Efeitos do uso de aditivo no leite
humano cru da própria mãe em
recém-nascidos pré-termo de muito
baixo peso
Evelyn C. Martins
Mestre. Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (USP).
Nutricionista, Santa Casa de Misericórdia de Passos-MG. Docente, Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG), Belo Horizonte.
Vera L. J. Krebs
Professora livre-docente, Pediatria, Faculdade de Medicina, USP. Chefe, Berçário Anexo à Maternidade,
Hospital de Clínicas, Faculdade de Medicina, USP.
Apresentação:Eveline de Farias Rodrigues
Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
www.paulomargotto.com.br Brasília, 17/12/2010
Introdução
 Nutrição do recém-nascido pré-termo (RNPT) de
muito baixo peso: DESAFIOS.
 Metabolismo acelerado.
 Diminuição das reservas orgânicas.
 Maior risco de complicações associadas à imaturidade
do sistema digestivo.
 Capacidade reduzida de adaptação frente a situações
de sobrecarga hidroeletrolítica.
Introdução
 Estudos - RNPT alimentados exclusivamente com
leite humano: taxas de crescimento < do que na
vida intra-uterina.
 Vários autores recomendam enriquecimento do
leite humano com nutrientes - finalidade: atender
às necessidades nutricionais e prevenir a
desmineralização óssea nessas crianças.
 Até o momento, não há estudos comparativos entre
dois grupos que usaram exclusivamente leite
humano cru da própria mãe durante todo o período
de estudo.
Objetivo do estudo
 Comparar o ganho pôndero-estatural e a frequência
de complicações clínicas em RNPT com peso inferior
a 1.500 g alimentados exclusivamente com leite
humano cru da própria mãe, com e sem aditivo, até
atingirem o peso de 1.800 g.
Métodos
 Ensaio clínico prospectivo randomizado duplo-cego
 Amostra: 40 RNPT
 Critérios de inclusão:




peso de nascimento inferior a 1.500 g
IG ≤ 34 semanas
internados em UTI neonatal no período de agosto de 2005
a abril de 2007
com leite humano cru da própria mãe disponível para
ordenha.
 Foram randomizados para receber leite humano puro
exclusivo (grupo-controle) ou leite humano com aditivo
(grupo intervenção).
* Outros critérios de exclusão: comprometimento do trato
gastrointestinal, malformação congênita e comprometimento
neurológico.
Métodos

Randomização duplo-cego: mediante sorteio pelo médico
plantonista, através da sequência de nº de 1 a 20 para cada
grupo.

A pesquisadora não tomou conhecimento de qual RN era de qual
grupo.

Mães ordenharam o leite em sala exclusiva, e quando sorteado p/
grupo de intervenção, o aditivo era adicionado na sala de ordenha
pela enfermagem responsável, a seguir era passado ao RN na UTI.

Aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Santa Casa de
Misericórdia de Passos – MG e pela Comissão de Ética para Análise
de Projetos e Pesquisa(CAPPesq) do Hospital das Clínicas da
FMUSP.

Os pais ou responsáveis assinaram o termo de consentimento
esclarecido.
Métodos
 RN < 1500g ao nascer, receberam nutrição parenteral
(60 kcal/kg/dia) no primeiro dia e mantiveram sonda
orogástrica aberta para drenagem de resíduos.


Após, receberam 1ml de LM de 3/3h, com aumento de 16 a
24 ml/dia conforme aceitação e condições clínicas.
Os RN receberam nutrição mista (parenteral + enteral) até
a nutrição enteral atingir 60 kcal/kg/dia. A partir daí, a
nutrição parenteral foi suspensa e a enteral evoluiu até
atingir nutrição plena (160mL/kg/dia).
 Os recém-nascidos foram pareados por gênero e idade e
randomizados ao atingir oferta hídrica de
100mL/kg/dia, quando iniciou-se aditivo para o grupo
intervenção.
Métodos
 O aditivo (Fortified Milk[FM] 85®) de composição vigente
em 2005, foi adicionado em cada horário de oferta da
dieta, padronizada de 3 em 3 horas, sendo o produto do
mesmo lote e mesma composição durante todo o
período do estudo.
 O aditivo foi adicionado na concentração de 3% por 5
dias e, a seguir, 5% até que o neonato atingisse o peso
de 1.800 g.
Métodos
 Avaliação ponderal: ao nascer e diária em balança
neonatal digital de marca FilizolaTM, pela própria
pesquisadora, pela manhã, após 3ª mamada.

Foram descontados 5 e 20g do peso original quando em
uso de sonda gástrica ou equipo de acesso venoso,
respectivamente.
 Avaliação do comprimento e PC: pela própria
pesquisadora, semanalmente, com antropômetro e fita
métrica inextensível.
 Os RN foram acompanhados até atingirem 1800g.
 Análise de associações:testes qui-quadrado de Pearson
ou exato de Fisher. Para variáveis paramétricas foi
utilizado teste t de Student, e para não-paramétricas,
Mann-Whitney. p<0,05.
Resultados
Discussão
 Vários autores demonstraram que o uso de aditivo no
leite humano cru e/ou processado em banco de leite
resulta em maior ganho de peso e comprimento, em
RNPT de muito baixo peso, além de prevenir a doença
metabólica óssea.
 Foram avaliados 13 estudos (600 crianças) sobre o uso
de aditivo no leite humano em RNPT de muito baixo
peso.

Resultados mostraram que a suplementação do leite
humano (LH) com diferentes tipos de aditivos associa-se ao
aumento a curto prazo do ganho de peso, do crescimento
e do perímetro cefálico (PC).
Discussão
 Os resultados obtidos através do presente estudo
assemelham-se aos estudos da literatura.
 Houve dificuldade de comparação com os outros
estudos, já que neles houve uso de leite do banco
ou fórmula para complementar a dieta.
 O uso do aditivo apresenta limitações, já que o
produto não permite adequação da suplementação
de acordo com a necessidade de cada criança
(carência ou sobrecarga de proteína).
 Alguns autores sugerem fortificação do LM ajustada
individualmente p/ cada recém-nascido (RN).
Discussão
 Quanto às complicações clínicas, alguns autores
destacam maior risco de enterocolite necrosante
em neonato que receberam aditivos devido ao
aumento da osmolaridade.
 Este é o primeiro estudo, feito no Brasil, com o uso
de LM exclusivo cru da própria mãe em 100% da
dieta ofertada, podendo ser estímulo a novas
observações em outros centros.
Conclusões
 O uso de aditivo no leite humano cru da própria
mãe proporcionou melhor crescimento, com
aumento significativo do comprimento e do
perímetro cefálico.
 Pesquisas adicionais são necessárias para
aperfeiçoar e individualizar a nutrição do RNPT de
muito baixo peso, considerando-se a composição
do leite da própria mãe e as necessidades de cada
neonato.
Do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto
Consultem também: Por que ainda na Rede Pública não se
fortifica o leite humano para grupos selecionados de RecémNascidos, um VEZ QUE AS EVIDÊNCIAS SÃO ÓBVIAS?
Leite materno para prematuro: fortificar ou
não
Autor(es): Gilberto Pereira (EUA). Realizado por
Paulo R. Margotto
Leite humano exclusivo para o recém-nascido
pré-termo: evidências para o seu
enriquecimento
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Enriquecimento do leite humano para recémnascidos pré-termos
Autor(es): Paulo R. Margotto
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materno
Autor(es): Christine D. Wang et al. Apresentação: Ana
Cláudia de A. Dantas, Anelise A. Salge Prata, Paulo R.
Margotto
Maior crematócrito
não é evidência de
maior teor de proteína!
Consultem o artigo integral:
 Effects of the use of fortified raw
maternal milk on very low birth
weight infants.
Martins EC, Krebs VL.
J Pediatr (Rio J). 2009 MarApr;85(2):157-62.
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