PROCEDÊNCIA SANITÁRIA DE CARNES BOVINA E SUÍNA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO SC (ESTABELECIMENTOS CONTRIBUINTES COM A PREFEITURA MUNICIPAL DE TUBARÃO), NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2008. Saúde Coletiva Grasiane Nunes Mayer ¹; Renê D. Blazius ² ; Medicina, UNISUL, Tubarão, SC (¹)Aluno de Art. 170 (²) Professor orientador Introdução Os alimentos são indispensáveis para assegurar bons níveis de saúde ao homem; entretanto, não estão totalmente isentos de risco para a saúde. A produção de alimentos, o transporte, o tratamento industrial, a estocagem e as embalagens constituem importantes fatores de risco para a segurança alimentar, podendo causar sérios prejuízos para a indústria alimentícia como um todo. (SOUZA, GERMANO e GERMANO, 2000) Sabe-se que há grande preocupação quanto à qualidade de produtos cárneos na região Sul devido ao destaque da mesma na distribuição desses produtos. Porém, deve-se atentar quanto à origem do que é distribuído para a própria população Sul, pois o abate e a comercialização de alimentos à margem da vigilância sanitária, tem sido prática frequentemente conhecida (ELLWAGNER, AVANCINI, 2006). A Secretaria de Saúde de Florianópolis realizou em 12/06/2007 uma blitz na SC- 401 com o objetivo de vistoriar os veículos que transportavam alimentos ou medicamentos para a região Norte da Ilha de Santa Catarina. O caso mais grave foi o de um Fiat Fiorino, sem refrigeração, com 300 kg de carne bovina. O alimento vinha de Tubarão a mais de duas horas de viagem (Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2007) (Figura 1). Tal fato evidencia a necessidade de melhor fiscalização quanto à origem da carne pela Vigilância Sanitária. Acredita-se que o custo da carne clandestinamente adquirida é baixo, porém a despesa para o governo, com o tratamento de zoonoses e outras doenças é maior. Além do que, para o próprio consumidor, somado à perda financeira há um prejuízo ainda maior: o dano à saúde. Este caso pode ser irreparável e, enfatiza a importância da Medicina Preventiva e sua aplicação no município de Tubarão. Fig.1-Carne apreendida pela Vigilância Sanitária Gráfico 1: Distribuição da procedência das carnes bovina e suína comercializadas no município de Tubarão. Tabela 2: Distribuição da origem e tipo de estabelecimento fornecedor de carne bovina e suína para o município de Tubarão. Gráfico 2: Distribuição do estado de conservação o qual são comercializadas as carnes bovinas e suínas nos estabelecimentos de Tubarão. Objetivos Avaliar a procedência de carnes bovinas e suínas comercializadas no município de Tubarão, SC (com ou sem inspeção sanitária). Pesquisar quantos estabelecimentos comercializam alimentos com inspeção municipal, estadual e federal e, averiguar se a carne procede do município de Tubarão ou de outras regiões/Estados. Investigar o local do abatimento dos animais (se em frigoríficos ou não). Observar e relatar a forma como a carne é comercializada, se in natura ou congelada. Metodologia O público alvo desta pesquisa fora delimitado através de informações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Tubarão, listando os estabelecimentos contribuintes com o município que comercializam carne. Posteriormente fora elaborado um questionário e ficha de vistoria com temas norteadores para serem aplicados aos responsáveis pelo estabelecimento investigado, obtendo informações necessárias ao cumprimento dos objetivos propostos previamente. Resultados Dos estabelecimentos visitados, 100% (41) comercializavam carne bovina e 92,7% (38) comercializavam também carne suína. Conforme Tabela 1, em relação à carne bovina, 4,9% dos entrevistados relataram ser de inspeção Municipal, 48,8% Estadual, 36,5% Federal e, 14,6% dos comerciantes não souberam informar o tipo de inspeção das carnes bovinas que ofereciam. Quanto ao produto suíno, também apresentado em Tabela 1, 19,5% dos entrevistados afirmaram ser de inspeção Municipal, 51,2% Estadual, 7,3% Federal e 19,5% dos entrevistados não souberam informar o tipo de inspeção das carnes suínas que comercializavam. Tabela 1: Distribuição dos tipos de inspeção das carnes bovinas e suínas comercializadas nos estabelecimentos visitados (n=41). Conclusões Os resultados obtidos mostraram que há pouca carne sem inspeção no município de Tubarão. Porém, o fato de que 14,6% e 19,5% dos entrevistados não souberam informar o tipo de inspeção dos produtos que comercializam no que se refere à carne bovina e suína respectivamente leva a crer que há negligência do vendedor quanto aos seus produtos ou, omissão da verdade por medo de denúncias ou punições. Em se tratando de local de abate, um entrevistado que afirmou revender carne proveniente de abatedouro clandestino, havendo um exemplo de resposta contraditória, pois em nenhum estabelecimento fora afirmado haver carne sem inspeção, nem mesmo neste estabelecimento em questão. A conservação das carnes, em sua maioria, é por resfriamento, seguindo as carnes congeladas e temperadas, sendo assim, outro fato importante a ressaltar ao consumidor é o tempo que este produto esteve exposto: as carnes resfriadas podem assim permanecer por até sete dias somente, sendo 90 dias as congeladas e 30 dias as temperadas. Com o presente trabalho evidenciou-se a necessidade da informação ao consumidor para que este possa atentar-se ao mau comércio de carnes, desde confiança no vendedor, manipulação e estados de conservação desses produtos. Saber discernir um produto confiável auxilia a qualidade da alimentação e por conseqüência, saúde e qualidade de vida. A população em geral é a última possível barreira contra insegurança alimentar. Bibliografia 1.CASTRO, Caê de. Blitz da Vigilância apreende cerca de 12 toneladas de alimentos. Disponível em <http://www.pmf.sc.gov.br/imprensa/index.php?link=noticias&id_noticia=722> Acesso em 10out.2007. 2.ELLWANGER, André Mello da Costa; AVANCINI, César Augusto Marchionatti. Procedência sanitária de carnes bovina e suína comercializadas no município de Portão, RS no ano de 2002. Portão, 21(140):74-78, abr. 2006. tab, graf, 2006. 3.GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simões. A Vigilância Sanitária De Alimentos Como Fator De Promoção De Saúde. O Mundo da Saúde. São Paulo, v.24, p.59-66, fev.2000. 4.HEIDEMANN, Renata. Nível de conhecimento dos trabalhadores de indústrias de produtos suínos sobre a manipulação higiênica dos alimentos e sua aplicabilidade para a segurança alimentar. Braço do norte, Santa Catarina, 2006. Dissertação (Mestrado em Curso de Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade do Sul de Santa Catarina, 2006. Apoio Financeiro: Unisul