KERNICTERUS Diego Vilela Santos – interno HRAS Keller José G. Neto - interno HRAS Escola Superior de Ciências da Saúde/ESCS/SES/DF Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Fisiologia FISIOLOGIA 80 – 85% proveniente da quebra de eritrócitos maduros 10 – 15% proveniente da medula óssea e baço O Recém-nascido (RN) produz 8-10mg de bilirrubina por kg/dia BI (bilirrubina indireta) tem afinidade pelo tecido nervoso ICTERICIA Percepção clinica da hiperbillirubinemia quando níveis séricos ultrapassam 5-7mg% Monitorização dos RN Diagnóstico deve ser feito nas primeiras horas (alta precoce e aparecimento tardio dificultam a abordagem) Causas EFEITOS TOXICOS DA BILIRRUBINA Inibe enzimas mitocondriais e a síntese protéica Interfere na síntese de DNA Inibe captação de Tirosina Inibe função do receptor do canal iônico - interfere nos sinais neuroexcitatorios - impede condução nervosa Aumenta níveis de lactato Diminui níveis de glicose celular Impede metabolismo glicose cerebral Abordagem do paciente com hiperbilirrubinemia Anamnese Mãe: Isoimunização,Hiperbilirrubinemia familiar,Infecções Perinatais, Drogas, Sepse Exame do RN: Hepatoesplenomegalia, anemia, policitemia, extravasamentos de sangue Laboratorial:mãe:ABO,Rh; RN: Coombs Direto,BT(bilirrubina total) e frações,Hemograma Abordagem do paciente com hiperbilirrubinemia Evolução Laboratorial: - aumento da bilirrubina > 0,5mg/dl por hora (4 a 8 hs) - aumento > 5mg/dl em 24 hs - > 15 mg/dl RN a Termo ou > 20 no RN PréTermo - persistência > 10 dias no RN Termo e > 20 RN Pré-Termo KERNICTERUS Deposição de bilirrubina nos gânglios basais e nos núcleos do tronco cerebral -gânglia basal -núcleos talâmicos -córtex hipocampal Introdução Anos 50 - 70s: Tratamento agressivo Anos 80 – 90s: Tratamento desnecessário Pediatras menos propensos a tratar a icterícia Aumento do numero de Kernicterus Investimento em prevenção, detecção e tratamento FATORES DE RISCO Hemólise Prematuridade Baixo peso Sepse Hipoalbuminemia Acidose Hipotermia Hipoglicemia Drogas FATORES DE SOBRECARGA circulação entero – hepática Hematomas Cefalotomas Hemorragia peri interventricular Policitemia RN PIG (pequeno para a idade gestacional) Transfusão intergemelar MANIFESTAÇÕES CLINICAS Praagh, 1961: 1. Fase I: hipotonia, letargia e reflexo de sucção débil nos primeiros 2 a 3 dias; 2. Fase II: espasticidade, opistótono e febre 3. Fase III: aparente melhora,geralmente, no fim da primeira semana, com diminuição da espasticidade 4. Fase IV: incide, geralmente, aos 2 a 3 meses de vida, com sinais sugestivos de paralisia cerebral. ENCEFALOPATIA CRÔNICA Primeiro ano: atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, choro agudo, hipotonia, reflexos profundos vivos Segundo ano ou mais: sinais extrapiramidais, distúrbios oculares e alterações da audição Dr. Sérgio Henrique Veiga – Neuropediatria HRAS ENCEFALOPATIA CRÔNICA Sinais extrapiramidais: por volta dos 18 meses (até 8 anos),variáveis em intensidade e freqüência Coreoatetose Variáveis com a emoção e movimentos voluntários Associação:ataxia, posturas estereotipadas dos membros, quadriplegia e diplegia Dr. Sérgio Henrique Veiga – Neuropediatria HRAS Explicação da coreoatetose: As duas principais saídas do corpo estriado (núcleo caudado, putamen e globo pálido), as vias estriatopalidal direta e indireta, modulam a saída da gânglia basal para as vias talamocorticais. Hipercinesias e discinesias podem ser causadas por uma diminuição da saída do globo pálido interno. No kernicterus, a lesão aos núcleos subtalâmicos e globo pálido pode reduzir a excitação do globo pálido interno/ substancia negra, desinibindo a ativação motora tálamo-cortical, resultando assim no aparecimento de movimentos atetóticos. Ou seja, a destruição das saídas do globo pálido reduz o influxo inibitório ao tálamo motor e a desinibição do tálamo leva aos movimentos excessivos da atetose e a distonia do kernicterus. Os defeitos na função dos gânglios basais (às vezes denominados lesões extrapiramidais) são caracterizados por alterações do tônus muscular, pobreza de movimentos voluntários (acinesia) ou movimentos involuntários anormais (discinesias). Neuroimagem no Kernicterus Autor(es): Paulo R. Margotto ENCEFALOPATIA CRONICA Convulsões freqüentes EEG (eletroencefalograma) normal Surdez freqüente, geralmente sons de alta freqüência Paralisia do olhar conjugado para cima, estrabismo e sol poente 60% QI acima de 70; 37% QI acima de 90% (dificuldades na avaliação) Dr. Sérgio Henrique Veiga – Neuropediatria HRAS KERNICTERUS kERNICTERUS RM com 38 semanas de idade gestacional pós-concepção, evidenciando sinal de alta intensidade anormal no globo pálido (setas) em T1, mas não observado em T2 Preditores de Risco para Icterícia Severa Alta precoce (bilirrubina total > 5mg% no dia 1,risco aumentado em 36x) Readmissão:necessidade de fototerapia Aparelhos recentes: medida transcutânea da concentração de bilirrubina CO e Bilirrubina: produção equimolar Preditores de Risco para Icterícia Severa Preditores de Risco para Icterícia Severa DIAGNÓSTICO Nível de bilirrubina Potencial evocado do tronco cerebral Exames de neuroimagem - TC normal em 67% -R normal em 50% Dr. Sérgio Henrique Veiga – Neuropediatria HRAS DIAGNOSTICO DIFERENCIAL Encefalopatia hipóxio isquêmica Má formações Prematuridade Prevenção Redução da circulação entero hepática - Aumento do numero de mamadas excreção mais rápida Inibição da produção de Bilirrubina: - Metaloporfirinas:inibe heme oxigenase Prevenção Gamaglobulina endovenosa: Bloqueio de receptores Fc do Sistema reticuloendotelial ↓velocidade de hemólise Associar com fototerapia eficaz 1g EV (única): ET (RR = 0,23 – Rh / 0,38 – ABO) Fototerapia Alcock GS, Liley H,2003 www.nichd.nih.gov/cochrane www.paulomargotto.com.br www.paulomargotto.com.br TRATAMENTO Fototerapia -tratamento de escolha -altera config da bilirrubina hidrossolúvel -tratamento intensivo pode eliminar necessidade de ET(exsanguineotransfusão) -Seguro e efetivo:Proteger olhos e hidratar -Estudo: Recorrência rara Exanguineotransfusão Elimina rapidamente a bilirrubina e anticorpos circulantes Icterícia por hemólise Cateter central:2 volemias (2 x 80 X2) Monitorar eletrólitos e bilirrubina Exanguineotransfusão Complicações Trombocitopenia, trombose de veia porta Enterocolite necrotizante,infecções Desequilíbrio eletrolitico 2º. Escolha Elevação da bilirrubina Falha na fototerapia CASO CLINICO JSN, nascido em 26/02/07 na cidade de Paracatu-MG HDA (Paracatu): 5º. Dia de vida, ictérico zona V ,dificuldades de sucção e reflexos débeis.Mãe A neg Du neg; Pai A neg Du neg. RNT 39 sem AIG. Sem historia de consangüinidade e infecções peri natais Exame Físico Ictérico zona V/V Reflexos débeis Hipertonia MMSS e cervical Dificuldade para sugar MVF s/ RA RCR, 2T,BNF e sem sopros Abdome livre Exames complementares Hg 13,5 HT 39 TS O neg, Du neg BT 37,7 BI 34,6 Tratamento Fototerapia tripla (6hs e nova dosagem de bilirrubina); Nova BT= 25 Indicado exsanguineotransfusão e UTI neonatal ADMISSÃO HRAS (04/03 às 00:45hs) RN com acesso venoso periférico,sem prescrição Ictérico zona V/V,icterícia esverdeada, choro irritado,Hipertonia Axial (quase opistotono) e MMSS e MMII;Hipotermico; Hidratado, Eupneico, MVF ,RCR, 2T,BNF e s/ sopros,Coto mumificado;Em tempo: TIG= 5 TH= 130ml/kg/dia Conduta Bilitron Dissecção venosa para ET Prescrito Fenobarbital GluCa na H.V em curso EVOLUÇÃO 04/03 às 3:20 hs: Início da ET (BT= 43 BI= 36) 4:30hs:Término da ET; Sem intercorrencias,RN em ar ambiente; colhido novos exames EVOLUÇÃO 04/03 às 8hs:Estável, berço aquecido, dieta 0, SOG secreção amarelada, sem febre, foto tripla, diurese preservada. Exame físico sem alterações Exames pós ET:Ht 39,6% Hg 13,5 plaq 129 000 Leu 8700 (Seg 67 Bast 5 Linf 22 eos 3 mono 3; NT-neutrófilos totais pouco aumentados BT 21,1 BI 18,1) EVOLUÇÃO Conduta: Mantido TIG=4,5 Mantido fenocris Introduzido amicacina e cefepime Colher Hemocultura: S.epidermidis (swabs:S. aureus – nasal e K. pneumoniae – anal) Mantido foto intensiva EVOLUÇÃO 04/03 às 17:40:Bt 14,5 04/03 às 20:00: Pouco reativo, dormindo muito, palidez (+/4+),bronzeado e ictérico; cd: mantida ; iniciado dieta 05/03 às 17:00:Leuc 14000( 0 Bast Linf 33 e 18 eos); BT13,8 e BI 10 EVOLUÇÃO 06/03:Iniciado pesquisa para causa da icterícia severa G1 P1 A0, alta hospitalar com 24 hs, icterícia c/ 60 hs de vida tratada em casa primeiramente e ao aparecer no pé RN levado ao hospital 09/03:Hipertonia de MMSS,Hipotonia cervical,olhar vago. CD:Vancomicina + RM + Potencial evocado auditivo + Parecer T.O Impressão diagnóstica: deficiência de glicose-6fosfato-desidrogenase? EVOLUÇÃO 15/03:Potencial Evocado não realizado por dificuldades no exame,sendo remarcado ( 22/03) Neuropediatria: Discinetico; sugerido estimulação precoce Atualmente: anicterico, aguarda realização de exames controle, RM (ressonância magnética) e Potencial Evocado RM-resultados: Dilatação de sulcos, cisternas, fissuras, aumento espaço subaracnóide. Hiperintensidade em globo pálido (compatível com Encefalopatia Bilirrubínica) Potencial Evocado: Provável Acusia severa REFERÊNCIAS WWW.SMP.ORG.BR WWW.EMEDICINE.COM WWW.UNESP.BR WWW.NEUROPEDIATRIA.ORG.BR Síndromes ictéricas (www.paulomargotto.com.br ) Ddo. Keller Ddo Diego Até que enfim!!