Brasileiros perdem o sono por causa do estresse do trabalho
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19/12/2013 - 00:00
Brasileiros perdem o sono por causa do estresse do
trabalho
Por Letícia Arcoverde
Os brasileiros estão levando os efeitos negativos do trabalho para casa, segundo um levantamento inédito da empresa de
espaços de trabalho Regus. Insônia e doenças relacionadas ao estresse são alguns dos principais problemas apontados por
gestores do país no estudo.
Os profissionais do Brasil estão entre os que mais perdem o sono, segundo dados de mais de 20 mil pessoas, de 95 países.
Por aqui, 44% dizem dormir mal devido a preocupações no trabalho, número bastante menor do que a média global de
34%, e o quarto maior do mundo, atrás da Coreia do Sul (55%), dos Emirados Árabes Unidos (52%) e da França (47%).
Para o diretor regional da Regus para São Paulo, Otávio Cavalcanti, a insônia é consequência do estresse gerado pela
preocupação com a economia, a rotina corrida das grandes cidades e o acúmulo de funções.
"A desaceleração da economia afeta o dia a dia no trabalho e a empresa quer que o funcionário faça mais com menos", diz.
Em um contexto de enxugamento de despesas, não é por acaso que mais de um terço dos profissionais brasileiros
entrevistados (36%) se sentem menos confiantes na manutenção dos seus empregos.
No Brasil, 46% dos profissionais dizem que esse aumento no nível de estresse já foi notado por familiares e amigos. O
maior nível de preocupações e correria também parece afetar a saúde dos profissionais brasileiros com mais frequência do
que os de outros países. A grande maioria dos entrevistados (81%) percebe hoje uma maior ocorrência de doenças
relacionadas ao estresse, ante 61% no mundo todo.
O médico psiquiatra Rubens Luis Folchini Fernandes, do núcleo de medicina psicossomática e psiquiatria do Hospital
Israelita Albert Einstein, vê o estresse decorrente do trabalho como uma queixa cada vez mais frequente entre pacientes.
Para ele, há um certo nível de estresse que é considerado uma resposta saudável à adaptação da pessoa a um ambiente
novo e ao desejo de desenvolver habilidades. "Quando começa a comprometer a vida pessoal do profissional, ele deixa de
fazer atividades de lazer. Essa preocupação transborda para o ambiente familiar e acaba com os momentos de descanso",
diz.
Para Cavalcanti, a busca por mais equilíbrio é um desafio que depende tanto da empresa quanto do profissional: a primeira
deve cuidar de seus quadros e o segundo precisa se policiar. "Quanto mais o colaborador tem tempo para si, mais
produtivo ele fica", diz. Uma das maiores dificuldades para isso é que ainda há a percepção de que se dedicar após o fim do
expediente oficial é mostrar eficiência. "Quando recebo um e-mail de alguém à meia noite, não acho que a pessoa está
vestindo a camisa da empresa, mas que ela tem algum problema para organizar o tempo dela", ressalta o diretor.
Passar dos limites pode deixar o profissional mais perto da síndrome do "burnout", situação de exaustão emocional que
leva a um quadro depressivo, de isolamento, privação de sono e perda de apetite - ou mesmo o contrário, com a pessoa
tentando se "automedicar" com o excesso de comida ou de bebidas alcoólicas. "Isso gera uma maior predisposição a
problemas cardiovasculares e deficiência imunológica, o que coloca a pessoa em um estado de vulnerabilidade", explica
Fernandes.
Para o médico, é preciso que o indivíduo, que muitas vezes já tem essa tendência à ansiedade de desempenho, construa um
espaço saudável no trabalho. Além disso, as organizações precisam refletir junto aos colaboradores sobre o que é exigido
para preservar ao máximo o bem-estar do profissional.
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Segundo o estudo, 66% dos brasileiros percebem mais faltas no trabalho relacionadas a esses problemas - a média global é
de 52%. Uma das alternativas para as companhias seria oferecer mais opções de flexibilidade para os profissionais. Para
74% dos entrevistados, adotar práticas de horário e local flexíveis ajuda a diminuir o estresse e facilita o equilíbrio entre a
vida pessoal e a profissional - número maior do que o registrado no ano passado, de 66%. Cavalcanti afirma que a
possibilidade de trabalhar de casa ou fazer horários alternativos ajuda a evitar problemas geradores de estresse como o
trânsito e a falta de mobilidade urbana. "Equilíbrio é a palavra-chave para ser um bom profissional."
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