Nutrição Enteral
Ana Lúcia do Nascimento Moreira, Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira,
Paulo R. Margotto, Emmanuelle S. Coutinho, Patrícia Cristina Monroe,
Tayana T. de Almeida
Apresentação: Caroline Dias
R3 Medicina Intensiva Pediátrica
Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SESDF
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 27 de junho de 2014
Objetivos
• Promover um desenvolvimento semelhante ao
intrauterino para um crescimento e
neurodesenvolvimento normais;
•Ainda há um déficit no crescimento dos prematuros
devido a nutrição inadequada, levando a um déficit
também cognitivo a longo prazo.
Particularidades dos prematuros
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Coordenação sucção/deglutição (34 sem);
Esvaziamento gástrico retardado;
Menor tônus do esfíncter esofágico inferior;
Atividade motora imatura do intestino;
Capacidade gástrica reduzida;
Secreção ácida gástrica deficiente nas primeiras
semanas;
Particularidades dos prematuros
• Limitada capacidade de digestão e
absorção de gorduras;
• Deficiência de lipase pancreática e
lingual;
• Síntese de sais biliares relativamente
baixa;
• Boa atividade das enzimas proteolíticas;
• Lactose é bem digerida e absorvida;
• Limitada função renal, não permitindo
sobrecargas hídricas, eletrolíticas e de
proteínas.
Necessidades nutritivas
• Variam com a IG, idade pós natal, peso
nascimento, condições ambientais,
método de alimentação, comorbidades;
• O crescimento se inicia após a 2ª
semana de vida (resolvidos os
problemas médicos agudos e
distribuição de água corporal);
• Em RNPT extremos a preocupação
inicial é com: boa hidratação e
homeostase da glicose, eletrólitos e
minerais.
Necessidades nutritivas
• Calorias: 110 – 150 kcal/kg/dia (120)
Necessidades podem aumentar na vigência de infecções,
estresse cirúrgico ou esfriamento;
• Proteínas: RNT 2 - 2,5 e RNPT 3 – 4,0 g/kg/dia
(*proteólise)
O excesso >4,0 pode levar a alterações metabólicas,
estrabismo, retardo mental, letargia, hipertermia e aumento
da mortalidade;
Taxas <2,0 causam déficit ponderal, hipoalbuminemia com
edema, comprometimento do crescimento das células
neuronais e da mielinização com dano cerebral irreversível;
• Lipídios: 40 – 50% do aporte calórico (ácidos graxos
essenciais – 3% linoleico e alfa linoleico).
Necessidades nutritivas
• Hidratos de carbono: excesso pode causar perda fecal;
• Cálcio, fósforo e magnésio: quantidade insuficiente no LH
para suprir as necessidades do RNPT
Ca: 200 – 250 mg/kg/dia
P: 110 – 125 mg/kg/dia
Mg: 5 – 10 mg/kg/dia (quantidade suficiente no LH);
• Oligoelementos: quantidade suficiente no leite humano;
• Vitaminas: Iniciar a partir do 7⁰ dia de vida. Vitamina K
dose única ao nascimento e se jejum prolongado, repetir
2x/semana (quando NPT exclusiva);
• Ferro: Iniciar com 4 semanas para todo RNPT e manter até
12 – 15 meses.
Necessidades nutritivas
Peso (gramas)
Dose de Fe elementar (mg/kg/dia)
<1000
4
1000<1500
3
1500-2000
2
Início da via digestiva
• Iniciar o mais precoce possível, para evitar uma
desnutrição rápida com dano irreversível;
• O início precoce diminui o tempo de uso de sonda;
• RNT – seio materno, RNPT >1500g e sem patologias –
seio materno com 2 horas.
Início da via digestiva
Considerar sempre:
• Estabilidade hemodinâmica;
• Ausência de disfunção respiratória grave;
• Ausência de distensão abdominal;
• Presença de ruídos hidroaéreos;
• Eliminação de mecônio.
Métodos de alimentação
• Baseado na IG, peso de nascimento, estado clínico e
experiência do serviço.
Métodos de alimentação - Oral
•
•
•
•
•
RNT normal;
Prematuro estável com PN > 1.500g;
IG > 33 semanas;
Reflexo de sucção / deglutição adequados.
Em RNPT com dieta por SOG: atentar para
o início do reflexo de sucção tão logo
alcance a dieta plena, iniciar tentativas de
alimentação com progressão 1x/dia
(estimular estruturas oromotoras).
Métodos de alimentação –
alimentação gástrica intermitente
• RN com capacidade de deglutição /
sucção inadequada (< 32 – 34 sem);
• Disfunção neuro-muscular (hipotonia,
perda do reflexo de sucção);
• Desconforto respiratório com FR > 60;
• RN em ventilação mecânica.
Métodos de alimentação –
alimentação gástrica intermitente
•Nos RN <1000g e <28 semanas evidências de maior
ganho de peso comparado à administração contínua;
• Menor perda de gordura do leite administrado.
Métodos de alimentação alimentação gástrica contínua e
transpilórica
• RN com intolerância à alimentação por sonda gástrica
intermitente e hipomotilidade intestinal;
• Promove maiores volumes de dieta a RN com capacidade
gástrica muito reduzida e RN com refluxo gastroesofágico
grave;
• Síndrome do intestino curto: infusão contínua lenta.
Métodos de alimentação –
posicionamento do RN
• Decúbito lateral direito leva a um esvaziamento gástrico
mais rápido;
• Nos RN com refluxo gastroesofágico está indicado o
decúbito lateral esquerdo, devido à posição atingida pelo
antro e piloro.
Sucção não nutritiva
• Padrão organizado e repetitivo de sugadas
curtas e estáveis, com pausas longas ou
irregulares. O bebê faz movimentos, sem
ter a introdução de líquido na cavidade
oral, sem o intúito de promover nutrição;
Sucção não nutritiva
• Indicada para RN com fatores que alteram a sucção dos
RN: baixo peso ao nascer, prematuridade, distúrbios
metabólicos, alterações neurológicas, alterações
anatômicas (palato alto, retrognatismo, fissuras,
laringomalácias), intubação prolongada, uso de
sondas, disfunções oromotoras (pelo uso de fórceps);
Sucção não nutritiva
• Objetivo no HMIB desenvolver a organização do
padrão de sucção do RN visando a transição gradativa
da alimentação por SG para a VO;
• Realizado por fonoaudiológos: quando o desempenho
na SNN esá adequado, iniciar a SN, permanecendo com
a sonda ainda por 1-5 dias;
• Estímulos: extra orais- massagem e toque leve na
região perioral e bochechas e intra-oral.
Início e progressão da alimentação
enteral
• Início mais rápido possível: enteral mínima (até 20ml/kg);
• Observar tolerância (até 2 ou 3 dias sem aumento até na 1a
semana);
• Progressão: 20ml/kg/dia (se mais, pode aumentar o risco
de enterocolite necrosante) até chegar a 140/150ml/kg/dia.
Nutrição enteral mínima
• Instituída em RN impossibilitados de receber alimentação por via
enteral para estimular e preparar o TGI para a alimentação
posterior (evitando a atrofia e achatamento da mucosa intestinal).
Preferir o leite materno cru;
• Benefícios: aumento dos hormônios intestinais (gastrina,
enteroglucagon e motilina), das dissacaridases intestinais, melhor
tolerância alimentar, rápido ganho de peso, menor tempo de
hospitalização, diminuição dos níveis de bilirrubinas, favorecer a
colonização e prevenir translocação bacteriana;
• Volume: 5 – 25 ml/kg/dia. Se possível, iniciar nas primeiras 24h
de vida. Manter por 7-14 dias e depois aumentar 10ml/kg/dia nos
<800g e 20ml/kg/dia nos >800g;
• RN que sofreram (fluxo sanguineo fetal alterado, policitemia,
asfixia): iniciar NEM com 48 – 72 h de vida.
Alimentação enteral plena
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Volume: 150 ml/kg/dia;
Oferta energética: 120 (110-175) kcal/kg/dia;
Relação proteico/calórica: 2,5 – 3,6g/100kcal;
Tempo: desejável que seja atingida em 10 a 14 dias de vida.
Sinais de intolerância alimentar
Tipos de leite
• Leite humano é o ideal
• O leite de mães de prematuros têm mais: sódio, proteínas e
calorias; insuficiente necessidade de cálcio, fósforo, outros
nutrientes;
• Contém também: hidrolase (PAF-acetilhidrolase) – que
antagoniza fator antiplaquetário e assim diminui risco de
enteroclite necrosante; probióticos ;
Uso de leite humano e adição
• Objetivos: acelerar a taxa de crescimento,
melhorar mineralização óssea e diminuir o
tempo de hospitalização, manter vantagens do
LM e adicionar nutrientes;
• Início: RNPT de MBP (< 1.500g), a partir de 15
dias de vida (ou quando ingesta oral atingir
100ml/kg/dia;
• Dose: FM85 1g/20ml de leite humano;
• Término: quando o RN estiver mamando
predominantemente no seio materno
(suplementar cálcio e fósforo até completar 40 –
45 sem de IGPC).
Manutenção de leite humano para
prematuros
A efetividade da dieta oferecida pode ser avaliada
através da medida periódica do PERÍMETRO CEFÁLICO!
(sentido de manter adequado desenvolvimento do RN)
Recém-nascido recebendo colostro!
Bibliografia
Moreira ALN, Moreira ACG, Margotto PR, Coutinho ES, Monroe PC,
Almeida T.Nutrição enteral. In. Margotto PR. Assistência ao RecémNascido de Risco, ESCS, Brasília, 3ª Edição, 2013, pg.
Nutrição enteral
Autor(es): Ana Lúcia do Nascimento Moreira,
Alessandra de Cássia Gonçalves Moreira, Paulo R.
Margotto, Emmanuelle S. Coutinho, Patrícia Cristina
Monroe, Tayana T. de Almeida
Consultem também!
Dr. Paulo R. Margotto
Nutrição enteral precoce em recém nascidos de muito baixo
peso
Autor(es): Hamilton E, Massey C, Ross J, Taylor S. Apresentação:
Deisiane Castanho, Fernanda Alves, Paulo R. Margotto
• RNMBP alimentados nas primeiras 24 h, quando comparados
a bebês com início de alimentação posterior, demonstrou
significativamente menor incidência ECN (4,6 vs 14%) (RR, IC
95% = 0,3, 0,13-0,71) e significativamente menor do ECN ou
morte (6,3 vs 15,1%) (RR, IC 95% = 0,28, 0,13-0,58),
respectivamente.
• RN alimentando dentro das primeiras 24 h, foi associado
com menos dias de nutrição parenteral quando comparado
com crianças alimentadas posteriormente [mediana
(intervalo interquartil) 10 (7-18) vs 18 (10-27) dias (p <
0,0001)].
• Além disso, quando controlados quanto a peso ao nascer, IG,
raça e sexo, o início da alimentação precoce foi associada com
a diminuição da ECN ou morte (p = 0,004)
Alimentação de recém-nascidos abaixo de 29 semanas de
gestação com Doppler pré-natal anormal: análise a partir de um
estudo randomizado
Autor(es): Kempley S, Gupta N, Linsell L et al (Reino Unido)
. Apresentação: Patrícia B.M. Castro, Helena Araújo Lapa; Danielle
Gumieiro, Sarah A. Cardoso ; Thales da Silva Antunes; Paulo R. Margotto
• Em fetos com crescimento restrito, que apresentam fluxo diastólico
final ausente ou reverso na artéria umbilical o estudo demonstrou
que a alimentação entérica precoce em prematuros com
crescimento restrito com Doppler pré-natal anormal é benéfico.
• No entanto, na análise de subgrupos sugere que as crianças com
restrição de crescimento < 29 semanas podem exigir um aumento
na duração da nutrição enteral mínima e uma taxa mais lenta de
avanço de alimentação para facilitar a adaptação do intestino, pois o
risco de enterocolite necrosante é muito alto.
• Os médicos devem ter calma na alimentação deste grupo, sendo a
média de idade para alcançar a nutrição enteral plena de 28 dias,
com muitas crianças levando muito mais tempo.
• Ainda é necessário determinar se diferentes abordagens na
alimentação pode modificar esse risco.
Anticorpo presente no leite materno promove saúde intestinal na
vida adulta (IgA Secretora será usada como tratamento de
inflamação e infecção dos intestinos)
Autor(es): Anna Petherick. Tradução realizada por Rodrigo Santos
(UFRJ)
.
Um anticorpo, IgA secretora encontrado no leite materno altera
os tipos de bactérias que colonizam o intestino infantil. O anticorpo
SIgA também parece mudar o "ligar" e "desligar" de genes
envolvidos no crescimento rápido dos intestinos que é normal no
início da vida, assim como genes especificamente ligados à doença
intestinal intestinal. Estes resultados sugerem um novo papel
potencial para o anticorpo no tratamento da inflamação do intestino,
mesmo em adultos.
Esse trabalho adiciona mais peso a recomendação geral que o leite
materno é melhor: ele simplesmente dá aos profissionais de saúde
mais um motivo do porquê
Consultem o artigo integral!
• Secretory antibodies in breast milk promote long-term intestinal homeostasis by regulating
the gut microbiota and host gene expression.
• Rogier EW, Frantz AL, Bruno ME, Wedlund L, Cohen DA, Stromberg AJ, Kaetzel CS.
• Proc Natl Acad Sci U S A. 2014;111(8):3074-9
Leite materno e a regulação intestinal e pulmonar no recémnascido
Autor(es): Jaques Belik (Canadá). Realizado por Paulo R. Margotto
• Vou mostrar a vocês a ligação entre hipertensão pulmonar persistente (HPP) do recémnascido (RN) e enterocolite necrosante (ECN). Sem dúvida alguma, o elemento de ligação
entre estas duas doenças, é que a HPP do RN depende da vasculatura arterial pulmonar e a
ECN tem um componente isquêmico importante. Para salientar os aspectos relevantes
queria brevemente rever o controle do tônus ou do grau de constrição/dilatação dos vasos
que dependem do óxido nítrico (NO). Os vasos tem uma musculatura interna e o grau de
constrição e relaxamento desta musculatura depende de vários fatores, principalmente do
NO com relação com a vasodilatação. O NO é gerado quando a arginina é convertida à
citrulina por uma família de enzimas chamadas endotelial sintetase do NO (eNOS).
• O conceito relativamente novo na área de biologia que é importante entender sob o ponto
de vista clínico é a interação de fatores com a endotelial sintetase do óxido nítrico para que
ela funcione e entre estes, há o cofator importante chamado BH4 (tetrahidrobiopterina).
Quando o BH4 está presente a sua atividade gera NO que leva à vasodilatação.
• Na ausência do BH4 esta mesma enzima, ao invés de produzir NO, vai produzir o superóxido
ou elemento oxidativo que vai se combinar com uma pequena quantidade de NO que
continua sendo produzido, gerando uma substancia ainda mais tóxica e vasoconstritora, o
peróxido de nitrito.
Estratégias para a alimentação do pré-termo: intravenoso e oral. Quando e como?
Autor(es): William Ray (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto
MOTIVOS PARA SUSPENDER A DIETA: SÃO MUITOS!
• Devemos administrar os nutrientes suficientes de maneira que o recém-nascido (RN)
pré-termo tenha um crescimento adequado na mesma velocidade caso tenha nascido a
termo. Esta é a meta, porém, quase 100% destes RN pré-termos chegam a termo com
déficits bastante acentuados em termos de teor proteico, independente do regime
agressivo ou convencional. Qual é o principal motivo para que isto ocorra? Na
verdade, são muitos os motivos que atrasam o início da nutrição enteral (foram citados
24!).
• -distensão abdominal: não conheço nenhum RN prematuro que em algum momento
não tenha alguma distensão abdominal
• -aspirado verde: quase todos os prematuros tem uma função pilórica deficiente e
todas eles, em um momento ou outro vão ter um aspirado gástrico verde. Isto não é
contraindicação para a suspensão da dieta oral
• -uso de cateter: não é motivo para suspender a nutrição
• -Outros: apnéia, insuficiência cardíaca, icterícia, irritação na pele, alto nível de uréia,
hiperglicemia, medo de sepse, hipotermia (medo de sepse), anomalia eletrolítica,
episódio trombótico, baixo gasto energético, policitemia, talvez tenha indicação de
cirurgia (só porque precisa de cirurgia não vamos deixar o recém-nascido passar
fome), baixos níveis de saturação de oxigênio, está no ventilador (como o ventilador
diminui a absorção de nutrientes pelo intestino e sua utilização para o metabolismo
normal?), o recém-nascido não parece estar bem e outras desculpas que continuam
amontanhando-se (nunca termina!).
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PROTEÍNA
Quando começamos a alimentar o RN por via endovenosa com maior teor de nitrogênio
(administração de aminoácidos), há uma correção do balanço negativo de proteínas. Quando
você iniciar com 1g/kg/dia, o RN ainda permanece no balanço proteico neutro ou negativo e
quando passa para 3g/kg/dia, o balanço proteico torna-se positivo. Assim, há uma correlação
direta entre aporte de proteína e balanço proteico e o RN cresce.
A displasia broncopulmonar (DBP) ocorre com menor frequência quando o aporte proteico é
menor (a DBP é uma doença inflamatória que leva a proteólise e a única forma de
contrabalancear, além de outros controles, é dar a eles mais proteína para que eles aumentem a
síntese proteica de maneira a contrabalançar esta perda de proteína pela via inflamatória).
O leite humano expressado não fornece um aporte proteico suficiente para o crescimento (chega
a 1,5g/kg/dia de proteína). Assim, fortificamos o leite humano e às vezes, acrescentamos mais
um pouco de proteína para chegarmos a 3.6g/kg/dia.
Após o nascimento, o teor de proteína do leite materno modifica dramaticamente (inicialmente
com o colostro, o teor de proteína é bastante elevado, embora seja uma proteína boa, como é o
caso de imunoglobulinas que são úteis para o bebê, mas não é suficiente para o crescimento;
seria necessário 150ml/kg!). A seguir, o leite humano aumenta de volume, no entanto, o teor de
proteína é bem menor e nem 200ml/kg de leite materno não fortificado não vai produzir
quantidade suficiente de aporte proteico para o crescimento do RN (o teor proteico fica em torno
de 0,5 a 1,5g/kg/dia!).
Com maior teor proteico, o peso aumenta, assim como o seu comprimento e o perímetro cefálico
(cérebro maior, maior inteligência), no entanto, sem nenhum aumento significativo na dobra de
pele do tríceps e isto faz sentido, porque proteína não produz tecido adiposo. Então dando mais
calorias para estas crianças e o que ocorre: o peso aumentou, o comprimento não aumentou em
nada, assim como o perímetro cefálico, mas a espessura da pele do tríceps aumentou muito,
significando que, se comermos mais caloria que precisamos para produzir proteína, esta energia
extra vai virar tecido adiposo. É esta característica dos mamíferos, particularmente dos humanos
(consumimos mais calorias do que precisamos para crescer e acabamos ficando gordos).
Acontece com os prematuros, com todos vocês e eu também aqui presente. Pode ser até bom
para as crianças, mas isto não vai torná-las mais inteligentes.
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Os aminoácidos e proteínas são essenciais para o crescimento (ossos, músculo,
cérebro). Em estados de subnutrição, haverá limitação do tamanho do cérebro, com
diminuição do tamanho celular, bem como as conexões dendrídicas, levando ao
atraso ao desenvolvimento, tanto na área de função, como na cognição, memória,
aprendizado. Com menor oferta proteica, ocorre redução da massa muscular (a
criança pode crescer basicamente por aquisição de tecido adiposo; o seu peso
aumenta, mas o seu comprimento e massa muscular não aumentam). Depois mais
tardiamente, os homens que tiveram restrição do crescimento e com baixo peso ao
nascer, tem menos massa muscular e uma razão músculos/tecido adiposo mais baixo,
que são fatores para eventos cardiovasculares e diabetes mais tarde.
Há deficiência de crescimento do rim, afetando o desenvolvimento dos glomérulos
reanais e pode afetar o sistema renina-angiotensiva e estes problemas permanecem,
pois o rim não consegue se recuperar. O rim que tem uma interrupção do seu
crescimento durante o estágio fetal da vida ou que tenha pertencido a uma criança
prematura, não consegue recuperar e mantem o seu desenvolvimento celular
reduzido, podendo levar a hipertensão. Também ocorre a baixa estatura devido à
insuficiência de proteínas. Os aminoácidos funcionam, de certa forma, como
sinalização importante no funcionamento metabólico, síntese proteica, produção de
insulina e desenvolvimento vascular.
Quanto de proteína e aminoácidos devemos oferecer aos recém-nascidos prétermos?
-24-30 sem: 3.6-4,8g/kg/dia;
-30-36sem: 2-3g/kg/dia;
-recém-nascido a termo: 1,5 a 2 g/kg/dia (leite materno)
Nutrição enteral precoce: fato ou ficção? (4ª
Jornada de UTI Pediátrica e Neonatal da SPSP,
Maternidade Sinhá Junqueira, Ribeirão Preto, SP,
28/9/2012 e Congresso de Cooperativismo em
Pediatria (12/10 a 13/10/2012, João Pessoa, PB)
Autor(es): Paulo R. Margotto
A ingesta de leite humano da própria mãe durante os
primeiros dias vida está associada com diminuição da
morbidade e mortalidade em bebês de muito baixo peso
durante os primeiros 60 dias de vida
Autor(es): Corpeleijn WE, Kouwenhoven SMP, Paap MC et al.
Realizado por Paulo R. Margotto
• No total, foram incluídos 349 lactentes. A ingesta de leite da
sua própria mãe nos primeiros 5 dias de vida foi associada a
uma menor incidência de enterocolite necrosante, sepse e /
ou morte durante os primeiros 60 dias de vida (razão de risco
(HR) na categoria ingesta de 0,01-50 % de leite da sua própria
mãe: 0,49, IC a de 95%: 0,28, 0,87; HR na categoria de
ingestão 50,01-100% de leite da sua própria mãe: 0,50, 95%
CI 0,31, 0,83, em comparação ao não uso do leite da sua
própria mãe. Durante os dias 6-10, o efeito protetor este
presente se >50% da ingesta total foi leite da própria mãe
(HR=0,37;IC a 95%:0,22-0,65.
Leite humano exclusivo para o recém-nascido pré-termo:
evidências para o seu enriquecimento
Autor(es): Paulo R. Margotto
(Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, ESCS, Brasília
3ª Edição, 2013, Editado por Paulo R. Margotto)
• O enriquecimento do LH tem-se tornado uma prática quase universal. Entre 1987 e
1994, o uso do LH adicionado, passou de 5% para 72% nas Unidades Neonatais do
Reino Unido.
•
Os enriquecedores ajudam a aumentar o conteúdo nutritivo e aumentar a
ingesta de cálcio, fósforo e de sódio melhorando a taxa de crescimento e
mineralização óssea comparáveis aos RN com fórmulas especiais com alto conteúdo
de Ca, P e proteínas. Uma mistura imprópria pode causar preciptação e sedimentação
dos sais minerais. A retenção de Ca e P evidenciada pelo conteúdo mineral ósseo do
rádio foi maior nas preparações contendo gluconato-glicerofosfato de cálcio do que
nas preparações com fosfato de cálcio. As preparações comerciais para o
enriquecimento de LH são benéficas porque proporcionam suspensões mais estáveis
dos nutrientes. Os adicionadores são disponíveis na forma de pó e líquido. Os
enriquecedores líquidos diminuem o conteúdo de gordura do LH.
•
O enriquecimento do LH deve ser prescrita a partir de 15 dias de vida ou
quando a ingesta oral atingir 100ml/kg/dia de leite humano para RN com peso
<1500g e idade gestacional <30-32 semanas, principalmente em RN com
complicações médicas, como nutrição parenteral por longo tempo,displasia
broncopulmonar (“temos que alimentar o pulmão”), terapia com esteróide, restrição
hídrica. O enriquecimento deve ser introduzido lentamente até chegar à quantidade
total O tratamento com dexametasona pode aumentar o risco de osteopenia pelo
aumento da excreção de fosfato. O enriquecimento do LH deve ocorrer no momento
em que for administrado. O término deve ocorrer quando o RN estiver mamando
predominantemente ao seio, devendo se adicionado ao LH a seguir com cálcio e
fósforo até completar 45 semanas de idade pós- concepcional, com a finalidade de
salvaguardar a mineralização e impedir fraturas no 1º ano de vida, assegurando um
crescimento linear nestas crianças.
Efeitos do uso de aditivo no leite humano cru da própria mãe
em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso
Autor(es): Evelyn C. Martins, Vera LJ Krebs. Apresentação: Natália
Bardal
• Vários autores demonstraram que o uso de aditivo no leite
humano cru e/ou processado em banco de leite resulta em
maior ganho de peso e comprimento, em recém-nascidos prétermo de muito baixo peso, além de prevenir a doença
metabólica óssea.
• O uso de aditivo no leite humano cru da própria mãe, no
presente estudo de Evely C. Martins R Vera LJ Krebs,
proporcionou melhor crescimento, com aumento significativo
do comprimento e do perímetro cefálico.
Normas para o uso do aditivo dietético do leite humano
Autor(es): Coordenação de Banco de Leite Humano/NUSC/DCVPIS/SAPS, Coordenação de
Neonatologia/DIASE/SAS; Banco de Leite Humano/HMIB, Banco de Leite Humano/ HRT,
Unidade de Neonatologia/ HMIB, Gerência de Nutrição/HMIB, Prof. Dr. Paulo Margotto
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NORMAS PARA O USO DO ADITIVO DIETÉTICO DO LEITE HUMANO:
O ADITIVO DIETÉTICO do leite humano será liberado apenas mediante prescrição médica diária
do médico assistente da Unidade Neonatal.
Na primeira vez em que for prescrito, uma ficha para solicitação do uso do aditivo (anexo 1)
deverá ser preenchida, assinada e carimbada pelo médico assistente da Unidade de Neonatologia
e encaminhada ao Serviço de Nutrição/Lactário do hospital.
O Banco de Leite Humano do hospital deverá ser informado diariamente quais recém-nascidos
estão recebendo o aditivo.
Indicação: recém-nascidos prematuros (IG <32 semanas) de muito baixo peso (<1500g) ao
nascer, especialmente aqueles com complicações clínicas, como uso prolongado de nutrição
parenteral, displasia broncopulmonar, terapia com esteroide e restrição hídrica.
Casos excepcionais, que não se enquadrem na indicação do item 4, deverão ser discutidos pela
equipe da Unidade Neonatal e a ficha de solicitação deverá ser carimbada por dois médicos da
equipe.
A quantidade de aditivo será de 1grama para cada 20 (vinte) ml de leite humano.
Nos cinco primeiros dias de uso, o aditivo deverá ser prescrito em horários intercalados da dieta,
de modo a ser oferecido apenas 50% das necessidades diárias.
Início do uso: a partir de 15 dias de vida e ingesta oral mínima de 100ml/kg/dia.
Término do uso: quando o recém-nascido estiver mamando predominantemente no seio
materno, com complementação de leite humano igual ou menor do que 20ml/dieta.
A distribuição do aditivo para a Unidade Neonatal será feita diariamente pelo Serviço de Nutrição
do Hospital, mediante prescrição e ficha de solicitação, conforme estabelecido nos itens 1 e 2.
A mistura do aditivo do leite humano deve ser feita pela enfermeira ou técnica de enfermagem,
dentro da Unidade Neonatal, no momento da administração da dieta ao recém-nascido.
Durante o período de uso do aditivo, o recém-nascido não deverá receber outra suplementação
de cálcio ou fósforo.
Após a interrupção do uso do aditivo, manter suplementação oral de cálcio e fósforo até
completar 40-45 semanas de idade pós-concepcional.
• Documento redigido em reunião conjunta da Coordenação de Banco de Leite Humano/NUSC/DCVPIS/SAPS, Coordenação de
Neonatologia/DIASE/SAS; Banco de Leite Humano/HMIB, Banco de Leite Humano/ HRT, Unidade de Neonatologia/ HMIB, Gerência de
Nutrição/HMIB, Prof. Dr. Paulo Margotto, Doutor em Neonatologia e professor do curso de Medicina da FEPECS/DF.
Colostro como terapia imune oral para promoção da saúde
neonatal
Autor(es): Sheila M. Gephart ; Michelle Weller. Apresentação: Juliana
Ferreira Gonçalves, Fabiana Márcia de Alcântara Altivo
• No geral a terapia imune oral com colostro é
segura e viável com muito baixo ou nenhum
risco aos recém- nascidos;
• As crianças que receberam colostroterapia
iniciaram a alimentação enteral mais cedo e
foram menos propensas a ter crescimento
restrito com 36 semanas de idade gestacional
pós-concepção (IGPc);
• Em um dos estudos o número de dias de
nutrição parenteral foi reduzido nos pacientes
em colostroterapia;
Colostroterapia-Protocolo
Autor(es): Fabiana Márcia de Alcântara Altivo, Ludmila Beleza,
Paulo R. Margotto e Equipe Neonatal do HRAS/HMIB/SES/DF
Este Protocolo é usado na Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SES/DF
• DEFINIÇÃO de COLOSTROTERAPIA: É a administração do
colostro da mãe do RN diretamente na mucosa oral deste,
independentemente da administração de dieta via sonda
gástrica.O colostro é rico em IgAsecretora, lactoferrinas e
citocinas anti-inflamatórias.
• OBJETIVOS- Estimular o desenvolvimento imune por meio dos
tecidos linfóides da orofaringe e intestino. - Estimular a
diferenciação da mucosa do intestino, levando a formação de
uma barreira imunológica na mucosa intestinal.- Diminuir as
taxas de enterocolite necrosante, sepse tardia e pneumonia
associada à ventilação mecânica.
OBRIGADA!
Dra. Caroline Dias, Dr. Paulo R. Margotto,
Dra, Aline Damares de Castro
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Nutrição Enteral no Recém-Nascido