O Valor da Uniformidade com
Qualidade para o Mercado de
Suínos
Osler Desouzart
[email protected]
Suínos, frangos e bovinos representam 87,8% de todas as carnes
produzidas.
Source: FAOSTAT data, 2004.
A Carne Suína é a mais consumida no mundo
A Carne Suína é a mais consumida no mundo
A carne suína é a mais produzida e consumida no mundo, mas a menos
comercializada internacionalmente.
O Brasil, mesmo com o câmbio atual, é considerado o país mais
competitivo internacionalmente em carne suína.
Apesar de uma exportação altamente dependente dos humores russos
e da falta de acesso ao maior mercado mundial, o Japão, ainda assim o
Brasil ocupa o 4º lugar em exportações.
O mercado importador de carne suína é extremamente concentrada,
com o Japão, CIS e Nafta respondendo por 62,6% do mercado.
Brasil não pode exportar para países que representam 55% das importações
mundiais
O que nos podemos concluir dos slides anteriores?
 O mercado internacional de carne suína não será a “salvação da
lavoura” para a suinocultura brasileira
 As exportações altamente concentradas na Rússia nos colocam
nas mãos dos filhos do Putin
 A falta de acesso ao mercado do Japão e NAFTA colocam a
suinocultura brasileira na periferia do mercado internacional
 O Brasil é altamente competitivo na produção de carne suína e já
tem exemplos de zelo qualitativo, mas insuficientes para atender
um mercado das exigências do japonês
 Padronização, uniformidade, qualidade permanente e em
constante melhora, rastreabilidade total, alimentos seguros e
livres de contaminação e de resíduos de drogas, etc são as
matérias que caem no vestibular no mercado do Japão. E nele não
se permite uma segunda tentativa.
 Preparem-se desde já com uma revolução qualitativa para que
possamos aceder, e depois dominar, o mercado japonês.
 O futuro da exportação brasileira de carne suína está no Japão,
Rússia e outros países asiáticos.
O que nos podemos concluir dos slides anteriores?
 O futuro da exportação brasileira de carne suína está no Japão,
Rússia e outros países asiáticos.
 Concentrar 65% das exportações a um país não é exportação. É
dependência a garantia de crises graças ao efeito vaga-lume.
 E não se esqueçam que o mercado brasileiro está sempre aberto.
Exportar para o Japão deveria ser a maior prioridade
para a suinocultura brasileira
Exportar para o Japão. Vivi esta experiência em 1984, quando fui
chamado pelos japoneses para conhecer o padrões de produtos que eles
esperavam receber do Brasil no futuro, que começou em 1985.
Ajudem-me citando alguns gênios que sejam
japoneses:
 O Japão é hoje a terceira economia mundial, com um
PIB de US$ 3.745 trilhões, exporta US$ 538,8 bilhões e
importa US$ 401,8 bilhões.
 Depende 95% da importação de matérias primas,
somente 13% de seu território é adequado para
agricultura e carece de água.
 Tem um território de 377,835 km² (22 vezes menor que
o Brasil) e uma população de 127,4 milhões.
 Saiu da IIª Guerra Mundial destruído e até anos 60
seus produtos eram sinônimo de baixa qualidade.
 Hoje é considerado como a segunda potencia
tecnológica do mundo.
 Se não é um país de gênios, como se explica o milagre
japonês?
O êxito do Japão se deve a uma revolução de qualidade a partir
das idéias de W.Edwards Deming, que havia introduzido controles
estatísticos da produção de guerra americana.
•Deming foi convidado por K.Ishikawa, fundador da JUSE, para
expor suas idéias que sinteticamente eram:
- estatísticas para medir a variabilidade do processo
- melhorias contínuas para aperfeiçoar os sistemas de processo
- ciclos de PDCA com todos como participantes
As idéias de Deming geminaram em solo fértil. Forma-se uma
cultura de ADMINISTRAÇÃO POR QUALIDADE TOTAL e novos
gurus, como Juran foram convidados ao Japão. Com Juran, o
conceito de controle de qualidade migra da produção para tornarse uma preocupação global de toda a administração.
“É da maior importância que a alta administração tenha uma
cultura da qualidade. Na ausência de uma manifestação sincera
de interesse vinda de cima, pouco ocorrerá para baixo.“
Juran
Ishikawa se torna um dos gurus da Qualidade Total e introduz em
1962 os Círculos de Qualidade na Nippon Telegraph and Cable. E
definia os clientes de uma organização como tanto internos
quanto externos.
O Japão conquista o mercado americano nos anos 70/80 com
seus carros e eletro-eletrônicos, que passam a ser sinônimos de
qualidade e preço.
No final dos anos 70, alguns empresários americanos começam a
dizer “Se os Japoneses fazem, nós também podemos fazê-lo“. As
idéias de Deming, Juran, Ishikawa e outros se difundem nos
Estados Unidos. No Brasil são propagadas por Vicente Falconi.
Ao final dos anos 90, as idéias do TQM perdem lustro entre os
empresários americanos mas seguem populares na Europa,
Japão, Brasil e várias partes do mundo. Novas dimensões do TQM
se desenvolvem.
O Japão tornou-se o que é graças à revolução da
qualidade. É o mercado mais exigente do mundo e
inventores dos conceitos de
 “Just in time”
 “Zero defects”
 Programa 5S – SEIRI (ARRUMAÇÃO), SEITON (ORDENAÇÃO), SEISOH
(LIMPEZA), SEIKETSU (ASSEIO), SHITSUKE (AUTO-DISCIPLINA)
 O teu futuro cliente no Japão é alguém formado nesses princípios
e esperam que todos seus fornecedores correspondam ao “Just
in time” e “Zero defects”.
 Teus grandes concorrentes serão os dinamarqueses e
canadenses, cuja qualidade é referência graças à obediência
estrita a standards, que garantem uniformidade.
 Uniformidade = previsibilidade = (-) estoques = (+) produtividade =
(-) custo = (+) competitividade = (+) qualidade = preferência do
cliente
Qualidade começa no começo.
 Não se pode usar inputs de segunda e esperar produtos
de primeira.
 Um suíno vendido a preço prêmio não pode ser feito em
instalações caindo aos pedaços, usando ração de
segunda, com os lotes manejados por pessoal
despreparado e com a “ditadura dos custos” ditando
que se deve usar sempre os ingredientes mais baratos
 Valor no final da cadeia começa com valor no início da
cadeia
 Não use combustível barato no carro novo que
compraste.
 Não permita que a “ditadura dos custos” impeça a
criação de valor.
Qualidade tem que começar no começo e ir por toda a
cadeia até o fim. Não existe qualidade “parcial”, ou
qualidade só em partes do processo, ou em alguns
departamentos ou parte do tempo.
O mercado japonês remunera melhor que os demais
mas exige qualidade do início ao fim e sempre.
O que é qualidade?
 Um atributo essencial e diferenciador de alguma coisa ou de
alguém;
 Um grau ou medida de excelência ou valor;
 Uma propriedade característica que define a natureza individual de
alguma coisa;
 Atendimento da expectativa e da necessidade, verbalizada ou não,
de um cliente.
 Performance consistente de um produto uniforme que atende às
necessidades do cliente em termos de economia e função
 É ter um alto grau de excelência; algo que é bom ou bem feito
 a totalidade de propriedades de uma entidade que a torna capaz de
satisfazer uma necessidade expressa ou hipotética, ou seja,
aceitabilidade ou adequabilidade a um determinado objetivo
 A totalidade de aspectos e características de um produto, processo
ou serviço que o tornam capaz de satisfazer necessidades
declaradas ou implícitas(ISO 8402)
O que é Qualidade, segundo alguns dos gurus?
"Qualidade é adequação ao uso." J.M. Juran,
"Qualidade [é] conformidade às necessidades." P.B. Crosby
“Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende
answers perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de
forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente."
Vicente Falconi
Como me considero discípulo do Vicente Falconi, ficarei com sua
definição e ousarei acrescentar uma palavra:
“Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende
answers perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de
forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente."
Sobrevivência através da Qualidade
Criar Valor x Cortar Custos – O Falso Dilema
 No final dos anos 80 e parte dos 90, criou-se o axioma de que
“administrar é cortar custo”.
 Começaram cortando gordura desnecessária; depois gordura e
depois gordura necessária. A seguir, um pouquinho de carne, um
ou dois ossos, e em muitos casos, cérebros.
 Um administrador de sucesso não era o que abria fábricas ou
gerava empregos, mas o que as fechava e os cortava.
 A energia das empresas foi gasta e muitas vezes desperdiçada na
busca constante do 1¢ a menos, mesmo se fosse em
–
–
–
–
Projeto R$ 0,01 a menos perfeito ou produção 1 ¢ a menos perfeita
Segurança do cliente R$ 0,01 a menos segura
Assistência R$ 0,01 menos perfeita
Entrega R$ 0,01 menos correta
 As pessoas executam o que lhes é controlado, e logo o 1¢ a menos
virou 2¢ a menos, depois 3¢ a menos, com a qualidade sendo “só”
discretamente reduzida (produto quase igual, quase o mesmo) recordandome da fábula do cavalo.
 Ao final, o standard qualitativo original já não era mais
reconhecível (o fator feijoada em lata) e preço, preço, preço era o fator
determinante.
Criar Valor x Cortar Custos – O Falso Dilema
 Eu normalmente digo que se preço fosse o fator mais significativo,
o LADA seria o carro mais vendido no mundo. Valor é o verdadeiro
fator.
 "Preço é o que você paga – valor é o que você recebe."
Warren Buffett, Chairman da Berkshire Securities, citado por George Torok
 A partir dos anos 90’s, “a dieta do cavalo” deu lugar ao conceito de
“criar valor”
 Valor Total = Valor Real (função/custo) + Valor Percebido (crença x
emoção)
 Criar valor = é o novo tipo de relação que prevalece na cadeia de
abastecimento. Baseada em Valor Real + Confiança
 A maior preocupação do fornecedor passa a ser de fornecer
valores que o cliente reconheça, necessite (declarado our implícito),
aprecie e recompense.
 É a era do Envolvimento Total e reconhecimento de que são
interdependentes
 As relações cliente/fornecedor estão evoluindo para “co-criação
de valor”
 Em muitos setores (informática, eletrônica, carros, aviões, fastfood, etc) “co-criação de valor” é uma realidade. No setor de
carnes ainda estamos no processo de construir confiança.
Não existe o conceito de mais ou menos ou de 99,9%
certo em uma cultura de qualidade como a japonesa.
Exigem, não perdoam erros e consideram baixa qualidade
desrespeito e fator de imediata desqualificação de um
fornecedor.
Oferecem como contrapartida um mercado crescente,
exigente, remunerador e sem sobressaltos.
A aftosa evitará nosso acesso imediato, mas um dia
chegaremos lá.
Temos pouco tempo para construir a adequação
qualitativa exigida pelo mercado japonês.
Vamos começar já esse trabalho de construção dessa
base sólida de demanda para a carne suína brasileira.
Agradeço Elanco pelo convite e estou às ordens
para perguntas.
Muito obrigado
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