CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS.
COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PATRICIA SANCHEZ PERES
APRIMORAMENTO DO PROGRAMA DE ETNOTURISMO
ORIENTADO NA ALDEIA KRUKUTU (PARELHEIROS / SP):
PROPOSTA DE CARTILHA TURÍSTICA ILUSTRADA
(PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA)
SANTO ANDRÉ
2008
PATRICIA SANCHEZ PERES
APRIMORAMENTO DO PROGRAMA DE ETNOTURISMO
ORIENTADO NA ALDEIA KRUKUTU (PARELHEIROS/ SP):
PROPOSTA DE CARTILHA TURÍSTICA ILUSTRADA
Projeto de Iniciação Científica, sob a
responsabilidade da profª. Dra. Dagmar
Santos Roveratti, apresentado ao curso
de Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras do Centro Universitário
Fundação Santo André.
Orientadora:
Prof.ª Dra. Dagmar Santos Roveratti
SANTO ANDRÉ
2008
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RESUMO
A comunidade indígena Guarani destaca-se por conservar sua identidade, sua
cultura e seus costumes ao longo dos séculos, mesmo com o constante contato com
os colonizadores. Esta população está dividida em três subgrupos distintos: os
Nhandeva, os Kaiowá e os Mbyá. Os Mbyá encontram-se no estado de São Paulo e
seus representantes podem ser encontrados em áreas como a Aldeia Krukutu.
Devido às limitações da aldeia e a escassez de recursos naturais suficientes para a
sua auto-sustentação, se faz necessário a elaboração e implantação de projetos
alternativos de geração de renda, criando mecanismos de sustentabilidade. Dessa
forma, o Etnoturismo monitorado surge como uma opção de integração, valorização
cultural e forma de subsistência, itens fundamentais na busca do desenvolvimento
sustentável da aldeia. Em visitas regulares feitas para o desenvolvimento de
atividades relacionadas ao Projeto Arandú-Porã, foi verificado que o programa de
visitas existentes na aldeia é precário necessitando de um aprimoramento, proposta
que é feita no presente trabalho. A contribuição deste projeto seria a produção de
um material gráfico ilustrado, abrangendo vários aspectos da aldeia, tornando mais
atrativa a possibilidade de Etnoturismo no local.
PALAVRAS-CHAVE:
população
guarani,
etnoturismo,
turismo
indígena,
sustentabilidade indígena.
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SUMÁRIO
1. Introdução ...................................................................................................... 05
2. Justificativa .................................................................................................... 08
3. Objetivos ........................................................................................................ 10
4. Metodologia ................................................................................................... 11
5. Cronograma ................................................................................................... 12
6. Orçamento ..................................................................................................... 14
7. Referências .................................................................................................... 15
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1. INTRODUÇÃO
Por ocasião da “descoberta” do Brasil, há cinco séculos, os portugueses que
aqui chegaram foram se estabelecendo nas terras que eram ocupadas pelos povos
indígenas. Com o processo de colonização, muitas das sociedades indígenas que
aqui viviam foram extintas, tanto pela ação das armas, como em decorrência do
contágio por doenças trazidas pelos colonizadores, bem como pelas políticas
impostas aos índios para sua "assimilação" à nova sociedade implantada, com forte
influência européia.
Não existem dados exatos sobre a quantidade de sociedades indígenas que
existiam no Brasil na época da colonização, mas estima-se que o número de nativos
variava de um milhão a cinco milhões de indivíduos (IBGE, 2008). Atualmente, no
Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas.
Este dado populacional considera somente os indígenas que vivem em aldeias; além
destes, estima-se que exista entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas,
inclusive em áreas urbanas, além dos grupos que estão requerendo o
reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.
(FUNAI, 2008).
Entre os povos indígenas brasileiros, um grupo que esteve em constante
contato com os colonizadores e, ainda assim, conseguiu sobreviver conservando
sua identidade, seus costumes e tradições foram os Guarani.
Uma importante característica dos Guarani é a de migração. Ao longo dos
séculos, as diferentes tribos se locomoveram diversas vezes, quase sempre por
motivações religiosas, a procura do lugar ideal para se viver. Esse lugar denominase Yvy Marãey, ou “terra sem males” (GUIMARÃES, 1999).
5
Dessa forma, podemos dividir os Guarani, territorialmente, em três grupos: Os
nhandeva, encontrados no litoral de São Paulo e Santa Catarina e no interior dos
estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Os
kaiowá, que são considerados o subgrupo mais populoso e encontram-se,
principalmente, no estado do Mato Grosso do Sul. Os Mbyá, por sua vez, estão
localizados no litoral e interior dos estados do Rio Grande do Sul, santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo (LADEIRA; MATTA, 2004).
A aldeia indígena Guarani Krukutu, que faz parte do grupo Mbyá, está
localizada na zona sul do município de São Paulo/SP, no distrito de Parelheiros, no
bairro Barragem. Distando 55 km do centro da cidade de São Paulo, está situada às
margens da represa Billings e rodeada por Mata Atlântica. Esta reserva indígena foi
demarcada
e
homologada
em
1987
e
possui
cerca
de
25,9
hectares
(LADEIRA,2000). Está inserida na APA do Capivari - Monos e sua população é
constituída por 40 famílias, com cerca de 170 pessoas (CPISP, 2008).
Nos dias de hoje, existe uma grande tendência à perda de identidade por
parte dos indígenas e, além disso, a pobreza assola grande parte das aldeias.
Sendo assim, é preciso desenvolver e aplicar alternativas que unam valorização
cultural e sustentabilidade na comunidade indígena.
O Etnoturismo é um tipo de turismo cultural que utiliza como atrativo a
identidade, a cultura de um determinado grupo étnico. Como exemplo, temos o
turismo indígena, que é realizado em terras indígenas (ou na cidade) com base na
identidade cultural e na gestão do grupo/etnia indígena envolvido (FARIA, 2002).
O Etnoturismo orientado, considerado modelo de desenvolvimento econômico
alternativo, tem como principal objetivo a melhoria da qualidade de vida da
comunidade receptora, provendo experiências de alta qualidade para o visitante e
6
mantendo as qualidades ambientais, sociais e culturais, tanto para a comunidade
quanto para o visitante (BARBOSA; ZAMOT, 2004).
De acordo com Rodrigo Grünewald (2004), com a chegada do século XXI, há
uma maior procura pelo exótico e pelo diferente nas visitações turísticas. Sendo
assim, o Etnoturismo apresenta-se como uma valiosa alternativa econômica, bem
como uma forma de revitalização cultural para as populações nativas.
Na aldeia Krukutu, foco deste trabalho, já vem sendo desenvolvido pela
Associação Guarani Nhe’em Porã um “Projeto de Ecoturismo”, visando o princípio
do turismo sustentável com objetivo de geração de renda para os indígenas.
Atualmente a aldeia é aberta à visitações agendadas, principalmente para escolas
infantis. É cobrada uma pequena taxa para as visitas e há venda de artesanato
(CPISP, 2008).
De acordo com observações feitas durante visitas regulares feitas à aldeia
para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao Projeto Arandú-Porã,
observou-se que este programa de ecoturismo ainda é um tanto precário, sendo
nítida a necessidade de aprimoramento para obtenção de melhores resultados,
enriquecendo a qualidade da atividade, tanto para os turistas quanto para os
indígenas.
Cartilhas turísticas são amplamente utilizadas em comunidades com potencial
para o turismo, como a aldeia Krukutu, uma vez que constituem um importante
instrumento pedagógico para os visitantes, promovendo clareza de informações e
detalhando os atrativos naturais e culturais do local, para que aqueles que não
conhecem e não tem familiaridade com a aldeia, possam ser bem conduzidos e
informados. Além disso, ao levar consigo a cartilha, o visitante estará ajudando a
disseminar a cultura da comunidade indígena, atraindo novos visitantes à aldeia.
7
2. JUSTIFICATIVA
Na aldeia Krukutu os moradores mantêm o cultivo precário de roças
tradicionais para consumo próprio e desenvolvem pequenas atividades de pesca. O
fato da comunidade possuir uma área relativamente pequena em relação à
população residente, tem tido como conseqüência a necessidade de se ultrapassar
os limites da reserva para se sustentar o modo de vida guarani. O comércio de
artesanato constitui uma das principais fontes de renda, porém sua confecção
também está ameaçada, devido à escassez de matéria-prima na própria reserva. A
caça é praticamente nula uma vez que existem poucos animais habitando a área da
aldeia (LADEIRA; MATTA, 2004). Desta forma, seus habitantes recebem auxílio
através de vários programas voltados para as populações tradicionais. Atualmente
está em curso a implantação do Programa Renda Mínima (CPISP, 2008). Porém
estes recursos são escassos e muitas vezes conflitantes com a valorização da
cultura nativa.
Dessa forma, faz-se necessário a realização de projetos alternativos de
geração de renda, visando apresentar possibilidades de auto-sustentabilidade à
aldeia.
Estas alternativas podem contribuir não só para a preservação da cultura
indígena, como também para a valorização e preservação da área onde a aldeia se
insere que é caracterizada por apresentar remanescentes de Mata Atlântica e estar
em área de proteção aos mananciais associada à Represa Billings.
O Etnoturismo pode significar uma alternativa social e econômica às
condições de sobrevivência da comunidade, sendo que, uma vez empregado de
forma sustentável, torna-se também uma maneira de resgatar e preservar a cultura
8
Guarani, promovendo uma integração entre os indígenas dessa comunidade com a
sociedade. Além disso, a atividade turística é fomentadora da venda do artesanato
local.
Tendo em vista o potencial turístico do local e a necessidade de um
aprimoramento do programa de ecoturismo já existente, é de grande importância a
elaboração de uma cartilha turística ilustrada que contemple os principais pontos
atrativos da aldeia, sua história, costumes, cultura e sabedoria, de forma a tornar-se
um valioso material de apoio aos monitores indígenas e um meio de disseminação
da cultura Guarani e de Educação Ambiental, no que se refere à preservação de
uma área ambientalmente tão importante.
9
3. OBJETIVOS
•
Identificar e caracterizar os principais pontos potencialmente atrativos aos
visitantes da Aldeia Guarani Krukutu, tais como construções típicas, espécies
vegetais de relevância medicinal, artesanal ou cultural, trilhas, nascentes,
vista panorâmica da represa Billings, trechos remanescentes de Mata
Atlântica, etc.;
•
Efetuar levantamento dos dados referentes ás espécies vegetais descritas,
bem como dos costumes, tradições, modo de vida e cultura da comunidade
Krukutu;
•
Elaborar uma cartilha turística ilustrada, contendo o mapa da aldeia,
destacando, um a um, os pontos atrativos culturais e ambientais,
disponibilizando informações sobre os mesmos.
•
Apresentar possibilidades de enriquecimento da auto-sustentabilidade á
comunidade.
•
Contribuir para a Educação Ambiental relativa à preservação de áreas de
mananciais e ecossistemas originais como a Mata Atlântica.
10
4. METODOLOGIA
4.1 – Identificação dos pontos atrativos para futuros visitantes
Através de entrevistas com as lideranças e monitores indígenas, bem como
os demais membros da comunidade, serão determinados quais são os principais
atrativos naturais (espécies vegetais, mata atlântica, represa Billings, entre outros) e
os atrativos culturais (construções típicas, tradições e costumes Guarani) de
interesse turístico.
4.2 – Levantamento de dados técnicos
Depois de definidos os pontos de interesse, será feito o levantamento das
informações que deverão constar da cartilha sobre cada um destes pontos, unindo
material teórico com dados fornecidos pela comunidade indígena.
4.3 – Elaboração da Cartilha Turística Ilustrada
Primeiramente será elaborado um mapa da aldeia, destacando os pontos de
interesses previamente definidos. A cartilha ilustrada será elaborada unindo esse
mapa aos dados obtidos, de tal forma que haja uma descrição/informação em cada
ponto ilustrado. A cartilha apresentará também dados sobre a história e a cultura
Guarani. A presença do ilustrador na aldeia será de suma importância, para que a
confecção do trabalho possa ser feita da forma mais fiel possível, tornando o material
mais atrativo.
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5. CRONOGRAMA
ATIVIDADE
Levantamento e elaboração do
referencial teórico
Aproximação com a
comunidade e reconhecimento
do local de estudo
Planejamento da coleta de
dados (entrevistas)
MÊS / SEMANA – 2009
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X
X X X X X X
Aplicação das entrevistas
ATIVIDADE
X X
MÊS / SEMANA – 2009
Maio
Junho
Julho
Agosto
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Levantamento e elaboração do
referencial teórico
X X X X X X X X X X X X
Aplicação das entrevistas
Análise dos dados obtidos e
definição dos locais e temas a
serem detalhados
Confecção das Ilustrações
X X X X X X X X
X X X X X X X X
X X X X
12
ATIVIDADE
MÊS / SEMANA – 2009
Setembro
Outubro
Novembro Dezembro
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Confecção das ilustrações
X X X X X X X X
Elaboração e entrega do
relatório parcial
X X X X
Confecção da cartilha
ilustrada
X X X X X X X X X X X X
1
MÊS / SEMANA - 2010
Janeiro
Fevereiro
2
3
4
1
2
3
X
X
ATIVIDADE
Elaboração do relatório final
Entrega do relatório final
X
4
X
X
X
X
X
13
6. ORÇAMENTO
Segue, abaixo, o orçamento previsto para a realização do projeto:
DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS
Materiais diversos (papeis, cartuchos de
impressora, etc.)
Material para ilustrações
Combustível e pedágio (32 visitas à
aldeia)
Valor total estimado
VALOR ESTIMADO (R$)
100,00
150,00
1.280,00
1.530,00
OBS: O projeto possui alocação de recursos financeiros próprios para o seu
desenvolvimento.
7. REFERÊNCIAS
BARBOSA, Luiz Gustavo Medeiros; ZAMOT, Fuad Sacramento. Políticas públicas
para o desenvolvimento do turismo: o caso do município de Rio das Ostras In
BARBOSA, Luiz Gustavo Medeiros; ZOUAIN, Deborah Moraes. Gestão em turismo
e hotelaria: experiências públicas e privadas - EBAPE-FGV: ALEPH, 2004.
CPISP – Comissão Pró-Indio de São Paulo. Povos indígenas no estado de São
Paulo. Disponível em: http://www.cpisp.org.br/indios/. Acesso em: 12 out.2008.
FARIA, Ivani Ferreira de. Ecoturismo: etnodesenvolvimento e inclusão social no
Amazonas. Manaus: UFAM, 2002.
FUNAI
–
Fundação
Nacional
do
Índio.
O
índio
hoje.
Disponível
em:
http://www.funai.gov.br/. Acesso em 12 out.2008.
GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo. Turismo, cultura e identidade étnica. Olinda:
24ª Reunião Brasileira de Antropologia-Simpósio O Olhar da Antropologia sobre o
Fenômeno Turístico, 2004.
GUIMARÃES, Silvia Maria Ferreira. Através da Terra sem mal: uma possível
abordagem de um grupo Guarani. Pós-Revista Brasiliense de Pós-Graduação em
Ciências Sociais. Brasília: UNB, Edição Temática, ano 3, n.1,1999.
15
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os números dos índios no
Brasil.Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/indio/numeros.html>
Acesso em: 12 out.2008
LADEIRA, Maria Inês. Comunidades Guarani da Barragem e do Krukutu e a
linha de transmissão de 750 kv. Relatório Antropológico. Furnas/AS, 2000.
LADEIRA, Maria Inês; MATTA, Priscila (organização e edição).Terras Guarani no
Litoral: as matas que foram reveladas aos nossos antigos avós = Ka´agüy
oreramói kuéry ojou rive vaekue y. São Paulo: CTI - Centro de Trabalho
Indigenista, 2004.
16
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