SIGTRIP – SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E DE APOIO À DECISÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL DE PASSAGEIROS Adm. Eduardo D’Avila Leal Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos do Rio Grande do Sul [email protected] Eng. Flavio Piccinini Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos do Rio Grande do Sul [email protected] Eng. Roberto Englert Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos do Rio Grande do Sul [email protected] RESUMO Em 2004 a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado do Rio Grande do Sul – AGERGS contratou uma empresa de engenharia de software e o Centro Estadual de Pesquisa em Sensoriamento Remoto e Meteorologia para o desenvolvimento de um Sistema de Informação Geográfica e de Suporte à Decisão para subsidiar as atividades de regulação dos serviços de transporte intermunicipal rodoviário de passageiros e do transportes rodoviário metropolitano para a Região Metropolitana de Porto Alegre e para os Aglomerados Urbanos do Nordeste e do Sul. As principais características do sistema proposto é sua capacidade de integrar tanto dados geo-espaciais como dados tabulares provenientes de diferentes fontes baseado em software livre e imagens de satélite disponibilizadas gratuitamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas – INPE e pelo Google Earth. O sistema proposto é uma poderosa ferramente para enfrentar o típico problema da assimetria de informação nesta área dos serviços públicos. Palavras-chave: Sistema de Informação Geográfica – Sistema de Apoio à Decisão – Transporte Rodoviário Metropolitano – Transporte Rodoviário de Longo Curso – Regulação – Assimetria de Informação. SIGTRIP – GEOGRAPHIC INFORMATION AND SUPPORT TO THE DECISION SYSTEM OF ROAD TRANSPORT INTERMUNICIPAL OF PASSENGERS ABSTRACT In 2004 the Public Utility Commission of Rio Grande do Sul – AGERGS has contracted out a private software engineering company and the State Research Center for Remote Sensing and Meteorology for the the development of a Geographic Information and Decision Support System to be implemented in the process of regulation of long-distance coach services and the metropolitan bus services in the Metropolitan Area of Porto Alegre and the Urban Conglomerate of Northeast and Sourth. The proposed GIS and DSS main features is its capability to integrate either geospatial and tabular data from different sources based on open source software and satellite images made available by the brazilian National Institute of Spatial Research – INPE and Google Earth. The proposed system is a powerful tool to tackle the typical problem of information assimetry in this area of public services. Key-words: Geographic Information System – Decision Support System – Metropolitan Bus Transportation – Long-Distance Coach Services – Regulation – Information Assimetry Área Temática – Transportes em Geral 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho é relatada a experiência da AGERGS no desenvolvimento do Sistema de Informação Geográfica e de apoio à decisão do Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros – SIGTRIP.1 Deste modo se faz necessário uma abordagem sobre o serviço de transporte rodoviário de passageiros, propriamente dito, o qual historicamente no Brasil, é prestado pela iniciativa privada. Não sendo um monopólio natural e não ocorrendo em concorrência perfeita é susceptível especialmente à falha de mercado decorrente da informação assimétrica. No Rio Grande Sul o TRIP – transporte rodoviário intermunicipal de passageiros - é um dos mais antigos serviços públicos delegados do Estado e está dividido nos sistemas Metropolitano e de Longo Curso. Há linhas ativas com datas de inicio com mais de cinqüenta anos. A gestão e regulação deste setor é um problema complexo o que torna cada vez mais necessária a capacitação do Estado em intervir e regular com informações confiáveis e que espelhem a realidade da prestação deste serviço público. Em virtude de divergências que estavam ocorrendo no setor, principalmente nos processos de reajuste tarifário nos anos de 2002 a 2004, nos quais os índices de reajuste fixados pela agência reguladora eram normalmente menores que aqueles homologados pelo poder concedente, diferenças decorrentes de correções nos cálculos tarifários, resolveu-se realizar um diagnóstico do setor. Assim, em 2004 o Governo do Estado instituiu Grupo de Trabalho, através do Decreto n° 43.311/04 para realizar o diagnóstico e reestruturação do cálculo tarifário do Transporte Intermunicipal de Passageiros. Porém, em 17 de fevereiro de 2005, por meio do ofício número 050/2005 – CS o presidente da AGERGS informou ao Secretário de Planejamento e Presidente do Comitê de Controle e Gestão do gasto público, que o Grupo de Trabalho composto por dois representantes do - DAER2 - Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, dois da 1 Um Sistema de Informação Geográfica (SIG ou GIS - Geographic Information System, do acrónimo/acrônimo inglês) é um sistema de informação espacial e procedimentos computacionais que permite e facilita a análise, gestão ou representação do espaço e dos fenômenos que nele ocorrem (http://pt.wikipedia.org/wiki). 2 O sistema do Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros de Longo Curso – LC - teve algumas normas disciplinadas pela Lei nº. 11.090 de janeiro de 1998, mantendo o DAER como Poder Concedente e responsável pelo gerenciamento de aproximadamente mil e novecentas 1900 linhas operadas por cerca 230 empresas dos mais variados portes. 3 METROPLAN3 – Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional e dois representantes da AGERGS, sob a coordenação do representante da Casa Civil, decorridos quase seis meses desde a sua instalação havia se reunido apenas uma única vez. Deste modo, devido o insucesso das tratativas junto a estes órgãos mais a Casa Civil, Secretaria de Transportes, Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano, Ministério Público, representantes da FETERGS – Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul - e representantes da RTI - Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal sobre a participação destas entidades na realização de um trabalho de compartilhamento de dados a fim de viabilizar o diagnóstico do setor, a AGERGS, por meio de seu Conselho Superior, deliberou dar seqüência ao trabalho pela Agência de forma independente, naquilo que lhe é imposto como obrigação institucional. 2 ASSIMETRIA DE INFORMAÇÂO NO TRIP RS. A teoria econômica apresenta quatro razões básicas para as falhas de mercado: poder de mercado (monopólio), externalidades, bens públicos e informações assimétricas4. Sendo este o principal problema enfrentado pelas AGERGS na regulação do setor. Tal evidência é percebida pelas sistemáticas desatualizações de parâmetros estruturais constantes nas planilhas de cálculo tais como, o percurso médio anual – PMA, frota efetiva e o índice de aproveitamento econômico associado a problemas de excesso do ocupação. Por outro lado, as delegatárias, detentoras de um maior volume de informações, perseguem sua meta de maximizar o lucro indo muitas vezes de encontro com o principio da modicidade, esta situação é conhecido na teoria econômica como o problema da relação agente-principal5. “Um dos maiores problemas a ser enfrentado pelo regulador setorial diz respeito à assimetria de informações entre este e a empresa regulada. Para que o agente regulador atue de forma a conseguir extrair da empresa a prestação do serviço de forma eficiente, este necessita de informações detalhadas sobre as atividades econômico-financeiras e operacionais das firmas. As melhores fontes de obtenção 3 A Lei nº. 11.127/98 instituiu o Sistema Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros - SETM, tendo como Poder Concedente a Secretaria de Planejamento e como órgão gestor a METROPLAN. O sistema metropolitano está dividido em região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e aglomerações urbanas do nordeste, sul e litoral norte, as quais totalizam aproximadamente 1300 linhas operadas por 36 empresas que operam uma frota de aproximadamente 2900 veículos. 4 Pindyck e Rubinfield – Microeconomia. Problema que surge quando os agentes perseguem seus próprios objetivos e não os do principal (Pindyck e Rubinfield - Microeconomia). 5 4 dessas informações são as próprias firmas reguladas, pois elas são as detentoras das informações consideradas relevantes. Entretanto, essa forma de adquirir informações pode levar ao chamado problema de captura do regulador. Além deste aspecto, a busca de informação é um processo oneroso para o órgão regulador e, na maior parte dos casos, não é do interesse dos regulados”. (Assimetria de Informações e Problemas Regulatórios, ANP, 2000). 3 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA Na AGERGS tinha-se o entendimento da necessidade de se realizar a medição das linhas do TRIP/RS e realizar um diagnóstico do setor, assim conforme orientação da Diretoria Geral e das Diretorias Técnicas da AGERGS foi decidido que dada a complexidade do trabalho para o diagnóstico o mesmo deveria ser executado com o suporte de um “Sistema de Banco de Dados” cujo desenvolvimento deveria ser realizado através de contratação de empresa especializada em engenharia de software por meio de licitação. Deste modo o edital foi publicado em dezembro de 2005. Assim em março de 2006 iniciou o desenvolvimento do Sistema de Informação Geográfica e de Apoio à Decisão para o Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do RS, o qual foi denominado SIGTRIP. 3.1 METODOLOGIA A metodologia de desenvolvimento de software prevista no TR6 foi elaborada com a premissa de que no início do projeto a AGERGS já teria acesso a quase todos os dados das principais fontes (DAER, Metroplan, DETRAN, Empresas Operadoras). Assim a metodologia de desenvolvimento foi baseada em uma abordagem onde se conhece profundamente os dados disponíveis e as características do software que será desenvolvido. Foi prevista as etapas de: análise e levantamento de requisitos, definição do escopo, montagem do plano de desenvolvimento, implementação, instalação, configuração, implantação, testes, homologação, suporte e licenciamento do software. 6 O TR definiu que o desenvolvimento seria documentado de acordo com a Linguagem de Modelagem Unificada - UML (diagrama de classes; diagrama de caso de uso;diagrama de seqüência;diagrama de atividades, diagrama de componentes), e que o desenvolvimento deveria utilizar linguagens de última geração e programação orientada a objetos - POO. Como referência para a modelagem de dados foi disponibilizado o modelo lógico de dados inicial, anexo ao edital. 5 Pois a AGERGS já havia elaborado uma modelagem de dados inicial em 2004, a qual foi feita por uma empresa contratada, por valor inferior ao limite de dispensa de licitação, para modelar as principais áreas de atuação da AGERGS, neste primeiro modelo, foi elaborado a partir de entrevistas com os técnicos da AGERGS que definiram os requisitos que o sistema deveria atender de acordo com as suas necessidades e visões, sem se preocupar como isto poderia ou seria implementado, questão que seria abordada durante o projeto do banco de dados. Entretanto quando se iniciou o desenvolvimento do sistema foi constatado que se deveria realizar um trabalho extenso de levantamento de requisitos e necessidades da AGERGS, o qual foi realizado durante os dois primeiros meses e ao final do quarto mês um primeiro software com um conjunto de funcionalidades ficou disponível para uso e validação das necessidades. Deste modo foi acordado como desenvolvedor que à medida que as reais necessidades da AGERGS fossem surgindo e que se tivesse maior conhecimento das estruturas dos dados disponíveis nas diversas fontes, novas adequações seriam incorporadas em novas versões do software num total de quatro versões. Esta metodologia de desenvolvimento foi baseada no Processo Unificado que além utilizar a notação UML (Unified Modeling Language) já prevista no edital7 combina os ciclos iterativo e incremental para a construção de softwares. Assim, entre os dias 23/03/2006 e 25/05/2006 foram realizadas 15 reuniões8 com entrevistas de levantamento de requisitos das quais participaram os seguintes técnicos da AGERGS, dois administradores, dois engenheiros civis, dois economistas e um contador e foram captadas as perspecitvas com relação ao sistema, a saber: - permitir a organização, administração e manutenção dos dados do sistema de transporte intermunicipal de passageiros; - subsidiar a formulação de indicadores de qualidade do serviço prestado; - auxiliar na definição dos perfis das empresas operadoras; - permitir a identificação dos padrões de distribuição espacial do transporte intermunicipal de passageiros; 7 8 Termo de referência da Tomada de Preços N.º 04/2005 (p.45) – AGERGS. SIGTRIP – 1 Documentação do projeto - Novembro/2008 (p.40-46) – AGERGS. 6 - possibilitar a recuperação de dados de linhas a partir da interação direta com sua representação nos mapas; - proporcionar flexibilidade no cruzamento das diferentes variáveis disponíveis; - auxiliar na concepção de nova estrutura para cálculo das tarifas; - favorecer a apresentação de cenários para revisão de parâmetros para cálculo das tarifas; - ampliar o conhecimento da AGERGS sobre o sistema (hoje este conhecimento é muito limitado devido às dificuldades de obtenção, organização e cruzamento das informações); - contribuir com a identificação de perfis de linhas, a partir do cruzamento de informações de forma precisa e ágil, que deverão orientar a abertura dos editais de concessões; - permitir que a base de dados da pesquisa sobre Rodoviárias possam ser integradas ao sistema; - permitir a proposição de criação, extinção e remanejamento de linhas, a partir do conhecimento da distribuição, da demanda e do fluxo de passageiros; - “criar” empresas “modelo” para cada região, a partir da apreensão das diferentes realidades regionais, de demanda, custos, fluxo, etc.; - simular custos, buscando identificar novos parâmetros para o cálculo das tarifas; - classificar as empresas delegatárias, levando em consideração seu tamanho (frota, motoristas, linhas, passageiros transportados, faturamento, etc.); - cruzar dados das diferentes fontes (empresas, órgãos do poder concedente, DETRAN, fornecedores de insumos, etc.); - recuperar informações do Sistema de Transportes, cruzando dados em todos os níveis (por sistema, empresa, linha, etc.); - visualizar (ênfase em mapas e gráficos) a forma como o Sistema de Transportes está distribuído (por exemplo, número de passageiros transportados por linha e por empresa, faturamento por empresa e relativo ao número de linhas, etc.); - exportar dados para outras aplicações como o Excel, por exemplo. 7 3.1.1 – PROJETO DO BANCO DE DADOS Aqui apresentamos os conceitos básicos necessários para o entendimento do projeto de banco de dados, que é o componente fundamental no desenvolvimento de qualquer sistema de informação gerencial e de apoio à decisão. Um banco de dados é um conjunto de dados integrados com um objetivo comum. Enquanto que um SGDB é um software que possui as funções de recuperação, definição e alteração de dados em um banco de dados. Um modelo (de banco de dados) é uma descrição dos tipos de informações que estão armazenadas em um banco de dados. Os modelos de dados dependem do nível de abstração desejado. Para fins deste trabalho vamos considerar dois níveis básicos de abstração para a modelagem de dados. Modelo conceitual = Modelo de dados abstrato que descreve a estrutura de um banco de dados de forma independente de um SGBD particular. Fonte: HEUSER – Projeto de Banco de Dados - 2002 Modelo Lógico = Modelo de dados que representa a estrutura de um banco de dados conforme vista pelo usuário do SGDB. Fonte: HEUSER – Projeto de Banco de Dados – 2002 Já a abordagem ER foi criada em 1976 por Peter Chen e pode ser considerada como um padrão de fato para modelagem conceitual. A técnica de modelagem de dados mais difundida e utilizada é a abordagem entidade- relacionamento (ER). Nesta técnica, o modelo de dados é representado através de um modelo entidade-relacionamento (modelo ER). Usualmente, um modelo ER é representado graficamente, através de um diagrama entidaderelacionamento (DER). (HEUSER, 2002) Na abordagem ER, são três os elementos fundamentais: A entidade que é o conceito fundamental e é tudo aquilo da realidade que se deseja manter informações, representada por um retângulo; O relacionamento representa as associações entre as entidades (losângulo), e o atributo que é o dado associado a cada entidade ou a cada relacionamento, conforme mostra a 8 figura, a título de exemplo se tem definido neste modelo para a entidade veículo o atributo placa. A modelagem conceitual permitiu que a equipe de desenvolvimento interajisse com os usuários do sistema sobre um documento de fácil compreensão. No exemplo a seguir (Figura 3.2) é apresentado um modelo conceitual, elaborado na abordagem ER, de maio de 2006, o qual acabou sendo e readequado no decorrer do projeto. Figura 3.2 – Modelo Conceitual Ao final da última versão o modelo lógico(Figura 3.3) ficou composto por 49 entidades (tabelas) as quais foram implementadas no modelo físico elaborado para suportar as 9 características peculiares do SIGTRIP, tais como armazenar num mesmo registro dados de diversas fontes e refletir o histórico das alterações. Figura 3.3 – Modelo Lógico 3.1.2 REQUISITOS TECNOLÓGICOS BÁSICOS Conforme especificado no TR o Sistema de Informações foi desenvolvido de forma modular sendo composto por 3 módulos principais: Módulo Servidor de Objetos/Dados: Responsável por suprir as aplicações clientes com as informações pertinentes ao banco de dados e objetos do sistema. A solicitação de dados em relação a esse módulo deve seguir formato XML (Extensible Markup Language) e retornar resultados também em formato XML, permitindo assim a independência semântica da informação com relação ao seu uso específico, é uma interface entre os outros dois módulos. Módulo Ferramentas de Análise: Responsável por fornecer aos usuários a manipulação das informações do sistema de forma não trivial, ou seja, permitir aplicar fórmulas sobre os dados e visualizá-los de forma inteligente. Permitindo que as operações sejam armazenadas de tal forma a constituir o banco de fórmulas, pesquisas e visões do sistema. 10 Módulo de Administração do Banco de Dados - Trata-se do conjunto de ferramentas, instruções e recursos para a entrada, importação dados, operada a partir de um navegador WEB. Esta definição permite que no futura a entrada dos dados seja feita por uma Extranet. Dentre os requisitos de software foi estabelecido que o sistema gerenciador de banco de dados objeto-relacional - SGBDOR seria o PostgreSQL9 8.0 ou superior, por ser distribuído sob a licença BSD, o que torna o seu código aberto e o seu uso livre para aplicações comerciais sem custos de aquisição ademais o TR especificou os principais requisitos funcionais do sistema. O termo de referência - TR para o edital de licitação tinha como premissa básica a capacidade do sistema em unificar, organizar, e permitir a análise e o cruzamento de dados e informações de diversas fontes seja órgãos públicos ou empresas operadoras. 1.2 – Caberá a CONTRATADA desenvolver um Sistema de Informação Gerencial e de Apoio à Decisão que permita organizar os dados e analisar as informações do transporte rodoviário existentes na CONTRATANTE, DAER, METROPLAN, Concessionárias e as obtidas junto a outros órgãos públicos, como Secretaria da Fazenda10, Departamento Estadual de Trânsito11, Junta Comercial do Estado, Ministério do Trabalho, a fim de possibilitar a realização do diagnóstico do setor de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros. (Tomada de Preços N.º 04/2005 - AGERGS) Dentre os requisitos funcionais também se destaca a necessidade da AGERGS de, além de poder trabalhar com dados de diversas fontes para um mesmo atributo de um mesmo registro, poder realizar análises históricas, ou seja, manutenção dos valores para diferentes períodos de atributos que comumente não se guarda o histórico (ex.:a manutenção do histórico das características físicas de uma linha no tempo, como alteração da extensão, seções tarifárias, tipo de pavimento, etc). 3.3 - O Sistema de Informações deverá contemplar entrada de dados; importação de dados, consultas, gravação, recuperação de relatórios, cenários (dados históricos), visões, fórmulas e variáveis; criação e incorporação de novas funções, fórmulas e variáveis; ferramentas de análise estatísticas e matemáticas; ferramentas gráficas de visualização geográfica. (Tomada de Preços N.º 04/2005-AGERGS) 9 PostgreSQL foi desenvolvido originariamente pela Universidade da Califórnia em Berkeley e é considerado pela maioria dos especialistas como o mais avançado SGDBOR desenvolvido como projeto de software livre. 10 As tratativas para o recebimento de informações da Secretaria da Fazendo - SEFAZ não obtiveram sucesso devido a questões relativas ao sigilo fiscal. 11 A AGERGS elaborou e encaminhou em 2006 uma proposta de convênio com o DETRAN para compartilhar dados da frota, no entanto este processo está parado desde que assumiu o novo governo estadual do RS em 2007. 11 Em paralelo ao desenvolvimento do SIGTRIP a AGERGS contratou o Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia do RS – CEPSRM para realizar a medição das linhas do TRIP/RS bem como desenvolver um método de levantamento e medição de linhas utilizando a tecnologia de sensoriamento remoto. O trabalho do CEPSRM consistiu em disponibilizar para a AGERGS as imagens de satélite com a resolução adequada de modo a permitir a visualização de vias e o traçado das linhas de transporte bem como realizar o traçado em campo com equipamentos GPS e sobre as imagens de satélite. Sendo que o resultado deste trabalho deveria ser integrado ao SIGTRIP. 3.1.3 IMPORTAÇÃO DOS DADOS De acordo com o objetivo de popular o banco de dados com dados das diversas fontes e conforme os requisitos estabelecidos a partir das entrevistas com os técnicos da AGERGS e previsto no TR ficou claro que o sistema deveria atuar de forma independente de outros sistemas e ser alimentado a partir de processos de importação ou entrada direta de dados. Durante a etapa de levantamento de requisitos e especificações, foram identificadas algumas necessidades bastante diversas em relação ao que se poderia prever baseado na modelagem inicial do banco de dados, suas tabelas e demais especificações que constaram no termo de referência no que diz respeito ao armazenamento e manutenção dos dados do sistema. Abaixo, segue algumas dessas necessidades levantadas em relação ao modelo de dados, às ferramentas de administração e as restrições encontradas durante o processo de desenvolvimento, as quais serão abordadas na próxima seção deste trabalho. - Suporte para armazenamento de valores para um mesmo atributo de um mesmo registro para diferentes fontes (ex.: o armazenamento dos dados relatados por diferentes fontes para um mesmo veículo); - Manutenção dos valores para diferentes períodos de atributos que comumente não guardam histórico (ex.:a manutenção do histórico das características físicas de uma linha); - Entrada de valores de uma mesma natureza ainda que em diferentes níveis de agregação (ex.: a importação de dados de viagens, agregados por mês, dia e ano). 12 3.2 PRINCIPAIS RESTRIÇÕES DURANTE O DESENVOLVIMENTO O DAER recebe os dados do BOD no STC – Sistema de Transporte Coletivo por meio de um formulário de dados on-line pela internet. As empresas operadoras preenchem os formulários de entrada de dados e existe consistência quanto às linhas e horários. Os dados são consolidados por linha, horário e mês. Da mesma forma que a METROPLAN o DAER não tem os dados por viagem realizada. Além do BOD o DAER utiliza os boletins das estações rodoviárias – BER, que são preenchidos pelas estações rodoviárias. Desta forma é feito um cruzamento para verificar distorções. Entretanto pode-se avaliar que mesmo com estes cuidados a geração dos dados primários do BOD carece de um maior controle12, principalmente nas viagens das linhas comuns onde ocorrem significativa entradas e saídas de passageiros durante o percurso. Avaliados os dados do boletim de oferta e demanda – BOD de 2005 enviados pela METROPLAN para a AGERGS. Constatou-se que os mesmos são totalizados por mês e por linha, armazenados em um banco de dados ACCESS para cada ano, conforme são enviados pelas empresas em planilhas eletrônicas. Deste modo não se tem os dados por viagem13 realizada, o que impossibilita a geração e indicadores de qualidade como, por exemplo, que demonstrem o respeito à capacidade de lotação e pontualidade. Com relação às seções tarifárias das linhas metropolitanas, até o presente momento não se encontram informações importantes tais como denominação, origem e destino, extensão, tipo de pavimento, pedágio, tempo previsto da viagem, localização das paradas previstas. Com relação à frota, alguns dados de qualidade da carroceria, tais como largura do corredor, área útil, salão e distância entre bancos, não se encontram disponíveis. O desconhecimento dos dados que seriam gerados e disponibilizados pelo sistema de bilhetagem eletrônica. Assim devido às dificuldades expostas, o grupo de trabalho decidiu que a modelagem de dados do sistema deveria ser flexível a ponto de se poder importar dados de 12 Foi constatada diversas inconsistências nos dados de lugares ofertados, viagens na base do STC/DAER (Informação AGERGS DT 32/2008). 13 Cabe destacar que com implantação o sistema de bilhetagem eletrônica – SBE serão disponibilizados dados por viagem. O SBE integrará as linhas das empresas do consórcio TEU formado por doze empresas sendo nove operadoras do transporte intermunicipal da RMPA. 13 mesma natureza mas de formato, periodicidade, origem e detalhamento diferente. O que implicou em maior complexidade no desenvolvimento impactando no cronograma original. 4 SIGTRIP O SIGTRIP possui diversas ferramentas que possibilitam realizar pesquisas e análises nos dados tabulares que podem ser associados aos dados georreferênciados, tais como linhas e localidades ou pontos de troca tarifária. Para tanto vamos abordar as ferramentas Assistente de Pesquisa, tabela de resultados, layer vetorial, layer de imagens e mapa. O Assistem de Pesquisa é forma mais amigável para se realizar pesquisas, conforme demonstrado na seqüência a seguir é possível acessar todas as tabelas e seus atributos bem como informar a fonte de dados, período desejado e se a pesquisa deve incluir dados não validados. Todas as tabelas e seus respectivos atributos podem ser selecionados clicando sobre os mesmos. Figura 4.1 – Seleção de atributos da tabela. 14 Figura 4.2 – Seqüência da seleção de atributos da tabela linha. Em seguida é informado que a fonte de dados utilizada é METROPLAN e que a pesquisa deve incluir dados não validados. 15 Figura 4.3 – Seqüência da seleção de atributos da tabela linha A tabela com o resultado da pesquisa, a qual permite a exportação dos dados bem como operações tais como, agregações, estatística e operações algébricas entre as colunas. Figura 4.4 – Tabela com o resultado da pesquisa de linhas Abaixo as linhas foram agregadas em 8 classes por extensão classe a, obtendo-se a relação das linhas de cada classe e ao resultado da soma das extensões classe14 a e b. 16 Figura 4.5 – Tabela com o resultado classificado por extensão classe a A seguir é apresentado exemplos da ferramenta de informação geográfica. O SIGTRIP permite que se trabalhe com diversas camadas de informação geográfica ou georreferenciada, conforme é demonstrado a seguir. Abaixo é apresentado o layer dos segmentos físicos15 que forman as linhas do TRIP/RS. Figura 4.6 – Mapa selecionado a camada de segmentos_físicos Cada linha é composta por n segmentos físicos e o relacionamento com os dados tabulares das linhas é feito pelo número da linha. Todo o trabalho de levantamento, vetorização e georreferenciamento foi realizado pelo CEPSRM. 14 Classe a e classe b significam pavimentada e não pavimentada. 17 A seguir camada com os pontos de troca tarifária ou localidades do LC. Figura 4.7 – Camadas de segmentos_físicos e localidades 15 Mais detalhes sobre segmentos físicos no trabalho “Aplicação do Sensoriamento Remoto na Regulação dos Serviços de Transportes de Passageiros do RS”. 18 Figura 4.8 – Camadas de segmentos físicos, localidades, municípios e rodovias E o layer das imagens de satélite. Figura 4.9 – Segmentos físicos, localidades, municípios, rodovias e imagens CBERS 19 Figura 4.10 – Segmentos físicos, localidades, rodovias e imagens do Google Earth A seguir é demonstrada uma tabela de resultado de uma pesquisa que calcula o IAP – índice de aproveitamento econômico por linha , a qual é ordenada a e associado a um mapa criado dinamicamente com as camadas linhas, segmentos físicos e localidades. 20 Figura 4.11 – Seleção de linhas por aproveitamento econômico. O exemplo mostra a relação do valor de determinada conta de balancete (fonte empresa) pela receita dos dados do BOD (fonte DAER), visualizada de forma gráfica. Figura 4.12 – Custo de manutenção por receita das viagens. 21 CONCLUSÃO O desenvolvimento do SIGTRIP marca o início de um processo que busca minimizar a assimetria de informações no TRIP/RS, resultado de um trabalho cooperativo entre uma empresa de engenharia de software, o CEPSRM-UFRGS e a AGERGS. O Sistema de Informação Geográfica e de Apóia à Decisão para o Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros – SIGTRIP, apresenta uma capacidade analítica sem paralelo nos órgãos de gestão do sistema de transportes de passageiros do Estado, permitindo um alto grau de integração de dados de diversas fontes, constituindo-se numa poderosa ferramenta para a progressiva superação da assimetria de informações entre as delegatárias dos serviços públicos de transporte e o ente regulador, elemento essencial para assegurar a prestação de serviço adequado, na forma da lei. Porém para que o SIGTRIP atinja a eficácia ideal o principal desafio que deve ser vencido é a sua permanente atualização com dados e informações confiáveis e autorizadas para o que devem contribuir os órgãos de gestão do transporte intermunicipal do RS que não dispõe na atualidade de um sistema de informações geográficas que integre dados geoespaciais das linhas de transporte, trechos e localidades relacionados aos os dados cadastrais e operacionais dos serviços. A solução tecnológica proposta, baseada em software livre, que dispensa o pagamento de royalties, demonstrou ser viável diante dos requisitos de um sistema de complexidade elevada atendendo adequadamente as necessidades da AGERGS, a um custo baixo se comparado às alternativas disponíveis no mercado. Regulação é tarefa multidisciplinar que exige inteligência corporativa, especialização e conhecimento. Não se chega ao conhecimento sem informação, não se chega à informação sem dados. Contudo verifica-se na prática que dados que órgãos do próprio setor público poderiam fornecer, como o DETRAN para o caso dos dados da frota, necessários para aferição de características importantes como a capacidade de lotação do veículo, ano de fabricação, entre outras, assim como dados da geração de impostos na operação dos serviços, 22 que deveriam ser fornecidos pela Secretária de Fazenda, não são disponibilizados para um órgão regulador que tem por função zelar pela modicidade tarifária e a qualidade dos serviços. Assim os próximos passos na implementação do SIGTRIP deve levar à busca de parcerias com os órgãos gestores do sistema de transporte no Estado, em especial o DAER e METROPLAN para, em conjunto, encontrarem elementos de alavancagem de suas ações a partir do compartilhamento de meios e de dados comuns para o que pode contribuir o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos três anos na AGERGS. 23 BIBLIOGRAFIA AGERGS. Aplicação do Sensoriamento Remoto na Regulação dos Serviços de Transportes de Passageiros do RS: Rio de Janeiro, ABAR VI Congresso Brasileiro de Regulação. AGERGS. Nota Técnica 12 07 DT: Índice De Aproveitamento Econômico. Disponível em <www.agergs.rs.gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2009. AGERGS. Sistema de Informação Geográfica do Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros – SIGTRIP, 1- Documentação do Projeto. Novembro de 2008 ARAÚJO, João Lizardo R. H. de. Modelos de formação de preços na regulação de monopólios. Econômica, v3, n. 1, p. 35-66, junho 2001. BEZERRA, Eduardo. Princípios de Análise e Projeto de Sistemas com UML: Rio de Janeiro, Elsevier, 2004. 286 p. LEAL, Eduardo. D. Aplicação da tecnologia de informação na redução da assimetria de informação do transporte intermunicipal do RS. Porto Alegre: UFRGS, 2007. HEUSER, Carlos Alberto. Projeto de Banco de Dados. Porto Alegre, SagraLuzzatto, 2002. 204 p. MONTENEGRO DE LIMA, C. R. 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