INTERATIVIDADE E INTEGRAÇÃO DE ESTUDOS
NAS REDES SOCIAIS*
Luiz Fernando Machado Martins (ETEC/FACEQ)**
Resumo
A partir da disciplina de Gestão de Pessoas II, do curso de Gestão do Centro Paula
Souza, Etec Prefeito Braz Paschoalin, foi desenvolvido um projeto para verificar em
que medida a internet é aceita pelos jovens como ferramenta de aprendizagem. Esse
projeto envolveu pesquisa bibliográfica e de campo, cujos resultados deram origem a
este texto.
Palavras-chave: Redes sociais. Internet. Interatividade. Integração.
Abstract
From the People Management discipline, of course Paula Souza Center Management,
Etec Mayor Braz Paschoalin, a project was developed to verify to what extent the
internet is accepted by young people as a learning tool. This project involved
bibliographical and field research, the results of which gave rise to this paper.
Keywords: Social Networks. Internet. Interactivity. Integration.
Introdução
Segundo Costa (2010), a internet surgiu em plena Guerra Fria. Criada por
militares, era uma forma de manter uma rede de comunicações, caso os meios de
telecomunicações convencionais fossem atacados. Nas décadas de 1970 e 1980, a
internet começou a ser usada com fins acadêmicos; mas, apenas em 1990 começou a
atingir a população geral.
*
O trabalho de pesquisa foi desenvolvido na Escola Técnica Estadual (ETEC) Prefeito Braz Paschoalin
(Jandira, São Paulo) e envolveu os seguintes alunos do curso de Gestão no processo de coleta e
sistematização dos dados: Ana Beatriz Sabaini Almeida, Beatriz Carneiro de Santana, Camila Caetano da
Silva, Caroline Vieira Pereira, Dyeslen Silva Duraes, Gustavo Gomes Martinez, Lidiane Rocha da Silva,
Lilian Rodrigues Oliveira, Marianna Firmino Nogueira, Matheus Wesley Silva, Stefanie Canatelli Bavia,
Thalia de Barros Sant'Ana.
**
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Anhanguera Educacional e bacharel em
Administração pelo Centro Universitário Paulistano. Docente na Escola Técnica Estadual (ETEC)
Prefeito Braz Paschoalin e na Faculdade Eça de Queirós (FACEQ – UNIESP Jandira).
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Dados estatísticos divulgados em abril de 2003 apresentam pesquisa realizada
pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em que, aproximadamente, 12,4% dos brasileiros
têm computador e pouco mais de 8% têm acesso à internet. Dados mais atuais (EBC,
2014) mostram que a população chegou a 49,4% de acesso à internet, graças aos
avanços dos eletrônicos (celular e tablet), ou seja, quase metade dos brasileiros usa a
internet regularmente.
A internet é um meio onde é possível compartilhar informações com rapidez.
Dentre as diversas utilidades dessa esfera digital, podemos citar o comércio eletrônico, a
publicidade online e, a mais comum entre os usuários, as redes sociais. Atualmente,
milhões de pessoas utilizam esse recurso e, por muito tempo diário. Partindo deste fato
observamos que as Redes Sociais são utilizadas, mesmo que de forma não intencional,
para aprender. Este ensaio aborda esse tema: interatividade e integração de estudos nas
redes sociais.
Com este projeto, em forma de gráficos e entrevistas observaremos a opinião
de alunos e professores sobre este meio de aprendizagem, que tem como foco estudar,
tirar dúvidas e pesquisar utilizando a Internet, mais especificamente, as redes sociais.
1 Problematização
A grande explosão tecnológica e a internet chegaram à população americana no
ano de 1990. Porém, no Brasil, a internet só se desenvolveu entre funcionários de
universidades e instituições de pesquisa. Somente em 1995, ela se tornou de acesso
público. No entanto, em 2006 com a chegada do Orkut, um novo jeito de se pensar
começou a aparecer: surgiram novas formas para se entreter dentro desse mundo social,
a comunicação se tornou mais rápida ainda e mais divertida.
Segundo o relatório Norton Online Living, da Symantec (17/03/2009), crianças
e jovens brasileiros na faixa etária entre oito e 17 anos são os internautas que gastam
mais tempo na web: em média 70 horas mensais e 60% do tempo online é gasto em
sites de entretenimento, programas de mensagem instantânea e de redes sociais
(SYMANTEC, 2009).
Grande parte das pessoas concorda que todo esse tempo em frente a um
computador é vão, então, nesses últimos anos, um assunto polêmico tem sido discutido:
a internet pode ajudar nos estudos? Cada vez mais jovens optam pela interatividade na
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hora de estudar, como em fóruns na internet, sites de busca ou até trocando mensagens
instantâneas com professores e colegas. Ainda que pareça um recurso incrível, há
perigos nesse novo método de estudos, pois poucos jovens sabem usufruir dessa
pequena liberdade, uma vez que sem um professor ou orientador, o jovem se torna
responsável por si só e acaba saindo de seu foco.
Para Ellison et al. (2007), as redes sociais apresentam um número de
participantes e formas de utilização que aumentam diariamente, seja para interagir com
pessoas conhecidas, seja para conhecer novas pessoas ou criar grupos de interesse.
Mayer e Puller (2008) afirmam que os contatos sociais desenvolvidos nessas redes têm
grande impacto na interação, transmissão e partilha de informação entre os membros.
As redes sociais emergem da necessidade de compartilhar informações de
interesses entre vários grupos e de interesses diferentes também. Elas podem ser usadas
de vários modos para o aprendizado de muitas pessoas, com suas informações e os seus
conhecimentos, sendo que cada um compartilha aquilo que sabe e aprendeu, que acha
interessante e que sabe que vai ajudar um outro, que também necessite dessa
informação e desse tipo de conhecimento e aprendizado. A internet e suas redes sociais,
podem, de uma forma geral, fazer a partilha de seus conhecimentos de uma forma
diferente, para que todos tenham acesso às informações necessárias.
As redes na Internet constituem uma nova forma de relacionamento na
sociedade atual. As redes sociais têm vindo a assumir um papel cada
vez mais central na Web 2.0, a qual, segundo Tim O‟Reilly (2005)
visa centrar a Web como uma plataforma que aproveita o efeito de
rede, tendo em vista que quanto mais as aplicações forem utilizadas
mais ricas se tornam. As aplicações da Web, pela sua estrutura em
rede assumem novas dimensões para a interação, a aprendizagem e a
construção do conhecimento. (BARROS et al., 2011, p. 4)
As redes mais usadas que podemos citar são Facebook, Youtube, Hi5, Twitter e
Myspace. Elas são usadas de várias formas, mas podem ser adaptadas para a rede de
estudos escolares, para ajudar não somente os alunos, como também os professores.
Essa maneira pode ser também muito interessante para que os alunos se interessem em
aprender de uma maneira alternativa e inovadora.
A internet é uma importante ferramenta para geração de informações. O que,
acredita-se ser, uma ligação de pensamentos vem, em forma de rede sociais, auxiliar
estudantes:
Por meio do estudo Internet Pop do Ibope Media [...] conseguimos
analisar não só a evolução do acesso à internet e seu impacto no
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cenário midiático, como também compreender o comportamento dos
seus usuários e oferecer informações estratégicas que apoiem a
tomada de decisão. (SAWAIA apud IBOPE MÉDIA, 2014).
O surgimento dos meios eletrônicos tornou a comunicação um ato capaz de
reproduzir a simultaneidade plural do pensamento. O "homem eletrônico" voltou a
encontrar-se numa aldeia tribal de escala planetária, a “aldeia global” (MCLUHAN,
1977). A rede social é mais uma ramificação da Internet e tem como princípio interligar
as pessoas, podendo ligar alunos e professores/tutores ou, até mesmo, os alunos entre si.
A Internet é um campo fértil para o autodidata, tanto pelo amplo campo de
informações quanto pela variedade de opiniões encontradas. É como se o aluno tivesse
ao seu dispor centenas ou milhares de professores. Isso aguça o senso crítico e acelera o
autodesenvolvimento. Se não satisfeito com as posturas encontradas, há o "universo" à
disposição (ROSA, 2015).
2 Pesquisa e análise dos dados
Para saber mais sobre esse tema, foi realizada uma pesquisa com 140 jovens
adolescentes do estado de São Paulo e os dados podem nos trazer mais certeza de que
esse método de estudo é a tendência para os próximos anos.
Observem-se os gráficos a seguir:
Gráfico 1
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Gráfico 2
Gráfico 3
Gráfico 4
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É interessante observar que, entre os jovens pesquisados, 98% consideram a
internet como uma alternativa útil de estudo e 83% gostam desse método de
pesquisa. Com relação à concentração, ao utilizar esse recurso, 65% dizem não
conseguir se concentrar e 34% responderem que conseguem se concentrar sim.
De fato, uma pesquisa realizada pela University College of London, na GrãBretanha (2010), afirmou que a internet pode atrapalhar a capacidade de
concentração dos jovens. O estudo afirma que os estudantes já não são capazes de
ler e escrever textos longos porque a internet faz com que a mente deles funcione de
maneira diferente do cérebro das gerações anteriores.
De acordo com os pesquisadores, a internet estimula uma leitura
"picada" das informações, o que mais tarde dificulta a concentração
em uma só fonte, como o livro. Esse novo pensamento "por
associação" mina a capacidade de "linearidade" nas atividades,
como a leitura e a escrita, remodulando a mente. ''Noto que,
quando os alunos chegam para o primeiro dia de aula na
universidade, eles me perguntam nervosos: 'O que teremos que
ler?'", conta David Runciman, cientista político da Universidade de
Cambridge. (VEJA, 2010, s/p)
Também no Brasil, estudos realizados pelo Grupo de Dependência
Tecnológica do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas (SP), demonstrou
que o excesso de informação encontrada em sites, blogs, portais e redes sociais
dificulta a concentração em uma única fonte. Abrem-se diversas janelas e não se fixa
a nenhuma.
Dito de outra forma, ao usar a internet, o tempo inteiro nós estamos
enviando diferentes mensagens para o nosso cérebro e pode-se dizer que essa ação
faz com que ele desaprenda a focar em um único assunto. Segundo Goes (2014), o
cérebro não foi feito para ser multitarefas e a internet pode ser uma ótima ferramenta
se o indivíduo tiver autocontrole e souber administrar o tempo de conexão.
“O problema começa quando a pessoa deixa de estudar a cada cinco
minutos para ver quem é que está dando um like na foto ou chamando no chat, ou
ainda, para jogar por longos períodos. Nesses casos, a internet atrapalha e muito”
(GOES, 2014, s/p). Goes (op. cit.) recomenda que o estudante procure acessar sites
seguros e com informações precisas, de preferência indicados pela instituição de
ensino.
Com relação à rede social mais utilizada, 120 alunos citaram o WhatsApp e
Youtube, seguidos do Facebook (mais de 90 alunos).
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Considerações finais
Com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação, fica evidente que a
população aderiu, de forma rápida, aos seus modos de interatividade, modificando
posturas, comportamentos e a forma de encarar o conhecimento e a informação. Isso
afeta também o público que não tem acesso a esse meio de estudo e integração digital e
social.
Através dos anos o crescimento das redes sociais tornou-se uma parte crucial
do dia a dia de uma pessoa. O uso desta tecnologia nos estudos escolares facilita o
aprendizado, visando repassar o conhecimento e o que foi aprendido para outros. Mas
também pode prejudicar os estudos e a vida pessoal (deixando o ser humano mais
dependente de redes sociais, expondo a sua vida a todos os internautas).
Com a pesquisa efetuada, fica claro que muitas pessoas usam esse modo de
interatividade e integração em redes sociais para expor suas dúvidas e pesquisar
assuntos diversos. Muitos professores utilizam redes sociais como meio de oferecer
conteúdos didáticos para os alunos, disponibilizando material para estudo, como vídeoaulas, explicações, apostilas, entre outros. Mas esse auxílio pode se tornar maléfico a
partir do momento em que o aluno se desinteressa pelo assunto e se torna dependente
desses meios.
Referências bibliográficas
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Lisboa: s/l, 2011.
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MCLUHAN, Marshal. A Galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico.
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VEJA.
Revista
Veja.
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