui um
e-mail próprio da assessoria de imprensa, com
a finalidade de deixar o torcedor se manifestar.
É reforçado pelas duas assessorias de comunicação, que todos os e-mails são respondidos, “com
exceção daqueles puramente de xingamentos e
agressões verbais a jogadores, técnicos e diretoria”, comenta Alexandre Corrêa, responsável
pelo setor colorado. No Grêmio, os e-mails são
utilizados, também, para confirmar notícias e, se
houver erro, as fontes serem buscadas.
Elson Sempé Pedroso/Hipertexto
Grêmio comemora o bicampeonato gaúcho em 2007 com o apoio de sua fiel torcida
RRPP Atualidades/Julho 2007
5
Comunicação
na busca pelo avanço da informação e relações públicas
Jefferson Bernardes/Vipcomm
Gerenciamento de crises
A ocorrência de tumultos durante os jogos,
devido a grande rivalidade entre as torcidas, fez
com que, há alguns anos, Grêmio e Inter passassem a trabalhar com uma campanha junto à
Brigada Militar e os órgãos de segurança, com a
intenção de prevenir tais comportamentos. “Infelizmente, as campanhas não são eficazes àqueles mal-intencionados, que vão ao estádio com o
intuito de bagunçar”, alega o colorado Alexandre
Corrêa. Em casos graves, como o Gre-Nal ocorrido em 2006, onde banheiros móveis foram
incendiados no Beira-Rio, a crise foi tratada de
maneira diferente entre os clubes.
No Grêmio, foi contornada a partir da valorização da imagem do torcedor que não participou da barbárie. Foi enfatizado que não foi
um ato da torcida, e sim de um grupo restrito e
pequeno, na tentativa de proteger os realmente
preocupados com o jogo e o time. O clube colorado recebeu, após o incidente, uma série de
reivindicações de seus torcedores, que enviaram
e-mails, querendo participar do processo de
apuração dos fatos e fornecendo informações.
Os dados foram repassados para o departamento jurídico, que se encarregou do caso. O Inter
procurou deixar claro que o fato ocorreu com a
torcida adversária, isentando a sua. Outro caso
comentado pela assessoria do atual campeão
do mundo, aconteceu em 2005, no jogo contra
o Fluminense no estádio Beira-Rio, onde houve
um evidente exagero por parte da Brigada Militar. Matérias foram publicadas a fim de denunciar o exagero e apaziguar os ânimos, garantindo
a prestação de apoio aos feridos, uma vez que,
entre eles, haviam também crianças e idosos,
explica Corrêa.
Estratégias
Questionados sobre como manter uma boa
imagem com o público, o responsável pela comunicação tricolor, Haroldo Santos, foi enfático: “trabalhamos muito”. A assessoria colorada
acredita que por serem muitos os que se interessam pelo clube, este tem o papel de valorizar aspectos positivos do próprio time. Logo, quando
o Inter vence, é dado o maior destaque possível a
isso, e quando perde, procura-se remeter ao futuro, à reabilitação e a possibilidade de volta de
um momento mais favorável.
Os dois clubes, ao possuírem uma assessoria de comunicação, mostram a preocupação em
A excelente campanha colorada em 2006 será resgatada em um livro
interagir e se aproximar de seu torcedor, tal de- mio Pra Valer, com programação 24 horas no
partamento também nasceu, em ambos os casos, site. No Inter, as mudanças também são promispara que veículos próprios de comunicação fos- soras, com a implantação da TV e da Rádio Inter
sem criados e abastecidos com suas informações ao site, a criação de um prêmio de jornalismo sooficiais. Com humor, o assessor gremista brinca bre o Internacional e um projeto destinado aos
que seu departamento
funcionários e dirigencresceu muito em dois
tes. Está em processo
A Grêmio TV contará com
anos,
acrescentando
de finalização o livro
que foi inaugurado dia um site próprio e será um novo sobre o mundial e toda
4 de abril de 2005, mestemporada colorada
braço de comunicação do
mo dia do aniversário
de 2006.
clube. O acesso ao site
do rival. Este departaA
importância
mento é formado por colorado chega a um milhão de
dada à comunicação
um relações públicas,
para o andamento dos
pessoas todos os meses.
jornalistas, publicitáclubes é cada vez mais
rios, além de uma grantangível, já que retrata
de equipe de comunicação que faz o trabalho e garante, segundo Haroldo Santos, “a linguaexterno e interno. No lado do adversário, exis- gem do clube direto para seu associado, sem a
te apenas um profissional de relações públicas, interferência de terceiros”. O Internacional acremas que se encontra fora do setor de comunica- dita que sua estrutura está na vanguarda, sendo
ção, responsável pela visitação ao estádio e por uma das melhores, senão a melhor, do país. Os
receber as pessoas nas dependências do clube.
comandantes e dirigentes admitem e respeitam
a relevância de uma boa comunicação, e atribuem a ela a disputa cada vez mais acirrada fora
Novos Projetos
O processo de inovação não cessou, e mui- dos gramados, em um jogo, onde o objetivo é se
tos novos projetos dentro da assessoria vão en- modernizar e levar a satisfação aos torcedores.
trar em prática esse ano, como a TV Grêmio, que
será inaugurada dia 20 de maio, e a Rádio GrêLuciane Fenner e Mariana Marimon
6 RRPP Atualidades/Julho 2007
Especial/RS
A tradição que se comunica
MTG procura divulgar à sociedade suas idéias de preservação da cultura e história do gaúcho
Divulgação/ MTG
No intuito de preservar e divulgar a história
rio-grandense, o Movimento
Tradicionalista
Gaúcho (MTG) busca,
através da criação de uma
cultura comunicacional,
se aproximar da sociedade e mostrar a riqueza da
tradição gaúcha.
O Movimento surgiu na década de 60, a fim
de cultuar e difundir a História, promover uma
retomada de consciência dos valores morais do
gaúcho e preservar as coisas boas do passado
sem conflitar com o progresso. Após 40 anos de
trabalhos, espalhou-se pelo mundo e hoje, só
no Rio Grande do Sul, conta com cerca de 1400
entidades filiadas, divididas em 30 Regiões Tradicionalistas. A filosofia e os objetivos do Movimento estão expressos nas teses: O Sentido e o
Valor do Tradicionalismo, de Barbosa Lessa e a
Carta de Princípios, de Glaucus Saraiva.
Na procura da integração entre a sociedade
e a tradição gaúcha, o MTG encontrou na comunicação planejada a solução para a aproximação
com seus públicos. “Sabemos que a comunicação
é um produto e quando profissionais tratam dela,
são reduzidas as possibilidades de erro”, afirma
o ex-presidente do MTG, Manoelito Carlos Savaris. A assessoria foi implantada há três anos e
o resultado foi surpreendente sendo que o MTG
passou a ser mais conhecido e melhor interpre- ENART: um dos principais eventos de cultura regional da América Latina
tado pela mídia, onde seus eventos ganharam páginas de divulgação referentes ao movimento. te seria bem diferente, acredita Basso.
destaque nacional. Com essa atuação junto aos Com isso, foi possível atrair o interesse da Rede
Preocupado em estar em contato com seus
veículos de comunicação começa a desaparecer Globo na produção de material para o Jornal públicos, o MTG possui um site institucional e
a imagem do “gaúcho grosso” para dar lugar ao Nacional de sábado à noite sobre o ENART (En- um informativo mensal, o Jornal Eco da Tradicidadão que defende sua identidade. Através das contro de Arte e Tradição Gaúcha).
ção, que mantém a comunidade tradicionalista
matérias publicadas, os tradicionalistas se recoA assessoria se faz muito relevante nos mo- informada sobre o que acontece no movimento,
nhecem e a sociedade também passa a entender mentos de conflito em que o posicionamento do além de trazer aspectos da história e da cultua importância da preservação
MTG gera polêmica na mídia. ra do povo gaúcho. Também há o Birô Gráfico,
da cultura.
Um recente exemplo foi na responsável pela produção dos materiais instiComeça a desaparecer questão da “Tchê Music” (gru- tucionais.
Diante desse estereótipo,
a imagem do “gaúcho
mostrar a importância do trapos que incorporaram novos
O Movimento Tradicionalista Gaúcho debalho de comunicação na orgagrosso” para dar lugar ritmos à música tradiciona- senvolve um papel pioneiro na preservação da
nização foi o maior desafio para
lista), quando o movimento tradição sul-rio-grandense, onde a imagem do
ao cidadão que
o assessor de imprensa, Felipe
defende sua identidade posicionou-se não contra esse gaúcho está repleta de simbolismo e sentimenBasso, que está com o MTG desestilo, mas a favor da preser- tos de amor à terra, construída ao longo da forde o início do processo. “Não
vação da música nativista. mação desse povo. Assim, a comunicação auxilia
houve resistência na implantaNesse contexto, a existência de no fortalecimento dessa ideologia e da integração da assessoria, mas sim, indiferença. Houve uma comunicação personalizada com cada um ção com a sociedade.
quem não acreditasse na importância do traba- dos veículos mostrou a essência do que estava
lho, de que ele não traria resultado”. Como pro- acontecendo e se, naquele momento, não houAndressa Lemes da Silva, Fabiane Borges
va do sucesso contabilizou-se só em 2006, 677 vesse um trabalho sério, a imagem final do debaKlafke e Natália Giovanaz
RRPP Atualidades/Julho 2007
Aviação
7
Mariana Fonseca de Vargas
Greve nacional
de controladores
fecha aeroportos
Noite de sexta-feira, 30 de março, todos os 49
aeroportos comerciais do país foram fechados
O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários, José de
Alencar Sobrinho, em 30 de março, garantia que não haveria greve
no aeroporto Salgado Filho, uma
vez que os trabalhadores gaúchos
não aderiram ao movimento. No
entanto, Sobrinho alertava que os
passageiros poderiam sofrer com
atrasos e falta de segurança nos
vôos vindos de outros locais, já que
as fiscalizações feitas pelos aeroportuários estariam paralisadas.
A engenheira civil de 29 anos,
Caroline Trindade de Angelis, recebeu R$ 4 mil da TAM por ter desembarcado com 30 horas de atraso no aeroporto Salgado Filho, de
Porto Alegre, na véspera do Natal
do ano passado. A empresa aceitou
pagar a indenização em audiência
de conciliação no 4º Juizado Especial Cível do Rio Grande do Sul, no
dia 23 de março de 2007. O acordo
evitou que a ação de reparação de
danos movida pela passageira fosse a julgamento.
Apesar das 30 horas de diferença entre o horário previsto e a
chegada, a engenheira não chegou
a perder compromissos profissionais, mas reclama do estresse a que
foi submetida e relata que outras
pessoas desistiram de ver suas famílias porque, se saíssem do local
em que estavam com atraso, perderiam as conexões de ônibus para o
interior do Rio Grande do Sul.
No dia da greve dos controladores houve um atraso de aproximadamente quatro horas, sendo
que já estavam ocorrendo atrasos
antes de 30 minutos. A explicação
das companhias aéreas foi de que
dependiam apenas dos controladores. Sem a autorização da decolagem, não há o que fazer. A única
solução seria manter a calma e esperar.
Embora a greve tenha paralisado todo o país, não houve muito
tumulto em Porto Alegre. Por mais
frustrante que tenha sido, os passageiros mantiveram-se compreensivos diante da crise. Os funcionários
alegaram que não há previsão para
uma nova greve.
Camila Pereira, Natalia Contiero,
Simone Marques e Sthefania Vilela
Camila Pereira
Passageiros mantiveram-se calmos diante da crise
Atendimento ao usuário no Aeroporto Salgado Filho
Varig: passado de glamour
e um futuro mais popular
No dia 7 de maio de 1927, nasce a S.A. Empresa de Viação Aérea
Rio-Grandense, conhecida como
Varig, com sede em Porto Alegre e tendo como criador o oficial
da Força Aérea alemã Otto Ernst
Meyer. Sua história está entrelaçada com o nascimento da aviação no
Brasil por ser a mais antiga companhia em atividade.
A Varig torna-se hegemônica depois de absorver a Cruzeiro
do Sul e adquirir outras empresas
regionais, transformando-se na
maior transportadora da América
Latina.
O ex-presidente Fernando
Collor de Mello, em 1990, abre o
ramo da aviação nas rotas internacionais. Passaram a concorrer
com a Varig, nestes trajetos, a
Transbrasil e a Vasp. O governo
permitiu, ainda, a entrada de novas companhias estrangeiras para
disputar este segmento, que obtiveram vantagens para operar com
preços e custos mais baixos, a partir da isenção de alguns tributos.
A Varig começa a apresentar
prejuízo em seu balanço financeiro,
agravando-se com a crise cambial
no governo Fernando Henrique
Cardoso, que impactam negativamente nos resultados da empresa.
A TAM cresce e torna-se concorrente da Varig em vôos domésticos
e ao longo da década de 90, inicia
suas operações para o exterior.
Cristiano Monteiro, da Universidade Federal Fluminense (UFF),
que estudou a trajetória da Varig
em seu mestrado, e o setor de aviação comercial em seu doutorado,
relata que o principal erro administrativo foi continuar a atuar como
se ainda estivesse nas décadas de
60 e 70. Com uma estrutura pesada
no exterior, maior que a diplomacia
brasileira, a falta de visão estratégica e a ausência de prestação de contas por parte de diretores, ajudou
na queda da empresa.
A compra
No dia 28 de março de 2007, a
Gol Transportes Aéreos compra a
Varig. Em entrevista, o presidente
da Gol, Constantino de Oliveira Jr.,
afirma que a Varig não irá suprimir
a primeira classe e nem trabalhar
com requinte excessivo e, sim, fazer
com que a Nova Varig ofereça planos internacionais de baixo custo.
Para ele, a Gol pretende utilizar a marca Varig primordialmente
em vôos internacionais, pois ela
tem muito respeito no mercado
mundial como antiga associada à
Star Alliance, conhecida no mundo
inteiro.
Seu futuro parece ter um rumo,
e se for no mesmo caminho de sua
nova dona, a Gol, é promissor.
Mariana Fonseca de Vargas
8 RRPP Atualidades/Julho 2007
Tendência
Arquivo pessoal
Reprodução
Joice Trindade, formanda de RRPP
Junior Achievement na web: um exemplo de blog corporativo
A nova vitrine
das Organizações
Canais virtuais que proporcionam interação entre instituições
e o mercado são considerados aliados na comunicação junto
aos públicos. A mais nova realidade do cenário corporativo.
A formanda Joice Trindade, que neste semestre está concluindo Relações Públicas na
Famecos, vai enfrentar a banca examinadora
de final de curso com uma monografia sobre
os blogs corporativos, nova tedência do mercado. Sua monografia, intitulada A influência dos
blogs no processo de comunicação organizacional, defende que, para a atividade de Relações
Públicas, “as vantagens de utilizar os blogs são
inúmeras (...), podem ser considerados uma fonte de informação, capaz de direcionar e apontar
caminhos nas tomadas de decisões estratégicas,
tão importantes no planejamento das organizações”.
Hoje os blogs começam a chegar ao mundo
corporativo e esta é uma realidade que nenhuma
empresa pode se dar ao luxo de ignorar. Para as
organizações que percebem os blogs e o consideram como uma ameaça, Joice observou em
sua pesquisa acadêmica que a decisão de utilizar
ou não blogs, como instrumento de comunicação, faz parte da cultura organizacional de cada
empresa. Mas ela adverte: as que valorizam ter
um espaço aberto para o diálogo, não irão sentir
problemas em implantar um blog.
Os blogs corporativos estão se tornando
uma ferramenta fundamental para qualquer organização. Mas entrar neste universo desconhecido pode ser difícil sem a assessoria adequada
e o comprometimento por parte da empresa. “É
importante contar com um profissional preparado, não só para definir as metas e estratégias,
mas também na implementação, manutenção e
mensuração dos resultados”, destaca a colega.
Este instrumento permite que a empresa
tenha uma relação menos formal com seu mercado consumidor, porque os blogs trabalham
com uma linguagem informal, permitindo uma
maior interação. Além disso, eles dão personalidade à comunicação organizacional, diminuindo
o abismo entre a empresa e o cliente.
A formanda de RRPP alerta, contudo, que
da mesma forma que os blogs podem disseminar
informações positivas sobre as organizações,
também têm o poder de comprometer a reputação das empresas que não agirem corretamente.
“Se boatos e fofocas espalham-se facilmente entre pessoas, imagina quando essas pessoas têm
como recurso computadores ligados em redes”,
compara. “A velocidade com que esses comentários proliferam-se é algo surpreendente, ainda
mais com a utilização dos blogs”.
As opiniões e idéias expostas nos blogs se
espalham rapidamente, o consumidor deixa de
ser passivo e passa a ser ativo tendo um espaço livre para interagir tanto com outras pessoas
quanto com a organização. “O fluxo de informações recebidas pela empresa com certeza será
maior e afetará a comunicação, desta forma, há
necessidade de ter conhecimento para gerenciar
esse fluxo de informações. Acredito que se bem
administradas, essas informações podem gerar
ações que permitam à organização maior agilidade e rapidez, no que diz respeito a atender às
necessidades dos seus públicos”, sentencia.
O blog corporativo é o mais novo espaço de
atuação para o profissional de Relações Públicas, que pode gerir com muita competência este
canal de comunicação entre a organização e seus
públicos.
Arthur Fontoura, Laís Lucca
e Letícia Salmória
exemplos
Blog Tecnisa (http://www.blogtecnisa.com.br/), um dos
primeiros blogs corporativo brasileiro; Blog do Estúdio
Coca-Cola (http://mtv.uol.com.br/blogosfera/?b=blog_
do_estudio); Blog Edelman (www.edelman.com.br),
cujo presidente da filial brasileira, que possui seu próprio blog, foi um dos entrevistados por Joice Trindade
em sua monografia.
RRPP Atualidades/Julho 2007
9
Marketing Focado
Um conceito atual em comunicação
A inovação no relacionamento entre empresa e seus públicos sem a utilização da mídia tradicional
Cristiane Pacheco G. SANTOS
O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa,
formado pela Faculdade de Comunicação Social
da PUCRS, revela um conceito próprio de atuação em comunicação: o marketing focado. Constitui-se de um trabalho diferenciado de relacionamento entre empresa e seus mais diferentes
públicos, através de estratégias de marketing
e comunicação, dirigidas ao público-alvo, suprimindo a necessidade de altos investimentos
em mídias convencionais como a televisão, por
exemplo.
No conceito de marketing focado, explica
Gabriel, é possível planejar e implementar ações
de relacionamento nas organizações com ferramentas de última tecnologia e meios de comunicação poucos usuais, porém de alto impacto:
Marketing Interno – comunica, integra
e motiva a equipe interna;
Marketing de Relacionamento – reconhece, segmenta e qualifica a base de clientes;
Marketing Promocional – promove a
marca, aproxima clientes;
Marketing Viral – uma informação que a
empresa precisa comunicar sem o uso de ações
O relações-públicas Gabriel Carneiro Costa em seu ambiente de trabalho
comerciais, que se espalha de forma invisível e
incontrolável; e
Marketing de Guerrilha – ações inova- Mateus Correa Lampert, experiente em marke- cliente”, afirma Gabriel. Hoje, o portifólio da
doras, criativas, que geram mídia espontânea e ting interno. “Quando começamos a trabalhar agência conta com grandes marcas como: Cocadão credibilidade ao público-alvo.
(...) entendemos que marketing externo pode Cola, Dado Bier, Lojas Colombo, Unimed Porto
Para colocar em prática algumas das diver- ser conseqüência de marketing interno, então Alegre, entre outras. “Somos parceiros da Pop
sas estratégias é indispensável o uso da internet, começou a nascer essa nossa idéia de marke- Rock. Tudo o que não envolve mídia é a gente
como meio para alcançar o público desejado, ting focado”, enfatizou Gabriel. Com bastante quem faz”, assim como a parceria com a Nova
seja através de e-mail marketing ou até mesmo esforço, abriram a agência, na época chamada Schin em sua participação no Planeta Atlântida
via orkut, uma eficaz ferramenta que a própria apenas Inside, e foram em busca de clientes. A 2007.
Com uma equipe formada por profissionais
agência teve a oportunidade de comprovar, utili- tarefa não foi nada fácil, pois a empresa não era
zando layout semelhante, para seu site. Exemplo conhecida, dificultando a entrada no mercado. e estagiários de RRPP e Publicidade, Gabriel é
de marketing viral,
“Os primeiros seis me- responsável pelo atendimento de marketing
pois, no momento
ses foram horríveis, vá- externo e seu sócio Mateus pelo interno. Atra“Marketing externo
em que foi lançado,
rias vezes pensamos em vés do trabalho de marketing focado, eles propode ser conseqüência
sem o uso de divulgadesistir. Eu e o Mateus porcionaram a alguns clientes a conquista dos
de marketing interno”
ção, a repercussão foi
estávamos em uma situ- prêmios Top Ser Humano e Top ADVB de Marimediata e surpreenação financeira aperta- keting. Suas experiências na gestão de marcas
dente. “Nós o criamos porque passamos a fazer díssima”. Entretanto, tendo em mãos uma boa fizeram da Inside Direct um diferencial no meralgumas ações de marketing de relacionamento agenda de contatos e muita persistência, conse- cado, sendo a primeira agência “below the line”*
via orkut”, comentou Gabriel a respeito da idéia guiram conquistar clientes, “em cinco meses de do Rio Grande do Sul.
para a criação do site.
agência tivemos a oportunidade de pegar o GalBRUNA C. ASSUMPÇÃO E
Gabriel trabalhou na área comercial desde pão Crioulo, foi a primeira marca conhecida que
CRISTIANE PACHECO G. SANTOS
cedo. Após algumas experiências profissionais a gente atendeu”, lembra Gabriel. A partir daí,
* Below the line: expressão criada por publicomeçou a conhecer melhor o marketing e se conseguiram credibilidade da empresa, na épocitários
norte-americanos, quando se referiam a
interessar. O resultado foi a idéia de abrir uma ca chamada Adubos Trevo, e não pararam mais.
todo e qualquer trabalho de marketing que não utiagência em sociedade com o colega de faculdade “O mais difícil é conseguir o primeiro grande
lizasse a mídia tradicional.
10 RRPP Atualidades/Julho 2007
Entrevistas
Lições de um jovem
relações-públicas
Luciano Nunes Suminski, em
entrevista concedida aos alunos
da disciplina de Estudos da Mídia
Impressa em RRPP, relatou um
pouco de sua experiência acadêmica e mercadológica na atividade de
relações públicas. Graduado pela
Famecos em 2003, atua como assessor e consultor de comunicação,
além de ser proprietário da VM Comunicação e Marketing, empresa
de mídia exterior.
O comunicador de 26 anos se
interessou pelas Relações Públicas
ao visitar uma feira de profissões.
Ingressou no mercado de trabalho
logo nos primeiros semestres, em
escritório de contabilidade, para
custear a faculdade. “Não podemos
esperar a conclusão da faculdade
para ser e acontecer”, disse referindo-se à importância do estágio.
Além de prestar assessoria,
consultoria e dirigir empresa própria, participa do GERP – Grupo de
Estudos em Relações Públicas e, no
Conrepp/4ª Região – Conselho Regional de Relações Públicas, onde
atua como tesoureiro. A função
do Conrepp é legislar e fiscalizar a
profissão. Suminski garante que os
bens mais importantes que os relações-públicas têm são suas leis.
“Quero viajar para aprender
línguas”. Ele destaca a necessidade
de dominar outros idiomas, devido
ao processo de globalização. Quanto ao futuro, Suminski estuda a
possibilidade de especializar-se em
alguma área da Comunicação ou
graduar-se em outro curso, como
História.
O jovem empresário nota grande perspectiva na profissão. Defende que o profissional de RRPP tem
uma visão global da comunicação
e isso denota sua relevância no
contexto organizacional. Acrescenta que os gestores estão, cada vez
mais, percebendo o papel de intermediário que um RP executa entre
a organização e seus stakeholders.
Com uma visão crítica do mercado de trabalho, garante que o fato
de muitos profissionais aderirem às
funções da atividade ocorre porque
os relações-públicas não estão assumindo seus reais papéis na socieMARIANA FRAGA CARNEIRO
“É preciso ser empreendedor: fomentar novos negócios”
Fabiana Fernandes
Entrevista da Karen pela mahã
MARIANA FRAGA CARNEIRO
Luciano fala na turma da noite
dade. “É a lei do mercado”, explica.
“Nos Estados Unidos existem agências que trabalham exclusivamente
com relações-públicas, aqui não”.
“No Estado, o campo de batalha
da atividade é mais acirrado. Todos
os gestores buscam o trabalho das
relações públicas, embora desconheçam a atividade”, observa. Para
ele, comunicar bem, fidelizar os
clientes e tê-los próximos são princípios básicos das organizações.
Um dos obstáculos para a atividade é a dificuldade de mensurar
resultados, por tratar-se de uma
profissão muito subjetiva. “RRPP
não é igual a Administração, por
exemplo. Não é possível quantificar
nosso trabalho em planilhas de Excel”. Entretanto, vêm sendo desenvolvidos métodos de pesquisas que
possam legitimar a atividade nas
corporações, comprovando que o
trabalho desenvolvido pela Comunicação é rentável.
Na opinião do entrevistado,
uma sólida rede de relacionamentos é o diferencial para um bom (ou
mau) profissional. Ele aconselha
que esta postura deve iniciar ainda nos tempos da faculdade. “Parcerias para executar as funções de
Relações Públicas são fundamentais”, complementa. “Nunca feche
uma porta, ela poderá ser útil no
futuro”.
Alexandra Hohenberger,
Diego Wander Silva, Gabriel
Bessa e Letícia de Castilhos
De RRPP
para RRPP
Histórias e experiências
divididas com alunos em
entrevista descontraída
Em visita à Famecos, para uma
entrevista concedida aos alunos do
curso de Relações Públicas, Karen
García de Farias, conseguiu, através de sua experiência, esclarecer
muitas dúvidas. Bastante simpática
e comunicativa, contou um pouco
de sua trajetória profissional.
Casada há 18 anos, mãe de duas
meninas, Karen adora dormir, ler e
ir ao cinema. Formada desde 1988,
pela PUCRS, e pós-graduada em
Marketing pela ESPM, construiu
uma carreira linear, atribuindo à
experiência adquirida aos estágios
que fez durante o curso em organizações como: Brigada Militar,
Grupo Capão Novo e Clube Farrapos — “posso dizer que fui uma
privilegiada”. Segundo ela, esse foi
um período essencial para sua vida
profissional e acredita que todo
aluno deve passar por esta fase.
Hoje, como contratante, dá a seguinte dica: “Estagiários devem ir
em busca, serem curiosos, não terem medo de errar. Mas devem ter
a humildade de querer aprender e
não terem receio de se expor”.
Quando se formou, Karen já
estava no mercado de trabalho, no
Grupo RBS, no jornal Zero Hora,
onde permaneceu até 1993, atuando nas áreas de Marketing Interno
e de Incentivo. No mesmo ano, por
motivos pessoais, mudou-se para
Campinas, São Paulo. Trabalhou
para o Grupo Vulcabraz na Grendene Unidade Jundiaí, coordenando
a área de comunicação institucional. “Nosso mercado não deve nada
para o mercado paulista, os profissionais gaúchos são muito valorizados”, relata.
Em 1997, voltou para o Rio
Grande e trabalhou para a Ciacorp
(Hotelaria e Incorporação) na área
de marketing. Em seguida montou
sua empresa de consultoria, a KGF
RRPP Atualidades/Julho 2007
11
EM DEBATE:
Fabiana Fernandes
Relações Públicas x Recursos Humanos
Uma visão contemporânea de um diálogo sem fim
Karen, trajetória de sucesso
de marketing interno e relacionamento. A partir de 2004, uniu-se
a Inside, formando a KGF Inside,
onde permaneceu até 2005, encerrando a sociedade.
Em 2006, é contratada pela
Escala Comunicação e Marketing,
como diretora de marketing. Ela
destaca a marca desta agência de
publicidade no mercado para sublinhar: “O maior patrimônio de uma
empresa é a marca”.
Questionada sobre como prevê
RRPP daqui a dez anos, respondeu
com veemência: “Não sei, é muito
complexo. É preciso estar sempre
atento às mudanças de comportamento. Relacionamento é a palavra-chave. O consumidor está cada
vez menos permeável”.
Sobre em que campo a atividade mais cresce, respondeu aos alunos: “O espaço é nas empresas. No
futuro, as portas do mercado tendem a aumentar. É o profissional
que deve fazer acontecer, pois ele
é quem estabelece vínculos entre
pessoas e marcas”.
Ao encerrar a entrevista, Karen deixa uma impressão de boas
expectativas aos futuros profissionais, falando com otimismo sobre
os diversos campos da atividade
e os anseios dos alunos. “O futuro
das Relações Públicas é promissor”, sintetiza.
Fernanda Lopes de Freitas
e Patricia Lima
Relações Públicas e Recursos
Humanos são atividades consideradas antigas, e ambas começaram
a ganhar notoriedade no final do
século XX, recebendo influência
dos modelos norte-americanos.
A expressão Recursos Humanos começou a ser utilizada no
início dos anos 70. Já as atividades
de Relações Públicas se profissionalizaram durante os anos 50, mas
as primeiras faculdades de Comunicação Social com habilitação em
Relações Públicas surgiram apenas
no final dos anos 60.
Autores como Chiavenato
(2002) afirmam que “a Administração de Recursos Humanos cedeu lugar a uma nova abordagem: a
Gestão de Pessoas”. Com esta nova
abordagem, tem-se a visão das pessoas como parceiras da organização
e não como meros “recursos humanos”.
O profissional de Relações
Públicas exerce função estratégica importante nas organizações
modernas ao planejar e executar
a comunicação. No cenário atual,
a atividade vem conquistando seu
espaço no mercado de trabalho, porém, ainda não é dada sua devida
importância.
Ambas as profissões lidam com
gestão de pessoas e visam, entre outras coisas, a produtividade, eficiência e eficácia organizacional, precisando ocupar cargos hierárquicos
elevados e ter contato com todos
os integrantes da instituição; além
de trabalharem para que haja um
bom clima organizacional. Apesar
das muitas semelhanças, é visível a
diferença do trabalho desempenhado por profissionais específicos de
cada área, daí a importância de se
ter o apoio de ambos para o sucesso
organizacional.
Mônica Riffel, 41 anos, graduada em Relações Públicas pela Famecos e pós-graduada em Marketing e
RH também pela PUCRS, concorda
que as áreas de Relações Públicas
e Recursos Humanos podem trabalhar juntas. Diretora da Casa
a necessidade de aprender a dar e
receber feedback, o que é, sem dúvida, uma grande habilidade de RP.
A atuação é ampla, extensa, pois
existem inúmeros subsistemas de
RH que podem ser administrados
por um RP”.
Liderança e
motivação
Sob o enfoque de RH, Mônica
afirma que a liderança de pessoas é
vista como o principal foco de trabalho, pois é a partir dela que uma
Mônica Riffel reconhece
organização cresce, amadurece e se
a importância da parceria
perpetua. Acerca da motivação, diz
entre as duas áreas
que deve ser trabalhada através de
de Assessoria, ela presta serviços programas de coaching, capacitapara empresas como: Bhio Suply; ção e treinamento, eventos interJomhedica; Grupo Maxim; Grupo nos, planos de carreira e meritocraIESA; Concepa; Laboratório Merck cia, entre outros.
Sharp, E1 Estacionamentos; ExcelSegundo Roberto Porto Simões,
sior Pneus; Duplo M Comunicação. a informação é matéria-prima do
Mônica vê as duas áreas como com- RP. Então, como o RH gera inforplementares, construindo planos mação? Mônica fala: “Escutando
em conjunto. “A habilidade de se principalmente as pessoas envolvicomunicar é fundamental em qual- das no processo, entendendo suas
quer processo de
responsabilidades,
RH”, enfatiza.
atribuições, rotinas,
“A habilidade de se
Ela diz ser
bem como acompafundamental a
nhando seus resulcomunicar é fundamental
parceria entre
em qualquer processo de RH” tados”.
Relações PúbliÉ notório que
cas e Recursos
cada vez mais as
Humanos para um excelente re- pessoas procuram trabalho e não
sultado nas Organizações. Acredi- emprego. É importante compreta ainda que o profissional de RP ender como o RH se adapta a esse
possa executar perfeitamente um cenário. Riffel será “trabalhando
papel de RH, principalmente no sobre projetos”.
que se refere a programas de enNeste contexto, questionamos:
domarketing e coachings. Em sua como o RH deverá gerir o fim do
opinião, o RP é suporte em vários vínculo empregatício no futuro?
treinamentos comportamentais e Como lidar com funcionários termotivacionais para os diversos pro- ceirizados e funcionários que tragramas de capacitação que o RH balham com competência? Mônica
venha a desenvolver.
assegura que o papel principal do
Perguntada sobre a possibilida- RH é fazer com que as pessoas desde de ver um campo de atuação dos cubram seus potenciais, se aproRP na área de gestão de pessoas, priem dele e busquem encontrar o
Mônica respondeu positivamente: seu melhor. Para isso, “não é pre“Sim e muito! Porque existe uma ciso estar constantemente aprimocarência enorme de utilizar uma rando as competências”.
forma adequada de se comunicar
e relacionar nas diversas organiDaniela Marsico, Juliana
zações. As empresas vêm sentindo
Sampaio e Lisiane Lessa
12 RRPP Atualidades/Julho 2007
Especial
As iniciativas avançadas da PUC do Rio Grande do Sul na educação superior
confirmam-se mais uma vez este ano. O Curso de Relações Públicas,
um dos primeiros do Brasil, está completando 40 anos
Relações Públicas da PUC
começou com a profissão
Adriana Knevitz e Fabiano Silveira
O Curso de Relações Públicas da Faculdade
de Comunicação Social (Famecos), da PUCRS,
um dos pioneiros do Brasil, completa este ano 40
anos. Desde as edições de 2006, RRPP Atualidades vem destacando todos aqueles que foram e
são atores desta trajetória. Em novas pesquisas,
apresentamos outras pessoas que empenharamse, ano após ano, com esforço e dedicação, para
o fortalecimento do Curso, aprovado pelo alto
nível de seu corpo docente, profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente.
O ensino de Relações Públicas na Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul começou em março de 1967, com a transformação
do antigo curso de Jornalismo, de 1952, na Faculdade dos Meios de Comunicação Social, polivalente, criada em 1º de dezembro de 1966, e a
primeira a utilizar esta nomenclatura no Brasil.
Apesar de nascer em um período de repressão
política, em plena ditadura, trouxe ao ensino
uma tendência de vanguarda que se firmava nos
Estados Unidos. Foi tão pioneiro que iniciou
suas atividades no ano da homologação da lei
que regulamentou a profissão.
A recém criada Famecos recebia em 67 as
primeiras turmas do Curso Polivalente de quatro
anos, com opções no quarto ano para as especializações em Jornalismo, Publicidade/Propaganda e Relações Públicas . O diretor da faculdade
era o professor Cláudio Candiota, vice-diretor irmão Elvo Clemente e o primeiro coordenador do
Departamento de RRPP foi o professor Roberto
Porto Simões.
Os alunos assistiam às aulas em vários prédios do campus, dificultando o ensino acadêmico
e impedindo a criação de espaços para o treina-
Curso
pioneiro
mento prático e estágios, já reivindicados pelas
empresas de comunicação social. Diante desse
quadro, ao assumir a direção da faculdade em
1969, o professor Alberto André sugeriu à Reitoria da Universidade a construção do prédio da
Famecos, que, em 1970, diplomou 20 acadêmicos – a primeira turma de Comunicação Polivalente, com especialização em Relações Públicas,
Jornalismo e Publicidade.
Em 1971, era lançada a pedra fundamental
e, no dia 8 de dezembro de 1972, foi inaugurado
o primeiro prédio acadêmico no País com destino específico de servir à Comunicação. Os matriculados em março de 1973 estrearam o novo
prédio 7 do campus, em estilo moderno, com
quadriláteros de cimento na fachada, pintado de
branco e virado para a avenida Ipiranga, visível
e solitário, sem outras construções próximas e as
árvores atuais que o encobrem.
Fotos Adriana Knevitz e Fabiano Silveira
Divulgação
Prédio 7 recebeu a primeira turma em 1973. Nos espaços atuais, os alunos de hoje, no ano do quadragésimo aniversário
Curso desbravador, voltado à formação e mercado
A Coordenação do Departamento do Curso
de Relações Públicas teve a sua frente profissionais capacitados, que desde a sua implantação
preocuparam-se em formar pessoas, em uma
área totalmente nova, verdadeiros desbravadores, que tiveram como sucessores profissionais
também empenhados em planejar um Curso
que fosse satisfatório aos alunos e ao mercado
de trabalho. Todos que passaram pela administração tiveram uma participação importante,
seja na elaboração do Currículo, em constante
mutação, para acompanhar tendências, ou na
sistematização do departamento, aproximando
coordenação dos professores, alunos, mercado,
entidades de classes e empresários.
Simões iniciou na coordenação permanecendo até 1974. Depois vieram Lea Senger (de
1974-1981), Jerônimo Braga (1982-1984), Helaine Abreu Rosa (1985-1996), Glafira Bartz (19972001) e Neka Machado (2001-2005). Souvenir
Dornelles, atual coordenadora do Departamento, assumiu no final de 2005. Ao longo dos anos,
o currículo teve algumas alterações para que fosse se adequando às necessidades do mercado. O
anterior permaneceu por 20 anos, dando lugar à
nova grade curricular que tem vigência a partir
de 2004.
Em comemoração aos 40 anos do Curso de
Relações Públicas, está sendo organizado um
livro pela coordenação do Curso, com a participação de vários professores, escrevendo sobre
temas pontuais e de interesse da área. “Outros
volumes serão elaborados pelos docentes, ampliando os debates a respeito da atividade”, informou Cláudia Moura, professora da Famecos
e responsável pela edição.
Especial
Ciclo de Integração
entrou para a história
Alunos e professores se mobilizavam
em um evento anual para divulgarem
a nova profissão emergente no Brasil
Em 1974, o Curso de Relações Públicas ganha mais visibilidade a partir do I Ciclo de Integração de Relações Públicas (CIRP), evento anual de grande porte que ocupava as dependências
do Salão de Atos da PUCRS, para suas palestras
e conferências, sob a a responsabilidade dos alunos do VIII semestre. “O CIRP cumpre a tarefa
de informar e integrar grupos para a compreensão mútua e o desenvolvimento comum, oportunizando aos acadêmicos prática profissional,
com o elevado objetivo de conceituar e divulgar
sua profissão”, conforme texto do projeto.
Os alunos contavam com o apoio de diversos professores como Roberto Porto Simões, o
idealizador do evento, Eurico Saldanha, Jerônimo Braga e Lea Senger, entre outros. O evento
mobilizou entidades de classe, órgãos públicos
e empresas privadas. Eram convidados para as
palestras, personalidades de várias áreas.
Os participantes vinham de diversos estados, além do Rio Grande do Sul, como Rio de
Janeiro, São Paulo, Brasília e até mesmo da Argentina. Devido ao empenho do grupo de alu-
Intercâmbio cultural
Docentes da Famecos participaram nestas
quatro décadas de congressos, seminários e cursos, no país e exterior. Também vieram à faculdade personalidades como o professor Cândido
Teobaldo de Souza Andrade, da USP, falando
sobre Relações Públicas – Uma nova visão, em
1989. Melvin Sharpe, da Ball State University,
EUA, esteve em 1988 e retornou em 93 com a
palestra As Relações Públicas no Mundo”
Laboratórios integrados
Em 1999 foi criado o LARP – Laboratório de
Relações Públicas, para realizar pesquisas, projetos, oferecer estágios e assessorias. Em 2002,
o LARP, hoje Núcleo de Projetos Instituicionais,
conquistou o prêmio Expocom na categoria de
Agência Experimental Júnior, concorrendo com
laboratórios de todo o país. Também passou a
ser oferecida a oportunidade de produzir eventos de média e grande escala no Laboratório de
Eventos, hoje Núcleo de Eventos.
Curso
pioneiro
nos que participavam dos eventos, foi possível
registrar e transcrever as palestras que eram no
início datilografadas e depois impressas. Alguns
exemplares podem ser encontrados na Biblioteca Central da PUCRS.
Os anais iniciavam com a definição para
Relações Públicas. “Relações Públicas é atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo
para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e
os grupos de pessoas a que esteja, direta e indiretamente, ligada”. Seguido pelos objetivos
do evento:“De acordo com os objetivos universitários inseridos no currículo de todos os for-
RRPP Atualidades/Julho 2007 13
mandos do VIII semestre de Relações Públicas,
buscamos a integração de alunos, professores,
profissionais e empresas públicas e privadas
através do CIRP, a fim de conceituar e divulgar o
real sentido e importância de nossa profissão”.
Neles aparecem algumas colocações que
ainda se enquadram nos dias de hoje, 32 anos
depois, como no IIº CIRP com a seguinte colocação: “O Curso de Relações Públicas abre
perspectivas, mostra caminhos. Os grandes
profissionais se formam por si. É preciso maior
conhecimento para ascender na carreira profissional”, disse a palestrante Marta Geralda Alves
de Azevedo.
Assuntos abordados no III CIRP foram: Relações Públicas na Área Governamental, no Processo de Marketing, como Função Administrativa, Comunicação, Criatividade e Propaganda.
O esforço conjunto de várias pessoas possibilitava o acontecimento de eventos marcantes
para a comunidade acadêmica, reunindo personalidades importantes para o fortalecimento da
teoria, profissão e afirmação da importância do
Curso. Docentes e discentes estavam engajados
também em ações solidárias para arrecadar recursos financeiros, contribuindo com Instituições como o Lar Santo Antônio dos Excepcionais
e Associação Beneficente Santa Zita de Lucca.
Alunos do primeiro semestre 2007, em aula, acompanhados pela professora Laury Job
Sucessos de um curso cinco estrelas
A ampliação do Departamento de Relações Públicas possibilitou a realização de outros
eventos que premiavam, não apenas o Departamento, mas alunos. O curso teve o reconhecimento em pesquisa da Editora Abril como cinco
estrelas. Estudantes conquistaram prêmios com
monografia, conferidos pela Associação Brasileira de Relações Públicas. .
Com o objetivo de diversificar e aumentar
as oportunidades de trabalho, para estudantes
e bacharéis da área, foram firmados convênios
com órgãos públicos e privados. Acadêmicos
participavam de diversos cursos e palestras,
possibilitando um trabalho experimental, que
incentivava a criação de um espaço para suprir
a falta de bibliografia. Assim iniciou-se o projeto
experimental de Relações Públicas.
Estabeleceu-se a aproximação de alunos
com as experiências profissionais relatadas em
painéis, seminários e congressos apresentados
por diversas personalidades. Também partici-
param de eventos promovidos por entidades de
classe e outras Universidades. Assim como em
1983, quando houve a integração da Famecos
com os Cursos de Comunicação Social da Universidade de Caxias do Sul, UFRGS, Unisinos,
Universidade de Pelotas e Feevale, em virtude
do 1º Encontro de Relações Públicas da Região
Sul e Seminário de “Relações Públicas, Planejamento e Execução”. O evento semestral Mostra
de Talentos, lançado em 93, segue um sucesso.
Outras ações merecem destaque. Em 1987
os alunos movimentaram a faculdade com a “I
Mostra de Instrumentos de Relações Públicas”,
com o Painel sobre: “Relações Públicas Alternativas” e “RRPP em Ação”, nome que recebeu o
programa de divulgação e promoção profissional produzido durante todo o ano por alunos
da área. Ainda naquele ano foi lançado, em dezembro, o famoso livro de Roberto José Porto
Simões, em edição revisada e atualizada, RP
– Uma Função Política.
14 RRPP Atualidades/Julho 2007
Especial
Mercado está aberto a profissionais competentes
A professora Cláudia
Moura, formada nas três
áreas da comunicação na
Famecos, mestre e doutora pela USP, e que leciona Relações Públicas na
PUCRS na graduação e no
pós, vê perspectivas positivas na formação acadêmica, atuação profissional e
Curso
mercado. “O mercado de
pioneiro trabalho está aberto para
profissionais competentes
e com conhecimento para atuar nos processos
de comunicação das organizações”. Para ela, a
tecnologia está a favor de RRPP, na medida em
que a interação está ocorrendo através de sites e
portais coorporativos, determinando relacionamentos de interesse institucional.
A também ex-aluna e hoje professora da
Famecos, Lana Campanella, ressalta que aliou
sua experiência do Curso de Administração, ao
perfil desejado para o profissional de Relações
Públicas. Mesmo trabalhando, não dispensou
oportunidades de trabalho voluntário ou remunerado na academia. Foi monitora da professora Dirce Rabello, de Língua
Portuguesa, considerando
que esta prática seria imprescindível para o domínio do idioma. Atuou como
coordenadora da 10ª edição
da Mostra Competitiva do
Set Universitário. Excelente aluna, recebeu destaque
em sua formatura, em 1998,
por ter tirado a nota mais Lana
alta daquele grupo de formandos. “Isto foi muito gratificante”, diz a ex-aluna, que admite ser
seguidora dos passos de seu mestre Simões. Ela
aplica seu conhecimento, além da vida acadêmica, como voluntária junto à Associação Cultural
Italiana do RS, onde é diretora de Comunicação
e Eventos, mesma função que exerce no Comitato degli italiani all’estero.
Marta Bussnelo, presidente do Conselho
Regional de Relações Públicas do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, aborda vários aspectos relacionando mercado de trabalho, credibilidade e
a trajetória dos 40 anos do Curso de Relações
Públicas na Famecos. Fala sobre pessoas ilustres, nas quais podemos nos espelhar, da credibilidade e do reconhecimento do profissional
no mercado de trabalho. Cita o professor Jerônimo Braga, fundador do Conrep há 35 anos e
presidente em duas ocasiões. “Profissional respeitado, conceituado e marcado como PUCRS”,
enfatiza. Outras referências, segundo ela, são os
professores Roberto José Porto Simões, Cláudia
Peixoto, Ana Baseggio, Cleusa Scroferneker e
Lana Campanella. “É uma equipe de professores
muito bons, que estão na academia e no mercado, é o time todo de profissionais da PUCRS que
são referências para nós todos na área de comunicação”, indica a presidente.
Credibilidade
Uma das funções do relações-públicas é indicar a credibilidade de pessoas e organizações.
“A credibilidade do profissional de RP é muito
pessoal, existem profissionais excelentes, são
aqueles que buscam o conhecimento diário e
não somente na academia. E este, terá um lugar
no mercado” . E para isso deve “estudar, estudar, estudar, fazer cursos de línguas, saber de
outras áreas fora da comunicação”, aconselha
a dirigente. “Nossa profissão é de retaguarda,
colocamos em evidência a organização e não a
nós mesmos”. Marta completa que devemos seguir os passos de nossos professores que estão
sempre envolvidos, trabalhando com a área de
Relações Públicas, defendendo esta profissão.
“Teremos profissionais bem reconhecidos, até
porque o mercado está exigindo o perfil deste
profissional”, enfatiza.
Definição
Existem profissionais de outras áreas utilizando o termo de relações-públicas para mostrar status, enquanto uns se escondem atrás de
outras denominações para dizer o que fazem,
quando na verdade são relações-públicas. Analisando o mercado de trabalho, Marta destaca
como os campos mais promissores para trabalhar os órgãos governamentais, o terceiro setor,
as empresa de médio, pequeno e grande porte
nas áreas de tecnologia da comunicação, além
do magistério.
“É muito fácil para o publicitário e para o
jornalista definir sua profissão com uma palavra.
Tentamos algumas coisas como: RRPP faz relacionamentos com os públicos das organizações.
São conceitos amplos, não tem como reduzir o
que faz um relações-públicas. Fazemos gerenciamento da comunicação e o relacionamentos
com públicos. Somos profissionais muito capazes para atuar nesta questão da comunicação
com os públicos, para isso não tem outro profissional que tenha uma formação tão adequada
quanto a nossa”, conclui a presidente .
Instituições acabam entendendo a importância do relações-públicas
Apesar da dificuldade do mercado em compreender o exato papel do relações-públicas,
pela forma equivocada como a profissão ainda se
apresenta para muitos empregadores, provocando desvios de função, é possível realizar um bom
trabalho. “Mais cedo ou mais tarde, as instituições acabam percebendo que a comunicação é a
chave para um bom desempenho no mercado ao
qual a empresa está inserida”, destaca a profissional Letícia Mottin. “Cabem aos colegas saber
selecionar, delegar e orientar o empregador para
que haja excelência nas ações para as quais foi
contratado”, afirma.
Letícia Mottin, bacharel em Relações Públicas, graduada pela PUCRS em 1999, ao sair da
Universidade foi convidada a ministrar Cursos
de Capitação no Senac e se manteve por cinco
anos na Instituição. Sua função era relacionada
aos cursos de eventos, marketing, cerimonial e
protocolo e comportamento social. Durante esse
período, teve a oportunidade de apresentar aos
leigos e interessados na área de eventos uma
gama de possibilidades de atuação, bem como a
troca de experiências de mercado. Em uma empresa no Rio de Janeiro, onde trabalhou, teve a
a possibilidade de pôr em prática todas as ferramentas do Marketing, Comunicação e Relações
Públicas.
Paralelo ao Senac, trabalhou em empresas
cujo principal enfoque era a comunicação interna (endomarketing). Exerceu funções de coordenação em eventos, logística e comunicação.
Cada um aproveitando o espaço que surge nesta
profissão regulamentada há 40 anos, no mesmo
Análise de pesquisas no 7° semestre
ano em que surgiu o curso de Relações Públicas
na PUCRS, na então recém criada Famecos, hoje
uma marca de reconhecimento internacional em
comunicação.
RRPP Atualidades/Julho 2007
Arte Ítalo De Poli
Em discussão a manipulação da imagem em todos os sentidos
O Sono da Bela
Adormecida
As novas tecnologias estão facilitando cada vez mais a manipulação das imagens, fazendo com
que as pessoas procurem utilizar
com freqüência estes serviços para
alterações digitais e cirúrgicas. Este
serviço, hoje em dia, muitas vezes
,é feito com ferramentas computadorizadas, propondo uma melhor
estética visual de pessoas, produtos
e serviços.
Na área das Relações Públicas,
onde a imagem e a aparência são
o cartão de visitas, a professora e
doutoranda Ana Bassegio acredita
que a imagem tem que ser coerente
com a identidade de cada um. “Se
for distorcida, a mensagem não é
aceita, podendo voltar negativamente, ou seja, se a transformação for muito visível, modificada
demais, a pessoa pode receber um
retorno negativo”, alerta.
Em contraponto, o publicitário Marcelo Corrêa acredita que o
retorno depende somente da visão
do público-alvo a quem se destina
a publicidade. “Para vender produtos de beleza jamais usaria a
imagem de uma modelo com acne
(espinha), a não ser que sirva para
fazer um comparativo entre antes e
depois (mostrar o efeito do produto
naquele tipo de pele)”, explica.
Sendo já comprovado que o
photoshop é a ferramenta digital
mais usada, tanto no meio impresso
quanto no meio clínico, para cirurgias de correção (cirurgia plástica),
acredita-se que muitas das pessoas
recorrem a esta ferramenta por ela
possibilitar a correção de detalhes
que fazem com que se sintam de
bem consigo mesmas se aceitando
melhor. Já no meio publicitário, a
ferramenta pode fazer a diferença
no resultado de uma peça.
Enfim, parece que estamos
acordando em uma era digital, a
bela adormecida, aquela a qual sua
beleza era original, hoje, torna-se
irreal. Enquanto os padrões de beleza se modificam, e a beleza original é deixada de lado, dando passagem a beleza artificial. Como diria
Bassegio, “Imagem é tudo”.
Camila Pizzato, Carolina
Fiorin, Dafne Pezente
e Ítalo De Poli
15
Desafios vencidos por
uma jovem profissional
Graduada desde 2003, pela Faculdade de Comunicação Social da
PUCRS, a profissional de Relações
Públicas Sheila Vasques coordena
um dos núcleos de produção do
setor de eventos da RBS. Ela relata
como foi sua trajetória desde sua
vida acadêmica até os dias de hoje.
Sheila chegou a prestar dois
vestibulares para enfermagem, mas
não passou. Concluiu que passar o
dia todo dentro de um hospital não
se encaixava no seu perfil. Optando
por cursar Relações Públicas desde
então, passou no vestibular sem saber exatamente o que fazia um profissional desta área.
Ela ingressou na PUC no ano de
1999 e, desde cedo, começou a fazer
estágios na área de Relações Públicas. Estagiou na PRAC (Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários), na
Opus e na Atmosfera, onde passou
por todos os departamentos. “Meu
objetivo era entrar no Marketing,
como esse setor fechou, saí desta
empresa”, diz Sheila.
Há dois anos, começou a trabalhar na RBS como free, depois foi
assistente de produção e agora trabalha como produtora da área. “O
setor de eventos da RBS constituise em: corporação, eventos e mídia,
se o jornal tem um evento nós atendemos, se a TV tem, também realizamos”, explica Sheila. Alguns dos
eventos de maiores destaque do estado como: Donna Fashion, Garota Verão, Gastronomia e Histórias
Curtas, são atendidos pelo setor de
eventos. Prestando serviços tam-
bém à direção da RBS que realiza
encontro de executivos e festa de
final de ano.
Em maio, Sheila participou da
produção da Maratona Internacional de Porto Alegre, junto com a
Rádio Gaúcha, e está produzindo
o evento que irá comemorar o cinqüentenário da RBS. Sheila relata
que a grande demanda de eventos
faz com que ela tenha que abrir
mão de algumas atividades pessoais. “Você não tem final de semana,
não tem feriado, não tem horário.
Em dia de evento, às vezes, você
vira a noite, como agora que teve
um evento na praia de Atlântida
e eu ia todos os finais de semana.
No final é gratificante ver o evento
pronto, e para mim, como profissional, trabalhar na RBS é muito
bom, porque estou construindo o
meu nome, já conheço muita gente
e tenho muitos contatos.”
Sheila acredita que o bom profissional é aquele que corre atrás,
que está sempre atualizado, lendo
revistas que abordem fatos do mundo e que tenham o conhecimento de
diversas línguas, construindo uma
rede de contatos. “Pelo o que eu estou acompanhando no mercado, o
contato é fundamental. Infelizmente o mercado tem essas coisas, mas
tendo competência, conhecimento
e uma visão bem ampla do mundo,
somos capazes de conseguir muitas
coisas boas na vida”, finaliza.
nanda Guimarães, Bruna Silva,
Luana Martins e Tiago Haas
Luana Martins
Sheila Vasques trabalha há dois anos na RBS
16 RRPP Atualidades/Julho 2007
Oportunidades na Amazônia
Comunicóloga, Analaura Corradi possiu formação nas
três habilitações de Comunicação Social: Publicidade e
Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas – UCPEL em 1980. Atualmente,
trabalha no Sebrae no cargo de Gerente de Comunicação e
Marketing. Ministra aulas nos cursos de Comunicação Social e Turismo em diversas faculdades na cidade de Belém.
Em entrevista, Analaura discute sobre a realidade da
profissão de Relações Públicas no estado do Pará e afirma
que grande parte das vagas para Relações Públicas estão
no interior.
– Em sua concepção, o que
mudou nas últimas décadas na
profissão de RP?
– O curso deixou de ser tecnicista para ser estrategista.
– O que falta para que a profissão e os relações-públicas sejam mais reconhecidos no país?
– Os profissionais de RP precisam ser mesmo mais estrategistas, com noções fundamentadas
na economia e na administração,
para poderem usar a comunicação
como um instrumento de trabalho
eficaz, com o objetivo de prover a
competitividade e a produtividade
das empresas. Não podemos pensar em apenas comunicar, temos
que promover o sucesso da empresa, que está extremamente ligado a
sua finalidade de ser, isto é, venda
do produto, da idéia ou do serviço.
Desta forma, teremos profissionais
de sucesso e profissão reconhecida.
– Como está a profissão hoje
no seu estado?
Artigo
– Vejo não só no Pará, mas em
todo o Brasil uma profissão que
tem mercado de trabalho. Porém, o
profissional precisa ter a capacidade de perceber que estamos numa
época de desenvolvimento no interior do País. Temos cidades como
Parauapebas(1) que tem previsão
de crescimento anual de 25% o que
significa muito mercado de trabalho para Relações Públicas, Paragominas(2), Marabá(3) e Santarém
também com um crescimento considerável.
– Quais as atribuições que são
específicas do RP e que continuam
sendo ocupadas por outros profissionais na região?
–Acho que as atribuições não
são específicas de Relações Públicas, mas por falta de visão ampla
temos uma concorrência direta nas
Assessorias de Comunicação, pois
temos que pensar e agir de maneira
ampla na comunicação e não apenas como instrumental, porém de
arquivo pessoal
Analaura Corradi, de Belém
forma estrategista de ação de mobilização dos públicos.
– Quais as diferenças básicas
entre o sul e o norte no que se refere a compreensão da profissão?
– Não vejo diferença na compreensão da profissão. O Sul talvez, por ser maior o número de
profissionais e de empresas, tem
uma maior utilização dos serviços. O Norte, ainda em termos de
desenvolvimento econômico, está
saindo de uma situação em que as
empresas predominantes eram familiares para agora se profissionalizar. Portanto, o Norte está tendo a
oportunidade de ocupar um espaço
profissional mais atuante, mas para
tal respeito temos que ser profissionais estratégicos e que possamos
atender as expectativas de sucesso
da referida empresa.
– No Pará, existem duas faculdades que oferecem o curso de
Relações Públicas. Em sua opinião, há mercado para absorver
esse número de profissionais que
se formam todos os anos?
– Sim. Acho que temos espaço. Depende do aluno ir atrás
das oportunidades existentes nas
grandes empresas que estão se espalhando pelo interior do Estado.
Temos muito mercado no estado
como um todo.
– Atualmente, o assunto da
moda é a preservação da natureza e, em especial, a da Amazônia.
Em sua opinião, o profissional de
RP pode contribuir nesse processo
de conservação da biodiversidade
brasileira? De que forma?
– A moda de preservação já
esta na “onda” desde de 1980, mas
o profissional de RP deve sim aproveitar e contribuir, e muito, para o
processo de conservação, já que as
empresas para estarem inseridas
nos interesses de seus públicos precisam estar comprometidas com
ações sociais, culturais e ambientais, inclusive atendendo as expectativas dos ISOs de qualidade empresarial.
Marcela Martínez Pimentel
1 Parauapebas: Localizada no Sudeste Paraense a 700 km da capital.
2 Paragominas: Sudeste Paraense a 300 km da capital.
3 Marabá: Sudeste Paraense a 530 km da capital.
Globalização e Relações Públicas
Com a globalização, as grandes organizações do mundo concorrem
entre si. Não existe mais a idéia de que, por exemplo, uma empresa brasileira não pode ser comparada a uma americana. Ambas lidam de igual
para igual em termos tecnológicos e estratégicos. Certamente ainda ficamos a desejar em quesitos como planejamento, já que a maioria das
empresas do País não tem um projeto a longo prazo, seja por nossa economia instável, ou por falta de hábito. Diante do fluxo rápido da comunicação, os públicos cada vez mais informados e infiéis a uma marca ou
empresa, as instituições que não tomarem certas medidas estratégicas
tendem ao fracasso.
A competitividade é grande. O consumidor quer mais da organização: além dos produtos e serviços, verifica a questão institucional, como
está inserida na sociedade, quais seus valores, como lida com seu público.
O profissional de Relações Públicas é responsável por manter a instituição bem vista e aceita pelo público, tanto externo como interno. Surgem,
hoje, RPs valorizados, com oportunidade de migrarem de uma organi-
zação para outra.
Os consumidores estão muito criteriosos, opinativos e unidos. Marcas viram sinônimo de discussão em comunidades na internet. Tenho
como exemplo uma empresa em que trabalhei, a Dimato’s, uma pequena
rede de lojas de confecção feminina, porém, bem conhecida em Porto Alegre por utilizar um tecido de suplex firme, que fica bem aderente ao corpo. Ao entrar no Departamento de Marketing da empresa, soube que a
intenção do proprietário era direcionar a marca ao público adolescente
classe A. Acessei o Orkut, site de relacionamento na internet, e encontrei
diversas comunidades relacionadas à marca, como: “Adoro mina que
usa Dimato’s”; “Dimato’s é que nem caldo Knorr, qualquer galinha fica
boa” e “Por que gordinha insiste em usar Dimato’s?”. Isto me fez ver que
de uma forma ou de outra as pessoas expressam suas opiniões sobre as
empresas, e não estão sozinhas, pelo contrário. É preciso estar atento.
Gisele Vieira Sperk
RRPP Atualidades/Julho 2007
17
Exclusivo
Margarida Kunsch defende o crescimento
da produção científica em RRPP no Brasil
A defensora das teorias sinérgicas na Comunicação Organizacional, Margarida
Kunsch, esteve na Famecos em 11 de maio, para participar de uma banca de doutorado
e proferir palestra no auditório da faculdade, reservada aos alunos da Pós-Graduação.
Livre-docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, referência obrigatória em assuntos de Relações Públicas e pioneira nos estudos de Comunicação
Organizacional no Brasil, ela concedeu uma entrevista exclusiva ao RRPP Atualidades
sobre a produção científica da área no País. Confira a seguir:
fotos Sophia Stoffel
quisas sistematizadas, com
recurso científico para serem testadas e, a partir daí,
se ter mais condições de
construir teorias. Ou seja,
nós precisamos ir a campo
verificar como as organizações estão atuando. Como
a área de relações públicas
está presente. Com esses
dados trazer reflexões e
sistematizar novas teorias.
Então, o que a gente espera é que os programas de
Pós-graduação, sobretudo,
no caso da ECA (USP), aqui a PUCRS, a Universidade Metodista de São Paulo, que são centros
que têm linhas de pesquisa nessa área, liderem
esse trabalho.
– A teoria das relações sinérgicas está sempre atual, você acredita que haja alguma teoria
que complete-a?
– Na questão da sinergia entre as áreas, por
exemplo, o meu posicionamento é mostrar que
a área de relações públicas possa exercer uma
função estratégica nas organizações; ela precisa ter uma visão ampla, não só da comunicação
em si, mas da sociedade, do mundo contemporâneo etc. Então eu
vejo que esse é um caminho. Essa
nova dimensão das RRPP em
uma visão estratégica é uma proposição antiga, porém, revitalizada, vamos dizer assim. Pode ser
relacionada com o trabalho das
RRPPs comunitárias no mundo
contemporâneo, com o avanço do
terceiro setor e as possibilidades
de trabalhos mais orgânicos junto
à comunidade e segmentos associados.
– Qual seria então o papel da
área de RRPP.
– Eu vejo como um papel imEncontro: Simões, Cleusa, Kunsch, Cláudia e Souvenir
portantíssimo, porque você tem
– Sobre Produção Científica em RRPP no
Brasil...
– Olha, a questão da Produção Científica no
Brasil, poderíamos dizer que é bastante significativa, sobretudo, se nós compararmos com outros países da América Latina, mesmo os grandes
como o México, Argentina, Venezuela e até com
países da Europa. Ou seja, a produção científica
no país é bem razoável. Tanto vem sendo gerada
nos programas de pós-graduação, como, também, da iniciativa de professores e profissionais,
que, eventualmente, publicam livros. Agora, o
que a gente precisa, no meu entender, para motivar e ampliar isso, é trabalhar mais esse tema,
como vocês colocaram, já desde a graduação.
Quer dizer: mostrar que a produção do conhecimento inovador tem um papel importantíssimo
para consolidação do campo acadêmico do país.
– A senhora acha que tem alguma promessa teórica, algum novo teórico surgindo?
– Eu vejo que há necessidade de mais estudos teóricos. Nós temos teorias contemporâneas
internacionais, nós sabemos do esforço do Professor Roberto P. Simões, daqui (Famecos); e o
que precisa é de mais pessoas, mais pesquisadores que se debrucem para estudar novos objetos.
Precisamos é de mais pesquisa empírica. De pes-
condições de desenvolver um trabalho de articulação. Por exemplo, como mediar para que uma
ONG consiga espaços na mídia para defender
uma causa, principalmente, aquelas com finalidades políticas, as de movimentações sociais.
Elas terão de usar estratégias adequadas, não
podem só fazer assessoria de imprensa, então,
eu penso que é um campo que tende a ser mais
estudado e mais trabalhado.
– A área da comunicação tem
muitos teóricos provenientes de outras
áreas. A senhora acha que o incentivo
à produção científica pode mudar essa
questão?
– Eu acredito que sim, esta pergunta é bastante interessante, porque
quanto mais nós estudarmos e evoluirmos quanto ao objeto da comunicação
nas organizações, ou seja, o objeto das
RRPP, menos vamos ficar dependentes
das outras áreas. O que acontece é que,
por exemplo, a comunicação organizacional teve como raízes a administração, a lingüística, a retórica, a psicologia organizacional, até mesmo a sociologia, que
ajudaram a construir sua sistematização. No
momento que o campo vai evoluindo, ele passa a
ser mais autônomo. Eu vejo nesse início de século XXI que há boas perspectivas, mas vai depender do esforço de professores, dos profissionais,
dos alunos, todos na figura de agentes.
– Quanto ao termo, existem várias concepções de relações públicas. Isso influencia a produção científica em diferentes âmbitos?
– Sim, é um termo polissêmico, ele tem várias comunicações. Mas isso já está superado.
Para muitos ainda não é muito claro, o que falta
realmente é o reconhecimento social. Por outro
lado, é um termo usado no mundo inteiro, é uma
profissão antiga. Eu vejo que não importa muito a questão da terminologia. O que importa é
o que é feito. A área por si só é dinâmica e ao
mesmo tempo complexa, pois você lida com o
intangível, que é mais abstrato.
– Há alguma tendência para as Relações
Públicas no momento ?
– Eu sou sempre muito otimista, eu vejo
com grandes perspectivas a questão da atuação
comunitária ( 3º setor), também com relação às
novas tecnologias e as Relações Internacionais.
As tendências são de ampliar as frentes de atuação, tanto no mercado quanto nos estudos.
Fernanda Lopes de Freitas e Sophia Stoffel
18 RRPP Atualidades/Julho 2007
Tendências
Como será o profissional de
Relações Públicas em 2020?
teatro
Em discussão, perspectivas e paradigmas para a próxima década
“O bom relações-públicas de 2020 terá de
ser especial. Não será um profissional, será uma
pessoa RRPP por inteira”, prevê Fábio Eltz, consultor de empresas que atua, há vários anos, no
mercado corporativo. Ele não está sozinho ao
afirmar tamanho salto. Publicações atuais sobre
o tema apontam para um horizonte de maior dimensão das competências do relações-públicas
nas corporações, ou seja, não haverá mais brecha para uma comunicação meramente promocional. A tendência é a organização seja cada vez
mais cobrada por suas atitudes.
Esta mudança, porém, já vem acontecendo
há algum tempo. Tradicionalmente, os trabalhos
na área estavam mais centrados no âmbito empresarial e governamental. Com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro
setor e o grande número de entidades com ou
sem fins lucrativos, as possibilidades de atuação
neste mercado aumentaram muito.
Um outro fator de extrema importância a
ser considerado no universo das Relações Públicas é a globalização. Ela é o divisor de águas
que possibilitou uma maior extensão e definição
da atividade do profissional. Segundo Eltz, tudo
ficou mais cristalino. “Tudo é sabido por todos.
Não existe mais segredo. As pessoas e as organizações estão expostas”, argumenta.
Tempos modernos
As organizações têm obrigações e compromissos que ultrapassam os limites dos objetivos
econômicos e com relação aos quais tem de se
posicionar institucionalmente, assumindo sua
missão e dela prestando contas à sociedade. É
neste novo mercado que o profissional terá de
transitar nas próximas décadas. A velocidade da
comunicação impõe o cumprimento dos objetivos globais (empresa e mercado) e da responsabilidade social (empresa e sociedade) em uma
escala progressiva.
Fábio Eltz vê essa tendência com bons olhos,
mas alerta para certas dificuldades. “Acredito
que será uma atividade extremamente valorizada e difícil de exercer”. Para o consultor, será
complexa a relação da organização com seus
consumidores e com a sociedade, porque esta
cobrará cada vez mais resultados.
Embora o papel do RP seja, muitas vezes,
o de meio de campo, a boa notícia é que o profissional dos próximos anos terá muito trabalho
pela frente. “Será um papel delicado e que vai
requerer bastante firmeza”, diz Eltz. Contentar a
todos ao mesmo tempo nem sempre é possível,
Fabiana Fernandes, Marcela Eltz,
Saimon Selau e Tanise Portanova
RP do futuro
Na visão do consultor de empresas Fábio Eltz, o RP deverá ter, em 2020, além de
muitas outras, as seguintes competências:
lMuito conhecimento sobre o negócio de seu cliente em todos os aspectos (impacto social, ecológico, financeiro, etc.);
lVisão de tendências em todos os tipos de comunidades;
lFirmeza para se posicionar perante a sociedade e o seu cliente.
Você já ouviu falar em teatro empresarial? A
arte de William Schakespeare como ferramenta
de comunicação dentro de uma empresa, para
incentivar e mobilizar seus colaboradores, ainda pode parecer uma brincadeira lúdica, mas é
uma nova tendência, e muito séria. Para muitos
o assunto é desconhecido e vago, talvez até sem
consistência, mas empresários mais antenados
têm noção do que realmente se trata e alguns já
comprovaram eficiência.
O tema surge trazendo em sua gênese uma
polêmica. Afinal, compete à área de Relações
Públicas (mais especificamente à Gestão de Pessoas), de Marketing ou até mesmo de Recursos
Humanos (RH)? Independente da resposta,
mostra-se imprescindível para um bom entendimento entre cúpula e funcionários. No Rio
Grande do Sul, contudo, ainda é uma atividade
incipiente.
O teatro empresarial é um exercício não só
representar idéias, mas compô-las de forma criativa e clara para quebrar a monotonia do cotidiano da empresa. Para motivar a reflexão, de uma
forma ao mesmo tempo atraente e descontraída,
requer um intenso trabalho dos grupos teatrais,
que hoje já se encontram especializados, focando este mercado. Estes profissionais constroem
os trabalhos tratando de temas de interesse geral, tanto para públicos internos (colaboradores, representantes, gerência), quanto externos
(consumidores, clientes, fornecedores, sociedade em geral). Tudo de acordo com a encomenda
do cliente, ou seja, as organizações. Sejam elas
privada ou pública, a pesquisa e a dedicação são
as mesmas, o que variam em cada proposta são
o foco e orçamento.
Para o público interno
Em 2001, Porto Alegre ganhou uma das
grandes promessas do gênero, a Ato Variado Soluções Cênicas. Atua como empresa produtora
artística com a proposta de atender a diversidade que o mercado proporciona. “Cada cliente
quer um tipo de espetáculo”, revela Silvana da
Costa Alves, proprietária da Ato Variado. Um
evento Transpolul, exemplifica, queria substituir a costumeira palestra motivacional do final.
AJURIS, por sua vez, desejava apresentar algo
sobre a morosidade da justiça na abertura do
Fórum Estadual de Juízes. O grupo também teve
de enfrentar desafios na área do endomarketing
e qualidade total. Segundo ela, a equipe atente às
carências diagnosticadas pela organização contratante e suas necessidades de comunicação.
RRPP Atualidades/Julho 2007
empresarial
19
Arte e
ção
ca
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n
u
m
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C
Organizações estão investindo em dramaturgia para mandar seus recados ao colaboradores
fotos Divulgação
A montagem do teatro empresarial conta,
em geral, com uma variedade de profissionais,
dependendo da proposta e da verba disponível.
São mobilizados, entre outros, roteiristas, atores, figurinistas, cenógrafos e músicos. Muitos
deles unem suas várias habilidades para enriquecer o processo, barateando o trabalho. “Unir
minha formação de teatro e publicidade foi um
caminho natural e rentável. Trabalhei vários
anos com eventos culturais, agências e teatro.
Foi ótimo! Um dia, lendo a revista Amanhã, juntei amigos e destacamos nomes de empresas e
suas necessidades de abordagem... daí surgiu a
Ato Variado”, conclui a atriz e produtora.
Empresas apostam
Sem dúvida, esta é uma das maiores tendências a serem adotadas pelas empresas que estão
mais atentas e interessadas em manter um bom
relacionamento com seus públicos estratégicos,
visando inovação e criatividade. É o caso do Grupo Herval, situado em Dois Irmãos, que faz jus
a sua significativa expansão no Estado e no País
a fora, e vem utilizando essa ferramenta na qualificação de sua comunicação interna. “Utilizar o
teatro-empresa ou o teatro-treinamento é uma
excelente ferramenta de fortalecimento de marca interna e formatação de identidade de grupo/
corporação, além de transmitir novos conceitos
e modificações da cultura organizacional. Também funciona como treinamento de produtos e
técnicas de vendas, especialmente quando exige
a inteiração do público. A dramatização de situações atua com todos os sentidos: ver (visão) e
ouvir (audição) pela dramatização dos atores;
cheirar (olfato), pelo cenário; degustar (paladar)
e sentir (tato), por inteirações com o público”,
enumera Doris Hess, responsável pelo Departamento Marketing da empresa, confirmando a
eficácia do processo.
Doris registra um dos grandes destaques
Funcionários voluntários formam o grupo teatral das lojas Herval, criado em 2003
nas ações culturais da empresa: a criação do
Grupo Teatral Herval, onde os astros são os próprios colaboradores. Nasceu em março de 2003,
a partir da empresa e da Associação de funcionários da Herval. Participam apenas funcionários voluntários, mas foi contratado um diretor
de arte que ministra oficinas de teatro aos interessados. Uma de suas peças, refere-se ao tema
Segurança do Trabalho. O que era para ser um
projeto apenas interno, que trabalhasse com assuntos que envolvesse o dia-dia do público interno da empresa, ganhou dimensões maiores,
indo atuar em outras organizações através de
uma parceria entre estas e a Herval. O grupo já
participou, inclusive, de vários festivais amadores do ramo na região.
Públicos diversos
O premiado espetáculo Retrato
O teatro empresarial também pode voltar-se
para o público externo. A Curto Arte Produções
Artísticas, sediada no Vale dos Sinos, possui
uma larga experiência no assunto. Uma das peças desenvolvidas pelo grupo é Educando com o
Teatro, apresentado em entidades educacionais.
Outro sucesso é o espetáculo Retrato , contratado por secretarias municipais de Agricultura,
no interior do Estado. A peçca tem grande aceitação por abordar o êxodo rural de uma forma
tanto informativa quanto poética, relata o ator
e produtor Betinho Klein. Suas produções já ganharam 35 prêmios, oito de melhor espetáculo.
Também se apresentaram na Capítal, em 2006,
com produção independente na exposição paralela de Flavio Sholles, no Teatro Cia das Artes.
O grupo Curto Arte também encena peças
para o público infantil. O espetáculo Em busca
das águas perdidas foi contratado pela Corsan
para percorrer o Rio Grande do Sul, conscientizando sobre a importância da água e prevenindo
o desperdício. Para Betinho Klein, a maior importância do teatro empresarial é que une arte,
cultura e informação. “Muitas vezes, como no
nosso caso, atingindo platéias que não têm fácil acesso ao teatro. As prefeituras, por exemplo,
já nos conhecem por isso: vamos onde educar é
preciso, não importa o caminho”, enfatiza. Ele
conta que o trabalho não é fácil, pois exige a definição do interesse público, planejamento, roteiro, pesquisa de textos, espaços para o cenário e
a direção de atores em cena.
Fernanda Lopes de Freitas e Sophia Stoffel
20 RRPP Atualidades/Julho 2007
PROJETO PESCAR
A responsabilidade social sem fronteiras
O Projeto Pescar, que deu origem à Fundação, foi idealizado em 1976 pelo empresário
gaúcho Geraldo Tollens Linck,
fundador e então presidente da
Linck S.A, revenda de máquinas
e equipamentos rodoviários e
industriais. O Projeto iniciou
quando o empresário assitiu um
assalto a um idoso. Testemunha da disparidade
de forças e vigor físico entre aqueles dois “adversários” ocasionais, ele direcionou seu trabalho a um objetivo tão realista quanto metafísico.
Passou a procurar adolescentes nas periferias
próximas a sua empresa, e entre os mais necessitados escolheu aqueles que formariam o grupo
pioneiro da Escola Técnica Linck.
O início, em Porto Alegre, foi com apenas
15 jovens, reunidos numa pequena sala de aula
onde funcionava a Escola Técnica Linck, hoje
denominada Unidade Projeto Pescar Geraldo
Tollens Linck, em homenagem ao seu fundador.
Hoje a experiência consolidou-se e expandiu
para todo o país: há uma rede com 97 Unidades
e mais de 10.940 jovens formados.
Por que pescar?
Segundo Ézio Rezende, gerente de expansão, o nome da Fundação e do Projeto do qual se
originou, foi inspirado no conhecido provérbio
chinês: “Se quiseres matar a fome de alguém,
dá-lhe peixe. Mas se quiseres que ele nunca mais
passe fome, ensina-o a pescar.”
A Fundação Projeto Pescar acredita que as
empresas têm uma importante contribuição a
dar na busca de soluções para os grandes problemas nacionais, tais como o desemprego, a
pobreza e o insucesso escolar, com todas as
suas conseqüências negativas sobre a vida da
população. Para tanto, propõe que a tradicional
postura assistencialista de “dar o peixe” – que
não enfrenta o problema em sua raiz, gerando
dependência doador/beneficiário – seja substituída por iniciativas de investimento social que
promovam, em longo prazo, o desenvolvimento
comunitário sustentado, ou seja, “que ensinem
a pescar”.
Os princípios pedagógicos norteadores do
Projeto são baseados no aprender a aprender,
utilizar situações problemas, trabalhar e produzir em equipe; aprender fazendo, fazer aprendendo, comunicar-se e comunicar descobertas
com clareza e atuar no entorno social.
Foto arquivo Fundação Projeto Pescar
Participantes do VII Encontro de Jovens da Rede Projeto Pescar
Franquia social
Ao longo dos anos, a proposta de Geraldo
Tollens Linck foi testada e aprovada. Dela nasceu o projeto pioneiro de franquia social, institucionalizado em 1988 e dirigido a empresários
que não podem perder tempo e desejam investir,
de forma responsável, em uma ação de cunho social que tenha forte impacto na sociedade. Proporcionando à empresa interessada em criar sua
própria escola todo o suporte técnico e o acompanhamento necessários, de acordo com os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Face a expansão do Pescar e dos resultados
positivos, o Projeto evoluiu para uma Rede de
Unidades, cujo fortalecimento e expansão são
atribuições da Fundação Projeto Pescar, criada
em 1995. A Fundação nasceu com a missão de
articular as escolas já existentes e desenvolver
ações para incentivar a participação de novas
empresas.
Qualquer empresa, não importa o tamanho
ou área de atuação, pode ter a sua escola do Projeto Pescar e a chance de ser uma empresa com
responsabilidade social, conforme afirma Ézio.
Pertencer à rede Pescar é uma bela oportunidade para empresas e pessoas que se colocam
à frente de seu tempo. Abrir uma escola é fácil,
simples, com baixo custo e conta com o apoio e a
orientação da Fundação Projeto Pescar.
Unidade Pescar Renner
Um exemplo de sucesso engajado ao Projeto
é as lojas Renner - segunda maior rede de departamentos do país. A Renner aderiu ao Projeto Pescar no ano de 2004, com a implantação da
Unidade Pescar Renner, em Porto Alegre.
O Projeto Pescar Renner abre espaço para a
formação pessoal e profissional de adolescentes
de 16 a 19 anos de baixa renda em sua dependência, encaminhando-os, depois, ao mercado
de trabalho. Além de promover a aprendizagem
básica para o exercício de uma profissão, estimula os jovens a adotarem novos hábitos e atitudes de convivência e cidadania. O curso é focado
em atendimento ao cliente, com duração de oito
meses, iniciando suas atividades em março. No
total, isso significa mais de 740 horas/aula.
No primeiro ano da escola, foram 238 inscrições para 15 vagas. A partir de 2006, as oportunidades passaram para 18 vagas. Dos alunos
da rede, uma parte é absorvida pela empresa e
os demais são contratados com o apoio da rede
de relacionamentos da Renner.
Donateli Tejada Linck
Sonia Maria dos Santos Rosa
1976 – Iníco das atividades do Projeto Pescar
1988 – Começam a funcionar as primeiras franquias.
1995 – É criada a Fundação Projeto Pescar
RRPP Atualidades/Julho 2007
21
O impacto das mídias digitais
Com a orientação da professora Dra. Cláudia Peixoto Moura, bolsista realiza pesquisa na área
Gabriela Reis
A professora e doutora Cláudia Peixoto
Moura vem desenvolvendo uma pesquisa sobre
mídias digitais, seu impacto nos indivíduos e sua
contribuição para as Relações Públicas. Nos levantamentos preliminares, já está definido que
as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) possibilitam uma maior interação
entre seus usuários.
Com o passar do tempo, a pesquisadora
notou uma modificação no relacionamento interpessoal e no sistema organização-públicos
em função da tecnologia. Esta modificação está
ocorrendo com as pessoas que têm acesso à tecnologia. “Mídia digital é um meio no qual ocorre
um processo de comunicação em um ambiente
virtual, que contém conteúdos constantemente
atualizados, e formatos adequados à tecnologia
disponível”, diz Cláudia. No âmbito das empresas, elas podem aproximar as pessoas, melhorar
alguns fluxos de informação e transformar competências individuais em conhecimento organizacional.
A professora contou que a idéia da pesquisa
surgiu a partir do desenvolvimento de um projeto conjunto entre a Famecos e uma empresa do
Parque Tecnológico da PUCRS. Como participava da equipe que desenvolveu algumas ações
para o êxito desta parceria, pensou em elaborar
uma investigação que abordasse a questão dos
Portais Corporativos como instrumentos de relacionamento entre as organizações e os seus
públicos. No caso do estudo, as organizações
são os veículos de Comunicação (rádio, jornal,
televisão e revista), localizadas no estado do Rio
Grande do Sul.
A pesquisa está sendo executada por uma
bolsista da PIBIC/PUCRS (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - CNPq).
Ela desenvolve atividades de levantamento bibliográfico, coleta de informações de veículos de
comunicação em Portais e sites destas organizações jornalísticas. Após a coleta, os dados destes
Portais e sites contêm são analisados.
O estudo aborda aspectos vinculados às atividades de Jornalismo e de RRPP, que são áreas
ainda mais convergentes com o advento da tecnologia. Os portais corporativos de empresas de
comunicação estabelecidas no Rio Grande do
Sul possibilitam vários estudos de seus processos comunicativos, que ultrapassam o interesse
público das informações veiculadas e enfocam
o interesse institucional com ações promotoras
de relacionamentos. “É importante destacar
que poucas empresas de comunicação no estado
possuem portais corporativos, ou mesmo sites.
Ao lado de sua orientadora, Luísa já não teme a teoria
Este já é um resultado relevante, pois os veículos
de comunicação poderiam utilizar a tecnologia
para estabelecer relacionamentos com os leitores e ouvintes de seus jornais e rádios, ao invés
de meios de comunicação tradicionais”, revela
Cláudia.
A mídia digital pode ser considerada como
uma grande oportunidade para RRPP, na medi-
da em que o processo de comunicação em um
ambiente virtual pressupõe a interação dos usuários. A interação pode ocorrer nos espaços da
mídia digital com objetivos de RRPP. Os portais
corporativos são exemplos disso, defende a entrevistada.
Gabriela Reis, Juliana Barth e Luísa Magrin
A experiência de uma bolsista
A estudante de Relações Públicas da Famecos, Luísa Ferrazzi Magrin, bolsista da pesquisa, fala sobre o processo:
Como ficou sabendo da bolsa e qual
foi o critério de seleção?
Estava à procura de estágio, então solicitei
a ajuda dos professores e para alguns entreguei
meu currículo. Através da indicação da professora Glafira Bartz, fui convidada pela professora
Cláudia para ser sua bolsista. Sem pensar, aceitei
o convite, pois sabia que teria muito a aprender
com isso. Sem contar que pesquisas de iniciação científica têm grande valor para o currículo
e para um possível ingresso na pós-graduação,
mestrado e doutorado.
Como está sendo para você trabalhar
nesta pesquisa?
Uma ótima experiência. Posso dizer que,
neste ano, aprendi muito com a pesquisa e a
convivência com a Cláudia. A princípio, fiquei
receosa de trabalhar na pesquisa, por ser um
campo teórico e, na verdade buscava estágios
práticos para ter uma noção maior da profissão
de Relações Públicas. Mas, por estar no início
da faculdade, achei que seria um ótimo começo
para mim. Agradeço a professora Cláudia por ter
acreditado em mim e no meu potencial.
O que, de fato, você aprendeu com a
pesquisa durante este ano?
Muitas coisas. Através da pesquisa acabei
tendo contato com livros de diversos autores da
área da comunicação e conhecendo a maioria
dos veículos do Estado (rádios, tv, jornais e revistas). Trabalhei com conceitos como interação
e interatividade e, ao analisar os sites, percebi a
maneira que cada uma dessas mídias digitais se
relaciona e interage com os públicos.
22 RRPP Atualidades/Julho 2007
Perfil
Thiego Xavier
Contratam-se
bem-humorados!
“O humor do funcionário é primordial!”
Escondida, mas
Espirituosa
Com quase dois anos de
casa, “escondidinha” na recepção do Centro de Produção
Multimídia da Famecos, em
uma conversa olho no olho e
muita presença de espírito, Tatiana revelou-se.
Nome completo: Tatiana da
Silva
Idade: 33 anos
Estado civil: solteira
Filhos: não
Formação: secretariado executivo pela Unisinos
O que gosta de fazer: ler, ouvir música, estar com amigos e
família
Seu time: Grêmio
Uma frase: Não corra atrás
das borboletas, cuide do seu jardim... (Mário Quintana)
Perfume: não vou revelar os
meus segredos
Marca: não gosto de marcas,
gosto de conforto
Cor: verde
Animal de estimação: cachorro
Qualidade: comprometimento
Uma loucura: trabalhar três
turnos e fazer faculdade
Defeito: perfeccionismo
Comida preferida: italianas
Tempero que não gosta:
ainda não descobri
Esporte: caminhada e dança
Música: Alma Nova de Zeca
Baleiro
Cantor: Atualmente ando
numa fase Nando Reis
Filme favorito: Brilho eterno
de uma mente sem lembranças
Livro: todos que caem em minhas mãos
Mulher/homem bonito:
Brad Pitt e Angelina Jolie
Sonho de consumo: uma
viagem a Paris
Uma palavra: amor
O que a deixa feliz: simplicidade
Sou louca por... Chocolates
Um pedido: autenticidade
O que mais te incomoda no
mundo: falta de caráter
Um sonho profissional: no
momento uma pós-graduação
Um sonho pessoal: a espera
do meu afilhado que está por
nascer
Há quanto tempo trabalha
na PUC: um ano e oito meses
Como é tua convivência
com alunos, professores e
colegas de trabalho: muito
tranqüila
Patricia Lima e Suellen de Sá
O empresário Guilherme Rangel Paradeda, 33 anos, casado e
proprietário do Choice Dining Club,
desabafa sobre alguns problemas
de humor em sua empresa e afirma
“o humor do funcionário é primordial!”. Bacharel em Relações Públicas, fez intensivo de Marketing na
ESPM. Trabalhou no Dado Bier na
área do marketing e na Claro Digital. “Já pensei em ser comerciante.
Quase fui representante da Mormaii”, confessa.
O Dining Club é um estabelecimento que nasceu nos points modernos de Nova Iorque e Londres,
sendo rapidamente, copiado em todas as grandes capitais do mundo.
Tem como proposta três ambientes
diferenciados (lounge, restaurante
e pista de dança), deixando o cliente com a impressão de estar em três
lugares ao mesmo tempo e livre
para escolher qual se encaixa melhor com o seu momento. Encaixe
perfeito também, com o nome da
casa: “Choice”, uma vez que significa “escolha” em inglês. Além dos
ambientes, a música e a iluminação
são os pontos fortes.
Paradeda conta que montou a
empresa a partir de um business
plan com o sócio e amigo Sérgio Tutikian, formado em Administração.
Juntos, conseguiram o capital e iniciaram o processo de planejamento
da casa que, em apenas seis meses,
tornou-se um dos maiores sucessos
da noite de Porto Alegre.
O relações-públicas destaca
a relevância do bom-humor nas
organizações. “Quando tenho um
funcionário muito bem qualificado,
mas que com o tempo se mostra
constantemente de mau-humor e
não sabendo lidar com outras pessoas, demito”. Para ele, o relacionamento com pessoas é essencial em
qualquer empresa. Confessa que já
foi obrigado a demitir um empregado devido às constantes reclamações, tanto de colegas de trabalho,
quanto de clientes. Já o funcionário
da Choice, Kenji Itakura, discorda e
argumenta que nem sempre o bom
humor de funcionários é essencial
em uma organização. “Em algumas
situações, o contato não precisa ser
direto com o cliente, como no meu
caso, que sou cozinheiro da casa”,
esclarece.
Apesar de Paradeda defender o
bom-humor, reconhece que muitas
vezes é inevitável perdê-lo, já que
em todas as organizações haverá
crises, desavenças e eventuais problemas. “Entretanto, o funcionário
que conseguir tirar de letra essas
situações, chamará minha atenção
para subir na empresa”, conclui.
E para aqueles que ainda não têm
emprego e estão à procura fica uma
dica de jovem empresário: “Esteja sempre sorrindo, mostre garra,
sempre com vontade de crescer e
nunca perca a humildade”.
Daniela Lima, Júlia Carla Backes
e Natália Pereira
RRPP Atualidades/Julho 2007 23
Arthur Fontoura
Som e liberdade
no embalo rave
Festas iniciaram na ilha de Goa, na Índia,
e os turistas as espalharam pelo mundo
Manuela Berger
Música e o exercício da liberdade durante horas
A festa rave ocorre em sítios, lugares abertos e isolados
O significado literal da festa denominada “rave” aproxima-se de delirar e entusiasmar. Talvez, a partir daí, seja possível entender o sentido
desta festa, que ano a ano vem conquistando diferentes públicos.
Hoje, muito na moda entre os jovens, a rave é uma festa que dura toda
noite e continua no dia seguinte. Surgiu na ilha de Goa, situada na Índia.
Esse lugar era muito procurado por turistas, principalmente hippies alternativos. Isso gerou uma grande mistura de perfis com o mesmo objetivo,
a música.
No começo, o som escutado era basicamente reggae e rock. Porém,
no início da década de 90, turistas europeus trouxeram em sua bagagem a
música eletrônica que foi rapidamente absorvida nas festas. Ela estimulava uma integração com o meio, com os ambientes ao ar livre.
Contudo, a maioria dos participantes desses eventos em Goa era turista. Ao irem embora, essas pessoas levavam toda experiência e novos conhecimentos adquiridos na ilha. Desta forma, a cultura rave foi difundida
para vários países.
eletrônicos. Num palco, ao vivo – denominado Live P.A– o artista usa
teclados, samplers (equipamento para copiar e reproduzir trechos de discos), bateria, instrumentos de percussão e até computadores.
A divulgação é feita através de flyers, onde o lugar não se especifica,
pois deve ser clandestino. O folheto contém ilustrações psicodélicas, indianas ou ecológicas. Traz atrações, preço e local de venda dos ingressos.
Posteriormente é divulgado o lugar do evento (quase sempre sítios, lugares abertos e isolados) através de páginas da Internet ou mensagem para
celulares.
Com duração, normalmente, acima de 12 horas, a festa conta com
performances de artistas plásticos, visuais e performáticos. Possui sempre
uma a decoração cênica fluorescente que causa bastante impacto visual.
Além disso, as roupas e acessórios dos integrantes, cobertas com flúor
– pigmento acrescentado a tintas de tons cítricos – brilham na presença
de luz negra.
Os organizadores desses eventos enfatizam que os fatores de maior
importância para o sucesso da festa são os DJ’s e a escolha do local. Um DJ
conhecido atrairá um grande público. O local também é fundamental. Um
lugar pequeno ou muito fechado pode significar o fracasso da festa. Além
disso, quando o lugar é totalmente aberto, deve-se contar com outros fatores. Uma chuva, por exemplo, pode ser a sua ruína
Quando questionados sobre o motivo de se reunirem em torno de caixas de som, para curtir muitas e muitas horas um som bastante repetitivo,
os jovens são quase unânimes em admitir que, na verdade, o que querem é
algumas horas de um clima de amor, amizade, tolerância e boas intenções.
Em sua maioria, afirmam que durante esse tempo, esquecem dos problemas e de todo contexto social em que vivem.
Pacifismo e harmonia
O que se busca nestas festas é um pacifismo, uma harmonia com a
natureza. O objetivo é que os participantes sintam uma atmosfera de liberdade, de união, de uma dança sem regras, sem limites. “Não tem como
explicar a sensação. É completamente diferente das festas normais, em
bares ou casas noturnas. A rave acontece em lugares enormes, como fazendas, parques, entre outros. É uma sensação incrível de liberdade, de
paz. Todo mundo está ali na mesma energia. Não tem briga, nem azaração,
não tem preconceito, todos se respeitam. É maravilhoso!”, diz o estudante
e freqüentador Arthur Fontoura.
Para organizar um evento destes, a primeira atitude, é a escolha dos
DJ´S. O estilo de música que toca é invariavelmente a eletrônica, sendo a
função principal dos DJ´S a interação completa com o público. Para isso,
eles fazem uso das tecnologias mais recentes, mesclando todo tipo de sons
Manuela Berger, joselaine venturini, renata brogni,
e mariana f. fraga
24 RRPP Atualidades/Julho 2007
Diferentes realidades de Relações Públicas
Um paralelo entre a difusão das Relações Públicas nos Estados Unidos, Espanha e Brasil
A atividade de Relações Públicas está em
movimento de expansão pelo mundo, e o futuro
da profissão é cada vez mais promissor. A área
foi analisada em três países com realidades diferentes. Os Estados Unidos, que criaram a profissão; o Brasil, onde ela está em fase de crescimento; e a Espanha, que vem se adaptando aos
novos paradigmas.
No fim do século XIX, surge nos Estados
Unidos as Relações Públicas, sendo, assim, os
grandes exportadores da profissão. “Nas universidades americanas, estuda-se a aplicação das
funções e a atuação nas organizações. No currículo existe uma parte prática que é realizada em
conjunto com a teoria”, explica a professora Ana
Steffen, atual coordenadora do programa Inter
Institucionais e Internacionais da Famecos. “O
profissional vive no seu dia-a-dia as teorias estudadas na universidade. A sociedade de um modo
geral confia no discurso dos relações-públicas
ligando-os à assessoria de imprensa”, diz.
Na Espanha, a história das RRPP está relacionada com a monarquia, segundo Souvenir
Arte Leonardo Contreiras
Dornelles, coordenadora do curso de Relações
Públicas da PUCRS. “A história da profissão é
parecida com a história deles, do seu sistema de
governo”, fortalecendo-se nas áreas culturais, de
eventos e principalmente protocolo. “Há uma
grande preocupação com a imagem da realeza,
aumentando o campo de trabalho para os profissionais”, observa a professora. Paralelamente,
está se expandindo na Espanha a comunicação
empresarial, com a busca de novos horizontes para os profissionais.
No Brasil, a grande alavanca para o crescimento da área foi no período da ditadura
militar, onde o termo Relações Públicas foi
usado para que legitimassem o regime autoritário, e contribuiu para que a sociedade
criasse equívocos sobre o seu papel. “O nosso país está adiantado em relação à Espanha,
porém atrasado se comparado aos Estados
Unidos”, compara Souvenir, que em março
participou do 3º Congreso Internacional de
Investigaciones y Relaciones Publicas, na
Espanha. “Os profissionais devem cada vez
mais valorizar a profissão e difundir seus conhecimentos para ser melhor entendida pela sociedade”, prega a professora. Para que as RRPP
atuem com eficácia no contexto das organizações
modernas, terão de sair da fragmentação para a
globalização da comunicação.
Leonardo Contreiras, Natalia Rangel,
Paola Cé e Tatiele Zancheta
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