Revista semestral do Curso de Relações Públicas da Famecos/PUCRS Ano 13 n° 26 – Porto Alegre, RS, Brasil, dezembro 2007 A caminho do mercado Profissionais, professores, formandos e estudantes analisam os desafios e perspectivas de encontrar espaço nas atividades de Relações Públicas Foto Fernanda Fell/ Hipertexto RRPP Atualidades 2 RRPP Atualidades/dezembro 2007 Expediente Publicação informativa e de reflexão do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil. Versão Online: E-mails: famecos@pucrs. br; [email protected] Reitor: Ir. Dr. Joaquim Clotet Vice-Reitor: Ir. Dr. Evilázio Teixeira Diretora da Famecos: Drª. Mágda Cunha Coordenadora do Curso: Drª. Souvenir Dornelles Professores responsáveis: Tibério Vargas Ramos e Silvana Sandini Revisão: professora Vera Regina Silva (Letras) Produção: disciplina Estudos da Mídia Impressa em Relações Públicas Alunos – Manhã: Carmem R. das Chagas Barcellos, Carolina Ceia Ramos Eckert, Daiane Freitas Oliveira, Daiane Reckziegel, Daniela Bradacz de Paula, Emilia Adams Hilgert, Evelyn Piccoli, Fabiano Bonella Cunha, Glauber de A. L. Rodrigues, Graziela Leite de Freitas, João Batista Goulart Gomes, Juliana da Silva Bianchessi, Letícia Saur, Lucas Alves Nunes Patron, Luciane Aragon, Mariana Heemann Betti, Marilia de Oliveira, Miguel de Sampaio Dagnino, Nicole Eichenberg, Olívia Bibiana Falcão, Rodrigo Viana, Thais de Lima Soares, Thiago Felipe da Costa e Tiago de Souza. Noite: Bruna Tartari Guimarães, Carolina A. Franco, Carolina Luz Paulo, Caroline de Ávila Nascimento, Catia Regiane Da silva Assink, Daniela Pereira da Silva, Diego de Azevedo, Dienyffer dos Santos Perin, Filipe Lima de Aragão Severo, Graziela Dias Quartieri, Guilherme Mendonça de Almeida, Jordana Moura Pandolfo, Juliana Rolim Pesente, Karen Cristina Machado Abreu, Karina Soares Martins, Kely Bastos dos Santos, Leonardo de Oliveira Rostro, Lisiane Cardoso da Silva, Nathaly Azevedo de Andrade, Paula Silberfarb Costa, Paulina Souza da Cunha, Pedro Lay Reis, Raquel medeiros Binitez, Vanessa Wieger Brochier, Guilherme Machado Lau, Felipe Cezimbra da Rosa, Fábia Moura Silveira, Bianca Burmann Melo, Ana Maria Ferreira Fonseca, Cláudia Irene Aguiar Stricher, Márcia Fernanda Santana e Thais Ribeira Gomes. Editorial Expandindo fronteiras Neste semestre, a já tradicional revista RRPP Atualidades apresenta uma novidade, a sua versão virtual. Pela primeira vez, uma publicação impressa da PUCRS ganha sua versão online. O site traz todos os conteúdos da revista, porém, com maior dinamismo. Semanalmente, novas notícias, entrevistas, artigos e perfis são atualizados, o que permite uma extensa gama de informações aos internautas. Além disso, disponibiliza aos visitantes fóruns, onde são discutidos grandes temas da área das Relações Públicas. O advento dessa nova ferramenta permite aos alunos o aprendizado sobre a adequação da linguagem informativa aos diferentes meios e melhor uso dos canais disponíveis no mundo da comunicação. Serve, também, como forma de divulgação do trabalho, elaborado pelas turmas de terceiro semestre do curso de Relações Públicas, aos diferentes segmentos de públicos, dentro e fora da faculdade. A eliminação de barreiras geográficas que a internet propicia talvez seja a grande sensação dessa ferramenta de comunicação. E a RRPP Atualidades pega carona, afinal, expandir as fronteiras de comunicação e atingir todos os públicos é a meta desse site, que pode ser acessado em www.pucrs.br/famecos/rrpp. Rodrigo Viana, editor Artigo Que profissão é essa? LucianE Padilha Aragon, editora Vivemos numa era em que a comunicação se dá cada vez mais rápido, com uma urgência em chegar até o seu receptor, mesmo não sendo compreendida adequadamente. E quando se fala em comunicação, as pessoas pensam diretamente em jornalistas, mas poucos sabem o que faz o profissional de Relações Públicas e, às vezes, nem imaginam que existe essa profissão. Se falarmos na sigla RP (nome que é tratado no meio da comunicação), então, as pessoas são capazes de perguntar “o que é isso”? Quando se fala em relações públicas, muita gente responde que é quem faz festas e organiza eventos. Isso existe, sim, mas não é só o caminho que pode ser seguido. E fazer “festinhas”, como dizem, não é tão simples assim. A concorrência está cada vez maior. Quanto mais você se esforçar para que tudo ocorra como o planejado, resolver imprevistos e ter muito jogo de cintura para tudo terminar como deve ser, melhor ficará a sua imagem no mercado. Esse profissional ao qual estou me referindo pode estar tanto trabalhando numa assessoria de imprensa, como tratando do marketing de uma grande empresa. É o relações públicas quem mapeia os públicos que devem ser atingidos, define objetivos e cria um planejamento estratégico que pode modificar completamente a imagem de uma marca. Também é sua função cuidar do público interno, por- que se os funcionários estiverem insatisfeitos, isso pode influenciar a opinião pública dos que estão do lado de fora da empresa. O RP é, junto com o administrador, um dos profissionais mais indicados para liderar um grupo ou uma empresa. Tem o poder de fazer diagnósticos, prognósticos, reagir a crises ou lidar com boatos que possam prejudicar direta ou indiretamente a empresa. Um mercado que começa a ser cada vez mais explorado é o de pesquisa. Antes de lançar qualquer produto, implantar um novo serviço ou qualquer outra mudança, as empresas vêm contratando consultorias para saber se a novidade será bem aceita. É um novo recurso do qual as empresas dispõem e tem baixo custo, se comparado aos prejuízos que um produto não aceito no mercado pode causar à imagem de uma marca. O Rio Grande do Sul é um dos estados mais exigentes com os lançamentos e normalmente vem sendo usado como mercado teste. Na minha opinião, faltam atitudes dos próprios relações-públicas em divulgar e fazer com que a profissão seja cada vez mais reconhecida. Cabem, também, aos conselhos (regionais e nacional) fazerem campanhas que possam levar uma definição simples ao conhecimento das pessoas. Como uma apaixonada pela profissão, espero que outras pessoas levantem essa bandeira e ajudem a aplicar nossas idéias, conhecimentos e teorias para cada vez mais conquistarmos o mercado. Todas as empresas precisam de um relações-públicas, basta se darem conta disso. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 3 Os destaques Simões, o relações-públicas do Brasil, pela segunda vez Arquivo RRPP.A Luciane Padilha Aragon Simões, referência nacional Durante o 30° Intercom (Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), realizado em Santos/SP, foi entregue o Prêmio Relações Públicas do Brasil. Instituído pela Coordenação da Campanha Nacional de Valorização da Profissão de Relações Públicas, pelo segundo ano consecutivo o vencedor na categoria ProfessorPesquisador foi Roberto Porto Simões, docente dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Outras duas gaúchas receberam menção honrosa: Fabiana Bergni- ni, da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), ficou em segundo lugar na modalidade ProfissionalRevelação, e Patrícia Zawascki, da agência Plus Marketing LPMA, em terceiro, na mesma categoria. No ano passado, Simões sugeriu aos organizadores: “Quem ganhou, não ganha mais. Tem que buscar outros nomes para motiválos, homenageá-los e para criar novos mitos na nossa atividade, coisa que não temos”. Quando questionado sobre a sua nova indicação, respondeu: “Não faltam profissionais. Fui eleito pelos votos dos membros da área Relações Públicas, não sei quem votou em mim”. Simões atua na área da comu- nicação desde 1970 e aos poucos viu a área de pesquisa ser inserida nos programas de pós-graduação. “Há espaço aberto para a área da pesquisa, faltam interessados. É de se incentivar os acadêmicos e alunos de pós-graduação. Cada vez mais haverá pesquisa. A cada seminário surgem novos pesquisadores, é um processo de evolução”, disse. O relações-públicas acredita que só se interessam pelas pesquisas aqueles que tem gana e valorizam o conhecimento. “Quem tem inquietude intelectual que entre no jogo, que comece a contribuir. O processo é longo, o trabalho é árduo e demora em torno de 10 anos para ser reconhecido”, conclui. Foto Divulgação Mostra de talentos e diversidade s A 29ª Mostra de Talentos em Relações Públicas, organizada pelos alunos do 5º semestre do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social, foi realizada no dia 5 de novembro, das 18 às 22h, no Foyer do Teatro do prédio 40 da PUCRS. Estiveram em exposição trabalhos dos alunos formandos da disciplina de Projeto Experimental nas categorias, Pesquisa; Indústria, Comércio e Serviços; Comunitário e Projeto Experimental Livre, com cerca de 20 empresas clientes. “O tema abordado na campanha da mostra deste semestre foi a Diversidade em Relações Públicas e as inúmeras possibilidades de atuação do profissional”, explicou a acadêmica Juliana Moraes, da Comissão da 29ª Mostra. Divulgação Mostra Trabalho de Elizangelem foi orientado pela professora Cleusa Monografia conquista 1º lugar em São Paulo 29 ª Mostra de Talentos no saguão da faculdade, em novembro Relações Públicas da PUCRS conquistou o 1º lugar no Prêmio Associação Brasileira de Relações Públicas – ABRP-São Paulo. A exaluna do Curso da Famecos, Elizangelem Mazzardo Marques Viana, venceu o Concurso Universitário de Monografia e Projetos Experimentais de Relações Públicas, com a monografia “Relações Públicas e responsabilidade social do composto da comunicação integrada: estudo de caso da Natura Cosméticos”, apresentada como trabalho final no curso. A monografia, orientada pela Profª Dr. Cleusa Maria Andra- de Scroferneker, foi premiada na Modalidade Sócio-Ambiental. O Prêmio é considerado um dos eventos de maior credibilidade na área, com um júri formado por profissionais e docentes referências no mercado e na academia, sendo avaliado como um indicador de qualidade aos jovens profissionais, aos orientadores e às Instituições de Ensino Superior (IES). Concorreram ao Prêmio monografias de diversas IES Brasileiras. A premiação ocorreu no dia 24 de setembro, no Espaço Sociocultural do teatro CIIE, na cidade de São Paulo. 4 RRPP Atualidades Dezembro 2007 Especial Fotos Arquivo Pessoal Zanette descobriu, no símbolo de Relações Públicas, a inteligência, nobreza e capacidades terapêuticas dos golfinhos Golfinhos ensinam um jeito diferente de se comunicar Estudante de Psicologia descobre uma sintonia fina entre Os golfinhos e as crianças portadoras de necessidades especiais Jordana Pandolfo, Karina Martins e Paulina Souza Luiz Felipe Zanette é um estudante de Psicologia que vê e trata a comunicação de uma forma muito singular, transferindo-a para o mundo animal, mais especificamente os golfinhos. Ele consegue identificar uma incrível sintonia destas criaturas com pescadores e, principalmente, crianças portadoras de necessidades especiais. O acadêmico iniciou seus estudos e pesquisas no Rio Mampituba (Torres / RS), onde os golfinhos da espécie Tursiops Truncatus entram e pescam em cooperação com os pescadores locais. Ele se viu encantado com a interatividade destes animais e resolveu dar continuidade aos seus estudos participando de projetos no Dolphin Discovery, onde permaneceu por mais de um ano ministrando programas de nado e interação com golfinhos. Lá, vivenciou muitos momentos relacionados à inteligência, capacidade terapêutica e nobreza dos golfinhos, possibilitando a ele o aprendizado sobre a biologia e o comportamento, além de seus efeitos positivos no seres humanos. Outro fator importante foi o trabalho voluntário realizado com as crianças portadoras de necessidades especiais em Porto Alegre, no Lar São João Batista e na Casa do Menino Jesus de Praga, os quais contribuíram muito para o me- lhor entendimento do estudante neste “novo” tipo de comunicação e a capacidade curativa desta espécie. Felipe busca parcerias para colocar em prática seu projeto de um livro, cujo foco chama atenção para dois assuntos muito importantes para a atualidade: o meio ambiente, representado pelos golfinhos, extremamente importantes para o homem, e sua capacidade curativa, relacionada a crianças portadoras de necessidades especiais. A seguir, sua entrevista: Como surgiu o interesse pelos golfinhos? Desde pequeno os golfinhos sempre me chamaram a atenção, pois para mim já era evidente sua inteligência e sociabilidade. Durante algum tempo perdi o interesse por eles, pois até onde sabia, eram encontrados somente em alto mar e em parques aquáticos, o que dificultava nosso contato. O que o fez reavivar este interesse? Em um momento de crise existencial de minha vida, comecei a ler e pesquisar sobre eles, já que me traziam de volta sentimentos de alegria e esperança. Foi aí que descobri que os chamados “botos” da praia de Torres, onde nasci, eram na verdade golfinhos e realizavam pesca em cooperação com os tarrafeiros locais. Nesta busca, fui descobrindo aspectos incríveis dos golfinhos, como sua comunicação, que é mais rápida e complexa que a nossa. Como surgiu a oportunidade de projetos no Dolphin Discovery? Através de trabalho realizado em Torres e Passo de Torres, de observação, monitoramento e estudo conheci algumas pessoas que realizavam pesquisas. Conversando com eles, fui descobrindo outros trabalhos pelo mundo, locais que realizavam pesquisas, terapia e mergulho com golfinhos. Contatei a Dolphin Discovery, e fui selecionado para realizar um estágio voluntário, devido aos trabalhos e pesquisas que eu já havia realizado nesta área. Quanto tempo ficou lá e como foi esta experiência? Comecei como voluntário, fazendo estágio em Isla Mujeres, uma pequena ilha em frente a Cancun, no México. Após o tempo previsto, fui efetivado e tranferido para Cozumel. Em função da quantidade diária de turistas e pessoas à procura do nado com os golfinhos, fui obrigado a me aperfeiçoar rapidamente. O trabalho realizado foi de quase dois anos e mesmo estando de volta, sigo em contato. O pessoal é muito inteligente, troco informações e entrevisto os Dolphin Trainers para o livro que estou escrevendo. Ainda neste ano, pretendo passar um período lá, rever os golfinhos e dar seguimento a esta parceria com as empresas internacionais da área. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 5 Arquivo Pessoal O que mudou em sua vida após estes dois anos no México? Este contato me abriu novos horizontes, uma nova compreensão do mundo e de mim mesmo, além de ter sido uma terapia eficaz para a crise existencial pela qual eu passava. Trabalhar com eles foi fantástico, são seres muito inteligentes, os sons que emitem e sua comunicação são muito relaxantes. Seu sonar penetra a caixa craniana e atua diretamente no cérebro, além disso, lhes permite ver as reações fisiológicas de seus companheiros, o que impossibilita a mentira entre eles. Pretende seguir com trabalhos nesta linha? Estou com vários projetos relacionados à terapia com golfinhos e à comunicação entre golfinhos e seres humanos, já bem avançadas no exterior, onde são utilizados computadores adaptados a água com tela touch scren para melhor interação com os humanos. Um dos objetivos dos projetos é divulgar para a sociedade o que se sabe a respeito dos golfinhos. São seres tão inteligentes quanto nós e possuem capacidade comunicativa muito superior à humana, cérebros mais desenvolvidos e com o dobro de neurônios. Outro objetivo é que os golfinhos e baleias sejam reconhecidos como Nação, perante as Nações Unidas, a fim de terem direitos como os seres humanos, garantido a diminuição na poluição dos oceanos e as matanças. É um trabalho difícil e permanente, traz uma mudança na forma do ser humano ver a si mesmo e as demais espécies que habitam o planeta, estimulando a comunicação interespécies. Quais são estes projetos? Está se dedicando a algo relacionado a novos trabalhos voluntários? Em Torres, estamos trabalhando para a divulgação da pesca cooperativa perante a Prefeitura local, através da Secretaria de Turismo, além de seguir estudando e observando os golfinhos que lá habitam. Em Porto Alegre, realizo trabalho voluntário na Casa do Menino Jesus de Praga com crianças portadoras de necessidades especiais, o que recomendo a todos, pois estas crianças são muito amorosas e verdadeiras, é uma experiência recompensadora que resgata o nosso humanismo. Márcia Scarparo Simch, atuante do Projeto Bicho de Rua, com as cadelas Biba e Piki RRPP presente na proteção a animais Fábia Moura Silveira Uma das áreas em expansão na profissão de Relações Públicas é a de responsabilidade social, onde profissionais visam o benefício à sociedade e não somente a compensação salarial. Toda empresa que se preocupa com o meio em que atua e interfere, deixa uma marca positiva nos consumidores, aplicando, assim, o desenvolvimento sustentável. Este não só se refere ao ambiente, mas, por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo, levando ao crescimento. A equação RRPP + responsabilidade social geram grandes resultados à população. Assim somam-se a força de vontade com a eficácia do plano de comunicação. Uma ONG que aposta na mídia para alcançar seus objetivos é o Projeto Bicho de Rua, que atua em Porto Alegre como rede solidária na defesa dos animais carentes. Fundada em 10 maio de 2004 por um grupo de amigos que já atuava na causa da proteção animal, o Projeto Bicho de Rua traz quatro objetivos institucionais. Um deles é a esterilização de animais abandonados e/ ou carentes como forma de controle populacional. Outra é a adoção sem preconceito. Também são propostos a guarda responsável, bem como programas assistenciais e educacionais. Para a voluntária Márcia Scarparo Simch, diretora de marketing do projeto, o profissional de RRPP pode atuar das mais diversas maneiras, pois a busca pelo bem-estar animal começa com informação e educação para as pessoas. Ela afirma que a mídia é um canal importantíssimo para essa ação, devendo ampliar a abordagem de temas de interesse e relevância sobre a relação homem/animal e homem/ambiente. “Cada vez mais as informações devem ser completas e tecerem considerações sobre todos os ângulos e implicações do assunto, evitando, assim, que a matéria seja superficial, simplista ou tendenciosa. No caso dos pit-bulls, por exemplo, a maiorias dos casos noticiados são sensacionalistas e não abordam a real dimensão da questão – a responsabilidade do ser humano sobre a guarda desses animais e a qualidade e situação de vida desses animais”, conclui Simch. A entidade atua com vários projetos. Um deles é o Brechó Bicho de Rua: roupas doadas são vendidas para ajudar no custo com rações, medicamentos e castrações. Também há a venda de rações e medicamentos em parceria com uma pet-shop. Nos produtos oferecidos através de tele-entrega, 5% do valor da compra são destinados à ONG para a aquisição de rações, o que garante a alimentação de muitos animais. Outra iniciativa são os Padrinhos Virtuais. É uma campanha que consiste em doações financeiras pelo boleto online ou depósito em conta corrente para a manutenção de animais que aguardam adoção. Para conhecer o Projeto Bicho de Rua ,visite o site: www.bichoderua.org.br. Em espaços como esse, o profissional de RRPP pode usar toda sua criatividade. Seja na área animal, ambiental ou de seres humanos. Empresa, ONG ou instituição estarão bem representadas. Ele tem a capacidade de construir uma imagem forte e positiva perante a sociedade através dos meios de comunicação. 6 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 20º Set Universitário Laís Scortegagna/ famecos Profissionais estimulam os estudantes de RRPP Duas professoras e uma profissional de RRPP participam de debate sobre atuação na área Mariana Heemann Betti Cronista mais discutido no País prestigiou evento na Famecos Colunista de Veja amado e odiado Incisivo e polêmico, Diogo Mainardi falou sobre o seu trabalho e a repercussão na opinião pública marília de oliveira Na 20ª edição do Set Universitário, promovido anualmente pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos), o ciclo de palestras contou com a presença de diversos profissionais da comunicação e áreas afins. Entre eles, o incisivo Diogo Mainardi, colunista de Veja. Ele, que escreve para a revista da Editora Abril há 14 anos, é famoso por criar polêmicas em suas crônicas. Mediada pelo professor da Famecos e jornalista Juremir Machado da Silva, a palestra de título Mídia e Poder – Relações Incestuosas, transcorreu em clima de bate-papo. Diogo respondeu a todos, inclusive àqueles que o vaiaram e criticaram, pois ele mesmo se define como “a voz do antigovernismo”. Ao falar da relação entre poder e imprensa no Brasil, o colunista defende que ainda existem muitas pessoas despreparadas nos dois lados, e o silêncio da imprensa nesse caso é o mesmo que contribuição. “Se não houvessem benefícios que induzem a esse silêncio, os resultados poderiam não ser os que conhecemos”, enfatiza. Suas crônicas são conhecidas pelas denúncias ao governo e corrupção, inclusive no acompanhamento aos escândalos mais conhecidos por nós brasileiros. “Não há como se esconder dos fatos”, diz. Ele não está arrependido do que escreve. Em sua opinião, seria mesquinho com seu público ao privá-lo de certos fatos e condena aqueles jornalistas e articulistas que “escolhem a irrelevância e preferem se apagar, não tendo um papel ativo em razão da fé partidária”. Diogo conta que no começo da carreira os leitores escreviam à redação pedindo sua demissão. Hoje eles interagem com seu trabalho, a favor ou contra. Polêmicas à parte, Diogo, entre aplausos e vaias, deixou bem claro suas escolhas e preferências. E conclui: “Cada um faz o que quer, não posso impor minha opinião.” Durante o 20º Set Universitário, realizado no mês de setembro, na Famecos, a palestra sobre Campos de atuação das Relações Públicas chamou a atenção por trabalhar relacionamentos instituídos entre organização privada, pública e do terceiro setor, com seus públicos de interesse. Esta exposição reuniu a profissional Suzana Vellinho, e as professoras Ana Steffen e Cláudia Moura. Suzana Vellinho atua na área de Relações Públicas há 32 anos. Ela afirma que o profissional deve “unir algo a alguém”, assim detectando problemas e mostrando saídas. Para isso, é necessário montar um cronograma para o empresário saber em quanto tempo seu problema será resolvido. Em sua exposição, Suzana deixa claro que o RRPP faz muito mais que eventos, faz gestão de relacionamento. E deixa um exemplo de sucesso e humildade para a platéia. “Devemos ser criativos e curiosos para sermos ainda melhores profissionais”, aconselha. A professora de Relações Públicas, Ana Steffen, começou sua interferência mostrando que precisamos de muito estudo, muita pesquisa para sermos bons estrategistas: “ No pain, no gain”, ou seja, sem sofrimento não há ganhos. Ela explica que devemos captar dados, processar e distribuir as informações geradas pelos agentes sociais no sistema organização-público. Ana Steffen comenta que podemos atuar tanto nas áreas institucionais e corporativas quanto organizacionais. Como última expositora, a professora Cláudia Moura afirmou que a comunicação acaba sendo um “grande mosaico”. Afinal, ela não tem metodologia própria, levando em consideração que a interdisciplinaridade é importantíssima para a comunicação social. “Hoje, não existem mais profissionais puros, e sim híbridos”, observa. Claudia Moura afirma ter tido conhecimento de mais de 80 trabalhos de pesquisa científica que abordam RRPP e comunicação organizacional. Para os relações-públicas, esta palestra sobre campos de atuação foi uma das mais esperadas do Set, afinal os profissionais precisam estar sempre bem informados quanto ao seu futuro mercado, e a palestra ainda foi muito didática e esclarecedora. RRPPs criativos e eficazes são importantes para as afirmações das organizaçãoe da sociedade. Suzana Vellinho deixou à platéia um desafio que servirá de estímulo ao profissional do futuro: “Ainda não conseguimos mostrar do que nós RRPPs somos capazes”. Tamara Carvalho/ Famecos Mercado espera profissionais criativos e eficazes RRPP Atualidades/Dezembro 2007 7 Brinquedos perigosos O recall dos famosos brinquedos da Mattel pode mudar a imagem ruim da empresa e mostrar que seus produtos podem ter credibilidade no mercado e dos públicos Carolina Faraco, Juliana Pesente e Kely Bastos Em duas semanas, a empresa mundial de brinquedos Mattel, fundada em 1945 na Califórnia, Estados Unidos, pela primeira vez anunciou dois recalls de diferentes produtos produzidos por eles. A causa do recolhimento está ligada a defeitos nos brinquedos: F Excesso de substâncias tóxicas na tinta dos produtos, que podem gerar diversos problemas de saúde; F Presença de pequenos imãs que podem se desprender dos produtos e, se ingeridos, poderiam se atrair e causar sérias lesões no organismo ou até perfurações no intestino. Recolher os brinquedos foi uma das atitudes tomadas pela empresa, tendo em vista que já ocorreu a morte de uma criança e causou ferimento em outras 14. Os procedimentos seguidos pela empresa, além do recall, foram: o pedido público de desculpas do presidente da empresa, Robert Eckert, e promessas de que tintas e produtos terceirizados sofrerão inspeções regulares, bem como testes em todos os produtos prontos de acordo com normas estabelecidas. Essas atitudes tomadas pela organização são interpretadas de diferentes formas, sendo por algumas pessoas louvadas, e por outras recriminadas. Para o público externo em geral, consumidores, e não especialistas, o pedido de desculpas e promessas de testes de qualidade rigorosos demonstram que a organização admitiu o erro, sendo de grande importância. O professor de Direito da Universidade da Pensilvânia, com especialização em direito e política chinesa, Jacques deLisle, observa que o pedido de desculpas feito por um alto executivo é importante por dois motivos: “Em primeiro, quando a desculpa é feita por alguém do alto escalão, o recall geralmente tem maior repercussão. Em segundo, diversos estudos mostram que as vítimas, em geral, dão muita importância ao pedido de desculpas e até se conformam com uma indenização menor no momento em que o acusado se retrata e se dispõe a reparar o erro cometido, em vez de negar qualquer responsabilidade pelo ocorrido.” O recall feito pela empresa gerou muitas despesas, o que é mais um sinal de que a organização dá mais valor à vida dos consumidores do que aos lucros gerados pela venda de seus produtos. De acordo com deLisle, qualquer res- sarcimento por prejuízos causados “serão mínimos em comparação com os custos do recall de milhões de unidades, lucros perdidos e prejuízos à reputação da Mattel”. Apesar de todos os procedimentos adotados para contornar o problema enfrentado pela empresa, a Matell sofrerá um processo por violar as leis americanas de proteção ao consumidor. No Brasil, o órgão de proteção e defesa do consumidor (Procon) condenou a atitude da organização de tornar publico o recall, com atraso no Brasil, sendo aqui um dos seus melhores mercados consumidor. Sempre que ocorrem casos de grande repercussão, as organizações estão sujeitas a diversas opiniões. Segundo a professora de RRPP, Glafira Bartz, da Famecos, existem procedimentos básicos que podem ser tomados para manter a credibilidade no mercado: F Admitir publicamente o erro; F Dar soluções estratégicas e rápidas para “atenuar” as conseqüências ocorridas, bem como atitudes para prevenir e impossibilitar incidências futuras; F Ser transparente e verdadeiro, considerando que todos os públicos são agentes ativos do sistema social (Organização - Públicos) e merecem informações rápidas e verídicas do que está acontecendo; F Considerar a importância da perpetuação da reputação e credibilidade da organização, sempre valorizando os públicos além dos lucros; F Utilizar a mídia como disseminadora de informações para alcançar maior abrangência e retorno ao processo adotado pela empresa. A famosa Era da Informação, na qual o mundo se encontra, possibilita a transmissão de dados em tempo real para qualquer parte do mundo. Tal rapidez exige cuidados redobrados por parte das organizações e dos profissionais, principalmente da área de Relações Públicas. A nova Era quebrou paradigmas, como a idéia de que a propaganda é a alma do negócio. Hoje em dia, muito mais do que fazer propaganda e ser conhecida, a organização precisa transmitir confiança e credibilidade. Essa confiança é muito mais sensível e vulnerável, qualquer crise mal gerenciada pode causar uma má impressão e um sério abalo reputacional. Em geral, as empresas devem estar sempre estrategicamente preparadas para uma crise, podendo agir de maneira rápida e eficaz no momento de precisão. Se a organização realmente se preocupar com a qualidade de seus produtos e satisfação de seus públicos, implementará ações com menor risco de crise ou desaprovação. 8 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Em debate As diferenças em Assessorias de Comunicação públicas e privadas Três profissionais analisam a área e defendem unidade entre os relações-públicas e os jornalistas Luciane PaDilha Aragon As assessorias de comunicação estão presentes em grande parte das empresas e são fundamentais para que as ações desejadas sejam efetivadas com sucesso. Mas, entre as próprias assessorias, existem diferenças, principalmente quando comparamos as empresas privadas com as públicas. Élson Sempé é jornalista, trabalha na assessoria de comunicação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre há 12 anos e é professor da Famecos (Faculdade de Comunicação Social da PUCRS). Questionado sobre os pontos positivos e os negativos de trabalhar na esfera pública, disse: “O lado bom é que teoricamente prestamos um serviço público. O campo do jornalismo é onde mais pode se realizar porque está à serviço da sociedade. Já o negativo é que sempre temos a intervenção política, quem comanda é alguém indicado por quem tem o poder. Às vezes tenho que fazer coisas nas quais não acredito”. Cláudia Sartori é relações-públicas e trabalha na Procergs (Empresa de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul) há seis anos. Na sua opinião, é importante trabalhar a comunicação interna porque os funcionários não têm plano de carreira muito definidos. “É fundamental motivá-los. E o difícil de trabalhar para uma empresa do Estado é que a cada quatro anos tudo pode mudar”, observa a RP. Almir Freitas também é jornalista e professor da Famecos. Criou sua própria marca: Uffizi Consultoria em Comunicação há nove anos. Para ele, trabalhar na área privada tem vantagens: “Na esfera empresarial sabemos onde queremos chegar, construindo condições para que as metas estabelecidas sejam atingidas. Descobri que isso é possível ser feito com o jornalismo”. Nas assessorias de comunicação, o profissional de relações-públicas e o jornalista devem trabalhar juntos para a formação da opinião pública, cada um aprofundando-se em suas atividades específicas. Pelo que se estuda na universidade, o RP aprende mais sobre a área do jornalismo do que o contrário. Sempé e Cláudia concordaram com esse argumento. Para Almir, ambas são dependentes. “Se pensarmos juntos em prol de uma meta comum, criamos de forma comum e, portanto, obtemos resultados mais que satisfatórios para aqueles que esperam Kaiser Konrad/ CMPA Elson Sempé é assessor de imprensa e professor de Fotografia no Jornalismo e no curso de RRPP Arquivo Pessoal Cláudia Sartori, da Procergs destas profissões o cumprimento de sua condição de profissional ligado com o tempo”. Cláudia vai mais longe: “Relações-públicas e jornalistas deveriam substituir-se, mas infelizmente, nem sempre isso acontece”. Os profissionais devem ter consciência que a informação é sua principal “arma”. Portanto, devem usar as ferramentas adequadas para que o resultado seja positivo para a organização, fortalecendo uma imagem positiva diante dos seus públicos de interesse, e assim, legitimando as ações propostas. Sempre respeitando, é claro, o planejamento e as estratégias para que foram definidas anteriormente. O mercado está cada vez mais competitivo, mas há oportunidades para todos. Cada um deve fazer o seu trabalho, sem desmerecer os demais profissionais. Se a tarefa for bem feita, terá seu espaço garantido, basta “mostrar serviço”. O sucesso de jornalistas e relaçõespúblicas depende de um trabalho conjunto. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 9 Arquivo Pessoal Entrevista/ Almir Freitas “Mercado busca quem pense, olhe para o horizonte e tenha criatividade” Almir Freitas é jornalista e trabalha com Assessoria de Comunicação. Trabalhou na redação da Zero Hora até 1992, durante alguns anos atuou como terceirizado em uma empresa da área e em 1998 investiu na sua própria marca (Uffizi Consultoria em Comunicação). Também leciona na Famecos (Faculdade de Comunicação Social da PUCRS), sendo uma de suas disciplinas sobre Assessoria de Comunicação, tanto nos cursos de Relações Públicas quanto no de Jornalismo. Luciane Padilha Aragon Arquivo Pessoal Almir Freitas: é professor e tem uma empresa de assessoria Na tua opinião, quais são os pontos positivos e os negativos de se trabalhar em empresa privada? Não sei se são exatamente positivos. Provavelmente sejam mais objetivos que positivos. Direcionei minha empresa para operar muito no segmento de jornalismo econômico, fruto da experiência que tive no ramos enquanto estive em jornal. Assim, absorvi, e muito, a objetividade empresarial, onde os processos têm razão de existir, são geridos com objetivo, são ponderados com procedimentos rotineiros e avaliados ao final, com a frieza que o resultado expressa. O planejamento é um dos vértices do Relações Públicas. Como ele aparece em assessoria? Na esfera empresarial sabemos onde queremos chegar, construindo condições para que as metas estabelecidas sejam atingidas. Descobri que isso é possível ser feito com o jornalismo. Nós, profissionais de imprensa, somos historicamente contrários ao planejamento, ao estabelecimento de normas e processos de metas. Descobri que é possível, descobri que existe vida além de um endereço famoso na esquina de duas avenidas de Porto Alegre. Você tem alguma experiência na área pública? Da esfera pública pouco posso comentar a não ser a observação que os anos de profissional me forneceram. Penso existir um forte apego a coisa pública e as rotinas das repartições, o que dificilmente é aceito pelos segmentos de comunicação. A notícia não tem hora. Além disso, certamente temos a in- gerência política sobre os processos, independente de estarem apresentando resultados. Sempre há o Q.I. (quem indica). Afora isso, temos um sério problema que na esfera pública é mais comum acontecer, que é o histórico dos acordos políticos. Salvo em empresas públicas, é difícil manter uma posição que pode mudar cinco minutos depois, resultado de algum tipo de acordo político que venha a ser feito. Quais são as atividades que tanto o profissional de Relações Públicas quanto o jornalista podem desempenhar com a mesma qualidade? As atividades inerentes às suas profissões. É um absurdo em pleno novo milênio onde as tendências indicam que a informação é o grande elemento de destaque, brigarmos para saber quem dirige ou quem é o subalterno na área de comunicação. Salvo situações como o Q.I. que mencionei, o mercado está atrás de pessoas competentes. Não podemos enganar a todos durante todo o tempo. O mercado busca criatividade, busca quem pense, quem olhe para o horizonte e saiba avaliar os benefícios e malefícios de um ou outro caminho a ser seguido. O mercado busca quem tem informação, não apenas quem é eficiente, mas quem é eficaz. A diferença destas duas características é que vai estabelecer o critério para quem vai comentar e quem será comandado. E no que devem trabalhar juntos em busca de um melhor resultado dentro da assessoria? Trabalhar junto é o resultado da busca de objetivos comuns. Se houver um norte a seguir, devem fazê-lo. Não existe um corpo sem cabeça ou uma cabeça sem corpo. Ambas são dependentes. Se pensarmos juntos em prol de uma meta comum, criamos de forma comum e, portanto, obtemos resultados mais que satisfatórios para aqueles que esperam destas profissões o cumprimento da sua condição de profissional ligado com o tempo. Clarissa Botin em Londres Jovens buscam o diferencial no exterior Bruna Guimarães, Bianca Burmannn e Paula Silberfarb Nos dias de hoje morar fora do país tornou-se um requisito básico para entrar na competitividade do mercado de trabalho, que vem exigindo cada vez mais um diferencial profissional na hora da escolha. Diversos jovens brasileiros viajam durante o ano a fim de aprimorar uma segunda língua, seja inglês, espanhol ou francês. Segundo o Guia de Empregos do site da Uol, “hoje qualquer pessoa não consegue emprego sem o conhecimento de um segundo idioma, seja qual for a profissão”. Aprender outro idioma torna-se um investimento, pois ajuda a ampliar as suas metas, sejam financeiras ou profissionais, uma vez que está valorizando o seu trabalho. A experiência longe de casa e o senso de independência também são alguns dos fatores mais fortes pela qual os jovens estão optando morar fora. “Eu tive a oportunidade de saber que eu poderia me virar sozinha sem meus pais por perto”, diz a estudante Clarissa Botin, de Pós-Graduação em Marketing na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ela morou em Londres durante um ano e a vontade era de ficar mais. Ressalta que a melhor maneira de falar fluentemente uma outra língua é tê-la presente no seu dia-a-dia. “A expectativa de conseguir entrar no mercado de trabalho brasileiro é a razão maior pela qual os jovens viajam ao exterior”, assegura. 10 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Reprodução RH-RP Áreas que se completam Recursos Humanos e RRPP humanizam as organizações Thiago Costa Borges Elas começaram a ser estudadas, em universidades brasileiras, nos anos 50 do século 20. Recursos Humanos aparecem como disciplina nas faculdades de Administração. Relações Públicas são constituídas como cursos de graduação. Aos poucos, profissionais de RH e RP passam a disputar lugar na administração de pessoal nas instituições. Trazem uma nova visão, contrastando com uma postura empírica anterior de sistematizar, organizar e disciplinar os chamados Departamentos de Pessoal, intercalando rigor e paternalismo. Passado meio século, há uma convicção de que as duas áreas não são concorrentes, mas se completam. A partir da década de 50, a Escola Superior de Administração em Negócio de São Paulo instituiu a disciplina de Recursos Humanos. Segundo Andréa Menezes, PósGraduanda na Bahia em Gestão de Recursos Humanos, as grandes discussões que vem surgindo, nos últimos anos, no Brasil, a cerca do ensino de Administração e o de Relações públicas, estão contribuindo para o exercício de uma gestão organizacional mais humanizada, com foco nas pessoas. “Essa pode ser a grande aliança de um trabalho entre as Relações Públicas e os Recursos Humanos”, afirmou Andréa em entrevista por e-mail. Outro tópico importante que Andréa cita é sobre o mercado de trabalho. Em sua ótica, como membro do Núcleo de Integração Trabalho Escola, existe uma grande procura por profissionais da área de Recursos Humanos, enquanto que aos de Relações Públicas não é dada a devida importância. A Profª Dr. Cleusa Maria Andrade Scroferneker, doutorada em comunicação social pela PUCRS, vê o profissional de RH apto para tratar do recrutamento, seleção, capacitação e treinamento de pessoal, avaliação de desempenho, análise e descrição de cargos, plano de carreiras e benefícios, política salarial, bancos de dados e sistemas de informações. Enquanto o RP se encarrega de divulgar a empresa, seus atos e objetivos identificam seus públicos, ouve-os para saber como a organização é vista e para conhe- cer seus interesses, apóia, orienta e assessora todas as áreas da instituição quanto à forma mais adequada de se relacionar com os diversos públicos. “Enfim, ele exerce uma função estratégica importante nas organizações modernas ao planejar e executar sua comunicação e seus relacionamentos. E, assim como o RH, trabalha para que haja um clima organizacional satisfatório tanto para a organização como para seu público interno”, afirma. A professora observa que ambas as profissões lidam com gestão de pessoas e visam, entre outras coisas, a produtividade, eficiência e eficácia organizacional, precisando ocupar cargos hierárquicos elevados e ter contato com todos os integrantes da instituição. “Então, por que não lançar mão da interdisciplinaridade?”, questiona Cleusa. Esta seria uma das formas de trazer pontos em comum de um conhecimento para o outro. “Através dela não se monta um mosaico de teorias, ao contrário, age-se como um alquimista, mesclando os diferentes conhecimentos de maneira criteriosa, a fim de obter um trabalho homogêneo, coeso e de bases mais sólidas”. Em sua opinião, apesar das muitas semelhanças, “é visível a diferença do trabalho desempenhado por cada profissional, daí a importância de se ter o apoio de ambos para o sucesso organizacional”, conclui. Cultura organizacional: compreensão e colaboração Dienyffer Perin e Karen Abreu As organizações são ligadas aos seus públicos através do sistema social. Os dois elementos estão em constante relação, por meio da comunicação e o profissional de Relações Públicas é o mediador. Vanessa Gomes, 25 anos, relações-públicas formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, concorda que independente do contexto mercadológico em que a empresa está inserida, a sua cultura organizacional gira em torno de três elementos básicos: os valores, as crenças e as normas de comportamento. Ela já atuou em organizações dos três setores da sociedade (governo, comércio e organização não-governamental), nas atividades de: organizações de eventos, endomarketing, planejamento e desenvolvimento de projetos, responsabilidade social, captação de recursos, e as comunicações dirigida, interna, integrada e corporativa. “Desses fatores, o único que não deve sofrer alteração são os valores, pois são insubstituíveis, e o máximo que podemos fazer é reforçá-los”, enfatiza a profissional. A cultura organizacional constitui-se de diversos elementos como: ideologias, valores, normas, crenças, mitos e heróis. Estes são os sujeitos responsáveis pela criação e perpetuação das organizações, fornecem modelos, estabelecem padrões de desempenho e motivam os colaborado res. Os mitos existentes nas empresas reforçam o comportamento, e constroem um conjunto Vanessa Gomes de exemplos concretos de ações administrativas que mantêm presentes a sua filosofia. Toda organização possui normas, e estas são precedidas pelas crenças e valores compatíveis com ela. Entende-se por valores organizacionais o código moral onde são baseadas as ações da empresa. As crenças são os conjuntos de verdades, como exemplo “nós somos os melhores em atendimento”. Os ri- tos são nada mais do que a rotina diária empresarial e, também, as atividades planejadas, às quais são responsáveis por tornar a cultura presente de forma concreta. Diante deste contexto, o relações-públicas tem a função de descobrir a cultura de cada organização, analisando todos os aspectos. Segundo Vanessa, o papel deste profissional é o de identificar problemas de comunicação que estão interferindo na formação de crenças positivas dentro da organização, o que dificulta a comunicação, em especial junto aos funcionários. A importância dessa análise é fazer com que a organização produza um discurso condizente com as ações empresariais. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 11 PROJETO RONDON Arquivo Pessoal Lição de vida e cidadania Nosso colega conta sua experiência no interior de Sergipe RODRIGO VIANA A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul continua cumprindo sua tradição e marca presença em mais uma edição do Projeto Rondon, do Ministério da Defesa. A equipe multidisciplinar que representou a universidade teve a participação de estudantes dos cursos de Administração, Arquitetura, Direito, Engenharia da Computação, Medicina e Relações Públicas. O Projeto Rondon nasceu em 1967, com uma equipe carioca que atuou no estado de Rondônia. A primeira missão, conhecida como Operação Zero, foi inspirada no trabalho do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, militar que chefiou diversas missões demarcatórias de fronteiras. Nesses trabalhos, Rondon aproveitava para prestar serviços comunitários aos indígenas das regiões que visitava. A cada novo Projeto, cidades de diversos pontos do país são escolhidas para receber as equipes provenientes de várias universidades brasileiras. Na edição Centenário da Comissão Rondon, a qual participei em julho desse ano, os municípios escolhidos encontravam-se no estado de Sergipe. A equipe da PUCRS foi destinada ao município de Carmópolis, a 50 km da capital Aracaju. Na pequena cidade sergipana, foram desenvolvidas diversas ações de apoio ao município. As oficinas foram desenvolvidas a partir de um diagnóstico prévio, realizado pelo coordenador da equipe, Raphael Catalogne. Abordaram aspectos de saúde, bem-estar e cidadania. Entre os temas abordados, estavam presentes: educação sexual para jovens; capacitação de professores de séries iniciais para o incentivo da leitura; inclusão social para por- Projeto Rondon: missão de solidariedade e aprendizado mútuo. tadores de necessidades especiais; importância da família na sociedade; hipertensão e diabetes; incentivo ao esporte e relações públicas. Na oficina de Relações Públicas, ministrada por mim, representante da área, e por um colega do curso de administração, abordamos três aspectos: liderança, trabalho em equipe e a importância de uma boa comunicação no ambiente de trabalho. A atividade destinada aos funcionários públicos daquela cidade teve um público relativamente grande. Inicialmente, esperava-se em torno de 15 pessoas, mas a presença de nossa equipe em Carmópolis despertou tanta atenção que deparamo-nos com um público de 64 pessoas. Mais do que apresentar simplesmente o Projeto Rondon, o objetivo maior deste texto é mostrar o que é participar dessa missão de solidariedade e aprendizado mútuo. Ao mesmo tempo em que o universitário conhece e vivencia outra cultura, ele aprende. Aprende a ensinar. Enxerga o ser humano com outros olhos. Vivencia os problemas que a pobreza e a falta de um ensino qualificado causa a uma comunidade. É unânime, na voz dos rondonistas, as oportunidades pessoais que o programa gera. Gisele Jardim, aluna do curso de Direito, afirma que o projeto a fez crescer como ser humano. “Voltei com uma experiência rica e aprendi ainda mais a viver com a diversidade das pessoas e com a miscigenação cultural.” O papel de qualquer universidade é de suma importância nesse contexto. Gabriel Thomsen, estudante da faculdade de Administração, alerta que “a universidade, com o axioma de irradiar conhecimento e igualdade social, é a base do espírito do rondonista”. Gisele destaca o apoio dado pela academia, ao aluno rondonista: “A universidade, nesse projeto, permite ao aluno viver a verdadeira realidade do país, ocasião que sai da sala de aula para viver a interdisciplinaridade”. O Prof. Dr. Edgar Eduardo Erdmann, coordenador geral das atividades de extensão comunitária da PUCRS, define que as instituições de ensino abarcam três grandes responsabilidades: “Apresentar sua postura em um local longe da sua sede, proporcionar ao aluno um estágio de uma realidade brasileira e, por fim, fazer com que a comunidade seja beneficiada por essa ação que os nossos alunos e professores desempenham quando lá estão.” Como participante, corroboro com as opiniões de meus colegas rondonistas. O Projeto Rondon é uma experiência de vida sem igual, permite ao universitário não só conhecer outra realidade, mas também interferir positivamente nela. Aplicar os conhecimentos da sala de aula em prol de uma sociedade mais igualitária. Para Thomsen, ser rondonista “é fortalecer a consciência cidadã e o patriotismo presente em cada um de nós”. Na avaliação da presença da PUCRS no município de Carmópolis, o professor Erdmann destaca que a “atividade da equipe foi muito boa, tanto que o interesse da universidade é de continuar o projeto. Já encaminhamos uma proposta de continuidade do trabalho para Carmópolis, que se mostrou receptiva para que nós venhamos a retornar em janeiro para lá”. 12 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Os degraus do sucesso O Diploma e um destino Recém formado, chega a hora de ir à luta por um lugar ao sol no competitivo mercado de trabalho fOTO fERNANDA fELL/ hIPER Rodrigo Viana e Luciane Padilha Aragon A cada semestre, a academia oferece ao mercado uma nova leva de profissionais sedentos por ocupar seus espaços. Nas Relações Públicas, não é diferente. Com o crescimento desenfreado da concorrência na esfera organizacional, as empresas estão preocupadas não apenas em conquistar consumidores, mas, também, em mantê-los. Outra questão a ser destacada é a da comunicação interna. As empresas tendem cada vez mais a humanizar as relações e enxergar seus funcionários como parte essencial no processo de produção. Com o diploma na mão, é hora desse novo profissional sair em busca de colocação no mercado de trabalho. Marta Busnello Alves, presidente do Conselho Regional de Relações Públicas (CONRERP – RS/SC), destaca que “vivemos um momento de grande valorização” das Relações Públicas. De acordo com pesquisas recentes, é a sétima no ranking mundial das profissões de futuro. “Especialistas em formular e acompanhar estratégias de relacionamento vêm encontrando em gestores de organizações a compreensão sobre a necessidade de comunicação adequada com os inúmeros públicos envolvidos”, observa Marta Alves. Roberto Graad, presidente da Hill and Knowlton Brasil, afirma que pesquisas revelam que 82% dos principais executivos consideram as profissão de Relações Públicas como função da alta cúpula da empresa. O registro profissional é item obrigatório para a execução da atividade. A lei nº. 5377, de 11 de setembro de 1967, que regulamenta a atividade, exige o registro do relações-públicas no Conselho do setor. O Prof. Dr. Fábio França observa que ter um registro em seu conselho profissional é obriga- Frases “Posso dizer que aprendo muito mais com meus alunos do que ensino a eles.” (Helenice Carvalho, professora) “Esse profissional precisa respirar comunicação” (Juliana Correa, aluna formanda de RRPP) ção legal para o exercício da profissão e motivo de orgulho para engenheiros, advogados, médicos, psicólogos, contabilistas, e para outros profissionais. “Você já imaginou essas diferentes categorias exercendo suas atividades sem, por exemplo, o registro do CREA, da OAB, da AMB?”, pergunta. O mercado de trabalho exige um profissional cada vez mais atualizado e com maiores conhecimentos. Ser ousado é também importante para esse novo profissional. França afirma que uma das qualidade é “não concordar de maneira automática com as autoridades.” Multidisciplinar, estrategista, perspicaz, e grande conhecedor do mundo dos negócios são outros requisitos que aumentam as chances de uma boa colocação no mercado. A professora da Faculdade de Comunicação Social da PUC, Glafira Bartz, analisa os pontos positivos e negativos da área: “São pontos positivos a versatilidade da área, expansão da atividade e reconhecimento profissional. Os pontos negativos são o desconhecimento das funções específicos de Relações Públicas, a falta de empreendedorismo por parte dos profissionais, e a imagem do profissional que poderia ser melhor trabalhada”. Helenice Carvalho, também professora da Famecos, aconselha: “Ler muito, estudar sempre e trabalhar de maneira ética, sem se preocupar se está agradando a um ou outro.” Fabiana Begnini, graduada pela Unisinos e Gerente de Comunicação da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), assegura que o futuro das Relações Públicas depende única e exclusivamente dos profissionais e estudantes de RRPP. ”Depende do valor que damos à profissão que escolhemos. Só teremos o respeito esperado das outras profissões quando nos valorizarmos à altura.” Analisa Brum, relações-públicas e diretora executiva da Happy House Brasil – Agência de Endomarketing, destaca que os acadêmicos, além de relações públicas, precisam ser profissionais de Comunicação Social. “Também sugiro que consigam se destacar em algo de vanguarda, como, por exemplo, o endomarketing”, disse. As perspectivas profissionais dos formandos são variadas. Alguns alunos almejam empreender. Eduardo Oliveira, 23 anos, formando em Relações Públicas, em entrevista à RRPP Atualidades revela: “Meu sonho desde que entrei na faculdade é ter meu próprio negócio, que já tem um projeto encaminhado com uma colega. Estamos montando uma assessoria de comunicação”. Oliveira destaca também que “é complicado sair ‘verde’ para o mercado, é sempre bom ter experiência de estágios e empregos anteriores”. Outros alunos, como Juliana Correa, acreditam que “quando se está no término da faculdade, sentimos que falta algo a mais, como um curso ou especialização como complemento do que vimos na graduação. Os dois consideram de extrema importância o conhecimento de outros idiomas, principalmente a língua inglesa. “Assistir palestras e fazer cursos que complementem a atividade também ajuda”, garante Eduardo. Roberto Grad confirma a constante expansão da área: “É por tudo isso que o mercado de relações públicas está crescendo a uma respeitável taxa de 25% ao ano, como especial destaque para as áreas da saúde, tecnologia, relações com investidores e relações governamentais”. Os degraus do sucesso Chegou a hora! Daiane Oliveira e Olívia Falcão O último semestre da Faculdade agrega um “mix” de sentimentos que fazem parte do repertório de preocupação do estudante: a elaboração da monografia e os preparativos para a formatura. Após oito semestres de rotina de estudos, convivência com professores e amizades obtidas, é hora de se despedir da vida de estudante e iniciar uma nova jornada rumo ao mercado de trabalho. Eduardo Oliveira, de 23 anos, um dos formandos de 2007/2, contou algumas das suas histórias e experiências durante os quatro anos de Famecos: Quais os motivos que o levaram a escolher RRPP? No fim do Ensino Médio, eu estava como presidente do Grêmio da minha escola. E foi a partir daí que eu comecei a me envolver com diversos públicos, e por sugestão da diretora do meu colégio fui pesquisar sobre o conteúdo do curso e me interessei bastante. Entrei e até hoje estou apaixonado pela possí- vel profissão. Em algum momento do curso pensou em desistir? Não, nunca pensei em desistir do curso e sempre gostei. A partir do 5° semestre, o curso começa a ficar prático, e aí, sim, começas a ver em que vais trabalhar, qual é função que realmente queres e começas a pegar amor pela profissão realmente. A Famecos oferece estágios em seus laboratórios. Você participou? Eu fiz no LARP, gostei, foi uma experiência legal. Ocorre organização de eventos e ações para a PUC. Foi bastante válido, é uma atividade que faz peso no currículo. Como se qualificar? Sempre é bom assistir palestras, assistir cursos. Fazer línguas para nossa atividade é essencial. O inglês é praticamente a língua materna, é necessário se especializar em mais uma. O tema da Monografia. É o Exército Brasileiro, campo para as Relações Públicas. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 13 Daiane Oliveira Eduardo Oliveira, formando Por que esse tema? Queria um tema diferente dos habituais. E tenho muita curiosidade sobre o Exército Brasileiro, gostaria de ter ingressado no Exército, mas não consegui na época. Como está sendo para preparar a monografia e, posteriormente, enfrentar a banca? A professora Cleusa falou no terceiro semestre que quem não lesse durante a faculdade iria sentir dificuldade no sétimo semestre. Parece que foi uma praga que ela jogou e que funcionou. Se não leres, não terás conteúdo pra escrever. Te sentarás na frente do computador e não vais processar nada. Sobre a banca, se tens segurança do que fizeste, não tem nenhum problema. Defina a Famecos? Para mim, a Famecos é uma faculdade diferente de qualquer outra dentro da PUCRS, até onde conheço. É o pessoal mais alegre e descontraído, mas ao mesmo tempo é sério. Os professores são abertos a qualquer discussão, estão sempre prontos, praticamente uns psicólogos de plantão tentando te ajudar. Quais as perspectivas para o futuro? Meu sonho, desde que entrei na faculdade, é ter negócio próprio, já tem um projeto, tudo encaminhado com uma colega, mas é complicado sair para o mercado ”verde”. Jogo Rápido: Um livro: O Monge e o Executivo, de James C. Hunter Professor que admira: Jaques Wainberg Um autor: Simões Áreas que pretende trabalhar: Marketing, eventos, assessoria Melhor momento na Famecos: Todos Conheça a faculdade especial onde estudamos Nicole Eichenberg Dentro da Famecos há pessoas com diferentes personalidades, cada um seguindo uma tribo, um estilo de vida diferente. Mas, ao mesmo tempo que encontramos tantas diferenças entre esse grupo tão distinto, conseguimos identificar a qual tribo cada um pertence, seja ele de Jornal, PP ou RRPP. Seguem abaixo algumas características que facilitam o reconhecimento de cada grupo. Jornalismo: São sempre os mais sérios (claro, com algumas exceções), observam cada fato que acontece a sua volta, estão sempre com um caderno e um lápis a mão e, claro, todos desde o primeiro semestre, se acham ‘’OS’’ jornalistas. Publicidade e Propaganda: Os mais fashions da faculdade, ousados na maneira de se vestirem. As gurias sempre inovando. Seja com bolsas anos 80, novos visuais e adornos, tudo é motivo de uma foto, um encarte. Relações Públicas: Ah, o RRPP! Esse é identificado de longe. Se veste de uma maneira menos ousada (o que já os diferencia dos PP´s). Ele não observa as coisas e guarda para si. Comunica-se com todos, vive repassando informações, envolvido com eventos e divulgação. Para eles, o mundo gira em torno da comunicação. Hotelaria/Turismo: literalmente estão sempre viajando, pensando em morar fora, trabalhar em um cruzeiro, ou até, quem sabe, ser guia turístico na Disney. Sempre interessados em estudar línguas, afinal de contas... Nunca se sabe onde vai se estar no próximo ano. Isto não acontece apenas dentro da Famecos, esta diferença social existe em qualquer lugar e, Nicole Eichenberg No intervalo das aulas, a integração de todas as tendências observando as pessoas a tua volta, é possível identificar o meio que ela trabalha, pessoas que convive etc. É através dessa divergência que ocor- re o crescimento da humanidade e o surgimento de novas tribos. Ocorre a mutação dos grupos já existentes e assim vão surgindo novos. 14 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Os degraus do sucesso Diego Azevedo Em busca da primeira experiência Bruna Guimarães, Bianca Burmann, Paula Costa e Vanessa Brochier Renata Moreira, estagiária de empresa de comunicação Estágio: a teoria na prática Diego Azevedo, Caroline Osório e Filipe Lima A função do estágio na vida acadêmica é colocar em prática o que se aprende em sala de aula. Assim, pode vivenciar o dia-a-dia da teoria, adquirindo novos conhecimentos. Você não deve esquecer que não é um emprego e, sim, um complemento do aprendizado dos cursos de níveis médio, técnico ou superior. A busca do estágio deve ser feita desde os primeiros semestres. Hoje, existem diversas empresas que fazem a ponte entre universidade e organizações, públicas ou privadas, que têm interesse em abrir uma vaga para estágio. São chamadas de “agentes”, pois acabam sendo recorridas pelas instituições de ensino e atuam com a finalidade de: qidentificar para a instituição de ensino as oportunidades de estágios junto a pessoas jurídicas de direito público e privado; qfacilitar as condições de estágios, a constarem no instrumento jurídico; qprestar serviços administrativos de cadastramento de estudantes, campos e oportunidade de estágios, como de execução do pagamento de bolsas, e outros solicitados pela instituição de ensino; qparticipar, com a instituição de ensino, no esforço de captação de recursos para viabilizar estágios curriculares. O primeiro passo para a busca de uma vaga de estágio é cadastrarse nas empresas vinculadas à sua universidade. O candidato deve conferir as vagas disponíveis e analisar qual se encaixa com seu perfil e horários. Pessoas que já passaram pela experiências sugerem, como sendo o segundo passo, ir às entrevistas e agir com transparência e tranqüilidade. Caso aconteça sucesso na entrevista e o candidato for selecionado, o mais importante é ter pró atividade e relacionar o que se aprende em aula à oportunidade que lhe é dada. Em alguns casos, a atividade não condiz com aquilo que se aprende na academia, mas serve como experiência. Na prática, o estagiário de RRPP pode exercer diversas atividades, desde trabalhos de relacionamento até pesquisas. “Uma empresa que se relaciona com público jovem, por exemplo, contrata estagiários para que exerçam esse relacionamento, por conhecimento e identificação com o segmento”, explica a estudante Renata Moreira, selecionada para uma vaga. Gabriella Fontanella, estagiária de outra empresa de comunicação, diz que lá adquiriu um conhecimento bastante amplo sobre as diversas áreas da comunicação. “Sempre que posso, capto o que está rolando nos diversos departamentos da empresa, para que, assim, eu possa aprender cada vez mais”, revela. O mundo dos negócios está cada vez mais “fechado”. É sempre necessário ter qualidades a mais que o seu concorrente. Todos os universitários devem buscar este destaque em forma de conhecimento. Por isso, a primeira experiência de trabalho tem uma importância fundamental na carreira dos futuros profissionais. Uma das maiores dificuldades dos candidatos ao primeiro emprego/estágio é justamente conseguir essa primeira chance. Muitos lugares já partem exigindo uma experiência anterior. Contudo, não se pode desistir, sempre há uma chance para os que ainda não ingressaram no mercado de trabalho. Os interessados em uma oportunidade podem começar procurando estágios voluntários, nos quais não se obtém ganho financeiro, mas se adquire experiências que acrescentarão ao seu currículo. É possível encontrar na Internet sites com dicas de como deve ser o currículo, como preparar-se para a entrevista, cursos, artigos. Segundo a supervisora executiva do CIEE/RS, relações-públicas Rosângela Deckmann, a aparência ainda é um aspecto relevante na escolha da empresa (sem piercings e tatuagens visíveis). Esses tipos de adornos ainda são relacionados à rebeldia. Uma das dicas que en- contramos é “Falar inglês”. O primeiro quesito analisado, além da formação acadêmica necessária, é o conhecimento de línguas. Multinacionais usam esse item como prérequisito. Quanto maior ou mais especializada em determinado setor, mais necessário é o conhecimento de línguas. Como os Estados Unidos é uma potência mundial, o inglês seria a segunda língua mais indicada. Conhecer ferramentas de informática também pode ser decisivo. A informatização do mundo está presente em qualquer setor do mercado. “Os cursos que apresentam mais oportunidades de estágio, são aqueles com mais alunos, os de administração de empresas e direito. Os que apresentam menos vagas são os de licenciatura como história, geografia, matemática”, diz Rosângela. Tendo essas informações como base, o candidato deve apostar na sua carreira e ir atrás de sua experiência e sucesso profissional. Arquivo Pessoal Dicas de Rosângela Deckmann Aprimoramento de qualidades Caroline Nascimento Para muitos, o estágio é apenas uma forma de amenizar a passagem da rotina estudantil para a profissional, mas esta atividade pode modificar o destino profissional do aluno. Ele aprimora a teoria recebida em sala de aula por meio de situações reais no mercado de trabalho e seu meio. O estágio é parte integrante da formação educacional e profissional do estudante, contudo, existem muitos preconceitos em relação a esta prática. Muitos questionam o grande número de estágios oferecidos pelas empresas, talvez pelo valor da remuneração ser baixo e pela predisposição de trabalhos estritamente operacionais e sem ligação com o curso. Por outro lado, o estágio é visto como a descoberta e o aprimoramento de qualidades. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 As várias faces de Wilson Bueno 15 Foto João Goulart Gomes Ele atua nas áreas de Jornalismo Científico e Comunicação Empresarial Carmem Barcellos, Daiane Oliveira, Glauber Loss e Olívia Falcão O professor Wilson da Costa Bueno, atualmente um dos autores mais adotados em cursos de Relações Públicas, que obteve, recentemente, no evento da Intercom, o título de “Amigo das Relações Públicas”, esteve em encontro com alunos do curso de comunicação social da PUCRS, no último dia 04/10. Extremamente bem humorado, professor Bueno, como gosta de ser chamado, falou durante cerca de 50 minutos aos alunos, sendo ovacionado ao final do evento. Atuante nas áreas de Jornalismo Científico e na área de Comunicação Empresarial. Apresentou argumentos que reafirmaram a importância da comunicação como estratégia nas organizações. A palestra foi iniciada com uma explanação sobre a conceituação de comunicação organizacional e como, na prática, esse conceito é aplicado nas organizações. Ao colocar o viés que separa a prática da teoria, Wilson Bueno diz que muitas empresas não se comprometem com o discurso de comunicação estratégica que é desenvolvido, construindo um processo vazio, já que o profissional de comunicação não possui autonomia para implantar ações e também por não participar no processo de tomada de decisão. “A pressão por resultados imediatos por parte da diretoria dos profissionais envolvidos na comunicação resulta na construção de uma cultura de planejamento não consolidado, desencadeando ações baseadas no empirismo”, com base nesses argumentos, Bueno compara esses profissionais com treinadores de futebol, os quais são pressionados a apresentar resultados dentro de 15 dias. Um ponto peculiar destacado pelo palestrante é a importância de poder contar com banco de dados inteligentes que possuam informações eficientes ligadas às vivências dos públicos. “O objetivo é poder aliar essa ferramenta para produzir estratégias excelentes, já que assim seria possível compreender os hábitos do público-alvo e construir relacionamentos estáveis”. Segundo Bueno, os bancos de dados desenvolvidos dentro dos setores apresentam dados e não informações, que se limitam a relacionar apenas questões primárias como a idade, sexo, cidade, telefone e endereço. “É preciso que as organizações transformem os dados em informações para poder gerar estratégias”, expõe. Comunicação interna Bueno também definiu conceitos de comunicação interna e endomarketing, e a importância de desenvolver ações de responsa- bilidade social que não se limitem a ações pontuais. Dentro dessa perspectiva, criticou algumas organizações, que, no seu entender, praticam ações de responsabilidade social ineficientes, como, por exemplo, o programa desenvolvido pela Ambev, empresa que vende cerveja, e fornece bafômetros para a Polícia Federal e o reflorestamento desenvolvido pela Aracruz Celulose. “Ações desse nível podem ser realizadas por qualquer sujeito, como no caso de políticos que distribuem cestas básicas para comunidades carentes”, comparou. Em sua opinião, é preciso articular conhecimentos, competência e prática. Formular adequadamente os conceitos, desenvolver cenários e projeções de curto, médio e longo prazos e consolidar o planejamento como prática gerencial em comunicação. Para ele, o profissional de comunicação não tem autonomia e não vê seu real papel reconhecido pelas organizações. “Para conquistar o espaço, é importante desenvolver uma visão abrangente, inter - multidisciplinar, ou seja, rejeitar o viés corporativo e a vertigem da fragmentação”, ponderou o palestrante. Wilson Bueno posicionou-se bastante crítico a respeito das organizações e também dos profissionais que tendem a distorcer o papel específico da comunicação no meio corporativo, afirmando que as organizações precisam ter definição e conhecimento detalhado dos públicos de interesse. “ O importante, segundo Bueno é transformar o público-alvo em parceiros, “aumentar as orelhas sem, necessariamente, reduzir a boca, pois as organizações falam muito e não ouvem ninguém”enfatizou. Buscar um novo conceito de mensuração na valorização da pesquisa, enquanto instância de apreensão e desvendamento da realidade, a intuição ajuda, mas não resolve. Deve-se adequar as metodologias ao diagnóstico, auditorias, instrumentos de avaliações. “A organização tem que parar para ver por que tudo está funcionando, olhar o planeta sem esquecer o território e vislumbrar a comunicação como um processo e não como realidade fatiada”, ensinou Bueno. Ele percebe a comunicação como expressão da cultura organizacional e nacional, da economia, da sociedade e devemos saber contextualizá-la. Bueno encerrou sua apresentação com largas críticas a respeito da manipulação de empresas e seus grupos de comunicação. “Por que os empresariais precisam mentir? Aracruz credo, Philip Morris (morre mesmo),” ironizou o palestrante. Críticas que tentam recuperar o sentido do papel da comunicação nas organizações como estratégia, e não para limpar a imagem de alguém. 16 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Perfis Cleusa Scroferneker, Geografia e Comunicação Formada pela Famecos, Cleusa M .Andrade de Scroferneker iniciou como professora de Geografia no curso de Turismo. Lecionou Geografia e Relações Públicas no colégio Protásio Alves. Está na PUCRS há 33 anos. Fez doutorado na área de Comunicação e acredita que é fundamental buscar realizar os seus sonhos pessoais e profissionais. Carmem Barcellos, Olívia Bibiana Falcão, Daiane de Freitas Oliveira e Daiane Reckziegel Idade: 55 anos Filhos: duas filhas Profissão: Professora Área de atuação: Relações Públicas Por que a escolha? Na verdade, eu fiz dois cursos superiores, Geografia, Licenciatura e Bacharelado na UFRGS e Comunicação Social, Habilitação Polivalente na Famecos. Me formei nos dois Cursos em 1973. Em função da minha formação em Geografia, fui chamada para ministrar a disciplina de Geografia do Brasil no curso de Turismo da Famecos em 1974. A minha dupla formação foi o motivo do convite, pois eu conhecia a cultura da faculdade e tinha uma habilitação que estava sendo necessária para o curso de Turismo. Lecionar, sempre foi um objetivo profissional? Não, quando eu terminei o Ensino Médio, no caso o 2º Grau, não era esse o meu objetivo principal, eu queria ser jornalista. Sempre gostei de escrever e sou oriunda do antigo Curso Clássico. Além disso, há uma tradição de família, meu avô é autor de livros, minha mãe escreve muito bem e creio que herdei um pouco desse dom de escrever e gostar de escrever. Acabei, contudo, mudando de percurso, passei a me dedicar ao magistério e abri mão do jornalismo. Essa opção de gostar de comunicação organizacional, quando começou? Eu sou apaixonada por comunicação organizacional. Essa paixão teve início quando comecei a atuar como Relações Públicas. Penso que a minha formação polivalente também contribuiu. Sempre consegui enxergar a comunicação como um fenômeno mais amplo, complexo, tendo a convicção de que não é simples fazer comunicação. Em 78, fui chamada para organizar o primeiro curso de Especialização, no RS, na área de Administração em RP e PP e Administração em Turismo. Coordenei ambos os cursos de 1978 a 1984. Em 33 anos de PUC, já lecionou quantas disciplinas? Umas 15. Na Geografia e na Famecos. Quais são as disciplinas mais marcantes? A minha experiência com Relações Públicas no Curso de Secretário Executivo.Tem sido igualmentemarcante, desde 1997, desenvolver a disciplina de Monografia I nos cursos de Relações Públicas e Publicidade/Propaganda. Nessa disciplina, percebes claramente o amadurecimento do aluno. É gratificante quando chega ao final do semestre e aquele aluno que dizia que não conseguiria fazer o trabalho, realiza um projeto excelente. No que se refere à Comunicação Organizacional, sinto-me gratificada quando os alunos verbalizam em aula, e mesmo fora dela, que acreditam que é uma disciplina importante. Em termos de lazer, o que faz em seu tempo livre? Eu gosto de cinema, de ir a um bar ou restaurante com casais de amigos, especialmente, nos fins de semana. Gosto de praia e também de passear com meu cachorro. Posso afirmar com convicção que o meu cachorro faz parte do meu lazer. Eu não tenho um Hobby. Tenho vários. São coisas que eu gosto de fazer, como por exemplo, ouvir e assistir futebol. Aliás, gosto muito de futebol, não só gosto como entendo e discuto futebol e o principal, sou colorada fanática. Missões pessoais? Tenho várias, eu sou muito ligada à minha família, ela está em 1º lugar . Um dos meus maiores sonhos é poder sempre estar fazendo o que eu gosto, o que eu tenho prazer. Tenho muito prazer em rela- ção à minha atividade profissional. Gosto muito do que eu faço. Penso que todas essas observações são e fazem parte das minhas missões pessoais. Qual a maior realização profissional? O doutorado foi algo que eu almejava. Mas a minha realização se repete a cada aula, tanto na Graduação como na Pós-Graduação. Quando discutimos os conteúdos em aula e sinto que consegui entusiasmar o grupo, passar exatamente a dimensão da complexidade da comunicação e despertar nos alunos a necessidade de reflexão, sinto-me efetivamente realizada. Uma música? Tenho um gosto, eu diria, eclético. Gosto de Simply red, Cleyton e Cledir, sou do tempo dos Almôndegas, também de Jota Quest. Creio que há uma relação entre cada momento e a música. As músicas que me marcam são aquelas que dizem alguma coisa. Mas eu também gosto de música eletrônica, pois gosto muito de dançar. Um dos meus sonhos era ser bailarina. Um comentário sobre a Famecos? É uma relação muito antiga, tenho uma história de vida aqui dentro, como aluna e como professora. A Famecos é uma relação de amor. Cleusa trocou o Jornalismo por Relações Públicas e defende a Comunicação Organizacional RRPP Atualidades/Dezembro 2007 17 Glafira Bartz optou por uma profissão nova Lisiane Lessa Daniela Pereira da Silva Formada pela Famecos, ela começou como monitora do departamento de RRPP e chegou à coordenação do curso. Trabalhou em grandes empresas como Riocell e GBOEX e considera o seu trabalho um grande aprendizado. Nome: Glafira Bartz Formação: Comunicação Social – Relações Públicas (Famecos – PUC-RS) Primeiro Emprego: Fui monitora do Departamento de Relações Públicas na Famecos e logo depois fui trabalhar na Riocell. Por que escolheu RRPP? Porque no final da década de 70 era uma profissão nova e apresentava boas perspectivas. Pontos positivos e negativos da profissão: São pontos positivos a versatilidade da área, expansão da atividade e reconhecimento profissional. Os pontos negativos são o desconhecimento das funções específicos de Relações Públicas, a falta de empreendedorismo por parte dos profissionais, e a imagem do profissional poderia ser melhor trabalhada. Quando iniciou na PUC? Em 1977. Indicação de leitura: Todos os livros de RRPP, também Mário Rosa e Roberto de Castro Neves. Empresa que mais marcou sua vida profissional? Não tenho como citar só uma, pois todas as empresas foram importantes na vida profissional. Trabalhei na Riocell no período de transição da Borregaard para Riocell, GBOEX e PUC. Mas de todas a PUC, com certeza. O que faz nas horas vagas? Curto a família e vou à praia. Local para estar agora: Praia Fato marcante: Coordenação do Curso de Relações Públicas na Glafira gosta do que faz e se relaciona bem com os alunos PUC, no período de 1997 à 2001. Livros publicados: Escrevi o capítulo I do livro “Memória das Ciências da Comunicação no Brasil: o grupo gaúcho” e estou trabalhando no capítulo sobre opinião pública do volume II do livro “Relações Públicas: Quem sabe faz e explica”, Caso de amor de Fabiana Begnini Emília Adams Hilgert Fabiana Begnini, graduada em Relações Públicas pela Unisinos e Gerente de Comunicação da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) desde janeiro de 2006, falou um pouco de sua vida de RP. Nome: Fabiana Begnini Idade: 29 anos Naturalidade: Porto Alegre Marido/Filhos: Não Qual a sua marca pessoal? Coragem. Qual a sua vocação? Lidar e manter contato com as pessoas. Qual seria o convite irrecusável? Viajar é sempre um convite irrecusável... Qual o seu animal preferido? Cachorros. Qual o seu time do coração? Grêmio. Qual a lembrança mais agradável da sua infância? O dia em que finalmente ganhei uma Barbie. Que livro mais cita? Depende da ocasião. Mas, gosto bastante de citar Pablo Neruda. Que filme você sempre quer rever? Cidade dos Anjos. Que tipo de música acalma você? Qualquer uma do Nirvana. O que você assiste na TV? Gosto bastante de seriados. O que te faz relaxar? Um banho bem demorado. O que te dá dor de cabeça? Música eletrônica. O que te emociona? As coisas simples da vida ou tudo aquilo que não se pode comprar. O que você gosta de fazer em um dia de chuva? Ficar embaixo das cobertas. Quem (ou o quê) mais marcou a sua vida? Três pessoas que fizeram parte da minha infância e que, infelizmente, não estão mais comigo. Meus irmãos - Luiz Henrique e Carlos Alberto e minha dinda – Rosa. Se tivesse mais tempo, o que gostaria de fazer? Nossa! Várias coisas... veria mais meus amigos, iria mais ao cinema, voltaria a fazer teatro, aprenderia a tocar piano e bateria, iria à academia... Se ganhasse uma viagem, escolheria que destino? Itália. Em que outra profissão consegue se imaginar? Uma vez pensei em fazer jornalismo... Uma pessoa que admira. Minha mãe - Anair. Um gosto inusitado. Batata doce com sal (risos). Um hábito que você não abre mão. Plantar. Um elogio inesquecível. Quando os avaliadores do meu TCC disseram que meu trabalho estava ótimo e que não tinham perguntas para fazer. Um sonho pessoal. Fazer mestrado Um sonho profissional. Ser professora universitária Um sonho de consumo. Uma casa com vista para o Guaíba, com uma varanda para tomar chimarrão nos finais de tarde. Por que escolheu Relações Públicas? Eu sempre me interessei pela área da comunicação. Na época do vestibular fui atrás dos dois cursos que mais me chamavam atenção: RP e Jornal. Escolhi RP, pois era mais completo e abrangente. Quais as suas perspecti- que está previsto para 2008. Projetos de vida: Continuar trabalhando com meus alunos na Famecos. Balanço profissional: Muito positivo, porque faço aquilo que gosto e me relaciono com alunos de diversos perfis. Arquivo Pessoal vas em relação as RRPP para o futuro? Acho que o futuro da profissão depende única e exclusivamente de nós, profissionais e estudantes de RP. Depende do valor que damos a profissão que escolhemos. Só teremos o respeito esperado das outras profissões quando nos valorizarmos a altura. Temos que nos mobilizar, participar mais ativamente no Conrerp, mostrar para as pessoas a importância das Relações Públicas. Que conselho daria aos alunos de RRPP? Diria para eles se apaixonarem... 18 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Endomarketing, um novo mercado Uma oportunidade fantástica para os profissionais de Relações Públicas Graziela Freitas Analisa de Medeiros Brum, formada em Relações Públicas, trabalha com a Comunicação Social há mais de 20 anos. Também estuda e escreve sobre marketing interno e este ano lançou seu sexto livro: Endomarketing de A a Z, pela Editora Doravante. Ela afirma que hoje se considera uma pequena empresária, pois a cada dia aprende algo novo. Em 2000, criou a Happy House Brasil, primeira agência de propaganda interna do país. A empresa se responsabiliza pela produção e implementação de todos os canais, instrumentos e ações de comunicação que as organizações venham a ter com os seus públicos internos. Para isto, é preciso fazer uso do endomarketing, que permite pesquisar, diagnosticar e aprofundar questões internas, para então planejar estratégias de comunicação capazes de fortalecer o relacionamento das empresas com os seus colaboradores. O Endomarketing é um mercado que está apenas começando. “É uma oportunidade mara- vilhosa para os profissionais de Relações Públicas, onde aquele que realmente se especializar e aprofundar-se no assunto, sempre terá trabalho, pois as organizações estão demandando muito este tipo de Analisa Brum serviço”, diz Analisa Brum. Na Happy House, há as três modalidades da área da Comunicação Social trabalhando juntas. Há relações-públicas atuando em atendimento, de publicitários em criação e produção e jornalistas realizando trabalhos editoriais, pois a empresa produz informativos internos para as organizações que usufruem de seus serviços. “Hoje as grandes empresas possuem milhares de colaboradores e os seus gestores sentem que é imprescindível obterem processos estruturados de comunicação e de marketing interno. Por isso, acabam procurando as agências de endomarketing, para então conseguirem organizar a comunicação interna do local que administram”, explica Analisa Brum. Ela vê os empresários hoje como pessoas modernas, arrojadas, sensíveis e preparadas para lidarem com o público interno. Para atuarem neste quadro, os relações-públicas, em sua opinião, devem se posicionar como especialistas em algo de vanguarda, como o Endomarketing, por exemplo. Organização e motivação nas empresas Arquivo Pessoal Cláudia Irene Aguiar Stricher Endomarketing pode ser definido como o conjunto de ações focadas no público interno e tem como objetivo maior conscientização dos funcionários e gerência para a importância do atendimento de excelência ao cliente. Seria mais apropriado pensar no funcionário como um colaborador, estimulando a sua participação e, mais ainda, entregando a ele parte importante no processo de tomada de decisões. Endomarketing tem sido utilizado como comunicação interna e perdendo todo o sentido original. Chegou a ser utilizado como uma forma de comandar funcionários para o atendimento ao cliente. Atendentes submissos, prestativos e risonhos acrescentam pouco, se a intenção é apenas estimular as vendas. A responsabilidade social não pode se resumir a estas ações: a empresa precisa se comprometer. Neste contexto, comunicação exerce um extraordinário poder para o equilíbrio, o desenvolvimento e a expansão das empresas. De acordo com Karine Damiane, uma das responsáveis pelo setor de Marketing da Fiat San Marino, o endomarketing, além de ser uma forma de utilizar os meios de comunicação, é também a preocupação com as questões motivacionais. Há o Karine Damiane San Marino News (informativo interno) e treinamentos junto à uma consultoria de recursos humanos. Campanhas de reciclagem também são constantes. Através de sugestões, e o próprio contato pessoal, os funcionários podem se relacionar diretamente com a empresa. “O setor de Marketing procura não criar distâncias, mesmo sendo integrado à diretoria, pois todos possuem um objetivo comum”, assegura Karine Damiane. São escolhidos através de votação funcionários para participar da CIPA, contra acidentes de trabalho. Todos colaboradores são identificados através de crachás e vestem uniformes, o que de certa forma transmite boa imagem pessoal. Um calouro chamado Vida Urgente Daiane de Freitas Oliveira e Olívia Falcão No dia 20 de maio de 1995, o jovem Thiago de Moraes Gonzaga, de 18 anos, assim como muitos adolescentes costumam fazer, deixava uma festa em companhia dos amigos. Sentado no banco de trás, o carro onde estava bate, fatalmente, em um container entulhos que estava colocado de forma irregular na rua. A partir da morte de Thiago, o casal Régis e Diza Gonzaga decidem criar uma Fundação que leva o nome de seu filho, com objetivo de conscientizar outros jovens sobre a valorização da vida e da importância de não misturar álcool com direção, através de ações sociais realizadas por voluntários. Sair e dar uma volta no carro, isso implica em lazer e diversão, mas estes veículos são responsáveis por milhões de acidentes fatais ou que deixam a vítima marcada para sempre. A culpa pode ser da falta de manutenção do carro, defeitos de fabricação, problemas com sinalização das ruas ou buracos. Mas na verdade, a falta é, na maioria das vezes, do motorista, seja pela imprudência ou pela direção ofensiva. Os acidentes de trânsito são a terceira causa de morte no país, perdendo para as doenças cardiovasculares e o câncer. Para conter essa epidemia dramática é preciso investir em campanhas educativas e preventivas para alertar os motoristas da necessidade de uma direção consciente. A convite da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (PRAC), desde o dia 5 de junho a PUC abriga um núcleo do Vida Urgente, localizado no prédio 8. É a primeira vez que a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga assina um convênio com uma Universidade. Os interessados em se tornar voluntários da Campanha Vida Urgente podem se inscrever através do site, no núcleo presente na Universidade ou irem pessoalmente na Fundação, localizada na Rua Botafogo 918. Carolina Saffer, funcionária do núcleo da PUCRS e também estudante de Relações Públicas, relata que a procura pelo trabalho voluntário está atendendo as expectativas esperadas pela Fundação. “Sua localização no campus possibilita que pessoas que possuem interesse em realizar voluntariado, mas não têm tempo de procurar um órgão específico, podem agora concretizar essa vontade”, destaca. A primeira atividade implantada pela Fundação foi o Madrugada Viva, que durante esses sete anos já alcançou a marca de 2.500 jovens inscritos, somente na Região Metropolitana. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 TECNOPUC Promove experiências profissionais e oportunidades aos acadêmicos Caroline de Ávila Nascimento O Parque Tecnológico se estabeleceu na Universidade com o objetivo de aproveitar a capacidade científica e técnica dos pesquisadores e alunos, ampliando signitivamente às áreas de pesquisa e inovação, atraindo assim empresas para trabalhar em parceria com a PUCRS. De acordo com a Assessoria de Imprensa do Parque, nos quatro anos de existência já passa- ram 40 empresas, entre essas Dell, HP, Microsoft, Stefaninni, Tlantic e outras, gerando 2,5 mil postos de trabalho. O Tecnopuc possui 5,4 ha e é parte integrante do campus da PUC, que acolhe 32 mil estudantes. As empresas instaladas no Parque já promoveram 70 projetos de pesquisa e desenvolvimento, envolvendo 60 pesquisadores, 162 alunos de mestrado e 202 de graduação. O Tecnopuc permite a existência de uma sinergia positiva entre o meio Fotos Divulgação Incubadora multisetorial de base tecnológica Raiar, inaugurada em 2003 acadêmico e o empresarial, oportunizando aos alunos a realização de estágios e atividades práticas que promovam o crescimento acadêmico e profissional. O Tecnopuc é uma porta de entrada no mercado de trabalho que está a poucos metros da sala de aula. “A existência do Parque facilita o início da vida profissional qualificada, pois as empresas instaladas aqui trabalham com tecnologia de ponta”, comenta Edemar de Paula, Gerente de Relacionamento da Agência de Gestão Tecnológica. Pelo Parque há muitos jovens, alguns estão dando os primeiros passos, com estágios ou bolsas de projetos oferecidos pelas empresas instaladas. Adriana Barcellos, estudante do 4° semestre de Administração da FACE, é bolsista há um ano na Incubadora de Empresas Raiar, trabalha dando suporte administrativo e gerencial a novos empreendimentos. “Meu lado empreendedor está sendo lapidado pelo contato diário que mantenho com os empresários”, diz a aluna. Muitos acadêmicos, que partem de disciplinas práticas, dão continuidade a seus projetos construindo Planos de negócios e lançando seu próprio empreendimento. Este é o caso do ex-aluno Rafael Krug, que inicou como bolsista e atualmente já ocupa lugar de destaque do painel de empreendedores da PUCRS. Rafael aproveitou a oportunidade que surgiu na universidade para criar a Zero Defect, empresa especialista em teste de softwares e hoje possui uma equipe composta por 50 profissionais e tem clientes como HP, Sonae, Tlan- 19 O Tecnopuc é referência nacional pelo desenvolvimento de pesquisas e inovação tic, Terra e Hoplon. Os universitários transformam sua criatividade em um diferencial. Encontram apoio dentro do Parque desde a fase inicial, com o Instituto Idéia, onde podem incubar seus projetos de pesquisa, até o Núcleo Empreendedor, que dá suporte à criação de novas empresas. O Parque ainda conta com a Incubadora Raiar que instala e apóia o desenvolvimento de empresas de diversos setores, mas, principalmente, as de base tecnológica. “A incubação de empresas existe para que idéias inovadoras e promissoras não sejam desperdiçadas e para que alunos de boas idéias tornemse empreendedores de futuro”, comenta Marinês Audy, encarregada da Raiar. A previsão do Tecnopuc é que em 2010 o Parque seja reconhecido internacionalmente por seu desenvolvimento tecnológico, mas acima de tudo pela inovação trazida para o meio acadêmico, consolidando, assim, a busca constante por desafios e investimentos. Atividades complementares: benefício obrigatório Daniela Silva Desde março de 2005, os alunos da Famecos possuem nova tarefa para conclusão do curso: a realização de atividades complementares. Com a troca de currículo, a Universidade optou por inserir essa exigência, visando beneficiar o aluno. O novo currículo de comunicação social prevê a realização de 150 horas de atividades complementares, conforme regulamento geral: “São consideradas atividades complementares aquelas que, guardando relação com conteúdo e formas de atividade de cunho acadêmico, representem instrumentos válidos para o aprimoramento da formação básica dos futuros profissionais da Comunicação Social, Turismo e Hotelaria.” A idéia é adicionar ao currículo do aluno um conteúdo diferencial, para que ele não fique apenas com o conhecimento padrão do curso. Para isso, a faculdade dá autonomia na escolha. O regulamento abrange diversos tipos de atividade, deixando o aluno livre para escolher. Entre as opções de atividades complementares estão desde cursos, até publicação de artigos e participação em palestras. A PUC oferece diversos cursos de extensão, basta o aluno definir quais suas áreas de interesse. Porém, também é possível cumprir as exigências do currículo, participando de palestras e oficinas, atuar como monitor de disciplinas, estágios não- obrigatórios, ações comunitárias. “A exigência das Atividades Complementares incentiva os alunos a buscarem novos conhecimentos dentro da sua área, além do que já é oferecido pela Faculdade”, explica Patrícia Costa Baptista, responsável pelo processo de Atividades Complementares da Famecos. Segundo ela, é importante entender que a exigência dessas 150 horas como um benefício para o aluno. “Antes, eles saíam do curso sem um diferencial”, compara. 20 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Dudu Leal/Divulgação Marketing Cultural em crescimento Orquestras Sesi/Fundarte, patrocinada pelas empresas Memphis S.A e John John Deere do Brasil, em Concerto no Teatro do Sesi Fabiano Bonella Marketing cultural é uma área que está em pleno crescimento no país. As organizações, através das leis de incentivo fiscal, cada vez mais investem em arte, beneficiando-se institucionalmente e contribuindo para a oferta cultural. A atividade contempla toda a ação de marketing que usa a cultura como veículo de comunicação para difundir o nome, produto ou fixar a imagem de uma empresa patrocinadora. As grandes empresas já despertaram para ações de marketing cultural. De acordo com pesquisa realizada pela revista Marketing Cultural Online, das dez maiores investidoras em cultura em 2006 – Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás, Companhia Vale do Rio Doce, Bradesco/ Matriz, BNDES, Bradesco Previdência, Telemar, MBR (Mineração Brasileira Reunidas) e Gerdau – cinco tiveram como favorito o segmento de música. A campeã em investimento no setor, a Petrobras, foi a que mais apoiou projetos em todos os segmentos. Ela financiou 600 projetos em 2006. Dos 452 pesquisados pela revista, 130 foram da área de música; 71, Patrimônio/Restauração; 54, Cinema; 43, Museus; 40, Exposição/ Mostra; 28, Dança; 27, Livro/Revista/Catálogo; 24, Teatro; 9, Prêmios; 8, Circo. Os projetos que mais receberam verba da Petrobras foram o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz (R$ 5,6 milhões) e a preservação do Sítio Histórico de Olinda (R$ 4,8 milhões). As pequenas e médias empresas precisam ser acordadas para esse setor. São poucas as que conhecem as leis de incentivo e sabem dos benefícios que se tem ao investir em cultura. Dedé Ribeiro, pós-graduada em produção cultural pela Universidade de Paris I / Sorbonne e diretorasócia da Liga Produtora, diz que as empresas estão em diferentes estágios, dependendo de seu tamanho, sua carga tributária, nível de informação sobre marketing cultural ou sua localização geográfica. “Temos, desde empresas que desconhecem os benefícios das leis e o marketing cultural como um todo, até aquelas que já transcenderam a utilização como simples publicidade e agora trabalham na formação de público, muitas vezes através de institutos e fundações culturais”, explica. Outro caminho interessante são os projetos culturais ligados à ação comunitária, social, educativa e ambiental, que “têm sido recebidos com muita simpatia, tanto pelas empresas como pelo público”, segundo ela. “Quem começa agora a trabalhar com gestão cultural ou produção de eventos vai encontrar muitas possibilidades interessantes e criativas, embora já encontre um mercado mais competitivo que há alguns anos”, observa Déde Ribeiro. Ela diz que “o Brasil é ainda bastante deficiente em cursos de formação nesta área, portanto a maior parte dos profissionais se forma no pró- prio mercado, sem muito embasamento teórico. No entanto, a demanda do mercado já faz prever também a criação de cursos especializados”. Outro dado importante é que, “na cultura, a possibilidade de trabalho informal é muito grande (empregos sem vínculo ou projetos independentes), fazendo com que a criatividade e a competência individual possam ser valorizadas”, finaliza. Contraponto Há também quem conteste esse crescimento no setor. Um deles é Júlio Zanotta, ganhador de edição do prêmio “Líderes e Vencedores” na área de Marketing Cultural, concedido pela Assembléia Legislativa e pela Federasul. Atualmente se dedicando à literatura e à dramaturgia, ele reconhece o desenvolvimento no setor ocasionado sobretudo pelas leis de incentivo. Em sua opinião, contudo, com o surgimento das leis de incentivo,o Estado colocou a função de controlar a cultura nas mãos das empresas. “Para elas, a arte têm que ser asséptica, cloroformizada, ela não pode ser contaminadora”, critica. Observa que as empresas dificilmente apoiarão projetos que gerem controvérsias na sociedade. “Assim as leis de incentivo, embora tenham contribuído para fomentar o setor, acabaram com a grande arte no Brasil”. Diante do quadro, ele é cético: “Estamos num momento de total falta de renovação, não há nada de novo, nada crítico. É um momento de omissão, de vazio cultural geral”. RRPP Atualidades/Julho 2007 Andressa Vargas Griffante/ Hiper O indispensável apoio das empresas públicas e privadas Criadora e diretora do Conservatório de Música de Montenegro durante 11 anos, mais tarde transformado em Fundação Municipal de Artes de Montenegro, Therezinha Petry Cardona foi sua diretora -executiva por mais 16 anos, perfazendo um total de 27 anos à frente da Instituição. Atualmente é Diretora Executiva da Orquestra Sesi/Fundarte e produtora cultural. (Fabiano Bonella) Therezinha Petry Cardona Como você vê a cultura no Brasil hoje? Se falarmos em âmbito geral, sem nos ater a segmentos, devido a sua riqueza e diversidade de expressões está bem, especialmente a cultura popular. As ações do Governo estão mais voltadas à cultura popular do que à acadêmica, ou à uma cultura geral que envolva todas as áreas das artes e os recursos destinados para tal são pequenos. O problema é que a massificação compromete muitas vezes a qualidade e esse é o ponto fraco em nosso País. Quais os desafios e as dificuldades para se trabalhar a cultura em nosso país? Devemos estabelecer duas matrizes: o produtor e o financiador. Na música, o grande desafio do produtor é apresentar um projeto cultural voltado para a música mais elaborada, não comercial, música de orquestra e afins, para competir com outras de grande apelo popular, que envolve as massas, como o nativismo que, em nosso caso particular, empolga os gaúchos. O mesmo acontece na dança. Nas artes plásticas, literatura e teatro não há essa bifurcação de vertentes. A qualidade dos projetos, também, ainda deixa a desejar, pouco criativos, sem iniciativas diferenciadas, sem objetivos educacionais e culturais, pensando num aprimoramento cultural do povo, mas somente visando o entretenimento momentâneo, sem conseqüências futuras. O financiador, por sua vez, resiste a apoiar projetos que não envolvam a grande mídia e as massas. As principais preocupações são o custo e o público. Salvo raras exceções, não interessa se o projeto be- neficiará o povo numa visão ampla de educação, cultura e qualidade de vida. No geral, desconhece as Leis de Incentivo à Cultura e tem receio às fiscalizações estaduais e federais. Quais características devem ter aqueles que pretendem trabalhar com produção cultural? Perseverança, liderança, conhecimento das Leis de Incentivo, circulação nos meios empresariais, uso correto da linguagem tanto escrita quanto verbal, domínio das formas de elaboração e produção de projetos, apresentação pessoal e postura. Há espaço para quem deseja trabalhar com a cultura? Há muito que fazer na área cultural do País, mas deveria haver uma conscientização por parte dos Governos federal, estadual e municipal junto aos meios de comunicação, sensibilizando as pessoas físicas e jurídicas a investirem na cultura. As leis de incentivo à cultura estão sendo usadas de forma adequada para democratizar a cultura? Muitas vezes, não. Democratizar a cultura não significa levar ao povo produtos culturais sem qualidade, mas dar acesso a todas as manifestações artísticas, sejam elas populares ou eruditas. O que torna popular a arte/cultura é o conhecimento dela pela população. Um comentário sobre o cenário de marketing cultural. É uma área nova e está crescendo. Deveria haver cursos de Especialização especificamente nessa área do conhecimento, mesmo porque há muita improvisação. 21 Obras radicais e inquietantes desafiam imaginação do público Bienal do Mercosul reúne 61 artistas Juliana bianchessi Bienal do Mercosul nasceu da necessidade de articulação cultural e artística que há muito vinha tentando efetivar-se de forma duradoura. É uma história de visionários e empreendedores. Patrocinadores, curadores, colaboradores, produtores, profissionais da área e artistas participantes têm papel fundamental na construção de uma das maiores iniciativas no campo das artes no país e na América Latina. As primeiras ações em direção ao que hoje se constitui na Bienal do Mercosul foram iniciadas em maio de 1994, pela produtora cultural Maria Benites Moreno, que elaborou um anteprojeto para uma Bienal do Cone Sul. Sua intenção era dar visibilidade à produção latinoamericana. Ao mesmo tempo, um grupo de artistas formado discutia novas possibilidades de intercâmbio entre a América Latina. Embora os dois movimentos não estivessem ligados, o projeto acabou ganhando uma dimensão pública. Mas o início, de fato, do processo de constituição da Bienal realiza-se em março de 1995, na residência do empresário Jorge Gerdau Johannpeter. Lá se reuniram o Governador do Estado, o Secretário de Estado da Cultura e outras autoridades, com artistas, colecionadores, empresários e representantes dos setores culturais, que lançaram a proposta de fazer uma Bienal de Artes Visuais. Em 1996, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul aprova a criação de uma lei de incentivo à cultura, que foi regulamentada em maio de 1997, permitindo a realização da primeira Bienal do Mercosul, em setembro deste mesmo ano. Em onze anos de existência, a Fundação Bienal do Mercosul realizou cinco edições da mostra de artes visuais. No ano de 2007 conta com 61 artistas com três tipos de mostras (conversa, Zona Franca e Três Fronteiras). A exposição se estende de 1° de setembro até 18 de novembro, A entrada principal da Bienal Mercosul está montada entre os armazéns A3 e A4. As exposições ainda estão montadas nos armazéns A5, A6 e A7, Museus de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) com mostras Monográficas dos artistas Francisco Matto e Öyvind Fahlström e no Santander Cultural também com a Mostra Monográficas do artista Jorge Macchi das 9h às 21h, de domingo a domingo, com entrada franca. 22 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 LIVROS Gabriela de Oliveira/Hiper Hohlfeldt, o patrono da Feira Rodrigo Viana O jornalista, escritor, crítico literário e professor da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS Antonio Hohlfeldt foi o Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 2007. Professor na graduação, mestrado e doutorado da Famecos, a última obra que Hohlfeldt escreveu foi A Aventura Aventurosa de Acanai Contra a Grande Cobra Sucuri na Terra sem Males, livro infanto-juvenil lançado em 2006. O Patrono da Feira já foi vice-governador do Estado, entre 2003 e 2006. Hoje, dedica-se ao magistério, onde, na graduação da Famecos, leciona as disciplinas de Leituras em Jornalismo e Teorias da Comunicação. Também é docente no Pós-Graduação. Hohlfeldt concorreu ao título com outros dez nomes da cultura gaúcha: Airton Ortiz, Carlos Urbim, Charles Kiefer, Fabrício Carpinejar, Jane Tutikian, Juremir Machado da Silva, Luís Augusto Fischer, Luiz Coronel e Paulo Flávio Ledur. A escolha foi feita por representantes da comunidade cultural, ex-patronos, diretores da Câmara Rio-Grandense do Livro e pelas universidades, em votação na Câmara do Livro. Professores autografam livro na praça Carolina Faraco,Juliana Pesente e Kely Bastos Professor da Famecos homenageado pelos intelectuais gaúchos Carolina Ramos Eckert Souvenir coordena coleção comemorativa ao aniversário Há mais de meio século a cidade promove um dos principais eventos culturais do País. Iniciouse dia 26 de outubro a 53ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. Durante duas semanas movimentou o mercado editorial e incentivou o hábito de ler. A Feira ocupou o espaço tradicional da Praça da Alfândega, mais o Memorial do Rio Grande do Sul, a Casa de Cultura Mario Quintana, o Santander Cultural, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e o Cais do Porto. Além das tradicionais bancas de livros, ofereceu uma programação completa, envolvendo eventos para escolas, sessões de autógrafos, palestras, oficinas e apresentações artísticas Um dos espaços que chama a atenção de quem visita a Feira é o Pavilhão Central de Autógrafos, onde autores dos mais diversos livros realizam sessões de autógrafos. No sábado, 27 de outubro, foi a vez dos professores e autores do Livro “Relações Públicas: quem sabe, faz e explica” participarem de uma prestigiada sessão coletiva de autógrafos da Feira. “Quem sabe,faz e explica” marca 40 anos do curso da Famecos Carolina Brenner, Ceia Ramos Eckert e Evelyn Piccoli O primeiro volume da Coleção RP, que comemora os 40 anos do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social, foi lançado pela Editora da PUCRS: “Relações Públicas: Quem sabe, faz e explica”, com a organização da professora Souvenir Maria Graczyk Dornelles. Há conteúdos de seus colegas Ana Maria Walker Steffen, Cláudia Peixoto de Moura, Cleusa Scroferneker, Helenice Carvalho, José Fernando da Silveira, Lea Denise Senger Jacobus, Neka Machado e Roberto Porto Simões. “Como o título sugere, a obra relaciona a prática ao ensino da atividade”, explica Souvenir. O livro possui nove textos com o objetivo de comemorar as quatro décadas do curso. Marca, também, o início de uma produção própria. Será lançado outra obra relacionada à área de Relações Públicas no início do próximo semestre, com a proposta de continuar abordando os temas que fazem parte de RRPP. Esta coleção comemorativa terá quatro volumes, dois para o ano que vem e um outro para o começo de 2009. Outros professores do curso estão sendo convocados a colaborar. “Pensamos em criar uma linha editorial exclusiva para o curso, marcando os 40 anos. A área necessita obras que tragam uma nova inspiração”, enfatiza a coordenadora do Departamento de RRPP da Famecos, Souvenir Dorneles. O livro, assim como todas as publicações da Edipucrs, pode ser encontrado nas principais livrarias ao preço de R$ 25,00, ou através do site www.pucrs.br/edipucrs. RRPP Atualidades/Dezembro 2007 23 Foto Divulgação Entrevista/ Mônica Leal Secretária da Cultura quer preservar raízes gaúchas A secretária estadual da Cultura, jornalista e vereadora (PP) Mônica Leal, concedeu entrevista exclusiva à revista RRPP Atualidades. Discorreu sobre sua vida particular, os filhos, o pai militar e político, sua passagem pela Famecos, onde se formou em Jornalismo, e seu ingresso na política. Defendeu também sua gestão na Secretaria da Cultura e sua preocupação em preservar as raízes gaúchas. Ela casou muito jovem e começou a trabalhar em 1980 no ramo de confecções. “Resolvi trabalhar para ser independente, pois sempre acreditei que a independência emocional está diretamente ligada à financeira”, explicou. Seu ingresso na política é uma herança paterna. Depois de quatro mandatos como deputado estadual, pela Arena e PDS, o coronel do Exército reformado, Pedro Américo Leal, ex-chefe de Polícia durante a ditadura Militar, não se reelegeu. “Depois de alguma insistência, consegui convencê-lo a se candidatar e vereador, em 1992. Coordenei sua campanha vitoriosa e assumi como sua assessora na Câmara de Vereadores”, conta. Após sucessivas reeleições, o polêmico e incisivo Pedro Américo Leal anunciou de surpresa, em um programa de televisão, em 2004, que estava abandonando a vida pública e sua sucessora seria a filha Mônica Leal. Nem ela soube antecipadamente de sua decisão. Depois de dois anos como vereadora de Porto Alegre, Mônica Leal foi “convocada” pelo Partido Progressista a disputar o Senado, em 2006. Fez uma campanha defendendo a segurança pública, bandeira histórica de seu pai. Foi um fato novo na campanha e apesar de não ser eleita, conquistou a expressiva soma de 854.700 votos, credencial suficiente para assumir uma Secretaria no governo de Yeda Crusius, que defendeu durante a campanha. Confira suas idéias: Daiane Reckziegel e Juliana Bianchessi Quais são os principais valores do Rio Grande do Sul? O gaúcho é um povo aguerrido que tem orgulho do seu passado, que no presente cultua suas tradições e costumes, para no futuro não ver diluídas sua história e sua identidade. O valor maior é justamente a manutenção do legado cultural e histórico adquirido, e isso se mostra nas inúmeras iniciativas, eventos, programas e projetos desenvolvidos em todo o RS e que comprovam e divulgam nossa cultura e costumes. A tradição gaúcha está presente nos projetos culturais? Carregamos tradições e valores, que aparecem dentro de inúmeros objetivos de projetos culturais, tendo eles ligações com temáticas tradicionalistas, históricas, regionais ou não. Temos exemplos de peças de teatro contemporâneas, feitas por grupos jovens, que tem papel educativo divulgando a história do RS; de exposições itinerantes de arte gaúcha atual; de literatura, de dança, de música, que estão sintonizadas com seu tempo, mas de alguma forma traduzem nossa identidade gaúcha, pois são feitos e realizados aqui. Quem são os principais colaboradores e incentivadores da cultura no Estado? A Lei Estadual de Incentivo à Cultura é um deles. Através dela, o governo estadual autoriza a aplicação da renúncia fiscal. Esse valor, 0,5% da receita líquida do ICMS, é aplicado em projetos culturais. Nossas estatais são fortes aliadas da cultura e parceiras das ações da Secretaria; também a iniciativa privada, com várias empresas gaúchas, que se beneficiam da renúncia fiscal. Qual a ligação entre segurança pública e cultura? Mônica entrou na política pela mão do pai Pedro Américo Leal A segurança sempre foi minha bandeira. Todo e qualquer cidadão de bem deve receber do Estado, a segurança, e isso até então não estava sendo priorizado pelas autoridades. Meu objetivo tem sido trabalhar nessa área, e sei que posso fazer isso na Cultura, por outra svias, já que ao assumir a Secretaria deixei claro que trabalharíamos a inclusão social através da cultura. Sabemos que a prevenção é fator preponderante para diminuir a criminalidade. Quanto mais próximos nossas crianças e jovens estiverem da cultura, mais distantes estarão da violência, e é isso que tenho feito como secretária, incentivando projetos que popularizam a cultura. Sua visão de cultura? É a nossa história, identidade e memória. A Cultura tem que ser vista de forma ampla, inclusive sendo pensada como retorno econômico, relacionada diretamente com a Educação e com o Turismo, que na minha opinião, giram em função da existência da cultura. A Capital e o RS poderiam investir mais em cultura? A Prefeitura de POA e o Governo do Estado cumprem seu papel no momento em que oferecem o Fumproarte e a LIC, respectivamente. Podemos ser parceiros de inúmeros projetos. Disponibilizando esses mecanismos, cabe aos produtores e comunidade cultural adequarem seus projetos. Independente dos financiamentos locais, apoios a projetos culturais também chegam através da lei federal do Ministério da Cultura e de empresas que dispõe percentuais de importo a propostas culturais. Como será o apoio do Banrisul à Cinemateca Paulo Amorim? A viabilização do funcionamento das salas sempre esteve entre as prioridades da Secretaria de Estado da Cultura e se trabalhou exaustivamente para encaminhar positivamente esta questão. A Cinemateca, durante os meses que ficou sem o patrocínio, sempre contou com o respaldo da Secretaria, que assumiu todas as despesas da instituição que eram passíveis de serem pagas através de empenho, até a definição da nova parceria. Portanto, a preocupação com o fechamento das salas ou até mesmo da perda de seu perfil, nunca teve razão de ser. A parceria financeira que viabilizará a Cinemateca já está assegurada pelo Banrisul que patrocinará inúmeras atividades culturais em toda a Casa de Cultura Mario Quintana. O valor mensal de mais de R$ 30 mil reais, aliado às condições já existentes na Casa de Cultura e na Cinemateca, viabilizará plenamente o funcionamento e aprimoramento dessas instituições. E a mulher na Política? É ainda bastante acanhada a participação feminina na política, mesmo hoje a mulher ocupando cargos nas áreas da magistratura, saúde, finanças, nas câmaras municipais, estaduais e federal. Nos partidos é comum requisitar as mulheres para o trabalho braçal como: panfletear, garimpar votos e empunhar bandeiras para que os candidatos homens sejam eleitos e as representem em uma casa parlamentar. A cultura política do Rio Grande do Sul é machista. 24 RRPP Atualidades/Dezembro 2007 Arte Daniela Silva/ RRPP