Ribeiro da Silva, Maria Sueli [email protected] Centro Universitário de Rio Preto São Paulo - BRASIL Oralidade e escrita: o reavivamento do Kaingáng As línguas indígenas expressam o meio físico e social em que, segundo Rodrigues (2002), vivem as comunidades e os grupos indígenas existentes no Brasil. No entanto, quando há uma divisão dessas comunidades, criando-se subcomunidades – como, por exemplo, o caso da língua Kaingáng, diminui-se a necessidade de ajustes e aumenta a diferenciação linguística entre eles. Desse modo, muitos elementos linguísticos tendem a desaparecer com o tempo. No Brasil, segundo D´Angelis (2006), quase 50% de toda população dos povos de línguas Jê correspondem ao Kaingáng. O Kaingáng se subdivide em três dialetos: o Kaingáng do Sul, o Kaingáng do Paraná e o Kaingáng Paulista. Neste estudo, abordamos o dialeto Kaingáng paulista, mostrando o trabalho de reavivamento do Kaingáng feito pelas índias mais velhas e pelos professores indígenas da aldeia Icatu. Observamos que a língua mais falada nessa aldeia é a língua portuguesa, que se configura como primeira língua. Não só o Kaingáng, mas também o Terena é aprendido, na escola indígena, como segunda língua. Atualmente, há apenas duas falantes mais velhas do Kaingáng. Notamos, em diálogo com as falantes mais velhas, que por muito tempo houve certo “descaso” dos mais jovens em saber ou aprender a língua dos mais velhos. Segundo elas, com a presença da Escola Indígena na aldeia, houve maior interesse por parte dos professores e dos pais das crianças em ouvi-las e em falar a sua língua, ou seja, o Kaingáng. Atualmente, elas contribuem com o reavivamento indo à Escola Indígena e falando às crianças na sua língua. O ensino da cultura e da língua, nessa aldeia, é feito a partir da Educação Infantil, por meio da língua oral e, nos demais ciclos, pela língua escrita. Para os professores Kaingáng, o importante é continuar o seu legado como povo indígena do Brasil, preservando, assim, sua língua, cultura e costumes.