OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS ALUNOS COMO PONTO DE PARTIDA PARA A APRENDIZAGEM Quando você estiver atuando como professor, sentirá que seus alunos vários conhecimentos adquiridos antes de serem seus alunos e mesmo serem alunos. “...e a concepção construtivista assume este fato como central na explicação dos processos de aprendizagem e ensino na sala (Miras, 1996) possuem antes de elemento de aula.” Mesmo quando iniciam sua escolaridade, os alunos constroem pessoalmente um significado ou o reconstroem do ponto de vista social com base no que conheceram previamente. Chamamos este momento de estado inicial do aluno, determinado por três elementos básicos. Em primeiro lugar, a apresentação de uma determinada disposição para realizar a aprendizagem (não é inexplicável ou imprevisível, mas advém de inúmeros fatores pessoais e interpessoais). Por exemplo: sua auto-imagem e auto-estima, experiências anteriores de aprendizagem, capacidades de assumir riscos e esforços, de pedir, de receber, suas representações sobre as tarefas que vão realizar, sobre o professor e os colegas, bem como seus interesses por essas tarefas. Em segundo lugar, em qualquer situação de aprendizagem, os alunos dispõem de capacidades, instrumentos, estratégias e habilidades gerais para completar o processo. Possuem capacidades cognitivas (com diferentes níveis de inteligência, raciocínio e memória), motoras, de equilíbrio pessoal e de relação interpessoal. Dispõem ainda de um conjunto de instrumentos, estratégias e habilidades gerais que adquiriram em diferentes contextos durante seu desenvolvimento e, em especial, no contexto escolar. Por exemplo: a linguagem (oral e escrita), a representação gráfica e numérica, habilidades para sublinhar, anotar, resumir, pesquisar, organizar informação, ler com compreensão ou escrever reflexivamente. E, como último elemento, podemos pensar que nesta “radiografia” do estado inicial do aluno, é possível “ver” conhecimentos que estes já possuem quando diante da aprendizagem de um novo conteúdo. São os conhecimentos que chamamos prévios, ou seja, há sempre uma maior ou menor aproximação com o conteúdo a ser aprendido presente na “bagagem” - escolar ou não – do aluno. Por outro lado, poderíamos questionar: “Como se justifica a necessidade de considerar esses conhecimentos prévios como elemento fundamental do estado inicial do aluno? “(...) entendemos que a aprendizagem de um novo conteúdo é, em última instância, produto de uma atividade mental construtivista realizada pelo aluno, atividade mediante a qual constrói e incorpora a sua estrutura mental os significados e representações relativos ao novo conteúdo.” (Miras, 1996) Mas há sempre, para qualquer aluno, de qualquer série, conhecimentos prévios a respeito de um novo conteúdo? Segundo Miras (1996), de uma perspectiva externa ao aluno esses conhecimentos prévios podem não ser verificados, mas da perspectiva do próprio aluno e da concepção construtivista sempre o são, pois se não, como seria possível que este aluno fizesse uma primeira leitura sobre o novo conhecimento? Há, porém, que se levar em consideração condições como: distância maior ou menor entre esses conhecimentos (os prévios e os novos), significatividade e apresentação adequada do conteúdo pelo professor. Você está tendo algumas informações sobre este nosso conteúdo, mas, antes, você já tinha conhecimentos a seu respeito. Vamos “enfrentar” um desafio? Neste momento, tente estabelecer uma relação entre seus conhecimentos prévios de um lado e, de outro, os conhecimentos novos a respeito da mediação que o professor pode realizar com seus alunos, entre o que eles já sabem e o que é novo para eles. No final da unidade, retome esta relação, pensando na sua própria aprendizagem. Estamos falando, neste momento, dos esquemas de conhecimento que, segundo Coll (1983), citado por Miras (1996), são definidos como “a representação que uma pessoa possui em um determinado momento de sua história sobre uma parcela da realidade.” Os esquemas de conhecimento incluem as representações da realidade que cada aluno possui por informações sobre fatos e acontecimentos, experiências e casos pessoais, atitudes, normas, valores, conceitos, explicações, teorias e procedimentos relacionados com essa realidade. De onde provêm esses esquemas? Do meio familiar, de convivências diversas, de leituras, dos meios de comunicação, mas também da vivência escolar anterior. Possuir esquemas de conhecimento não implica que estes sejam coerentes e estejam organizados da mesma forma em relação aos mesmos alunos. Os esquemas que estes possuem caracterizam-se não apenas pela quantidade de conhecimentos, mas também pelo nível de organização interna de cada um desses alunos e de como os manejam. A validade dos esquemas de conhecimento apresenta-se atrelada às atitudes, valores e normas de uma determinada cultura ou grupo social. Aqueles que são válidos, por exemplo, para o grupo familiar, podem não sê-lo para um grupo com critérios científicos de avaliação.