Abordagem Estruturalista
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1 Introdução
Abordagem Estruturalista
• Estruturalismo
O termo significa tudo o que uma análise interna revela, trata-se de
um método analítico comparativo. Considera os fenômenos ou
elementos com referência em sua totalidade, considerando, pois, o
seu valor de posição, podendo ser caracterizado como comparativo
e totalizante (MOTTA, 1970, p. 24).
Este método implica numa totalidade e interdependência, já que
considera que o todo é maior do que a soma das partes (MOTTA,
1970, p. 24).
2 Introdução
• Estruturalismo
Abordagem Estruturalista
A teoria estruturalista é uma síntese da escola clássica (formal) e
da teoria das relações humanas (informal) (ETZIONI, 1972).
Inspira-se também no trabalho de Max Weber e, até certo ponto, no
de Karl Max.
Embora inspirado nestes trabalhos, seu principal diálogo foi com a
escola das relações humanas (ETZIONI, 1972).
Segundo Motta (1970, p. 24), “o estruturalismo é um método
analítico comparativo”, sendo para este de fundamental
importância, “o relacionamento das partes na constituição do todo”.
3 Origens do Estruturalismo
• Estruturalismo
Abordagem Estruturalista
Em ciências sociais há várias tradições estruturalistas que podem
ser organizadas em quatro grandes grupos (MOTTA, 1970):
• Estruturalismo abstrato (Lévi-Strauss);
• Estruturalismo concreto (Radecliffe-Brow e Gurvitch);
• Estruturalismo fenomenológico (Max Weber); e
• Estruturalismo dialético (Karl Marx).
4 Origens do Estruturalismo
Abordagem Estruturalista
Sua construção teórica foi iniciada pelo etnólogo Claude LéviStrauss (THIRY-CHERQUES, 2004).
“A perspectiva estruturalista propõe o abandono
do exame particular dos objetos a que se
consagra” (THIRY-CHERQUES, 2004, p. 2).
Claude Lévi-Strauss
Como movimento filosófico, segundo Thiry-Cherques (2004), o
estruturalismo tem um papel decisivo na trajetória que envolve o
embate entre o positivismo lógico, a fenomenologia, fenomenologia
existencial e o historicismo.
5 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
O percurso de Lévi-Strauss
O estruturalismo tenta reconciliar a teoria e a prática. A base
científica criada pelo autor se propõe a desenvolver uma teoria do
logicamente possível, construída a partir do real concreto (THIRYCHERQUES, 2004).
“Lévi-Strauss aprendeu que enquanto a filologia clássica
considerava que a língua era uma espécie de espelho da
realidade”, Saussure se preocupou com a “sistematização dos
sinais, vindo a criar uma nova ciência, a semiologia, baseada na
teoria da arbitrariedade do signo” (ROMAN JAKOBSON, 1973
apud THIRY-CHERQUES, 2004, p. 3).
Saussure estava interessado na infra-estrutura da
língua, aquilo que é comum a todos os falantes e
que funciona em um nível inconsciente.
F. Saussure
6 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
As premissas do estruturalismo lingüístico permitiram a LéviStrauss desenvolver uma construção teórica de superação
contraditório entre a realidade observável e o que pode ser
coligido, entre o concreto e o que pode ser objeto de ciência
(THIRY-CHERQUES, 2004).
Estruturas: Significados e Propriedades
Segundo Thiry-Cherques (2004, p. 4), “o procedimento
metodológico estruturalista é orientado pelo entendimento do que
vem a ser a estrutura, de suas características e de sua
propriedades”.
Uma estrutura é um conjunto de sistemas relacionais; um todo
formado de fenômenos solidários. Exemplo: relações com
parentesco, sistema de controle de tráfegos, os códigos de
etiqueta, etc (THIRY-CHERQUES, 2004).
7 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
É preciso distinguir o conceito de estrutura do de sistema. O
sistema é um modelo dinâmico, descreve a ação de um conjunto
de elementos funcionais (entrada, processo, saída, feedback, etc.).
“No contexto do estruturalismo, estrutura tem uma definição
precisa: é um modelo explanatório abstrato, que descreve
propriedades relacionais entre elementos” (RUNCIMAN, 1969
apud THIRY-CHERQUES, 2004, p. 5).
O estruturalismo se distingue de outras correntes de pensamento
por tratar os objetos enquanto “posições em sistemas
estruturados” e não enquanto “objetos independentemente de uma
estrutura” (THIRY-CHERQUES, 2004. p. 5).
Há estrutura quando os elementos estão reunidos em uma
totalidade (GOLDMANN, 1979).
8 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
Não interessa, por exemplo, ao estruturalismo estruturas
organizacionais expressas nos organogramas, mas no que subjaz,
como inerente à razão humana, sob estas estruturas (THIRYCHERQUES, 2004).
O Protocolo Mínimo (THIRY-CHERQUES, 2004)
O objeto do estruturalismo
é o conjunto das relações
interdependentes de fenômenos determinados.
O estudo das propriedades consiste em examinar as condições
que tornam possível à estrutura passar de um estado para outro,
mediante a mudança de elementos, sem alterar o sistema
estrutural.
Exemplo: mudança das notas musicais.
9 Método Estruturalista
Escolha do Domínio Investigativo
Abordagem Estruturalista
O estudo das estruturas no campo organizacional e administrativo,
como em qualquer campo particular, consiste em descrever um
sistema relacional (THIRY-CHERQUES, 2004).
Isto é feito mediante observação, decomposição em tipos de
elementos, conceitualização dos elementos e relações, elaboração
de um modelo genérico explicativo e de uma interpretação, que
oferece a descrição da estrutura e das perspectivas explicativas
(THIRY-CHERQUES, 2004).
• Observação
Ter sempre em mente que a origem da estrutura não é o real, mas
o espírito humano (LÉVI-STRAUSS, 1971 apud THIRYCHERQUES, 2004, p. 8).
10 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• Observação
Deve-se observar o que existe e “procurar isolar os elementos
estáveis (sempre parciais) que permitem comparar e classificar”
(LÉVI-STRAUSS, 1958 apud THIRY-CHERQUES, 2004, p. 8). Para
isso faz-se necessário:
• Descrever os fatos com exatidão, em si mesmos;
• Certificar-se dos processos concretos que os produzem;
• Com relação ao conjunto, investigar o que faz com que mudem e
o que ocorre quando são alterados.
11 Método Estruturalista
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• Decomposição
2004)
dos
Elementos
(THIRY-CHERQUES,
Os elementos factuais se relacionam e formam estruturas
aparentes, das quais vamos buscar o fundamento, a estrutura
subjacente.
É necessário descodificar os seus elementos constituintes.
O sentido dos elementos depende da relação em que está
compreendido e a relação depende do sentido dos elementos.
Listado os elementos, conclui-se o passo de decomposição pela
crítica dos resultados obtidos.
12 Método Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• Conceitualização dos Elementos
De acordo com Thiry-Cherques (2004) para que os elementos
possam ser considerados estruturas, devem ser formalmente
passíveis de substituição por signos (termos, símbolos,
representações).
Buscar identificar as relações constantes que existem entre eles.
Os conceitos dos elementos isolados devem ser destacados e
reagrupados enquanto “realização de pensamento” (BENEVISTES,
1966 apud THIRY-CHERQUES, 2004).
13 Método Estruturalista
• Elaboração do Modelo
Abordagem Estruturalista
Os modelos, no sentido em que o termo “modelo” é empregado
pelo estruturalismo, são construídos a partir de elementos
observacionais, numéricos ou não (THIRY-CHERQUES, 2004).
A construção do modelo consiste nas seguintes operações:
1. Definir um fenômeno em estudo como relação entre dois ou mais
termos reais ou supostos;
2. Construir uma tabela das permutas possíveis entre esses
elementos;
3. Proceder a análise, considerando os fenômenos empíricos
apenas como uma possível combinação entre outras.
14 Método Estruturalista
• Análise Interpretativa (THIRY-CHERQUES, 2004)
Abordagem Estruturalista
A interpretação estrutural parte dos modelos descritivos.
No estruturalismo, a lógica antecede a associação; sustenta que
entendemos as associações mediante a lógica.
É o contrário do positivismo, com o qual estamos mais afeitos, que
sustenta que entendemos a lógica humana mediante associações.
Por este motivo o modelo deve anteceder a análise.
“Não interessa ao estruturalismo, como visto anteriormente, uma
tipologia de organogramas, mas a determinação que nos faz dividir
o trabalho segundo critérios determinados limitados (pela função,
pelo produto, pelo tempo, pelo ligar e as demais distinções da
organogramação)” (THIRY-CHERQUES, 2004, p. 11).
15 Método Estruturalista
• Descrição (THIRY-CHERQUES, 2004)
Abordagem Estruturalista
As formas de descrever as estruturas são variadas.
Elas podem ser objeto de uma enunciação linear, ou de grafos, em
que a representação dos elementos (vértices) ligados por linhas
que denotam as relações.
• Sentido (THIRY-CHERQUES, 2004)
Ter sentido quer dizer ter um significado lógico determinado.
Os que torna a estrutura significativa é a forma como os seus
elementos se relacionam, como a interdependência se manifesta.
16 Estruturalismo nas Organizações
Abordagem Estruturalista
• Influências Sociológicas
“Se admitirmos que os principais corpos doutrinários em sociologia
são o funcionalismo e o marxismo, é clara a falta de influência
marxista no desenvolvimento teórico, bem como de determinação
dos interesses de pesquisas” (BERTERO, 1975, p. 27).
“O que não recebeu ainda a devida atenção foi o próprio quadro
teórico onde a teoria da organização vem se fundamentando.
Embora os últimos anos tenham sido marcados por acerbas críticas
à sociologia acadêmica norte-americana, e especialmente ao
funcionalismo estrutural em sua versão parsoniana, críticas às
quais muitos cientistas sociais que se ocupam de organizações têm
aderido, é fato inegável que a teoria organizacional tem pautado o
seu desenvolvimento ao longo de um quadro de referência
funcionalista” (BERTERO, 1975, p. 27).
17 Estruturalismo nas Organizações
Abordagem Estruturalista
• Influências Sociológicas
“Desde o início, para o marxismo, a teoria das organizações estava
identificada com burocracia e portanto, consequentemente, com
sua carga reacionária” (BERTERO, 1975, p. 27).
“Para Marx a burocracia integra a estrutura de dominação do Estado
como conjunto de instrumentos de que a classe dominante lança
mão a fim de manter o privilégio e o sistema de acumulação
capitalista”(BERTERO, 1975, p. 27).
“Lenin julgava que a burocracia era parte integrante do Estado
burguês e a sua sobrevivência fazia-se por causa da especificidade
das tarefas burocráticas”(BERTERO, 1975, p. 27).
18 Estruturalismo nas Organizações
Abordagem Estruturalista
• Impacto do Funcionalismo Estrutural
“Como os cientistas sociais de orientação marxista
se ausentavam do campo da teoria da organização,
esta acabou recebendo indiscutivelmente influências
profundas de outra corrente de pensamento que se
iniciou com Weber e Durkheim e encontrou sua mais
importante sistematização em meados de nosso
século na obra de Talcott Parsons” (BERTERO,
1975, p. 28).
Talcott Parsons
“Portanto, o quadro de influência que norteou a formação de
interesses teóricos, bem como da temática de pesquisa estiveram
sempre calçados no quadro do funcionalismo estrutural” (BERTERO,
1975, p. 28).
19 Funcionalismo Estrutural
Abordagem Estruturalista
• Impacto do Funcionalismo Estrutural
“A própria origem sociológica da teoria das organizações está em
Max Weber e em Durkheim. É clássica a importância do paradigma
burocrático weberiano, mas menos lembrada, embora muito influente,
é a visão da sociedade como organismo que se diferencia em etapas
sucessivas, tendo papel instrumental nesta diferenciação o
mecanismo de divisão do trabalho, fundamento da diferenciação
socio-ocupacional das sociedades” (BERTERO, 1975, p. 28).
“Em consonância com a visão durkeimiana da sociedade, a
organização formal surge como a maneira de organizar a interação
humana, a fim de adequá-la e compatibilizá-la com a divisão do
trabalho vigente” (BERTERO, 1975, p. 28).
20 Funcionalismo Estrutural
Abordagem Estruturalista
• Organização Formal
“As organizações para Parsons são decorrência do processo de
aumento da complexidade das tarefas que devem ser
desempenhadas no interior do sistema social, o que lhe permite
afirmar ser “a existência de organizações, como aqui conceituadas, a
conseqüência da divisão do trabalho na sociedade” (BERTERO,
1975, p. 29).
“À medida que uma sociedade se diferencia, necessitará de meios
cada vez mais complexos para mobilizar recursos necessários a sua
própria manutenção. Neste sentido, Parsons vê como um dos
objetivos da organização a mobilização de recursos fluidos como
terra, trabalho, capital e organização [...]” (BERTERO, 1975, p. 29).
21 Funcionalismo Estrutural
Abordagem Estruturalista
• Impacto do Funcionalismo
“Com tais mestres e com os quadros teóricos esboçados, não deve
causar admiração que a teoria organizacional tenha se fixado mais
em aspectos do funcionamento e da operação das organizações,
bem como da cooperação e nos resultados da atividade
organizacional do que em conflito, mudança, tensões e nas
contradições da sociedade que encontram expressão a nível da
organização formal” (BERTERO, 1975, p. 29).
22
Estruturalismo nas Organizações
As grandes figuras do estruturalismo
Abordagem Estruturalista
Na ideologia da gestão
Robert King Merton, Peter M. Blau, Richard Scott, Michel Crozier,
Charles Perrow, Amitai Etzioni, Philip Selznick, Alvin Gouldner,
Victor A. Thompson (ETZIONI, 1972; MOTTA, 1970).
Para quase todos estes estudiosos, a base de suas concepções
encontra-se em Max Weber.
“Todos estes estudos são relevantes, mas, analisando Etzioni e
Perrow, o essencial terá sido examinado” (FARIA, 2007, p. 137).
23 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
“Robert K. Merton, Phillip Selznick e Alvin Gouldner procuraram
fugir ao mecanicismo na análise organizacional, tratando de
adaptar o modelo weberiano da burocracia à variável
comportamental introduzida na teoria pela Escola de Relações
Humanas” (MOTTA, 1970, p. 27).
“Robert Merton insere a questão da personalidade
nos estudos derivados de Weber sobre a burocracia
e propõe a existência de algumas disfunções”
(FARIA, 2007, p.137).
Robert K. Merton
24 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
Para Merton, a estrutura burocrática introduz transformações na
personalidade dos seus participantes que levam à rigidez a
dificuldades no atendimento aos clientes e a ineficiência,
transformações essas responsáveis pelo que chama de
disfunções (MOTTA, 1970, p. 28).
“Tradicionalmente, a personalidade burocrática tem aparecido
marcada, primeiramente, pelo ritualismo. Isso é o que implicava
a análise de Merton, e esse é o sentido em que ele lançava seu
apelo em favor do estudo das relações entre personalidade e as
estruturas burocráticas” (CROZIER, 1981, p. 288).
25 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
“[...] O ritualismo se caracteriza pela ignorância ou a rejeição dos
objetivos gerais e concretos da atividade considerada, e a
primazia dada aos meios entranhados nas instituições”
( CROZIER, 1981, p. 288).
Para Merton, a formação e o aprendizado da burocracia
equivalem a uma deformação e acabam criando uma
incapacidade permamente. “O burocrata, diz ele, parece
desadaptado porque se adaptou a uma adaptação
desadaptada” (CROZIER, 1981, p. 289).
26 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
Segundo Crozier ( 1981), esta interpretação tem uma parte de
verdade em qualquer organização, mas corresponde bem à
atmosfera das burocracias do velho estilo, não explica bem o
funcionamento das organizações modernas, mesmo das mais
burocráticas, nas quais cada grupo pode elaborar sua própria
estratégia; mesmo suscitando resistências violentas.
“Selznick, vê ao nível da delegação de autoridade, forças
geradoras de ineficiência na burocracia, através da criação de
condições favoráveis à bifurcação de interesses” (MOTTA, 1970,
p. 28).
27 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
“ A esfera abordada por Selznick, contudo, não é completamente
a mesma de Merton: não é tanto a hierarquia das funções e o
sistema de controle e previsão que ela torna possível o que lhe
interessa... Ele mostra como o mesmo círculo vicioso de
disfunção pode desenvolver-se no nível de perícia e da
especialização” (CROZIER, 1981, p. 264).
“... O problema que Selznick quer abordar, é o do valor dos
esforços para escapar da pressão burocrática” (CROZIER,
1981, p. 264).
28 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
Alvin Gouldner, compõe com Merton e Selznick, o grupo
responsável pela descrição do círculo vicioso burocrático. Sua
preocupação central é a demonstração do desequilíbrio
provocado no sistema pela aplicação de uma técnica de controle
que vise a manter o equilíbrio de um subsistema e da forma pela
qual tal desequilíbrio influi no subsistema inicialmente afetado.
Crozier (1981) procurou elaborar um primeiro modelo de
sistema burocrático a partir dos dados elementares do círculo
vicioso, comparável em todos os aspectos aos de Merton e
Gouldner.
29 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
Este primeiro modelo, é sistematizado antes de abordar o
estudo de das relações de um sistema burocrático ante à
mudança, que trazem como traços característicos: a extensão
do desenvolvimento de regras impessoais, a centralização das
decisões, o isolamento de cada estrato ou categoria hierárquica
e concomitante acréscimo da pressão do grupo sobre o
indivíduo e, finalmente o desenvolvimento de relações paralelas,
em redor das áreas de incertezas subsistentes (CROZIER,
1981, p. 273).
Conforme Crozier (1981), Gouldner soube mostrar que a
punição funciona nos dois sentidos, isto é, tanto pelos operários
quanto pela ordem hierárquica, e que a existência de regras
cuja aplicação possa ser suspensa constitui um terreno
excelente para negociação e um instrumento de poder para
ambas as partes.
30 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Merton, Selznick e Gouldner
“Para Gouldner, o círculo vicioso se apóia sobre a existência de
um problema de controle e supervisão. As regras impessoais
burocráticas reduzem as tensões criadas pela subordinação e o
controle, porém, simultaneamente, elas perpetuam as tensões
que tornam indispensável o recurso à subordinação e o controle
(CROZIER, 1981, p. 265).
“Desta vez, Gouldner, pelo menos parcialmente, ultrapassa o
esquema weberiano, já que não procura mais as causas do
desenvolvimento da burocracia na sua eficácia, senão nas
tensões que ela serve para reduzir. As falhas do sistema já não
são mais disfunções,mas funções latentes” (CROZIER,
1981,p.266).
31 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Blau e Scott
Peter M. Blau, destaca o papel dos conflitos no
desenvolvimento das organizações, o qual
considera um papel fundamentalmente dialético
(FARIA, 2007).
Peter M. Blau
Blau e Scott examinam a natureza e os tipos de organizações
formais através de uma caracterização tipológica das
organizações a partir do público a que a organização serve
(FARIA, 2007).
32 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Blau e Scott
Conforme Motta (1970), Blau e Scott classificavam as
organizações como:
• Associações de benefício mútuo - Ex: Partidos políticos,
sindicatos, clubes...;
• Firmas comerciais - Ex: Indústrias, lojas atacadistas e
varejistas...;
• Organizações de serviços - Ex: Hospitais, escolas...;
• Organizações de bem-estar público - Ex: Exército, corpo de
bombeiros....
33 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Thompson
Vitor A. Thompson, conforme Motta (1970), é considerado por
alguns como pouco fiel ao método estruturalista. Tal infidelidade
pode ser explicada pelo passado acadêmico do autor,
extremamente relacionado ao behaviorismo.
“Thompson preocupa-se com a questão da incerteza nas
organizações complexas e com o desenvolvimento de conceitos
adequados para o exame da teoria administrativa” (FARIA, 2007,
p. 137).
Defende a tese de que a mais sintomática característica da
burocracia moderna é o desequilíbrio entre a capacidade e
autoridade, burocracia e inovação e advoga o que chama de
slack-theory (MOTTA, 1970).
34 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
“Etzioni (1974; 1976) é quem vai propor, de fato, um enfoque
estruturalista para a análise das organizações complexas”
(FARIA, 2007, p. 138).
Amitai Etzioni
Etzioni teve o mérito de chamar atenção para a importância do
método estruturalista na análise organizacional, de uma forma
mais explícita que os outros, Etzioni coloca grande ênfase no
papel dos conflitos inevitáveis que ocorrem nas organizações
(MOTTA, 1970, p. 28).
35 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Etzioni
“A forma correta de estudar a estrutura da organização é, assim,
para Etzioni (1976), é uma síntese de duas escolas: a formal, a
escola de Administração Científica, e a informal, a escola de
Relações Humanas. A síntese resultante - o estruturalismo combina a perspectiva formal e a informal, bem como outros
aspectos da análise da organização” (FARIA, 2007, p. 139).
“A concepção de Etzioni, resultante dos enfoques clássicos e de
relações humana, não avança objetivamente sobre estes. Tratase apenas de uma adaptação, sob o prisma de uma nova ciência
[...], às exigências da organização capitalista do trabalho”
(FARIA, 2007, p. 142).
36 Enfoque Estruturalista
• As grandes figuras: Perrow
Abordagem Estruturalista
“Perrow, na melhor tradição weberiana, encara como inevitável uma
tendência incessante para a burocratização. [...] É neste quadro
que Perrow propõe sua tipologia” (FARIA, 2007, p. 144).
“Para Perrow, é mais prático e eficiente trabalhar a estrutura,
analisar os objetivos e compreender o ambiente, para tratar com os
problemas organizacionais, do que tentar mudar o comportamento
dos indivíduos de forma direta” (FARIA, 2007, p. 143).
“[...] o controle do comportamento do agente está no controle das
estruturas, ou seja, que a gerência do trabalho não ganha em
eficiência pelo conhecimento dos problemas psíquicos
idiossincrasias da personalidade dos agentes: a manipulação
estaria, nesta concepção, em um nível muito mais profundo do que
supõe os comportamentalistas” (FARIA, 2007, p. 143).
37 Enfoque Estruturalista
Abordagem Estruturalista
• As grandes figuras: Perrow
“[...] Perrow desenvolve sua análise tentando mostrar que as
organizações diferem uma das outras e, portanto, demandam
maneiras específicas de serem geridas” (FARIA, 2007, p. 143).
“[...] é a reedição do taylorismo-fayolismo na gestão das
organizações, diante da complexidade cada vez mais evidente
dos sistemas de controle exigidos para a condução do processo
de trabalho no capitalismo moderno, em que estrutura, objetivo,
tecnologia e ambiente aparecem imbricados” (FARIA, 2007, p.
144).
38 Críticas
Críticas à Escola de Relações Humanas e Burocracia
Abordagem Estruturalista
• Conflito social, manipulação
experiência de Hawthorne
dos
empregados
e
A ruptura com a administração científica e escola das relações
humanas caracterizou-se nas obras de alguns estruturalistas
por uma crítica a uma ideologia que parece encarar o conflito
social como patológico e trás a legitimação da manipulação dos
empregados. Outra crítica está relacionada ao fato dos teóricos
de relações humanas haverem-se concentrado em muito
poucas variáveis, demonstrando-se incapazes de relacioná-las
com outras de grande significação (MOTTA, 1970).
39 Críticas
Críticas à Escola de Relações Humanas e Burocracia
Abordagem Estruturalista
• Incentivos monetários e psicossociais
A forma pela qual foi tratado o problema dos incentivos pelas
escolas de administração científica e de relações humanas é para
os estruturalistas a conseqüência de uma visão fragmentada da
realidade da organização e da natureza humana (MOTTA, 1970).
“Propor, por exemplo, a superação da alienação humana [...]
através de novos arranjos estruturais, incentivos psicológicos,
enriquecimento de cargos etc., é não querer mesmo ir ao fundo
do problema, e não querer buscar a gênese do fenômeno.
Partilhar desta proposta significaria, para nós, recursar-se a
entender em termos concretos, o processo de alienação do
homem” (GOMES E SILVA, 1986, p. 41).
40 Críticas
Críticas à Escola de Relações Humanas e Burocracia
Abordagem Estruturalista
• Visão da organização
Os estruturalistas sugeriram que a teoria das relações humanas
não permitia uma visão completa de organização e que sua
visão parcial favorecia a administração e iludia os trabalhadores
(ETZIONI, 1967).
• Racionalidade
“Etzioni (1976) percebe, também, que a racionalidade das
organizações é alcançada com um custo social e humano, qual
seja, a alienação e frustração no trabalho” (FARIA, 2007, p. 138).
“A especialização fragmentou a produção de tal maneira, que o
trabalho de cada operário tornou-se cheio de repetições,
monótono e sem oportunidade para criação e auto-expressão”
(ETZIONI, 1967 p. 69).
41 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• O Homem organizacional
Em uma sociedade moderna, industrializada, é caracterizada por
um número grande de organizações. A ponto de poder se afirmar
que o homem passa a depender das organizações para nascer,
viver e morrer. Esse aspecto da sociedade moderna requer um
tipo especial de personalidade, na qual esteja presentes
características como a flexibilidade, a resistência à frustração, a
capacidade de adiar as recompensas e o desejo permanente de
realização (MOTTA,1970).
São estas as características que permitem a participação
simultânea em vários sistemas sociais, nos quais os papéis
desempenhados variam, podendo mesmo chegar à inversão,
bem como os desligamentos bruscos de organização e de
pessoas e os correspondentes novos relacionamentos sem
grandes desgastes emocionais (MOTTA,1970).
42 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• O Homem organizacional
A flexibilidade se torna um imperativo numa vida em que tudo se
transforma rapidamente. A grande tolerância a frustração e a
capacidade de adiar recompensas agem como compensações à
necessidade que o homem tem de se entregar a tarefas rotineiras
na organização, esquecendo-se de preferências e laços pessoais
( MOTTA, 1970).
A mediação dos conflitos que inevitavelmente surgem como
manifestação de um conflito maior entre necessidades
organizacionais e necessidades individuais, é procurada nas
normas racionais, escritas e exaustivas, que pairam sobre as
organizações como divindades onipotentes. Por outro lado, o
desejo permanente de realização, garante a conformidade das
normas, assegurando o acesso às posições de carreira,
estabelecidas ( MOTTA, 1970).
43 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• O Homem organizacional
O homem moderno, na perspectiva de Etizioni, deve ser um
sujeito capaz de conviver com a alienação econômico, política e
ideologia, segundo os padrões valorativos da sociedade
organizacional (FARIA, 2007).
44 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os conflitos Inevitáveis
“Para os estruturalistas contemporâneos da teoria das
organizações, o conflito entre grupos é um processo social
fundamental. É o conflito o grande elemento propulsor do
desenvolvimento, embora isto nem sempre ocorra” ( MOTTA,
1970, p. 32).
“No campo da administração, pode-se afirmar que o conflito
entre grupos é inerente às relações de produção, porquanto
existindo infinitos procedimentos que visam a tornar o trabalho
mais agradável, não se tem notícia de nenhum capaz de torná-lo
satisfatório em termos absolutos” ( MOTTA, 1970, p. 32).
45 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os conflitos Inevitáveis
Segundo Etzioni (1967), a expressão do conflito permite o
aparecimento de diferenças autênticas. Se forem disfarçados, o
conflito e sua concomitante alienação procurarão, outras formas
de expressão, tais como o abandono do emprego ou aumento
de acidentes, que no fim apresentam desvantagens tanto para
o operário como para a organização”.
Os estruturalistas reconheceram inteiramente e pela primeira
vez, o dilema da organização: as tensões inevitáveis- que
podem ser reduzidas, mas não eliminadas- entre as
necessidades da organização e as necessidades de
pessoal; racionalidade x irracionalidade, disciplina x
autonomia, relações formais e informais, administração x
trabalhadores (ETZIONI, 1967).
46 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os conflitos Inevitáveis
Conforme Motta (1970), os conflitos inevitáveis são baseados
em três dilemas:
• Coordenação e comunicação: o livre fluxo de comunicação
tem um papel importante na solução de problemas dos
problemas administrativos, através do alívio das ansiedades
geradas nos processos de tomada de decisão que o apoio
social proporciona. A diferenciação hierárquica, por outro lado,
pode ser altamente eficiente para promover a coordenação.
47 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os conflitos Inevitáveis
•Disciplina
burocrática
e
especialização
profissional:
Observado por Gouldner, refere-se às oposições existentes
entre os princípios que governam o comportamento burocrático
e aqueles que governam o comportamento profissional. Há
muito comum entre eles tarefas e princípios, mas há também
muitas diferenças, enquanto ao profissional cabe representar o
interesse de seus clientes, ao burocrata cabe representar os
da organização; enquanto a autoridade do burocrata se baseia
em um contrato legal, a do profissional baseia-se no
conhecimento
que
existe
em
sua
especialização
(MOTTA,1970).
48 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os conflitos Inevitáveis
•Planejamento administrativo e iniciativa: Analisado por Blau e
Scott, refere-se a exigência do mundo moderno ao esforço
criativo. Isto quer dizer que o destino das organizações
depende em grande medida da iniciativa e da criatividade
individual. Enquanto persiste a necessidade de controle. No
entanto, a grande parte dos mecanismos de controle inibem a
iniciativa e a criatividade individual. Blau e Scott acreditam que
na verdade tais dilemas, são manifestações do dilema maior
entre ordem e liberdade (MOTTA,1970).
49 Idéias Centrais
Abordagem Estruturalista
• Os incentivos mistos
“Os estruturalistas incluíram em sua análise tanto os incentivos
e recompensas psicossociais quanto os materiais, bem como
suas influências mútuas” (MOTTA, 1970, p. 35).
50 Críticas
Abordagem Estruturalista
Críticas ao Estruturalismo
“As críticas feitas ao estruturalismo tem sido, em sua grande
maioria, respostas àquelas formuladas pelos estruturalistas
(MOTTA, 1970, p. 39).
• Relações humanas
Baumgartel apud MOTTA (1970) afirmava que muita gente
confunde relações humanas com ser amável. Comenta ainda que
há um grande volume de pesquisas demonstrando a maior
produtividade dos empregados sob a supervisão do tipo de
relações humanas.
51 Críticas
Críticas ao Estruturalismo
Abordagem Estruturalista
• Dinâmica de grupo
Baumgartel apud MOTTA (1970) afirmava que muita gente
confunde dinâmica de grupo com pressão grupal. As pesquisas
confirmam que os grupos aos quais as pessoas pertencem
exercem maior influência em suas ações e opiniões do que
qualquer outra força.
• Caráter manipulativo
Quanto ao caráter manipulativo das escolas de relações
humanas, Baumgartel apud MOTTA (1970) sustenta que a
ciência comportamental vê a interação humana como um
processo contínuo de influência mútua.
52 Críticas
Críticas ao Estruturalismo
Abordagem Estruturalista
• Conflito
Homans apud MOTTA (1970) afirma que Mayo jamais condenou
todos os tipos de conflito.
• Pesquisa de Mayo
Homans apud MOTTA (1970) defende que tais pesquisas
revelaram algumas, não todas, determinantes do comportamento
dos operários, e que novas pesquisas confirmaram as
descobertas de Mayo.
53 Contribuição
Abordagem Estruturalista
• Contribuição do Estruturalismo
“[...] a contribuição do estruturalismo à teoria das organizações
parece indiscutível pela consolidação da incorporação iniciada pelos
behavioristas, dos estudos de outros tipos de organizações, que não
as empresas, bem como pela ênfase nova nas relações entre as
partes da organização, tais como grupos e outros elementos formais
e informais, os vários níveis hierárquicos, as recompensas e
incentivos sociais e materiais, além do destaque dado às relações
entre a organização e seu ambiente, que preparou o campo para a
análise baseada na teoria geral dos sistemas abertos” (MOTTA,
1970, p. 41).
54 Estruturalismo: Visão Sistêmica
Abordagem Estruturalista
• A contribuição sistêmica: Walter Buckley
“O seu intuito de rever cuidadosamente os fundamentos da teoria
sociológica o levam a rever os fundadores como Durkheim, Paretto,
Albion, Simmel entre outros, e a deter-se meticulosamente em
Homans e Parsons” (BERTERO, 1975, p. 29).
“Sumariamente, o funcionalismo estrutural é teoricamente
insuficiente porque limita o que denomina de “sistema social” ao que
é institucionalizado; coloca tensões e aberrações num plano
puramente residual e como disfunções do sistema” (BERTERO,
1975, p. 30).
55 Estruturalismo: Visão Sistêmica
Abordagem Estruturalista
• Abordagem Sistêmica
“A alternativa sistêmica, advogada por W. Buckley, viria certamente
pôr termo à inadequação do funcionalismo para tratar a mudança, o
conflito e as tensões” (BERTERO, 1975, p. 30).
“A teoria dos sistemas, apesar de apresentar-se como dotada de
caráter inovador e até mesmo de contestação do funcionalismo de
Parsons, não chega a afastar-se do universo de discurso do
funcionalismo. Se Parsons, na elaboração de sua teoria, foi
claramente influenciado pelos modelos científicos da biologia e da
mecânica, não pode haver dúvida de que a abordagem sistêmica
carrega parcialmente as mesmas marcas, em adição aos
empréstimos que fez à cibernética e à ciência da computação”
(BERTERO, 1975, p. 30).
56 Estruturalismo: Visão Sistêmica
Abordagem Estruturalista
• Considerações Finais
Esperamos que a análise das duas grandes vertentes alimentadoras
do desenvolvimento da teoria e do comportamento organizacional, a
saber, a sociologia e a psicologia social, bem como as críticas feitas
e as alternativas que indicarmos sirvam para auxiliar na abertura de
novas áreas à pesquisa e à reflexão teórica (BERTERO, 1975, p.
36).
Referências Bibliográficas
BERTERO, Carlos O. Influências sociológicas na teoria organizacional.
Revista de Administração Pública, v. 15, n. 6, p. 27-37, nov./dez., 1975.
Abordagem Estruturalista
CROZIER, M. O fenômeno burocrático. Brasília: UNB, 1981.
ETZIONI, A. Organizações Modernas. São Paulo. Pioneira, 1967. (Cap. IV)
FARIA, José H. Economia política do poder: uma crítica da teoria feral da
administração. Curitiba: Juruá, 2007. (Vol. 2, p. 137-144)
GOMES E SILVA, Felipe L., As origens das organizações modernas: uma
perspectiva histórica (burocracia fabril). Revista de Administração de
Empresas, v. 26, n. 4, p. 41-44, out./ dez., 1986.
MOTTA, F. C. P. O estruturalismo na teoria das organizações. Revista de
Administração de Empresas, v. 10, n. 4, p. 23-42, out./dez., 1970.
THIRY-CHERQUES, H. Estrutura e condição: argumentos em favor dos
métodos estruturalistas em pesquisas no campo das ciências de gestão.
Revista de Administração Pública, v. 38, n. 2, p. 221-241, mar./abr., 2004.
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