REPRODUÇÃO PATRÍCIA RABELLO Nem sempre o chefe é o líder Um culto restrito ao corpo As organizações por dentro A imagem é negligenciada ARQUIVO RRPP Atualidades Publicação semestral do Curso de Relações Públicas da Famecos/PUCRS – Ano 12 n° 23 – Junho de 2006 A maturidade Os 40 anos do curso de Relações Públicas da Famecos Passeata dos bixos da faculdade no centro de Porto Alegre em 1971 2 OPINIÃO Junho de 2006 Muito mais do que festa RRPP Atualidades RRPP Atualidades Publicação informativa e de reflexão do curso de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul, avenida Ipiranga 6681, Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil. Relações Públicas: mito e realidade E-mails E-mails:[email protected] ou [email protected] Apesar de a profissão ser exercida e regulamentada no Brasil há quase 40 anos, ainda encontramos muitas divergências de opinião a respeito das atividades do profissional de relações públicas. É comum nos depararmos com opiniões que não condisem com a realidade – até mesmo os colegas da área da comunicação não a definem corretamente. Atualmente existem diversos estereótipos, sendo o mais comum o de que a única função do profissional é “promover eventos e festas”. O que se percebe, atualmente, é que grande parte das pessoas, independentemente de seu nível cultural e área de atuação, desconhecem as reais atividades ou imaginam que o relações-públicas “organiza festas para os outros se divertirem, vive correndo”, como pensa Camila Schlatter, 22 anos, estudante de administração. Segundo ela, o perfil desse profissional é de “quem vive na noite, adora festas”. Isso se deve ao fato de que os relações públicas ganharam visibilidade promovendo eventos, sendo assim, suas demais funções ficaram esquecidas. O trabalho de um profissional de relações públicas dentro de uma organização vai muito além. Esse profissional é responsável pela criação da imagem e da identidade da organização, a busca da harmonia e colaboração entre seus públicos de interesse, o cuidado com a comunicação interna – aqui entra todo o organograma de uma organização, ou seja, a informação deve ser levada a todos da empresa, desde o presidente e gerentes até os mais simples empregados – e a comunicação externa, como cuidar para que a organização tenha um bom canal de comunicação com seus clientes e colaboradores, conhecer seus públicos e identificar seus desejos e necessidades para, assim, poder supri-los. Como podemos observar, a atividade de relações públicas não se resume apenas montar eventos. Vale lembrar, ainda, que esta também não é uma tarefa fácil. Organizar e promover eventos exige conhecimento e desenvoltura do profissional. Mais do que isso, é necessário estudo e planejamento, conhecer os procedimentos, os públicos, seus desejos, atenção aos detalhes e jogo de cintura para lidar com os imprevistos que surgem nessa área, pois o “elemento surpresa” está sempre presente quando o assunto é eventos. São poucas as pessoas que pensam como Nara Duarte, formada em Odontologia. Para ela o relações públicas “é peça fundamental dentro de uma organização, afinal, é ele quem cuida de toda a comunicação e é sua responsabilidade fazer com que a informação chegue corretamente a todas as pessoas.” Mais do que isso, ela frisa que “se o profissional de relações públicas falhar, todo o resto falha”. A importância das relações públicas nas organizações têm sido cada vez mais reconhecida. Além de organizar eventos, que é um notável instrumento de interação entre a organização e seus públicos, as relações públicas também têm o papel de gerir a comunicação da organização, e esse aspecto abrange as mais variadas funções. Assim como em uma empresa, que tem uma identidade e uma imagem a ser zelada, os profissionais de relações públicas vêm unindo esforços e trabalhado sua própria imagem junto ao público em geral, afim de esclarecer as reais funções da atividade e desmitificar o deturpado retrato da profissão. ANA PAULA FONTOURA PEREIRA LETICIA BERTÉ SIQUEIRA LETÍCIA COMPARSI MARQUES Ainda em busca da legitimação Perto de completar 40 anos de regulamentação da profissão, os relações públicas ainda não conquistaram uma legitimação no mercado de trabalho similar a de outras áreas. Existem diversas opiniões para explicar este fenômeno, desde a conscientização dos formandos até a falta de verba para atuação dos sindicatos. Lana Campanella, professora da Famecos, atribui a falta de uma identidade clara e objetiva para o profissional ao ostracismo que a profissão teve no início do século passado. Quando os primeiros cursos superiores em RRPP surgiram no Brasil, havia uma tendência de colocá-los vinculados à Administração, então começaram a coexistir dois segmentos subdivididos em administração e comunicação. Para o relações-públicas Rodrigo Cogo, a falta de legitimação é causada pelos próprios formados que não fazem o registro profissional após completarem o curso, enfraquecendo as entidades de classe. TAÍSSA SISSON Reitor: Ir. Dr. Joaquim Clotet Vice -R eitor: Ir. Dr. Evilázio Teixeira Vice-R -Reitor: Diretor da Famecos:: Dra. Mágda Cunha Coordenadora do curso: Souvernir Dornelles Professores R esponsáveis: Tibério Vargas Responsáveis: Ramos, Marisa Soares, Neka Machado e Vitor Necchi. Revisão: professoras Neka Machado e Vera Regina Silva. AL UNOS ALUNOS UNOS:: Manhã – Turma 239: Ana Cristina Gehlen Marquardt, Ana Luisa Machado Schimitt, André Monteiro Katzap, Andréia Costa Oliveira, Ângela Domingues de Macedo, Anna Paula Justo Lemos, Bárbara da Câmara Rossi, Bianca Cardes Lopes, Bruna Caetano Teixeira, Camila Cardoso Coronbel Martins, Carolina Beatriz de Moura, Carolina Nascimento Alves, Cecília Santos de Azevedo, Cristiane Seewald, Daniela Hausen Marchi, Elisa Algayer Casagrande, Fernanda Dias Carvalho Leite, Flávia Capalbo, Josias Menegon Geisel, Júlia Caon Froeder, Juli Ana Saul Antunes, Karina de Oliveira Sá, Luciana Nunes Goulart, Loui Dorneles Ferreira, Luísa Abero Sá de Barros, Maira Olex Cortez, Mariana Mânica, Melina Petrakis Stephanou, Patrícia Rabello, Paula Amado Ciaconi, Paulo César Américo Pires, Silvana Kein de Oliveira, Tuiana Dias de Oliveira e Vanessa Festl. Turma 147: Bianca Rosa, Charles Schumacher, Elizagelem Viana, Marline Cabrera, Marina de Albuquerque Lima e Samira Moura Anzanello. Noite: Turma 249: Amália Ferreira Meneghetti, Ana Paula Carneiro Costa, Ana Paula da Silva Cardoso, Ana Paula Fontoura Pereira, Andréia da Silva Roxo, Angélica Aguillar Madalosso, Bárbara Machado, Bruna de Castro Mucelin, Camila de Rosso Stecklow, Caroline Santos Adornes, Cristiano Dias Flores, Débora Galtieri, Débora Ligabue Santanna, Fabiano Shirmer Loes, Fernanda Martins, Gabriela Cardoso Chamis, Gelson Pereira, Giordano Martins de Castro, Gustavo de Medeiros Ferronatto, Jordana de Oliveira dos Santos, Juliana de Andrade Weber, Juliana Marques Bross, Juliana Azevedo Henrique, Karine de Almeida Ruchinsque, Lara de Oliveira, Leonardo Ongatto dos S. Jr., Letícia Agnes Rota, Letícia Berte Siqueira, Letícia Comparsi Marques, Letícia Rodrigues Oliveira, Lisarb Valéria Montes D’Oco, Marcelo Pinheiro, Nairana Pires da Fontoura, Otávio de Oliveira Porcher, Pabolo Silva da Rocha, Pedro Hoppe de Lima, Pedro Lobato Índio da Costa, Rafaela Riciardi dos Santos e Tassiane Cristini Moreschi. Turma 147: Ana Paula Tormen da Costa, Daniel Minato Eifler, Daniela Mascolo, Fernanda Marques Zembrzuski, Franciele Davanzo, Guilherme Art Silva, Jorge Gadelha, Juliana Zimmer Sampaio, Márcia Hernandez Briones, Mariana da Silva Ruduit, Rodrigo Godoy Grings, Sílvia Martinez Squeff e Taissa Komar Sisson. Junho de 2006 PÉ NA ESTRADA RRPP Atualidades 3 FOTOS ARQUIVO PESSOAL Luiz Moure se prepara para embarcar em agosto e o estudante Alexandre Alles (ao lado) esteve no Canadá O que, afinal, é intercâmbio? Estudantes relatam suas experiências e contam o que esperam desta aventura Em geral, as pessoas já ouviram falar sobre intercâmbio. Mas será que todos sabem ao certo o que significa? O termo é muito abrangente, mas tem um significado simples: troca. Pode ser uma troca de experiências culturais ou até mesmo comerciais, ou seja, pode ter uma infinidade de sentidos. Porém, o termo engloba relações comerciais ou culturais entre nações. Hoje em dia, fazer um intercâmbio é uma boa alternativa para quem quer aperfeiçoar uma língua, crescer profissional e pessoalmente, além de ser uma oportunidade de ser independente por um tempo. O estudante da PUCRS, Luiz Moure, de 18 anos, embarca, no final do semestre, para uma aventura de um ano na Nova Zelândia e contou algumas curiosidades sobre a viagem. “A decisão de fazer o intercâmbio, veio um ano atrás, junto com colegas que conheci na faculdade, que também tinham vontade de estudar fora, e numa conversa surgiu a idéia de irmos para Nova Zelândia, passar um ano.” Ele diz que os fatores que o levaram a fazer a escolha do país foi o fato de ser um dos poucos lugares com trabalho legal para estrangeiros e também a beleza. Luiz não sabe o que o espera, mas tem uma certeza: “Estou indo para o outro lado do mundo, sem familiares, onde a cultura é diferente, terei que falar outro idioma, verei lugares bonitos e terei experiências novas”. Uma das agências que atua nesta área, em Porto Alegre, é a Unesul e está há 34 anos no mercado trabalhando com diversos segmentos de turismo. Juliana Webber, encarregada pela organização das vi- agens de intercâmbios, diz que não há profissionais de RRPP – apenas ações que caracterizam a atividade –, ou um departamento específico de comunicação, mas mesmo não existindo, utilizam folhetos, promoções e ainda contam com um gerente de loja que cuida dos anúncios em jornais e revistas. Reforça que é preciso um maior investimento da direção no setor da comunicação, já que o público de turismo é instável. “Os meios de comunicação deveriam informar melhor os clientes para melhorar o jogo de confiança entre o cliente e o agente de viagens”, justifica. O aumento pela procura de intercâmbio vem acontecendo devido à percepção que os estudantes têm sobre tal experiência. “As pessoas estão entendendo a necessidade de fazer um programa no exterior. Sabem que isso serve para uma especialização profissional ou até para se posicionar melhor no mercado” diz Juliana. Com isso, as agências, cada vez mais se interam sobre o assunto, pois a concorrência e o interesse pelos intercâmbios aumentam, exigindo um bom apoio na comunicação e na divulgação da empresa. Para quem já fez intercâmbio, resta apenas a saudade. Alexandre Alles Rodrigues, estudante de Engenharia Elétrica da PUCRS, 23 anos, morou no Canadá e diz que decidiu fazer intercâmbio cultural porque é uma ótima oportunidade de aprender inglês e uma grande experiência de vida. “Tem que controlar as emoções, saber lidar com pessoas diferentes, morar com estranhos.” A respeito de sua experiência escolar, conta que o colégio é bem dividido: os punks, os populares, os nerds e, é claro, os intercambistas. Não teve problemas com sua adaptação, mas enfatiza que quando chegou lá, achava que já sabia falar inglês e mesmo tendo estranhado um pouco no ínicio, com o tempo tudo foi se adequando. “No final, você já está pensando em inglês, sonhando em inglês e fica com pena de voltar, abandonar tudo aquilo, toda aquela loucura. Não sei se todo mundo gosta, mas para mim foi demais. Sinto muitas saudades”. ANA CRISTINA MARQUARDT, BÁRBARA ROSSI, BRUNA TEIXEIRA Rumo ao interior do Estado Os profissionais recém formados no curso de Relações Públicas que desejam exercer a sua profissão no interior do Estado enfrentam um grande obstáculo: a falta de conhecimento da sociedade acerca da profissão. As organizações multinacionais, que detêm conhecimento maior sobre a profissão e sobre a importância da atividade, estão, na maioria, concentradas na Capital ou arredores. As empresas instaladas no Interior, em geral, apresentam uma cultura familiar e pouco sabem sobre a profissão. Mas a cultura vem mudando em razão de muitos cursos criados no interior, observa Lúcia Frizon, estudante de RRPP em Caxias e que vê um campo promissor. FRANCIELE DAVANZO 4 Junho de 2006 INTERCÂMBIO RRPP Atualidades Relações Públicas além dos limites geográficos Alunos da Famecos e norte-americanos trabalham com relações internacionais através de videoconferências O Projeto IPRC – International Public Relations Campaigns, ativo desde 1999, está oferecendo uma oportunidade única: estudantes de comunicação do Brasil e dos Estados Unidos poderão desenvolver campanhas internacionais para clientes dos dois países. Os trabalhos intitulados “campanhas internacionais” envolvem aulas teóricas ministradas pelos professores e trocas de informações a respeito do andamento de cada projeto. Os contatos são realizados semanalmente, através de videoconferência e internet, entre alunos da Famecos (Faculdade de Comunicação Social/PUCRS) e CCIM (College of Communication, Information and Media/Ball State University), com o objetivo de oportunizar aos alunos de Comunicação de ambas as instituições a prática das Relações Públicas Internacionais. São duas equipes – uma composta por estudantes brasileiros, com aproximadamente 14 componentes, e outra de estudantes americanos, com seis componentes. Através de muitas negociações, o cliente comum é escolhido da seguinte forma: os professores brasileiros entram em contato com as empresas daqui, buscando um cliente para que os americanos criem uma campanha internacional. A escolha do cliente para a equipe do Brasil ocorre da mesma forma, porém, o professor norte-americano busca-o nos Estados Unidos. Elege-se um cliente que opere nos dois países, “o que é bem difícil”, segundo a professora Ana Steffen, coordenadora do projeto. As campanhas são desenvolvidas sempre no segundo semestre de cada ano, por coincidirem os períodos escolares dos alunos dos dois países integrantes. Muitas são as diferenças de trabalho entre as duas equipes. A professora Ana Steffen exemplifica, dizendo que “o grupo de alunos brasileiros trabalha com comunicação dirigida, pesquisa qualitativa e entrevistas. Já o norte-americano, com comunicação de massa e pesquisa quantitativa. Mas a maior diferença entre as duas equipes é o aspecto cultural.” E compara: “Os americanos são mais lentos. Em compensação, são mais agressivos no momento de cobrar retornos da equipe brasileira, exigem pontualidade e se preocupam com o seu trabalho”. MANUELA KANAN Simões e Ana Steffen estimulam alunos à prática de intercâmbio cultural Um dos objetivos dos professores brasileiros é tornar este projeto uma disciplina curricular na Famecos, benefício este que já se faz presente para o grupo norte-americano. Um aspecto curioso é que a equipe brasileira não é composta apenas por estudantes de Relações Públicas. Estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda também fazem parte do grupo. Quanto ao planejamento do projeto para os próximos anos, os professores desejam levá-lo para as universidades européias. Países como Espanha e Portugal também fariam parte destes relacionamentos inter- nacionais. Os professores também prevêem a possibilidade de intercâmbio e, desta forma, abrir o mundo para a Famecos. Segundo o professor Roberto Porto Simões, também coordenador do projeto no Brasil, “os alunos podem exercitar o trabalho com culturas diferentes”. Hoje, o projeto está na sua quinta edição e consta no currículo acadêmico como atividade complementar, necessária para a conclusão de graduação na Famecos. LARA DE OLIVEIRA, LEANDRO PEREIRA E LEONARDO ONGARATTO As negociações são globalizadas As negociações em âmbito internacional têm atingido um crescimento importante na economia de grande parte das nações. Por isso se tornou estratégico que produtores de pequeno, médio e grande porte façam negócios em nível global, para não se desvalorizarem. A professora Ana Maria Walker Roig Steffen, do curso de Relações Públicas da PUCRS, define estas relações como o gerenciamento das relações socio-políticas entre organizações e seus públicos, aplicado em nível internacional. “A cultura e a política exercem influência na prática das RRPP em diversos países, porque a política de ação das organizações deve contemplar os interesses e necessidades da sociedade onde se desenvolve o trabalho”, afirma. “Politicamente, é preciso que a sociedade tenha um bom nível de democracia, pois o público, em sociedades ditatoriais, uma vez que não é politizado, não exerce poder em relação às decisões que tomam as organizações. O aspecto cultural é fator importante a ser considerado, porque a cultura influencia o pensamento, as crenças e as atitudes das pessoas que vivem em determinada sociedade e que são, por extensão, públicos das organizações.” DANIEL MINATO EIFLER Junho de 2006 PRODUÇÃO RRPP Atualidades 5 Um novo pólo de eventos Pró-Reitoria de Extensão da PUCRS é referência em organização e planejamento ELISA ALGAYER CASAGRANDE Dividida em diversos setores, a Pró-Reitoria de Extensão da PUCRS (PROEX) articula e coordena as atividades de extensão universitária dos departamentos da instituição, apoiando programas, projetos, atividades e publicações de extensão. Tem a responsabilidade pelas atividades que visem à integração da instituição com a comunidade externa, como apoio a criação de projetos e cursos. O Setor de Eventos da PUCRS (parte integrante da PROEX) é o elo que consolida praticamente todos os objetivos e projetos de aperfeiçoamento dos cursos de extensão. Em parceria com as Unidades Acadêmicas ou conveniado com instituições e organizações externas, promove todas as atividades relacionadas ao nome do Setor. Em entrevista concedida aos alunos do curso de Relações Públicas da Universidade, a responsável pela área de eventos da PROEX, a jornalista Dominique Ilha e a coordenadora da àrea de Cursos e Eventos e professora da Famecos, Marisa Soares, explicaram como são feitos e qual a importância da realização de eventos. Destacaram a necessidade de haver um bom planejamento do que será realizado e a relevância do relacionamento entre os envolvidos no projeto (coordenadores, estagiários, monitores,...) para que seja realizado com êxito e com o menor número de problemas possível. Responsável pelo recebimento de Projetos de Eventos, Palestras, Seminários ou Congressos, o Setor tem ainda como função analisar, em conjunto com a coordenação do evento, a qualidade dos produtos oferecidos e elaborar orçamentos. “Muitas vezes, o cliente apresenta necessidades que não estavam no cronograma daquele evento, mas que temos que satisfazer da forma mais rápida e eficiente possível, levando em consideração a verba disponível, para que a universidade não tenha prejuízos”, salienta a coordenadora, Dominique Ilha. Os Seminários ou Congressos, além das etapas básicas, passam por detalhada listagem de necessidades, desde o espaço físico até a equipe de apoio, que é constituída não só de funcionários, mas também de Monitores especialmente treinados no Setor para estes eventos. Os serviços oferecidos pelo setor de eventos é um trabalho prestado à comunidade interna e/ou externa da Instituição, podendo inclusive gerar recursos. Segundo as coordenadoras, todo o dinheiro arrecadado com os eventos é destinado es- Dominique Ilha e Marisa Soares concedem entrevista para turma de RRPP pecialmente para a sua própria efetivação. O restante é investido na Universidade. Além disso, o envolvimento na realização destes projetos favorece o aprendizado prático dos alunos, uma vez que eles têm contato com as mais diversas áreas, incluindo assessorias e consultorias. “Damos prioridade para projetos que possam beneficiar os alunos da universidade. Acolhemos e promovemos eventos prioritariamente relacionados ou interligados ao ensino”, diz a professora Marisa Soares. Os alunos que estagiam e os que fazem monitoria na PROEX são provenientes dos mais diversos cursos, desde administração e comunicação social (a grande maioria), até engenharia. Diante do preconceito que muitos têm em relação às pessoas que organizam eventos, consideradas, muitas vezes, pro- fissionais com pouca qualificação, Marisa e Dominique são enfáticas: quem diz isso não tem conhecimento real sobre as atividades que envolvem a realização de um evento e a complexidade de sua organização. “As pessoas confundem organização de eventos com ‘fazer eventos’. Enquanto essa é uma prática esporádica, de trabalhos isolados, a organização de eventos requer tempo de planejamento, estudo e jogo de cintura para lidar com diferentes públicos e situações”, afirma Dominique. Fica a certeza de que eventos planejados e bem-sucedidos exigem o mais alto grau de seriedade, comprometimento, criatividade e iniciativa para vencer contratempos e imprevistos que vão acontecer. BÁRBARA ROSSI, CAROLINA ALVES E DANIELA MARCHI Cerimonial, a liturgia da política Quem nunca participou de uma cerimônia política talvez pense que este seja simplesmente um evento com autoridades do mundo político, pessoas bem vestidas e um bom texto preparado para o presidente da empresa/organização discursar. Para um leigo, pode parecer tão formal quanto uma cerimônia de casamento. Entretanto, o cerimonial político segue uma linha de formalidade bem mais rígida, baseada num decreto, criado há aproximadamente 30 anos, que regula cerimônias públicas com participação de autoridades. Airton Vargas Júnior, chefe do Cerimo- nial da Assembléia Legislativa, trabalha há 20 anos como cerimonialista. Neste período, as regras continuaram as mesmas. “Sendo assim, todo o cerimonial organizado conforme tais regras não corre risco de erros. A única mudança que ocorre através do tempo é a busca por um pouco menos de formalidade, tornando os eventos mais agradáveis para quem organiza e para quem participa, pois não podemos esquecer que não existe evento sem público”, sublinha. MARLISE CABRERA 6 Junho de 2006 COMÉRCIO RRPP Atualidades ARTE LUÍSA BARROS Aromas são novidades na conquista de clientes Eu já sabia! O verdadeiro campeão da Copa do Mundo Mesmo quem não tem nada a ver com futebol sai ganhando nesta festa mundial, pois de quatro em quatro anos, a Copa motiva o lançamento de produtos para aproveitar a onda colorida da seleção brasileira. São relógios, pulseiras, faixas, bandeiras, guardas-chuva, brincos, lingeries, bolas, automóveis, comidas, bebidas, chaveiros, bolsas, bonés, chinelos... A variedade de invenções é tão grande que encontra-se até cofrinhos em forma de “porco torcedor”. Porém, em meio a essa infinidade, o produto mais querido é a camisa verde e amarela. “Há três meses que vejo cada vez mais colegas usando blusas do Brasil, mas nada de oficial! Só as compradas em Porto Alegre, no camelô”, diz a moradora da serra gaúcha, Elisa Bartzen, 11 anos. O modelo confeccionado pela Nike foi distribuído às lojas no início de março e custa R$ 179,90 – valor que excede meio salário mínimo nacional. Contudo, a aquisição do objeto de desejo também é viável nas bancas que disputam a freguesia e o espaço nas calçadas. As roupas bicolores sem a marca estão desde dezembro no mercado de rua da capital, e podem custar até mesmo R$ 8,00. “O proveito é enorme! Na Copa superamos todas as datas comemorativas”, vibra a vendedora ambulante Fernanda Cabral, de 26 anos. Com todo esse patriotismo aflorado, é um grande negócio vestir os tons da bandeira para atrair o consumidor. Um exemplo é a Petiskeira – restaurante especializado em comida rápida no sul do país – que já fez sua jogada de marketing personalizando o uniforme dos atendentes, quadros e bandejas. Ao entrar lá, é impossível não sentir o clima do hexa. Felipe Feijó, gerente da filial do Shopping Praia de Belas, afirmou que toda a rede foi remodelada em função dos jogos, mas que o número de clientes permanece igual. No entanto, toda a mudança na decoração é um gol que a empresa marca através da sua imagem com o público fidelizado. A empresa de serviços midiáticos Zenith Optimedia noticiou em abril que a Copa do Mundo deste ano – sediada na Alemanha – será um dos eventos mais lucrativos de toda a história. Segundo a Zenith, o fato vai contribuir para que o setor de publicidade global tenha um crescimento significativo e seja o favorito à conquista do vice-campeonato. Até porque a taça já é, com orgulho, erguida pelo comércio. LUÍSA BARROS E MAIRA CORTEZ O setor varejista vem utilizando uma nova estratégia de marketing que explora o olfato. Para desenvolver essa tática, os pontos de vendas estão sendo incrementados para que o produto fique mais atrativo e presente na memória dos consumidores. Trata-se de uma estratégia que visa produzir odores agradáveis, criando uma identidade olfativa ao ambiente. Para a psicóloga e professora Susana Gib Azevedo, o marketing olfativo vem se utilizando de fragrâncias e ganhado espaço, assim como o tato e a visão já são tradicionalmente explorados na conquista dos clientes. Susana acredita que as tendências do mercado varejista estão se ampliando, pois os “cheirinhos agradáveis” cada vez mais aparecem associados aos produtos ou serviços. Os estímulos emocionais produzidos pelo marketing olfativo “são todos os reconhecidos como favoráveis e representativos culturalmente”. Com isso, criam-se símbolos através das fragrâncias atreladas às marcas. Os aromas se relacionam ao sexo e à idade, pois cada perfil tem sua preferência e identidade em relação aos cheiros remetidos aos ambientes e produtos. Susana destaca que atualmente há um novo consumidor eclético, dono de um perfil inovador, e para atingi-lo, estão sendo produzidos perfumes com cheiro de chuva, asfalto e rosbife, por exemplo. As lojas ainda utilizam a mesma estratégia nos pontos de venda, como oferecer amostra de perfumes nas perfumarias e incenso nas lojas de produtos místicos. Susana afirma que algumas empresas varejistas adotam esta estratégia de marketing, como a rede Zaffari de supermercados e a loja Colcci. A companhia Zaffari atrai seu cliente por meio da sua padaria e de suas degustações, portanto, liberando o aroma do produto oferecido. A Colcci divulga seus novos perfumes no próprio ambiente da loja. O cheiro agradável propicia um clima de acolhimento e faz o cliente sentir-se bemvindo, criando um vínculo com a empresa. Ou seja, os perfumes são relacionados às experiências de cada pessoa, entretanto, cada fragrância pode provocar lembranças e reações distintas. SAMIRA ANZANELLO Junho de 2006 INTERNET JULIANA FREITAS/HIPERTEXTO Vistos por outro ângulo Orkut e MSN como instrumentos de comunicação Com o surgimento da internet, a comunicação muda seus princípios básicos e atinge o mundo virtual rompendo barreiras de tempo e espaço. Como frutos desta evolução surgem os programas MSN e Orkut, uma nova mania entre jovens e adultos. Antes utilizados apenas por razões de diversão, bate-papo e azaração, hoje já são considerados importantes formas de comunicação, agregando fatores como velocidade, apelação e seletividade. Surge então a possibilidade de serem vistos como instrumentos de Relações Públicas, uma atividade que visa estabelecer bons relacionamentos com os diversos públicos de uma organização. Criado em janeiro de 2004, o Orkut é uma comunidade virtual afiliada ao Google com o objetivo de proporcionar novas amizades e manter relacionamentos. Paralelamente a tal criação, surge o MSN Messenger, um programa de mensagens instantâneas criado pela Microsoft Corporation que permite a comunicação entre seus usuários em tempo real. Algumas organizações vêm incorporando esses programas para divulgação de seus serviços e para manter relações com seus clientes. “Utilizamos MSN e o Orkut, pois é um bom meio de divulgar a mensagem que queremos, para todos os públicos, de maneira muito rápida, barata e prática”, argumenta Vinícius Mendes Lima, produtor de eventos. Além de possibilitar que as empresas criem uma relação de afetividade com seus clientes, esse é um meio de divulgação essencial quando se quer atingir determinado público jovem. Porém, estes dois meios são muito recriminados por pessoas que desconhecem seu potencial como instrumentos de Relações Públicas, e só os vêem como forma de “lazer”. Grande parte das organizações chega até mesmo a bloquear o acesso de seus funcionários a esses sistemas. “A pessoa fica ‘desfocada’ de seu trabalho, não sabendo equilibrar o momento adequado para sua utilização no lazer e na profissão”, observa o administrador Luis Henrique Brum. Sem limites, MSN e Orkut tornam-se um vício que só têm a atrapalhar a vida das pessoas, pois estas acabam esquecendo de viver o “mundo real”, afinal nada substitui o contato físico. Há quem diga que esses programas, dentro das organizações, devem ser usados como complementação da comunicação, ou seja, como um instrumento de relações públicas. Apenas mais um em meio a tantos outros indispensáveis para esta profissão. “O cliente evoluiu para cidadão e espera um relacionamento mais amplo do que aquele que costuma vigorar entre a empresa que vende e as pessoas que compram, porque o contato não se esgota mais com a transferência do produto”, cita Wilson da Costa Bueno em seu livro Comunicação Empresarial-Teoria e pesquisa.. É preciso criar veículos e canais variados de relacionamento com o cliente, pois assim conquista-se a fidelidade do mesmo. Logo, Orkut e MSN se utilizados de forma sensata e racional, podem ser meios facilitadores do relacionamento da organização com seus respectivos públicos. FERNANDA MARTINS GABRIELA CHAMIS KARINE RUCHINSQUE RRPP Atualidades 7 Na crista da quarta onda Nunca o homem criou um instrumento de comunicação tão rápido, tão ágil e tão preciso como a rede mundial de computadores. A um leve clique, acessa-se o mundo inteiro. Freqüenta-se bibliotecas, museus. Lê-se livros e ouve-se músicas dos mais variados estilos. Enfim, na internet quase tudo é possível, mas engana-se quem acha que esta ferramenta nasceu perfeita. Se não fosse o envolvimento de profissionais de comunicação, como relações públicas, entre outros, talvez esta máquina de comunicação não tivesse atingido o sucesso atual. O webdesigner Marcelo Oliveira, dono do portal www.esporteonline.com.br, conta que realmente a inclusão de profissionais de RP foi crucial à construção de sites mais interessantes, pois no início, como todos que atuavam na internet eram técnicos e programadores, as páginas da web acabavam estáticas, frias e não cumpriam o papel básico que era de comunicar. Esse também é o pensamento do relações-públicas Cristiano Rosa, sócio da agência digital Elo. Ele vai mais fundo e diz que a internet se desenvolveu por meio de ondas de inovação. A primeira era “estar na web”. A segunda onda era “estar bonito na web”. A terceira, “web com conteúdo”, e a quarta, “tudo pelo usuário”. A primeira onda teve início em 1995, quando o uso comercial da internet brasileira foi liberado pelo governo. Nesta fase, o importante era estar na web, não interessava de que maneira. A responsabilidade de colocar a empresa online caiu sobre os departamentos de tecnologia. Resultado: sites bons tecnologicamente e ruins na comunicação. Depois veio a vez do design. Cristiano conta que viveu essa etapa intensamente até por se achar responsável por alguns sites de péssimo gosto que ele desenvolveu, apenas por desenvolver. No auge da conexão discada, o objetivo era fazer algo bonito e extremamente pesado. Não durou muito. Surgiu então a etapa do conteúdo. Contrariando a onda do design, o objetivo era colocar todo o conteúdo possível em todos os espaços que o site oferecia. Os sites se tornaram caóticos, com alto grau de dificuldade para navegar e repleto de informações desorganizadas que confundiam o visitante. Por fim, a quarta onda, já com forte influência dos comunicadores que se tornam gestores da ferramenta. “A maturidade chegou com sites fáceis de navegar, limpos, com informações bem organizadas e fácil de gerenciar”, destaca Cristiano. RODRIGO GRINGS 8 Junho de 2006 COMPORTAMENTO RRPP Atualidades A revolução digital em RP Os três pilares da nova tendência contemporânea A velocidade das mudanças tecnológicas vem sendo avassaladoras. Três das mais importantes tecnologias do momento não existiam há 20 anos: o telefone celular, a internet e o CD. Hoje os avanços estão em todos os lados, e através da tecnologia proporcionam descobertas na ciência e auxiliam no processo de comunicação via redes e satélites. Nos últimos anos, diversas formas de comunicação têm se convertido da tecnologia analógica para a digital. Souvenir Dornelles, professora atuante na área de pesquisa, utiliza métodos e produtos avançados, conhecendo bem o meio da tecnologia e da comunicação para poder estudar e conhecer sobre o que está trabalhando. Para ela, a comunicação ficou facilitada com a chamada Quarta Onda. “A todo momento surgem novos métodos e formas de se comunicar”, enfatiza. ”Na evolução dos celulares, o que menos se faz é falar, pois existem neles mensagens, e-mails, foto-mensagem etc, pelo qual é mais interessante escrever do que falar”, afirma a coordenadora do curso de Relações Públicas da Famecos. Com a explosão da evolução digital, obteve-se a junção do texto, som e imagem. Hoje só com o aparelho pode-se ter a escolha em acessar a internet, ver televisão, ouvir som, programar um despertador, e falar com o mundo inteiro, através da função roming. Esta revolução abriu portas para expansão da informação que pode ser obtida por diferentes veículos e cada vez mais rápida e gratuita. O choque de transformações culturais fez com que o cotidiano da sociedade seja alterado, passando assim a viver de forma diferente. A tecnologia vem operando grandes mudanças na política, arte, economia e no relacionamento entre as pessoas. O que mais impressiona, segundo Souvenir Dornelles, é a revolução na área da saúde e a evolução na comunicação. Todas as áreas que já foram muito precárias, hoje têm resultados muito mais rápidos. “O desenvolvimento tecnológico na medicina apresenta aparelhos que ajudam muito e são velozes, eliminando as perdas de tempo nas análises e diagnósticos”. Na comunicação social, a diversidade de ferramentas obriga atualização constante e aproveitamento eficaz dos meios. Moda (roupas, sapatos, acessórios), imagem (o que vemos e o que sentimos) e estilo (personalidade e crenças) formam o conjunto que a sociedade contemporânea almeja ter. Criação do estilo depende da junção perfeita entre moda e imagem, porque esta transcreverá o que ela realmente é em sua essência. Por milhões de anos os seres humanos têm se comunicado através de sua imagem. Muito antes da aproximação, do primeiro contato, comunicamos nosso sexo, idade, classe social através do que vestimos. É possível transmitir a mesmice e a banalidade da existência informação ou falsa informação em rela- em originalidade, engraçada, interativa e ção ao seu trabalho, origem, personalida- em constante metamorfose”, explica o esde, opiniões e ideologia. tilista depois de 27 anos de experiência no Embora toda a importância das rou- mercado da moda. pas deve acompanhá-las uma certa atituA personalidade da pessoa constitui a de diante da vida. Modas passam e ele- essência do seu ser, pois transparece suas gâncias ficam, parecem intangíveis com o experiências durante a vida e o que aprenpassar do tempo, mas na definição da ima- deu com elas, resultando isso no seu modo gem são absolutamende ser, de se portar e te cruciais como: a na maneira como irá voz, o humor, a inteliencarar as situações. gência , o caráter, a A forma como ele se “Uma peça de roupa maneira de se portar, comporta faz toda a de vestir, e principaldiferença diante da não constitui o estilo, mente, a atitude. sociedade, pois agirá é apenas um Como conceito de atide acordo com suas tude e valorização pescrenças, seguirá uma artefato” soal, aparecem o decarreira onde possa sejo e a capacidade de expressar todo o seu fazer o máximo do que potencial, formará você tem e do que você é. uma família, terá um determinado círculo Flávio Ramos, proprietário de uma loja de amizades e se vestirá de acordo com o com o mesmo nome, próxima ao Shop- que lhe convém, da forma que se sentir ping Total, diz que “fazer parte da moda mais a vontade, ou seja terá o seu estilo, a com uma peça, seja ela uma calça de je- sua cara. ans ou uma camisa pólo, por exemplo, tenNa realidade ter estilo é ter personalido ela um corte moderno, clássico, chi- dade, ter um jeito próprio e único de ser, que, cool, esportivo ou punk de um “mo- pensar, andar, falar, propagar suas idéias vimento” da moda pode parecer fácil, mas e conduzir sua vida. A partir disso a roupa não é. “Uma peça de roupa não constitui exposta pela moda do momento, a imao estilo, é apenas um artefato que junto gem que apenas demonstra o que a pescom a personalidade, casado com a moda soa é, e sente, formam todo um conjunto e transmitindo a imagem que a pessoa tem, que passa a ser um complemento de sua vão formar o estilo, a identidade que ela maneira de viver. tem”. Para ele, o estilo será a expressão do AMÁLIA MENEGHETTI, ANDRÉIA ROXO, LETÍCIA ROTA E OTÁVIO seu caráter, a sua atitude para transformar BÁRBARA MACHADO, CAMILA STECKLOW, DÉBORA GALTIERI E GIORDANO CASTRO Moda, imagem e estilo PORCHER Junho de 2006 MERCADO RRPP Atualidades 9 Comunicação das academias ainda tem de malhar muito No espaço da vaidade e saúde, a publicidade é o principal foco PATRÍCIA RABELLO “Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa!” – quem não lembra dessa expressão de um programa humorístico dos anos 90? Assim ocorreu, nessa década, a mudança da mentalidade do fisiculturismo para a consciência de uma vida saudável. E na esteira dessa nova filosofia, veio a necessidade de estabelecer um novo plano de comunicação nas academias de ginástica. Em Porto Alegre, Serginho e Ricardo, ambos proprietários de duas grandes academias de distintos bairros, comentam sobre o caminho que a comunicação tomou nesses dez anos de “malhação”: “Hoje as pessoas não acham que todas as academias são iguais, porque vêem que algumas prestam serviços diferenciados”. E foi pensando nisso que perceberam a importância do atendimento aos seus clientes. Foram rápidos na implementação de procedimentos e tecnologias para melhor relacionar-se com seus públicos. Os dois empreendedores, então, resolveram buscar em Assessorias de Comunicação a ajuda necessária. Ricardo Paranhos investe na imagem da “academia que mais trabalha em Porto Alegre” e abre sua escola também aos domingos e feriados, fechando somente nos dias santificados. O site da academia está sendo elaborado e por enquanto disponibiliza um e-mail para eventuais contatos. Já Sérgio Marques, tem sua imagem foca- apresentou mais uma inovação – as organizações modernas diminuem seus níveis hierárquicos. As duas academias proporcionam eventos de integração entre seus alunos, como o “Dia do Desafio”, “Gincana Inter-Academias” e campeonatos de futebol, além de trabalhar com comunicação interna quando realizam reuniões mensais entre seus funcionários. Os dois empreendedores, muito mais por intuição, apostaram na publicidade para adaptar seus negócios à onda do mercado, mas ainda não vêem necessidade em realizar pesquisa e planejamento em Comunicação. O espaço para um profissional de Relações Públicas continua aberto nas duas academias, o que poderia oportunizar a entrada de A integração entre professor e aluno nas academias atividades ligadas à resda no atendimento e diz “portas fechadas ponsabilidade social que ainda não são não existem aqui”. Optou por um site bas- realizadas. tante estimulante e mantém contato direto CRISTIANE SEEWALD, MARIANA com os clientes de sua academia. Com isso, MÂNICA E PATRÍCIA RABELLO A versatilidade do comunicador social As faculdades de Comunicação Social formam anualmente milhares de profissionais em habilitações já definidas para as áreas de maior demanda no mercado, mas existem novas segmentações de carreiras e possibilidades de emprego. As habilitações mais tradicionais – Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas, entre outras – surgiram ao longo dos anos para suprir as necessidades da comunicação. Muitas vezes as competências profissionais confundem-se e a vocação fala mais alto. Surgem, como conseqüência, profissionais versáteis, pois as disciplinas básicas e o conhecimento adquirido na faculdade podem ser absorvidos e aplicados nas diversas áreas da comunicação social, e não somente na habilitação escolhida. São essas pessoas que não exercem exatamente a carreira que aprenderam na universidade. Formado em Relações Públicas em 1979, Reinaldo dos Santos Lopes obteve no início da faculdade conhecimentos de Publicidade em nível básico, permitindo uma visão geral de propaganda, sem aprofundar o conhecimento técnico da rotina publicitária. Nada que a prática diária com o convívio das operações não resolvesse, levando Reinaldo Lopes a se tornar diretor da Escala Comunicação e Marketing, uma das maiores agências do Brasil. Há outros casos de profissionais de relações públicas trabalhando tranqüilamente como jornalistas, atuando em assessorias de imprensa – uma área afim – ou até mesmo nas redações de publicações diversas; jornalistas como gestores de marca, contatos ou redatores de agência de publicidade; publicitários organizando eventos, redigindo releases, trabalhando em produção cultural. As funções de atendimento e planejamento de agências de comunicação, por exemplo, já contam com alguns profissionais de relações públicas. As vantagens da troca são justificadas pelo conhecimento do profissional de RRPP nos campos mercadológico e estratégico. O curso ainda desenvolve o relacionamento e gerenciamento de pessoas, marcas e empresas, permitindo adaptação a diversas situações. MÁRCIA BRIONES 10 Junho de 2006 AFIRMAÇÃO RRPP Atualidades Superando preconceitos Relações Públicas enfrentam dificuldade de reconhecimento dentro do mercado ANA PAULA COSTA Vinte e seis de setembro de 1968. Esta é data da legislação federal para a regulamentação da disciplina de Relações Públicas. A profissão está regulamenta praticamente há quatro décadas, e segundo importantes autores e profissionais da área, ainda não se têm o reconhecimento merecido. Os mesmos relatam que parte da população não percebe as legítimas funções da atividade, outra parte acredita que este é o profissional responsável pela organização de festinhas e pequenos eventos, e infelizmente, apenas uma parcela muito pequena entende por completo a atuação do profissional de Relações Públicas no mercado de trabalho. Podem ser apresentados alguns motivos para o preconceito sobre a atividade. O erro tem princípio nos estudantes de Relações Públicas, “mesmo antes da graduação vemos inúmeros exemplos de alunos sem consciência e sem planejamento de uma carreira”, como relata Glafira Bartz, mestre em Comunicação/Relações Públicas e professora na Famecos. O erro segue no próprio profissional de Relações Públicas; se quem exerce a atividade não exigir respeito e assumir posturas adequadas frente ao mercado, não terá seu devido reconhecimento. Glafira argumenta também que a responsabilidade é do próprio profissional e que se isto acontece é porque não nos colocamos adequadamente no mercado de trabalho. Na parte final, o preconceito está no próprio mercado. “O preconceito é gerado pelo mercado de trabalho. Mesmo que com grande melhora, o profissional de Re- Glafira Bartz destaca a importância do profissional no mercado. Margarida Kunsch (ao lado) argumenta que comunicação não é um fim, mas um meio lações Públicas, na maioria dos casos, ainda não é visto como parte essencial de uma organização”, afirma Fernanda Martins, aluna do 3º semestre do curso na Famecos. Os estudantes, de forma geral, acreditam que o mercado enxergue o profissional de maneira reducionista. O profissional, para eles, ainda não conquistou espaço, reconhecimento e valor. Segundo Margarida Kunsch em seu livro “Obtendo resultados com Relações Públicas”, cabe aos profissionais de Relações Públicas, mostrarem aos estudantes, aos outros profissionais da área e ao mercado de trabalho, que a atividade não se resume em organização de eventos. Assim como Kunsch, Bartz opina que “para or- Rede de relacionamentos ajuda na conquista de um emprego Existe uma dúvida que paira na cabeça de todo aluno que freqüenta a universidade: como conseguir um estágio? O caminho mais conhecido para obter uma vaga é deixar currículo nas agências de estágio. Porém, a remuneração nem sempre corresponde às expectativas e muitos esperam longo período para serem chamados para a entrevista. Quando isso acontece, o risco de perder a vaga é grande: nem sempre o acadêmico possui os requisitos que a instituição exige. Muitas vagas nem chegam ao conhecimento do público. Boa parte das empresas preferem contratar pessoas que possuam alguém conhecido na organização, ou DIVULGAÇÃO seja, existe preferência por candidatos indicados. A rede de relacionamentos, descrita no livro Relações Públicas: função política, do professor Roberto Porto Simões, da PUCRS, mostra-se essencial para o desenvolvimento profissional do acadêmico. A aluna de Jornalismo Danielle Fernandes, da Famecos, é um destes casos. Contratada por Fátima Torri, responsável pelo RH da Tatto Comunicação, ela conquistou o estágio através de uma amiga, que a informou da vaga na assessoria de imprensa. “Rede de relacionamentos é importante, mas precisa correr atrás. A vaga não cai do céu”, diz. CHARLES SCHUMACHER ganizarmos festinhas não precisamos ter uma graduação. Mas, para a organização de eventos é necessário planejamento, visão estratégica, avaliação, etc.”. Kunsch acredita que Relações Públicas vai além. Para a autora, é necessário bombardear o estereótipo e preconceito desta atividade. Deve-se apresentar a percepção destes profissionais. É preciso uma visão ampla e uma plena consciência de que o profissional fala mais de uma língua, tem sólida cultura geral, está permanentemente em busca de novos desafios, possui uma visão abrangente do processo, está envolvido em programas de qualidade, de atividades comunitárias, proteção ambiental... Além disso, Kunsch e Bartz acreditam que o profissional da área tem a consciência do fundamental: percebe que a comunicação não é um fim, e sim um meio. Meio de facilitar que os objetivos pré-definidos pela organização na qual está prestando seus serviços sejam atingidos, gerando boas perspectivas, bons resultados, garantindo uma postura ética, solidária e permitindo assim um bom relacionamento entre a entidade e todos os seus públicos. O anseio dos profissionais é que todas estas atividades sejam vistas e respeitadas no mercado. É de suma importância que se perceba que as atividades exercidas por relações-públicas não são simples, superficiais muito menos reducionistas. Se isto for percebido e entendido, Kunsch acredita que desta forma o profissional terá a garantia de um trabalho reconhecido, com eficácia e bons resultados. ANA PAULA COSTA E JULIANA BROSS Junho de 2006 IMAGEM RRPP Atualidades 11 Cinema nacional: Brasil mostra a cara Profissionais do mercado cinematográfico discutem a imagem do país lá fora DIVULGAÇÃO O cinema tem como um de seus objetivos retratar realidades ou pontos de vista de determinadas situações para a sociedade. Muitas vezes, a produção nacional é centrada no conceito “violência-miséria”. Até que ponto esta postura influencia na construção da imagem do nosso país além das nossas fronteiras? Essa história teve um início. “O Cinema brasileiro entrou no mapa mundial na década de 60/70, através do período conhecido como ‘Cinema Novo’. Nessa época, os filmes produzidos aqui fizeram sucesso ba- Cidade de Deus: qualidade técnica, trama interessante seados na temática da mi- e realidade brasileira conquistam o mundo séria e isso deu origem à estética da fome. ser arte em si. Quando o cineasta faz um Até hoje essa imagem é associada ao Bra- filme ele pensa na obra de arte, ou ao sil e mudá-la é um processo lento que en- menos deveria. Levar a imagem é uma frenta dificuldades”, ensina o professor, conseqüência.” Aqueles que o criam pensando em fazer propaganda, inclusive de diretor e roteirista Carlos Gerbase. O que mudou de lá pra cá? Segundo um país, fogem da proposta inicial. “Cio professor, os temas se diversificaram, o nema não é cartão postal.” Sobre o mesmo assunto, a professora e universo mostrado é mais abrangente, mas o que faz sucesso ainda são os filmes cen- organizadora de festivais Cristiane Freitas trados nessa estética. Um exemplo recente completa: “o cinema não forma uma opié “Cidade de Deus”, que foi reconhecido nião padronizada exatamente por ser uma no exterior e segue essa abordagem, po- estrutura complexa entre a arte e a indúsrém conta com qualidade técnica muito tria (...) o cinema é muito mais do que um superior. Produções com outras temáticas formador de opinião”. Por outro lado, Barone ressalta que têm dificuldades de entrar nos festivais, re“culturalmente, a divulgação do Brasil no conhece Gerbase. Posição semelhante é defendida pelo exterior através do cinema possui um salprofessor e também diretor João Guilher- do muito positivo”, e exemplifica: “se você me Barone. Para ele, a produção brasilei- fosse fazer uma campanha de Relações ra voltou-se para o ambiente urbano, mas Públicas ou de Publicidade para divulgar não deixou de representar a relação vio- o Brasil, inserindo custos de mídia , você lência-miséria: “Por ser o Brasil um país gastaria fábulas de dinheiro e levaria muimuito grande, de vários contrastes, cabe to tempo para construir uma imagem”. Independente da imagem que está senao cinema representar o que nele é mais do divulgada, Gerbase adverte: “a divercaracterístico”. Já para o professor e especialista em sidade é fundamental. O que está sendo produção cinematográfica Roberto Tietz- mostrado é importante. Tem que ser abranman, o cinema tem a responsabilidade de gente — Não adianta esquecer as partes. levantar questões pertinentes gerando re- O Brasil é composto por vários estados que flexão, o que o transforma em um canal vivem realidades diferentes. É preciso romper a influência do eixo Rio-São Paulo.” formador de opinião. Em contraponto, Gerbase pensa que ELISA CASAGRANDE, FERNANDA LEITE, “o cinema é arte e arte tem o objetivo de FLAVIA CAPALBO E JULIA FROEDER Ouvidoria está cada vez mais presente nas organizações Cada vez mais as empresas adotam estratégias de relacionamento com o cliente. Uma que está sendo muito desenvolvida é a ouvidoria, que proporciona um maior relacionamento entre empresa e público e, conseqüentemente, atende desejos e necessidades de ambas as partes. Essa aproximação serve como um meio para se chegar a alguma informação necessária. Muitas empresas estão optando pela implantação de uma ouvidoria, por meio da qual o cliente tem a liberdade para perguntar o que quiser ou encaminhar sua dúvida. Esse serviço pode ser realizado por e-mail, telefone ou pessoalmente. Para a relações-públicas Mônica Bonsembiante Campana, formada pela PUCRS, local onde atua há quatro anos, essa função é indispensável por ser um canal para ouvir o público. Na Ouvidoria da PUC, implantada em 1998, ela trabalha muito com a informação em casos de dúvidas, reclamações, elogios e sugestões. A ouvidoria é conhecida também por ser um meio rápido de informação, pois, dependendo do problema, o retorno vem de imediato. A demanda de questões enviadas à PUCRS é muito grande. São questionamentos provenientes de diversas áreas e de pessoas que circulam no campus, tanto alunos, como funcionários, professores, público externo que vêm usufruir a universidade fazendo cursos oferecidos pela Pró-Reitoria de Extensão ou também pessoas que vêm realizar consultas médicas e odontológicas. A Ouvidoria da PUCRS não resolve as questões sozinhas, ela conta com representantes em cada Unidade Acadêmica, aproximando o aluno da universidade. Mônica acredita no crescimento do serviço de ouvidoria no Brasil. “As empresas estão cada vez mais preocupadas com o relacionamento saudável com seus públicos, por isso é importante tê-los como aliados que sugiram e tirem suas dúvidas. A partir destas informações, os planejamentos estratégicos são mais fiéis a estes”, observa. Esta função torna-se indispensável para a empresa que trata seu cliente com um atendimento diferenciado, podendo assim reavaliar os procedimentos já existentes. MARINA LIMA Saiba mais Informações no site Portal do Ouvidor: www.portalouvidoria.com.br 12 MEMÓRIAS Junho de 2006 RRPP Atualidades Relações Públicas Lembranças de FOTOS ARQUIVO PESSOAL PROFESSORA CLEUSA SCROFERNEKER A habilitação de Relações Públicas da PUCRS completará 40 anos em 2007. Para que as lembranças deste tempo não se percam, o RRPP Atualidades resgatou algumas memórias de alguém que fez e faz parte desta história. A professora Cleusa Maria Andrade Scroferneker ingressou na Universidade em 1970, concluindo os cursos de Comunicação Social (habilitação polivalente) na Famecos e Geografia na UFRGS, ambos em 73. Ex-vice-diretora da faculdade, leciona na Graduação e Pós. A jornada de Cleusa começou com as provas de vestibular, que eram dissertativas. Enfatizou: “Já na época o curso da PUCRS era o melhor, sempre imaginei estudar aqui, mas, com medo de não passar, fiz vestibular na UFRGS para Geografia e na PUCRS para Comunicação. Passei nos dois, e meus pais optaram por se mudar para Porto Alegre, para que pudesse fazer os dois cursos.” Formandos e homenageados da turma de 1973 de Comunicação Social da Famecos Curso da PUCRS completa 40 anos com nova gestão EQUIPE A primeira habilitação de Relações Públicas no Brasil foi a da USP, em 1966, e a da Famecos veio logo em seguida, relembrou Cláudia Moura coordenadora do Departamento de Ciências da Comunicação. Em março de 2007, o curso completará 40 anos na PUCRS. As ações para a comemoração desta data estão sendo planejadas pela professora e atual coordenadora do departamento, Souvenir Dornelles, em parceria com os laboratórios e professores da faculdade. Entre os projetos estão o selo dos 40 anos e um livro didático, ambos a serem lançados no segundo semestre deste ano. Para dar início a celebração, no dia 31 de maio foi realizado um evento que reuniu os coordenadores dos cursos do Rio Grande do Sul, para serem discutidas as questões referentes ao futuro da profissão. “É hora da Famecos ser condutora de um processo de avaliação da área, pela maturidade que ela tem”, comentou Souvenir. Ressaltou que pretende realizar este encontro anualmente. Souvenir está organizando com a professora Lea Denise Senger Jacobus, coordenadora do LARP, o livro comemorativo produzido pelos docentes de Relações Públicas, com lançamento previsto para o final deste ano e poderá começar uma li- nha editorial. A coordenadora se sente abençoada por ter sido convidada para a coordenação justo quando este atinge a maturidade. Nesta gestão, ela pretende dar continuidade ao trabalho de seus antecessores, reavaliar a atividade e, ainda, tem ambição de dar mais visibilidade às Relações Públicas. Para Souvenir, com o tempo as fronteiras entre as áreas da comunicação foram ficando tênues e RRPP, por ser a mais abrangente, acabou perdendo sua identidade. “Tá na hora de discutir a profissão, e ela tem que começar na academia, esse é o papel da universidade, mas estamos deixando o mercado fazer esse debate. Depois de bem posicionado, é o momento de ir para o mercado fixar nossa identidade.” A habilitação de relações públicas da Famecos tem ficado entre quatro e cinco estrelas, na classificação feita pelo Guia do Estudante da editora Abril, nos últimos dois anos. A profissão foi a primeira da comunicação social a ter suas atividades regulamentadas, “Relações Públicas é regida pela Lei nº 5.377 de 11 de dezembro de 1967, que define suas atividades específicas”, de acordo com Cláudia Moura, no livro O curso de Comunicação Social no Brasil. Souvenir Dornelles define metas “Chegamos aos 40 anos com maturidade e qualidade e daqui para frente a Famecos tem que ser, além da questionadora, a condutora desse processo de questionamento, senão a inovadora em algumas iniciativas”, defendeu Souvenir. CECÍLIA AZEVEDO LUCIANA GOULART SILVANA OLIVEIRA O RRPP Atualidades cumprimenta e deseja sucesso nessa nova gestão à coordenadora Souvenir Dornelles. MEMÓRIAS Junho de 2006 RRPP Atualidades 13 atinge a maturidade uma Rainha Na Famecos, a festa dos bixos era muito valorizada, todos os alunos compareciam. As brincadeiras eram diferentes das atuais, a de 70 foi no Zoológico de Sapucaia, os calouros tinham os rostos pintados e eram presos em jaulas, depois havia um desfile, cuja concentração era em frente ao Correio do Povo, na rua Caldas Júnior. Outra tradição era o concurso da Garota Universitária (GU), quando as faculdades escolhiam uma representante para a final estadual. Em 1971, Cleusa foi eleita a Rainha da Famecos, sendo classificada e escolhida como Miss Simpatia e Garota U, só não foi coroada pelo último, pois os jurados não acharam justo uma garota receber as duas premiações da final. A estrutura da PUCRS também sofreu transformações. A Comunicação não tinha prédio, os alunos do curso transitavam pelo campus. O prédio base era o 5, a Administração cedia um andar, e algumas aulas aconteciam, também no atual prédio oito. As aulas de televisão eram no pavilhão da Mecânica, em frente à gráfica. “Íamos para um estúdio que tinha uma mesa de corte, apenas uma câmera e sentávamos em uma arquibancada de madeira. Nossas aulas, com a professora Vera Ferreira, eram entre tornos e máquinas.” Um outro dado que a professora lembrou era que a Ipiranga acabava na PUCRS, “depois era puro areião”. Outro as- pecto interessante é que os carros e os ônibus entravam no campus. O prefeito da PUCRS, Irmão Modesto, criou vários quebra-molas porque, segundo ele, os motoristas andavam muito rápido. “Vocês conseguem imaginar os motoristas dirigindo rápido no campus?” Indagou Cleusa. Uma das paradas do Ipiranga/PUC, que entrava no campus pelo pórtico em frente à Reitoria, era atrás do prédio 5, havia outra em frente ao 8 apelidada pelos alunos de “esquina Fria”, porque na época não tinha os prédios e o vento encanava. Também tinha estacionamentos em frente ao prédio da Odonto e onde hoje é a capela universitária. O país estava passando por uma situação política conturbada e, na década de 70, as Relações Públicas tinham uma “visão distorcida”. Os demais cursos, especialmente o Jornalismo, enxergavam o relações-públicas como “vendido”, em função da ditadura militar que usava e abusava desta ferramenta para manipular as opiniões. “Essa foi uma fase muito danosa para a área”, admite. Cleusa relembra que os cursos em que a militância era mais intensa eram o de Filosofia e o de História. “Na Famecos isso não era tão significativo”, observa. Contrariando sua pretensão inicial de ser jornalista, começou a atuar como relações-públicas em decorrência de um con- Rebeldia nos anos de chumbo vite para trabalhar em uma fundação do Estado. Ela auxiliava o presidente da empresa, uma vez que era essa a visão que se tinha da profissão. Em pouco tempo conquistou espaço e implantou um projeto de comunicação interna, sendo que o professor José Fernando Silveira foi seu estagiário. Nesses 40 anos de curso, o RRPP Atualidades resgatou um pedacinho das lembranças de uma ex-aluna, que junto com a de tantos outros estudantes formam a identidade da Famecos. “É importante fazer esse resgate para darmos valor ao que temos e ao que foi conquistado ao longo de todo esse tempo. Eu me sinto muito grata por estar vivendo isso”, declarou empolgada. CECÍLIA AZEVEDO, LUCIANA GOULART E SILVANA OLIVEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL PROFESSORA CLEUSA SCROFERNEKER Carros estacionavam na frente do 7 Cleusa na noite de sua formatura Professor Lima em aula de Cinema Os formandos da Famecos de 1973 Professoras Lea e Cleusa na década de 70 14 Junho de 2006 POLÍTICA RRPP Atualidades FOTOS DIVULGAÇÃO PESQUISAS ELEITORAIS Tendências em um cenário de incertezas Em ano eleitoral, a cena se repete. Os candidatos oscilam nas pesquisas e os eleitores ficam cada vez mais confusos. A cada semana, um novo escândalo ou renovadas promessas, e as intenções de voto se alteram. A maioria dos institutos usa metodologias semelhantes para chegarem a resultados similares. Candidatos utilizam as pesquisas como argumento a seu favor ou contra os adversários, de acordo com a sua conveniência momentânea. Por vezes criticam as pesquisas, para logo adiante usá-las como um forte indicativo de vitória. Credibilidade Diante deste quadro de instabilidade política até que ponto as pesquisas servem como base sólida? Para José Luiz Monteiro Fuscaldo, diretor da Pública Comunicação, agência especializada em marketing institucional, e que já participou de diversas campanhas eleitorais no Rio Grande do Sul, elas ainda são fontes confiáveis, e ressalva: “Depende da credibilidade e seriedade das empresas pesquisadoras”, importantes ferramentas de informação para o eleitorado. Apesar das críticas, Fuscaldo acredita que é quase impossível hoje fraudar uma pesquisa, uma vez que “existe um certo rigor e controle da justiça eleitoral”, afirma. “Por outro lado, muitos candidatos contribuem para que o ambiente político e eleitoral fique cada vez mais degradado. E isto não é diferente no que se refere às pesquisas. Alguns para justificar um mau desempenho jogam pra cima das pesquisas a responsabilidade deste resultado”, complementa. Influência Com o excesso de informações e as freqüentes pesquisas, o eleitorado se vê frente a uma enxurrada de números. A cada nova pesquisa é feito um balanço do desempenho do candidato ao longo do período anterior. Especialistas acreditam que este quadro pode ter algum reflexo na escolha do eleitorado. Para Fuscaldo, no entanto, esta influência é muito relativa. Ele acredita que “as pesquisas podem influen- sim”, analisa. Interpretação Em meio a tantos dados e opiniões diversas, o eleitor comum sente-se obrigado a interpretar as pesquisas e fazer uma análise política, para a qual nem sempre tem todos os instrumentos necessários. Para Souvenir, uma das formas de encarar as pesquisas é prestar atenção em quem a fez e nas informações técnicas que aparecem junto a pesquisas eleitorais. “O eleitor deve encarar como informação, como retrato do momento, mas que pode mudar”, ensina. Critérios, abordagens e cenários distintos também devem ser levados em consideração, até porque, muitas vezes, os resultados são bastante variáveis de um instituto para outro. De acordo com a professora Souvenir, é preciso analisar o contexto sócio-histórico de cada Fuscaldo, diretor da Pública Comunicação lugar. “Mas se por ventura ciar na decisão do voto, mas como mais ocorrer uma diferença grande no mesmo um objeto para compreensão do cenário cenário, daí alguém deve estar errado”, eleitoral”, porque “a pesquisa pode ter al- afirma. guma influência num determinado percenNovo cenário tual de eleitores. Mas acho que num núUma nova lei eleitoral já aprovada pelo mero muito baixo. Nos demais é apenas argumento de avaliação e informação para Congresso e sancionada pelo presidente o debate que se estabelece entre os eleito- Luis Inácio Lula da Silva prevê, entre outras coisas, o fim da campanha e de pesres”. José Fuscaldo acredita que as pesqui- quisas eleitorais 15 dias antes do pleito. sas “apenas refletem uma tendência elei- No entanto, essa lei está sendo estudada toral”. Mas complementa que quem atua pelo TSE para verificar se entra em vigor em uma campanha precisa se basear nes- nas próximas eleições. Souvenir prevê um tes dados. “Campanha sem pesquisa é novo cenário para o próximo pleito. Secomo navegar sem instrumentos”, senten- gundo a professora, “as pessoas possivelmente vão refletir mais sobre seus votos, cia. Já para a profª. drª. Souvenir G. Dor- pesando mais a história dos candidatos e nelles, coordenadora do curso de Relações sua trajetória pessoal, profissional e polítiPúblicas da Famecos, as pesquisas têm um ca”. Por isso ela acredita que “as pesquipeso maior. “Principalmente se a parcela sas serão de grande importância para a de indecisos for grande”, afirma. “O can- orientação de candidatos e partidos”. E didato pode ter muitos eleitores, mas ter afirma: “O Brasil vem amadurecendo”. uma rejeição grande também, e as pesFABIANO SCHIRMER LOPES E quisas podem mudar intenção de votos LETÍCIA RODRIGUES OLIVEIRA Junho de 2006 DOUTRINA RRPP Atualidades 15 O desafio da liderança Professor da Famecos alerta: “Nem sempre o chefe é o líder” No campo das Relações Públicas, os profissionais dependem dos líderes das organizações para realizar seus projetos. Porém, as organizações pouco valorizam seus líderes. Segundo o professor Roberto José Porto Simões, formado em psicologia com mestrado em psicologia organizacional e doutorado em educação, a teoria do Grande Homem (que os líderes nascem feitos) está superada. “As pessoas podem se aperfeiçoar através de uma série de técnicas, obtendo com o tempo a consciência de liderança”, enfatiza. O líder precisa ter consciência do seu papel dentro da organização, ter boa argumentação e dicção, ser influente e carismático, tendo a capacidade de convencer as pessoas a fazerem o que lhes é pedido por vontade própria. No entanto, não existe um gabarito com as caracte- rísticas necessárias para exercer a liderança, porque “a liderança é para uma determinada situação histórica, cada situação exige diferentes habilidades”, explica o professor. Há diversos tipos de situações de liderança: democrático – o grupo pode tomar as próprias decisões; laissez faire – mínimo esforço para executar o trabalho necessário para manter a participação na organização; autocrática – atenção primordial voltada à produção organizada para a interferência mínima das pessoas. “É possível ter os três estilos durante o dia, dependendo da situação e a decisão a ser tomada”, adverte Simões. Para quem pensa que um líder sempre ocupa alto cargo em uma organização está enganado. De acordo com Simões, há em muitas organizações a figura da “eminência parda”, onde determinado membro da organização está em um posto subordinado, exercendo a liderança. Isso ocorre em qualquer tipo de organização. As organizações que não dão importância aos seus líderes estão condenadas ao caos, porque se sustentam na base do poder e não geram oportunidades aos talentos ou ao surgimento de novos líderes, critica o mestre. Para quem desejar saber mais sobre o tema, Simões indica o livro “A Meta”, de Eliyahu M. Goldratt. ANA LUÍSA SCHMITT, ANDRÉ KATZAP E JOSIAS GIESEL CRISTIANE SEEWALD Um olhar sobre Simões Calouros realizam evento em homenagem à vida e à obra do professor Roberto Porto Simões, da Famecos Em 25 de maio aconteceu, no auditório da Famecos, o evento Um Olhar Sobre Simões. Produzido por alunos do primeiro semestre de Relações Públicas, a promoção incluiu apresentações multimídia sobre a vida de Roberto Porto Simões, a exposição e o debate de sua teoria, depoimentos de amigos e colegas. Encerrou-se com uma emocionante surpresa. Sob o comando da professora mestra Lana D’Avila Campanella, os jovens tiveram a oportunidade de, logo ao ingressar na universidade, unir teoria e prática nesse acontecimento que contou com a participação do coordenador da Habilitação em Relações Públicas da Ulbra, Gustavo Becker, e da professora doutora da Famecos, Ana Steffen. “Durante as aulas de Teorias, os graduandos se encantaram com a obra do autor, embora outros teóricos tenham sido abordados”, diz Campanella. A partir dessa percepção, a professora decidiu inovar e encarregá-los de organizar um evento dessa natureza, mesmo sem experiência nenhuma. Surpresa com o desempenho da turma de 45 alunos, a mestra elogiou a criatividade e o interesse demonstrado pelos estudantes durante as etapas de planejamento e produção do evento. Becker acredita que o valor da atividade deste porte está no envolvimento do alu- no com o curso. Para Jonatan Escobar, estudante do oitavo semestre de RRPP, mas cursa esta disciplina do primeiro nível, a experiência é boa, o grupo teve muita iniciativa na realização do trabalho. “Parece que eles já sabiam o que é Relações Públicas”, enfatizou. Os alunos finalizaram o evento com uma música composta em homenagem a Simões, que agradeceu, ressaltando: “abstraindo-se a pessoa, este é um evento que deve ser repetido como um elemento promocional da atividade”. ELISA ALGAYER CASAGRANDE, FERNANDA CARVALHO LEITE E JULIA FROEDER 16 Junho de 2006 E S T R AT É G I A S RRPP Atualidades DIVULGAÇÃO Parque Germânia tem lago, quadras esportivas e playground Uma nova proposta de moradia em Porto Alegre Porto Alegre completou 234 anos e ganhou um novo conceito de vida para sua população. O Parque Germânia, o único cercado da cidade, foi o primeiro passo como inovação da construtora Goldsztein. No dia 19 de abril, uma festa para mais de 1500 convidados marcou a inauguração do Espaço Jardim Europa, o maior estande imobiliário já montado no sul do Brasil e que vai ancorar os lançamentos dos primeiros empreendimentos do novo bairro que está sendo erguido pela Goldsztein, ao lado do Shopping Iguatemi. No dia 26 de março, a cidade de Porto Alegre completou 234 anos de existência. Para homenageá-la, uma das principais incorporadoras do país, a Goldsztein, presenteou a capital gaúcha com o Parque Germânia. A cerimônia oficial de entrega aconteceu no local, às 10h30min, e contou com a presença do prefeito José Fogaça e diversas autoridades. Os porto-alegrenses ganharam um diferencial em lazer no espaço de 150 mil metros quadrados, sendo 40% dele de preservação permanente. A Goldsztein firmou uma parceria com uma das maiores empresas administradoras de condomínio do país para oferecer o que há de melhor e mais inovador um serviços de gestão condominial, empresa Itambé. Uma nova proposta de moradia – um bairro planejado com infra-estrutura inovadora, apartamentos de 3 e 4 dormitórios, bairro concluído nos próximos 7 anos. Segundo Dan Berger, gerente de marketing da empresa, o empreendimento destina-se a classe A e B, com alto poder aquisitivo. O trabalho de divulgação está sendo realizado na imprensa ( página informativa em jornal divulgando o bairro a ser lançando, vídeos na tv com propaganda do novo bairro a ser lançado, folder, folhetos, mala-direta). Foram feitas pesquisas – qualitativa e quantitativa. A idéia de construção do parque foi para valorizar a área e uma oportunidade de morar numa das maiores áreas verdes da capital, pois Porto Alegre sofre uma escassez de área verde na Zona Norte. O projeto do estande é assinado pelo Gad Design, que também é responsável por toda a programação visual do inovador bairro. O espaço de linhas modernas e arrojadas é composto por quatro tipos de apartamentos decorados de alto padrão, além de uma grande maquete do Jardim Europa e um enorme jardim com cascatas, que reproduzirá a área de lazer do primeiro empreendimento a ser lançado, em abril deste ano. Conforme o gerente de marketing da empresa, o Cipriani Nuova Architettura, o primeiro empreendimento do jardim Europa a ser comercializado, está 100% vendido. As vendas aconteceram em apenas 15 dias, ainda na fase de pré-lançamento. Esse fato demonstra que o trabalho das relações públicas neste empreendimento foi excelente, pois as metas atingidas foram superiores às expectativas. Muito mais do que oferecer construções de qualidade, a Goldsztein procura envolver e surpreender seus clientes desde o lançamento até a entrega de um empreendimento, cuja a conclusão está prevista para os próximos sete anos. ANGÉLICA MADALOSSO , JORDANA SANTOS, JULIANE AZEVEDO E PABLO ROCHA Endomarketing no Monteiro Fundada há 35 anos, a escola de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio Monteiro Lobato, decidiu no ano de 2006 implantar a sua primeira campanha de endomarketing. Endomarketing é a integração das pessoas através de informação coerente e rapidamente distribuída, que objetiva despertar nos colaboradores uma sensação de “co-propriedade” sobre a empresa e com isso, obter o comprometimento. Seguindo esse conceito, foi aproveitado o aniversário de 35 anos do Colégio Monteiro Lobato para lançar a campanha. “O selo de 35 anos foi o marco inicial de uma campanha bem sucedida”, diz Rafael Tucci, diretor geral da YPOM!, agência responsável pelo projeto. A grande idéia de lançar a campanha junto às comemorações foi aproveitar toda a história do colégio para injetar uma dose de animação nos colaboradores do Monteiro, através de vídeos institucionais desenvolvidos especialmente para a ocasião, festividades para prestigiar os funcionários de maneira geral e com homenagens específicas para os mais antigos. “A meta para 2006 é conseguir aumentar a produtividade dos funcionários da escola em pelo menos 10%, comenta empolgada Vera Maria Lobato, diretora da educação infantil e sócia fundadora. Das ações que ainda não entraram em vigor e estão sendo analisadas, o sistema de bonificações é o que se espera melhores resultados se vier a ser implantado. Ele consiste em definição de metas por setores, onde o grupo de pessoas que está diretamente envolvido tem que cumprir metas estabelecidas pela diretoria. Se forem atendidas e a empresa atingir o crescimento previsto, todos os funcionários terão direito a um salário extra, além do garantido pela lei, o décimo terceiro. Até agora, após cinco meses de campanha, já se contabiliza mudanças no comportamento das pessoas dentro do Monteiro, desde coisas simples como mais atenção no dia-a-dia, até diminuição de atritos em setores mais problemáticos. “Com certeza, o endomarketing irá trazer benefícios ótimos para a empresa”, conclui a diretora Vera Maria Lobato. PEDRO LOBATO CONFIRA Junho de 2006 BREVES RRPP Atualidades 17 PERFIL Impossível não percebê-lo! JULIA FROEDER Comunicação em tempos de crise A crise da Varig apareceu em todos os meios de comunicação nos últimos meses: planos de venda da companhia a fim de evitar a falência, a união dos funcionários na luta pela permanência da companhia no mercado, as negativas do governo em auxiliar a empresa e, claro, as especulações dos investidores. Neste cenário, passa despercebido o importante papel da comunicação na administração da crise. Segundo a assessora da gerência-geral dos comissários Valéria Gazzola, comissária de vôo da Varig por 16 anos e há sete anos trabalhando com a gestão do grupo de vôo, a crise propiciou uma integração da comunicação interna e uma melhoria nos fluxos comunicacionais. Estudante de Relações Públicas da PUCRS desde 2003, ela diz que o curso proporcionou uma visão diferenciada dos processos comunicacionais da empresa, o que facilitou a gestão dos seus funcionários. “Hoje se fala muito na crise da maior empresa de transporte aéreo que este país já conheceu e não há como desvincular-se, mas o importante é salientar como a comunicação foi modificada e reforçada nos momentos atuais”, ressalta. DANIELA MASCOLO Universidade Missionária A profissão de Relações Públicas vem sendo cada vez mais reconhecida como uma atividade voltada para o planejamento de projetos sociais. A profissional da área Maria Elisa Correia da Silva acredita que sua formação superior contribuiu no sentido de dar subsídios para criação, planejamento e execução de projetos sociais. Para ela, a faculdade ensina técnicas e estratégias que permitem atingir de maneira eficaz o público. Como exemplo de trabalho de Relações Públicas no âmbito da comunicação, destaca-se o programa Universidade Missionária, realizado através do Centro de Pastoral da PUCRS, que visa integrar jovens a serviço da comunidade. BIANCA DOS SANTOS ROSA Márcio: dedicação e responsabilidade no apoio às atividades acadêmicas Ele é grande e silencioso, mas todos o percebem. Com cuidado, passa pelos corredores. Está sempre concentrado, procurando fazer um bom trabalho. Márcio trabalha no setor de Meios Auxiliares. Busca atender a todos — professores, alunos e colegas da Famecos. No auxílio aos professores em sala de aula, ele é acionado para levar equipamentos, momento em que os alunos o conhecem mais de perto. É também estudante da PUC e cursa Sistemas de Informação. Mesmo sendo muito atarefado, encontra tempo para torcer pelo seu time do coração, que, aliás, é vermelho mesmo. Nome: Márcio Tedesco Idade: 28 anos Estado civil: Solteiro O que gosta de fazer: Assistir filme, esportes Seu time: Internacional Perfume: Kouros Marca: Yves Saint Lauren Cor: Vermelho Animal: Tigre Qualidade: Amigo Defeito: Ansioso Comida que mais gosta: Churrasco Tempero que menos gosta: “Adoro temperos” Esporte: Vôlei Música: Rock Cantor: Bono (U2) Filme favorito: Contato Livro: Deus é inocente, a imprensa, não, de Carlos Dorneles Ator que admira: Al Pacino Atriz que admira: Jodie Foster Mulher bonita: Daniela Sarahyba Sonho de consumo: “Meu apartamento” Uma palavra: Fraternidade O que deixa feliz: Paz O que mais te incomoda no mundo: Indiferença Um pedido: Que simplifiquem mais as coisas — “as coisas são simples, as pessoas é que as dificultam” Um sonho profissional: “Trabalhar em minha área — Informática” Um sonho pessoal: Família POR TAILA COSTA OLIVEIRA, COM ANNA PAULA JUSTO LEMOS E DANIELA MARCHI 18 Junho de 2006 RESPONSABILIDADE SOCIAL RRPP Atualidades ANNA PAULA JUSTO LEMOS Educar para viver Iniciativas para transformar o trânsito de Porto Alegre A borboleta no asfalto em frente ao portão central da Universidade Em tempos de violência, a sociedade não é abalada somente pela agressão dos assaltantes. Uma arma maior e tão poderosa quanto a de fogo aterroriza as ruas das cidades brasileiras. Em função disso alguns grupos lutam por uma nova cultura no trânsito, objetivando alcançar menores índices de acidentes e conseqüências menos trágicas para a sociedade. Mas quem são esses grupos? Estes são a EPTC e a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga – Vida Urgente. ASSET/EPTC (Assessoria de Educação para o Trânsito) criada em junho de 2005, formada por agentes de trânsito e trans- portes da EPTC. Sendo que o trabalho de educação para o trânsito vem sendo desenvolvido desde 1999, contribuindo com a construção de uma nova cultura pautada na civilidade e segurança. Conscientes da necessidade de uma atitude radical em relação ao alto índice de acidentes, a ASSET atua com a distribuição de material educativo, propondo atividades, com visitações às escolas e ações dirigidas a pedestres, condutores, motociclistas, crianças e idosos. Além da peça teatral “Com licença, preciso passar”, encenada pelos próprios agentes, voltada ao público infantil. Com a intenção de dar um toque humorístico e carinhoso aos públicos, a EPTC criou um mascote, o Azulito, que participa das campanhas e auxilia no desenvolvimento das atividades, além de contribuir para a humanização dos agentes. De acordo com Luciana Pereira, agente de transportes e circulação da EPTC, a empresa parte do princípio de que nós precisamos nos reeducar e, embora exista uma boa aceitação do público durante a realização das ações educativas, a sociedade necessita da conscientização do perigo que a rivalidade e a falta de respeito mútuo no trânsito podem acarretar a todos. “O público mais resistente, ainda, são os jovens. Estamos estudando ações apropriadas que sejam dirigidas a eles” – completa Luciana. Este segmento de público, embora esteja em grande escala nas estatísticas dos acidentes, reluta em acreditar que são suscetíveis aos males que a inconseqüência e aventura no trânsito podem ocasionar. A ASSET/EPTC realiza ações como campanha “Volta às Aulas”, “Redução dos atropelamentos em corredores de ônibus”, campanha dirigida aos motociclistas, advertindo contra os rachas com o slogan “Sim à liberdade. Racha nas Ruas Não!” e ainda, campanhas de datas afetivas. SEMANA NACIONAL Este ano o tema escolhido pelo CONTRAN (Departamento Nacional de Trânsito) para a campanha da Semana do Trânsito (de 18 a 25 de setembro), foi “O trânsito é feito de pessoas. Valorize a vida”. Tal campanha tem o objetivo de desenvolver valores, posturas e atitudes para garantir o direito de ir e vir do cidadão. Uma borboleta onde se perdeu uma vida A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga foi criada em 13 de maio de 1996 por Régis e Diza Gonzaga, pais de Thiago, jovem vítima fatal de um acidente de trânsito em 1995. A Fundação, em conjunto com a Campanha Vida Urgente, desenvolve projetos de conscientização sobre os perigos no trânsito para evitar que outros jovens percam a vida quando o que mais querem é viver. A Campanha Vida Urgente foi lançada no dia 20 de Maio de 1996, no Bar Opinião, último lugar que Thiago esteve. Tal campanha visa atenuar os acidentes de trânsito, dando prioridade aos que envolvem jovens. O primeiro acontecimento efetivo desempenhado pela Fundação foi a Madrugada Viva, uma ação realizada por voluntários que saem às madrugadas da Capital, uma sexta-feira por mês, conscientizando jovens quanto ao uso do cinto de segurança, o perigo de beber e dirigir, assuntos relacionados à segurança no trânsito. Se- gundo Alexsander Ramos Camargo, funcionário responsável pelo atendimento na Fundação Thiago Gonzaga, esta Campanha tem alto nível de aprovação, porque é feita de jovem para jovem. A Fundação conta com um instrumento de comunicação importante para alcançar seu objetivo de educação para o trânsito: o teatro, que tem três etapas. 1ª. Contadores de Histórias – para crianças de 2 a 8 anos, que dá noções básicas de trânsito, bem como não correr atrás da bola no meio da rua, não pular no carro, andar no banco traseiro, entre outros; 2ª. Últimos dias de Super-Herói – para pré-adolescentes (estudantes do Ensino Fundamental). É uma das primeiras atividades da Fundação, tem 9 anos de existência. Um projeto multimídia que utiliza recursos tecnológicos para atrair a atenção do público; 3ª. Exército dos Sonhos – para jovens de Ensino Médio e adultos. Esta peça busca desmitificar a cultura do herói “que tudo pode”, característica do jovem, e o pensamento de que “comigo não vai acontecer”. Sua apresentação é itinerante e remunerada. As atividades clássicas da Fundação incluem em seu repertório campanhas como “Salva Vida Urgente”, “DM Vida Urgente na Estrada”, “Moto Vida”, “Vida Urgente In Concert”, “Vida Urgente Acústico”, “Bloco de Carnaval” e “Buzoom – Carona Segura”. E a borboleta no asfalto, o que significa? A borboleta foi o símbolo escolhido por Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago Gonzaga, pois ela chamava seu filho de “Pesquisador de Borboletas” – era uma pessoa feliz, fazia de tudo um pouco, sempre tinha uma nova idéia – por isso o apelido. Com o tempo, foram agregando-se novos significados: a borboleta tem vida curta; significa renovação, e outros. Ela é pintada no asfalto e indica que nesse lugar, um jovem perdeu a vida em acidente de trânsito. ANNA PAULA JUSTO LEMOS, CAMILA CORONEL MARTINS, MELINA STEPHANOU, TAILA COSTA OLIVEIRA Junho de 2006 COMUNIDADE RRPP Atualidades 19 Insegurança atinge universitários Mobilização conjunta espera combater a criminalidade nas proximidades do campus DIVULGAÇÃO ASCOM O assassinato da estudante, próximo ao campus central da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, provoca insegurança e revolta na comunidade e nos estudantes. Ações conjuntas entre a PUCRS, Brigada Militar e Secretaria de Justiça visam mudanças para garantir maior estabilidade na segurança interna e externa na Universidade. Estudante de Administração de 27 anos, Débora Koslowisky, foi morta com um tiro nas costas em uma tentativa de assalto, por volta das 22h30 min, em 29 de março, enquanto esperava por uma colega, dentro de seu carro, na avenida dos Cubanos, ao lado da PUCRS. Esse incidente próximo ao campus gerou insegurança e medo na comunidade universitária. Em luta para melhorias na segurança, alunos organizaram uma manifestação pelo aperfeiçoamento na segurança no campus. O coordenador da Ascom (Assessoria de Comunicação Social da PUCRS), jornalista Luiz Antônio Nikão Duarte, afirma: “ Não se pode acusar a vítima pela ação criminosa de que é alvo. Vale o mesmo para as organizações que, de um lado são obrigadas a investir em iniciativas que o Estado deixa de cumprir e, de outro, não têm essas iniciativas reconhecidas e ainda são cobradas por mais e mais ações – algumas das quais está proibida de executar, como policiamento externo”. Logo, a faculdade não é responsável pelos atos que ocorrem no exterior da Universidade, a uma obrigação com seus alunos vale somente no interior desta. Porém, devido ao ocorrido, a PUCRS procurou realizar melhorias para a segurança, como por exemplo a colocação de câmeras dentro do campus, a ampliação da iluminação interna para que alcance os espaços externos ao campus central e a FERNANDO HESSEL Campus da PUCRS passa por melhorias na segurança, anuncia assessor de imprensa, Nikão Duarte circulação de agentes em motocicletas, além dos que já o fazem a pé. Também está sendo autorizada a circulação de veículos da BM, conduzidas por policiais militares. Junto com estes será realizado a utilização de um equipamento pelo qual é possível verificar, nos estacionamentos, a presença de veículos cujo furto tenha sido comunicado às autoridades. Sabendo-se que o fato ocorrido reflete diretamente na imagem da universidade, e assim sendo necessário trabalhar para realizar ações que visam esclarecer e demonstrar os esforços empregados na solu- ção dos conflitos, Nikão completa: “Posso ousar dizer que enfrentar os assuntos traz sempre menos prejuízo à imagem institucional. E imagem institucional é um processo em permanente construção, daí a importância de se estar sempre avançando no relacionamento com a sociedade, através da Comunicação. A satisfação, fruto da administração adequada desse processo, vem com o tempo – e também precisa estar sob constante construção”. GUSTAVO FERRONATTO, NAIRANA FONTOURA E TASSIANE MORESCHI Pesquisas: mais uma arma para o crime Com as constantes realizações de falsas pesquisas, este importante instrumento de trabalho vem sendo ameaçado. Falsos seqüestros, furtos, assaltos tem sido cada vez mais freqüentes, em conseqüência de “pesquisas fantasmas”. Para que este tipo de situação não venha a acontecer, é preciso se tomar algumas precauções, tais como: os pesquisadores devem estar identificados e treinados para realizar as pesquisas; sempre que possível, devem-se divulgar nos institutos de pesquisa; procurar perguntar o mínimo de informações pessoais dos pesquisados; divulgar sempre que possível que será realizada a pesquisa em algum meio de comunicação. Segundo a professora de comunicação social da PUCRS, Glafira Bartz, “para se evitar este tipo de problema e garantir a veracidade da pesquisa, deve se di- vulgar uma nota oficial nos institutos de pesquisa comunicando sobre a realização da pesquisa”. Desta forma, torna-se claro, a importância de um planejamento sério, na hora de realizar uma pesquisa. BRUNA DE CASTRO MUCELIN DÉBORA LIGABUE SANT’ANNA MARCELO PINHEIRO PEDRO HOPPE DE LIMA 20 Junho de 2006 E S P E C I A L CULTURA RRPP Atualidades DIVULGAÇÃO ESPAÇO ABERTO Produção cultural é novo mercado para RPs DIVULGAÇÃO O profissional de relações públicas vem buscando novas áreas para sua atuação e uma delas é a produção cultural. Essa atividade está cada vez mais presente no contexto da sociedade em que o desenvolvimento do mercado cultural abre espaço para a profissionalização da produção artística e a comercialização da arte. Então, as mudanças e transformações que vêm ocorrendo no campo da produção permitem a viabilização, a Sérgio Bueno, da banda Soul divulgação e o consumo cultural e que sua função é a de “gerencida cultura entendida como produto. Nesse novo cenário cultural que se ar os processos de produção da cultura, apresenta, os consumidores da cultura es- compreendendo e respeitando suas pecutão mais exigentes em relação aos produ- liaridades”. E para atuar na produção cultos que consomem. Por este motivo, faz-se tural, Bueno utiliza técnicas e ferramentas necessária a presença de um profissional das Relações Públicas, como o marketing capacitado para atuar como mediador dos e a comunicação dirigida. O produtor pode utilizar o marketing, interesses desses públicos com o artista ou seu produtor. Podemos assim perceber os mais especificamente o cultural, como insartistas e seus produtos como uma organi- trumento para o desenvolvimento da imagem organizacional. O marketing cultural, zação. Na área de Relações Públicas, o pro- visto como ferramenta da produção cultufissional realiza atividades que englobam ral, pode ser considerado “unidade de neo relacionamento com os públicos, a or- gócios que visa o retorno institucional a ganização de eventos, pesquisa, captação partir da visibilidade e fixação da imagem de recursos, promoção e divulgação, por organizacional através de uma manifestaisso ele pode atuar na produção cultural. ção cultural”, afirma Bueno. E, nesse ceO produtor cultural dedica-se à produção nário, é importante a atuação do profissie à organização de eventos e produtos ar- onal na promoção da cultura no setor tísticos e é o responsável por todas as eta- empresarial. É relevante que o relações públicas pas que envolvem esse processo. Assim como produtor cultural identifique adequacomo o relações públicas institucional, sua intenção é a de criar e sustentar uma ima- damente cada um de seus públicos estragem positiva do artista e de suas produ- tégicos e estabeleça uma comunicação dirigida, com linguagem e mídias específições. Um exemplo disso é o relações públi- cas. Esta comunicação facilita o relaciocas Sergio Bueno, que é formado há me- namento e, se valendo das ferramentas do nos de um ano, mas desde 1999 atua como marketing, pode fortalecer a imagem dos produtor cultural de sua banda, a Soul artistas e legitimá-la com seus públicos. Adiction. Ele entende que o produtor culELIZANGELEM MAZZARDO MARQUES tural pode ser encarado como o gestor VIANA Teatro de rua Foto: Adriana Franciosi Cultura, magia e diversão na cidade Um dos maiores festivais de artes cênicas de todo o Brasil, Porto Alegre em Cena, de 05 a 17 de setembro transformará mais uma vez nossos teatros em centros de invenção e beleza. Peças teatrais, teatro de rua, teatro de bonecos, apresentações musicais e de dança, toda manifestação artística cênica merece destaque no festival. Em sua 13ª edição e com muita disposição dezenas de espetáculos teatrais, regionais, nacionais e internacionais entram em exibição em todos os espaços culturais da capital gaúcha, desde lugares reconhecidos (como o Theatro São Pedro) até locais públicos (como a Redenção). A proximidade deste Estado brasileiro de alguns países da América Latina torna a cidade uma plataforma privilegiada de intercâmbio e troca de saberes. Criado em 1994, o Porto Alegre em Cena sempre se destacou pela ousadia de sua programação e contribuição às artes gaúchas. Mais uma vez, quando setembro vier, nossa Capital receberá alguns dos nomes mais importantes do teatro contemporâneo. Ainda neste ano, o evento contará com uma novidade para as crianças não ficarem de fora desta festa. Com o teatro de bonecos elas também terão a oportunidade de conhecer e se encantar por esse mundo à parte encantar por esse mundo à parte. Com uma das promoções teatrais mais importantes do Brasil e, provavelmente de toda a América Latina, o Rio Grande do Sul assiste a um vasto leque de iniciativas paralelas aos espetáculos, como performances e exposições que acontecem um pouco por toda a cidade. Porto Alegre será ainda palco para debates, conferências e seminários que envolvem um conjunto de agentes teatrais. Esse festival de vida e magia é antagônico à sociedade atual. Abrir a alma para as artes pode até ser visto como um escapismo covarde, mas quem sabe só assim se tem a possibilidade de ser feliz, buscando na beleza e na fantasia um mundo melhor para se viver. CAROLINA FRAGA, PAULA CIANCONI E VANESSA FESTL Junho de 2006 E S P E C I A L RRPP Atualidades 21 CULTURA Um casamento perfeito Como o profissional de Relações Públicas influencia no sucesso de uma banda DIVULGAÇÃO Guilherme Bittencourt, mais conhecido como Guilherme Alf, ingressou no curso de Relações Públicas na PUCRS em 2001. Hoje, com 24 anos, está se formando e é um dos integrantes do grupo de pagode Na Moral. A profissão de Relações Públicas chegou até ele devido aos trabalhos realizados na noite de Porto Alegre. “Antes de entrar no Na Moral eu já trabalhava com eventos e era sócio de uma casa noturna de Porto Alegre”, conta. A banda de pagode teve início em maio de 2005, fruto do encontro de cinco jovens. Depois de algumas conversas e ensaios, o grupo começou as apresentações na capital e logo depois no interior do estado. “A gente sempre comenta, que a banda surgiu porque estava escrito. Nem nos conhecíamos direito e já estávamos ali, em cima do palco, juntos, fazendo uma das coisas que hoje é indispensável a qualquer um de nós.” No início da carreira, Alf era também o produtor do Na Moral. “Além de cantar e tocar, o fechamento de datas, a produção Alf em apresentação na noite com o Na Moral do show assim como as negociações da banda eram tarefas minhas.” Ele afirma que neste momento, a faculdade foi fundamental na construção, e logo depois na consolidação da carreira e da imagem do Na Moral. “Somente a experiência adquirida com a prática não é suficiente no mercado competitivo de hoje. Tenho certeza que o curso me proporcionou uma visão mais estratégica das coisas, principalmente ao se tratar de públicos.” Hoje, dois anos após o começo da Banda Na Moral, ele tem uma Produtora de Eventos e Assessoria de Marketing com seu sócio, Pedro Band, que igualmente integra a banda. Os conhecimentos obtidos, aliados à prática fazem com que Guilherme tenha a cada dia a certeza de ter escolhido o caminho certo. “Quando um trabalho novo chega até nós, é que me dou conta de como os estudos na faculdade foram importantes”. A sua empresa, além de planejar e realizar eventos no mundo da música, cuida da carreira e da imagem de outras bandas que estão ingressando no mercado. “Desde o planejamento até a execução, como o cuidado com a imagem do Na Moral e de outras bandas, tudo faz com que eu me sinta um profissional de Relações Públicas, nunca deixando de juntar a prática aos meus conhecimentos”, conclui. BIANCA LOPES Cresce o mercado musical em Porto Alegre e abre espaço para profissionais de RRPP O mercado musical porto-alegrense está crescendo cada vez mais. Todos os dias surgem novas bandas, com músicos dispostos a ensaiar e levar o seu trabalho a sério. Nesse mercado é necessário alguém competente que entenda de produção e que seja ágil para realizá-la. O relações públicas é o profissional certo para executá-la. Entretanto, alguns problemas ainda são encontrados na produção de shows, como a falta de conhecimento a respeito de novos músicos e casas noturnas que contratam sempre as mesmas bandas, o que acaba desmotivando o público que não agüenta mais assistir aos mesmos shows. Por esses problemas, é interessante e necessário o papel da produtora, mediadora entre artista e contratante, para oferecer ao público a qualidade de evento merecido. Com base nesse aspecto é que se acredita que o relações públicas seja o profissional mais qualificado para trabalhar com a produção de shows e assessorias de bandas, já que ele possui as ferramentas adequadas para fortalecer a ima- DIVULGAÇÃO gem, as qualidades, as características de um produto/serviço, além de saber planejar antes de executá-lo. Mas outros profissionais de outras áreas acabam realizando este serviço. Luciana Sant’Anna, recém formada em Relações Públicas pela PUCRS e proprietária de uma produtora musical nova no mercado, diz que a idéia de trabalhar nesse meio e de fundar a LS Produtora surgiu do seu gosto de trabalhar com bandas e por acreditar na necessidade de elas terem um profissional que cuidasse do seu trabalho, desde a montagem do release, divulgação, marcação de shows, até a assessoria no dia da apresentação. “As bandas que estão surgindo são carentes de profissionais assim, o que dá oportunidade às relações públicas iniciantes nesse mercado”, projeta. E com isso, a noite porto-alegrense ganhará uma diversidade maior também em relação a novas bandas e músicos. FERNANDA ZEMBRZUSKI Luciana Sant’Anna, produtora musical 22 Junho de 2006 ESPECIAL CULTURA MTV Brasil: Music TV ou Mídia Television? Há uma mudança de rumo na imagem que a emissora construiu entre a década de 90 e os dias atuais Em 20 de outubro de 1990 entrava no ar pela primeira vez a emissora Music Television – MTV para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, atingindo cinco milhões de domicílios com televisão. Resultado de um join venture (associação de empresas independentes) entre a MTV Networks (EUA) e o Grupo Abril, a MTV é o maior canal de música do país. Mas a imagem da emissora frente aos seus públicos vem mudando ao longo dos anos. Nos seus primeiros anos de existência a MTV Brasil buscou uma nova identidade visual, a fuga da padronização e a necessidade de uma linguagem única, com uma forte referência da MTV européia. Na época, a veiculação de um anúncio de 30 segundos custava pouco mais de U$ 500 dólares e a cada hora de programação, em média, apenas oito minutos eram reservados para propagandas. O que fazia com que o conteúdo musical em emissora com “personalidade” fossem a receita do sucesso do canal. Em 1996, muitas coisas mudaram na emissora que agora estava registrada como MTV Brasil e sofreu uma intervenção maior da MTV Networks. A partir daquele ano, além do jargão “Música e Atitude”, foi inserida a palavra “Comportamento” na programação da emissora. Entravam no ar programas que fugiam do tema música como os extintos: Fica Comigo – quatro jovens disputando um beijo de um convidado - e Meninas Veneno – mulheres que estudavam seus comportamentos e dos homens também. Tirando o foco da música, principal diferencial das demais programações televisivas, e criando um padrão de comportamento próprio da emissora, ao mesmo tempo em que identifica a ‘marca’ MTV Brasil, foge da idéia de liberdade e naturalidade na apresentação dos programas com os quais os jovens se identificaram desde o início. Em 2001, a cota única de patrocínio de uma série de programas sobre política, denominado “Tome Conta do Brasil”, era oferecida por R$ 1,9 milhão de reais. Já mostrando uma grande diferença em relação ao início da emissora que também tem aberto espaço para modelos populares apresentarem programas sobre comportamento. Um exemplo explícito é Daniela Ci- carelli, que apesar de simpática e engraçada não tem qualquer envolvimento com música. Em entrevista dada ao site da 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes que ocorreu no Rio de Janeiro, o diretor de programação da MTV Brasil, Zico Góes disse que os programas da MTV passam por alguns filtros. “O primeiro deles é o interesse do jovem. Por conta disso, procuramos, dentro do nosso segmento, ser o mais abrangente possível, nunca nos afastando da música e do nosso estilo que é bem-humorado, sem muitos padrões rígidos, com naturalidade e estética moderna”, explica. Prova disso é o fato de a emissora buscar atingir os seus públicos com temas diversos através de novas tecnologias, como é o caso do programa Ya Dog!, onde o público entra em contato com a apresentadora através da internet e mensagens de texto solicitando videoclipes. Apesar disso, a emissora precisou apresentar uma grade de programas totalmente reformulada devido às reclamações de ausência de programação musical. A inserção de um anúncio de 30 segundos, dependendo do horário, pode custar até R$ 10 mil atualmente. Portanto, percebese a preocupação de grande parte dos mais de 20 milhões de telespectadores da emissora que se deparam a cada momento com uma quantidade maior de aspectos midiáticos, comerciais a cada 15 minutos e merchandising dentro dos programas. LARA DE OLIVEIRA, LEANDRO PEREIRA E LEONARDO ONGARATTO RRPP Atualidades TV Digital: democratizar ou concentrar? Um novo debate está sendo travado nas instâncias públicas da comunicação: tratase de discutir o novo modelo de TV Digital para o Brasil. Os três modelos cogitados são o Europeu, o Japonês e o Estadunidense. Essa discussão esta sendo feita entre o Governo Federal, o Ministério das Comunicações e alguns grupos ligados à democratização da comunicação, como o FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação). A decisão terá forte impacto na cultura, na política industrial e na produção de ciência e tecnologia do país. Com esta nova plataforma, a depender das escolhas feitas, é possível aumentar o número de canais, fazer a inclusão digital de grande parte da população, garantir a participação do telespectador no ato de assistir TV por meio de programas interativos, desenvolver a ciência e tecnologia do Brasil e promover a diversidade de cultura nacional. Conforme Alexandre Dornelles, estudante de Jornalismo e coordenador do Centro Acadêmico da Famecos, a digitalização proporciona uma mudança nos paradigmas. “É uma oportunidade única para promover a regulamentação e democratização do setor de telecomunicações”, disse. O professor de Jornalismo Online da PUCRS, André Fagundes Pase, acredita que o mais apropriado para a democratização da comunicação não seria pela digitalização e sim, por outros meios, como a internet, por exemplo. Pela decisão do Governo Federal, o padrão Americano já está descartado devido ao fato de frisar somente uma qualidade altíssima de imagem e não possuir uma maior diversidade de canais, além de que o custo de sua implantação seria muito maior do que dos outros por causa da sua alta tecnologia. O que está sendo analisado hoje é o modelo Japonês e o Europeu, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já assinou um “termo de compromisso” com o Japão devido a grande pressão das emissoras de televisão. Estas, por sua vez, não aceitam o modelo Europeu porque esse possibilita a participação de operadoras de celulares na transmissão dos sinais, acarretando assim uma forte concorrência nos lucros. O FNDC defende que a melhor solução para o Brasil é o padrão brasileiro. Afirma que este padrão não vai reinventar a roda, mas vai aproveitar o que já existe nos outros padrões para codificação de áudio e vídeo. Observa ainda que o modelo brasileiro leva em conta os outros modelos, sem negligenciar as condições topográficas e sociais. LISARB MONTES E RAFAELA RICCIARDI Junho de 2006 ESPECIAL RRPP Atualidades 23 CULTURA Responsabilidade gera lucros Empresas investem em patrocínios para benefício próprio e da sociedade DIVULGAÇÃO tura nacional. Para onde No cenário mundial contemporâse olhava havia um detaneo observa-se o processar de inúmeras transformações de ordem ecolhe com o logotipo da marca (inclusive nos banheinômica, política, social e cultural que, ros, que ganharam sabopor sua vez, propiciam o aparecimento de novos modelos de relações ennetes e desodorantes para o uso do público). Seguntre instituições e públicos, organizado a produtora de Marisa ções e sociedade. Foi-se o tempo em que oferecer bons produtos e serviços Monte, Suely Aguiar, o motivo que levou à escoe tratar de forma ética seus fornecelha da cantora como prindores e parceiros era suficiente para uma organização manter uma boa cipal ícone de divulgação do Natura Musical no imagem. As transformações ocorridas Brasil foi o fato de ela trannos últimos 20 anos, afetaram o seu comportamento, antes preocupado sitar muito bem entre as diversas realidades brasileiapenas com o lucro. ras e por ser capaz de inA pressão por transparência nos negócios faz com que as empresas teragir e conectar a cultura brasileira com o munadotem uma postura mais responsádo. De acordo com a provel em suas ações. A este novo conceito dá-se o nome de “Responsabilidutora, a própria cantora acredita na importância de dade Social”. Além de garantir uma Marisa Monte em seu show patrocinado pela Natura projetos como esse, e enimagem positiva, por meio do respeito de seus clientes e da admiração de seus tro de sua ampla proposta de Responsabi- cara a parceria como uma via de mão dufuncionários, a ação social envolve me- lidade Social, a Natura leva a todas regi- pla, na qual o artista é beneficiado por polhor performance nos negócios e, por con- ões do país - e também ao exterior - o que der pôr em prática projetos grandiosos e a o Brasil oferece de mais diferente e atrati- empresa por construir uma imagem ética e seqüência, uma maior lucratividade. Para que isso se torne parte da cultura vo. Assim, a Música Popular Brasileira foi confiável, e aplicar a verba de impostos das organizações, cabe aos relações-pú- eleita como uma ferramenta de construção em algo benéfico à sociedade. blicas, que lidam com as informações e de um mundo melhor, ajudando a ampliA cultura vem se tornando um imporcom o relacionamento público, tomar ati- ar os horizontes de atuação social da or- tante instrumento de promoção instituciotudes para a consolidação dessas mudan- ganização. Dentre as ações planejadas es- nal, e seu valor cresce a partir do momenças, divulgando a Responsabilidade Soci- tão projetos de homenagem a grandes to em que as organizações unem-se à coal da instituição e, ao mesmo tempo, sen- compositores da música brasileira, cujas munidade, já que essa, além de carente do capaz de se inserir neste cenário, orien- obras foram revisitadas e repaginadas, ga- em cultura, é generosa no retorno. O fortando a gestão dessa no caminho da em- nhando novos arranjos. O projeto já abriu talecimento da Responsabilidade Social presa socialmente responsável. O profissi- portas para novos talentos e permitiu a re- empresarial, por meio das estratégias de onal, ao cumprir com seu papel social, está alização de trabalhos sócio-culturais em di- Relações Públicas, desperta nos consumise tornando um agente fundamental, den- versos estados do país. dores, e nos demais grupos ligados à emUma das metas para este ano é au- presa, atitudes benéficas, que propiciam um tro deste contexto, porque detém as qualidades necessárias para lidar com a Res- mentar o envolvimento da Natura com a retorno social. Este feedback é representaponsabilidade Social. Além de ser capaz música e abranger novos projetos que re- do por benefícios de diversas ordens (ecode gerenciar o relacionamento da empre- presentem a qualidade e a diversidade da nômica, estratégica, ética,...), dentre eles sa com os seus públicos, está apto a de- música do Brasil. Neste palco, a Natura o fortalecimento e potencialização da marca senvolver o planejamento das comunica- acaba de se juntar à cantora Marisa Mon- junto aos públicos de interesse, a lealdade ções, a formular e controlar estratégias para te, para realizar a turnê “Universo Particu- dos clientes já existentes e a conquista de o desenvolvimento de habilidades interpes- lar”, que reúne os dois últimos CDs lança- novos, uma maior divulgação na mídia e soais e a criar formas de canalização da dos pela artista: Universo ao meu redor e a motivação dos funcionários. A incorporação da Responsabilidade motivação dos funcionários, para propi- Infinito Particular. Em recente visita da cantora a Porto Ale- Social às estratégias da empresa se baseia ciar clima organizacional positivo. A Natura (fabricante de cosméticos) é gre, onde quase 10 mil pessoas lotaram o em desafios éticos, sendo refletida para as um exemplo de empresa responsável. De Teatro do Sesi durante cinco apresentações, dimensões econômica, ambiental e social acordo com o seu site (www.natura.net), foram evidenciados os detalhes dessa par- dos negócios. Esse é o compromisso do há um ano a marca vem desenvolvendo o ceria. Logo na chegada, ainda no foyer profissional de RRPP neste cenário, posiciprojeto intitulado “Natura Musical”, no do teatro, o público deparou-se com gran- onando-se como uma forte liderança desqual patrocina artistas – consagrados ou des painéis, nos quais a foto de Marisa sa mudança, onde todos (clientes, parceidesconhecidos – das mais diferentes ten- vinha acompanhada de uma frase apre- ros e fornecedores) cumprem seus papéis, dências e regiões do Brasil, disseminando sentando, de acordo com a visão da Na- na busca de uma sociedade melhor. a pluralidade de cada estilo musical. Den- tura, a importância da música para a culCAROLINA ALVES E DANIELA MARCHI 24 Junho de 2006 NOVIDADES RRPP Atualidades Boca a boca na era digital Benchmarking, o que deu certo Com o mercado cada vez mais competitivo, o Benchmarking é uma boa opção ao profissional de RRPP que visa inovar e aperfeiçoar processos em sua organização. A ferramenta surgiu no final dos anos 70 quando Bob Camp, da Xerox Corporation, percebeu o declínio do quase monopólio da sua empresa nas vendas de fotocopiadoras. A partir deste cenário, optou por deter a crise examinando processos internos que a organização utilizava para fornecimento de produtos ao consumidor e logo comparou-os com métodos operacionais de outras empresas, como 3M, Ford e IBM. “Benchmarking é a busca e a implementação das melhores práticas”, explica Camp. Trata-se de um processo contínuo de mensurar produtos, serviços e práticas em comparação com os mais acirrados concorrentes ou com empresas consideradas líderes. Devido a ética das empresas, que impede espionagem industrial, torna-se difícil obter informações de processos internos dos concorrentes, assim, o profissional de RRPP pode utilizar de outros caminhos oferecidos pelo Benchmarking. Um deles é o Benchmarking Interno, onde, após finalizados os processos, os departamentos de uma organização podem comparar os re- sultados e trocar informações. A vantagem é que estas informações ficarão restritas ao conhecimento da organização, mas, em contrapartida, podem haver poucos itens de comparação quando esta ferramenta for inserida em uma empresa de pequeno porte. O tipo de Benchmarking mais utilizado é o Funcional, que consiste na observação de empresas que não são concorrentes, mas que em diversos setores utilizam mecanismos similares. Pode-se citar, como exemplo, uma empresa de telemarketing, com problemas na gestão de Recursos Humanos, que utiliza o Benchmarking Funcional em revendedora de veículos reconhecida pela eficiência administração de RH. Conforme observou Carla Olson, Relações Públicas da Federasul (Federação das Associações Comercias e de Serviços do RS), a ACPA (Associação Comercial de Porto Alegre), é referência para as Associações Comerciais do interior do Estado e recebe diversas ligações e visitas de Benchmarking, e completa: “Um dos papéis do RRPP em nossa entidade é abrir portas aos representantes de outras partes do Estado, buscando sempre colaborar no esclarecimento de dúvidas e objetivando a troca de experiências para que ambos aprendam com esta técnica.” CRISTIANO DIAS FLORES JULIANA WEBER Quem nunca repassou um e-mail sem relevância que atire a primeira pedra. Seja uma foto engraçada, um vídeo bem produzido ou até mesmo uma corrente da sorte. Se você já agiu dessa forma, leitor, você pode estar contaminado pelo marketing viral. Esta novidade é uma estratégia de comunicação que procura estimular as pessoas a, por iniciativa própria, divulgar produtos ou empresas. A velha e boa ação boca a boca com uma cara nova, que se desenvolveu com a revolução nas tecnologias da informação. Hoje há acesso a muita informação e o limite de crescimento das redes de relacionamentos é o mundo. O contexto já mostra a internet como um instrumento efetivo de comunicação e é importante que os profissionais da área comecem a formatar estratégias que utilizem este meio. O hábito das pessoas de compartilhar mensagens com um conteúdo “interessante” é utilizado com freqüência pelos marketeiros virtuais. Muitas dessas mensagens estão vinculadas a uma marca ou empresa. A mecânica do marketing viral é simples: enviam-se mensagens comerciais ou institucionais da empresa para um receptor suscetível e este, caso “infectado”, acaba repassando estas mensagens espontaneamente para os componentes da sua rede de relacionamento. Os textos, as fotos e, principalmente, os vídeos publicitários tornamse uma epidemia, na qual o crescimento do número de receptores é proporcional à repercussão da mensagem. Porém, não é qualquer conteúdo que desperta o interesse. O sucesso da ação está associado à qualidade da produção e ao tom da mensagem. Muitas usam apelos emocionais, utilizando sobretudo o humor e a sensação de estranhamento ou espanto. Felipe Volpato, gerente de contas da agência de webdesign PM Web, afirma que o sucesso dos e-mails utilizados como estratégias de marketing dependem de uma série de variáveis na elaboração das mensagens e no envio. A arte é um dos fatores principais de aceitação dos e-mails, mas existem outras preocupações, como tratamento especial para que estes não parem em sistemas que bloqueiam mensagens em massa. A confecção do assunto do e-mail de uma maneira que chame a atenção do leitor também é importante, segundo o profissional. Desconfie quando receber vídeos de jogadores que chutam a bola quatro vezes no travessão fazendo ela voltar no seu peito, pois você poderá infectar-se com o marketing viral e acabará fazendo publicidade gratuita de uma famosa marca esportiva. JORGE GADELHA