TRATAMENTO DAS CEFALÉIAS NAS EMERGÊNCIAS Prof. Dr. José G. Speciali Professor Associado de Neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) Prevalência das Cefaléias nas Emergências DADOS DE LITERATURA UE DHOPESH ET AL DICKMAN & MASTEN 133.356 34.000 30.000 CONSULTAS POR CEFALÉIA 1.254 872 496 PERCENTUAL DE CONSULTAS POR 0,9% 2,6% 1,7% PERCENTUAL DE INTERNAÇÕES 4,9% 4,7% 6,8% RELAÇÃO FEMININO/MASCULINO 1,7 1,9 1,6 CONSULTAS ANUAIS CEFALÉIA • 69% dos pacientes da UE com idade entre 10 e 39 anos • DHOPESH: 63,4% com idade entre 18 e 40 anos • DICKMAN E MASTEN: 78,2% com idade entre 16 e 50 anos Cefaléias primárias e secundárias numa Unidade de Emergência (Ribeirão Preto -SP- Brasil ) 90% 80% 70% 60% 50% Primary Secundary 40% 30% 20% 10% 0% < 10 10 to 50 > 50 Cefaléias primárias/secundárias Bigal&Speciali 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 0a9 10 a 19 Primária 20 a 29 30 a 39 40 a 49 Secundária a distúrbios sistêmicos 50 a 59 60 a 69 70 e mais Secundária a distúrbios neurológicos Cefaléias primárias/secundárias Bigal&Speciali CEFALÉIA (CÓDIGO DA SIC) SINUSITE (11.2.9) ITEM DA CLASSIFICAÇÃO DA SIC INFECÇÃO NÃO ENCEFÁLICA (9) CEFALÉIA ASSOCIADA A TRAUMA CRANIANO (5) HIPERTENSÃO ARTERIAL (6.8) CEFALÉIA ASSOCIADA A DISTÚRBIOS VASCULARES ABUSO DE SUBSTÂNCIAS (8) (6) HIPOTENSÃO POSTURAL (6.9) CEFALÉIA ASSOCIADA A DISTÚRBIO INTRACRANIANO HIPOGLICEMIA (10.4) NÃO VASCULAR (7) OTITE (11.2.7) TOTAL GLAUCOMA (11.2.4) Cefaléias primárias/secundárias Primárias/ secundárias (%) Migrânea/ tensional/ outras (%) Secundárias Sistêmicas (%) Secundárias Neurológicas (%) Bigal&Speciali 71/29 48/18/5 21 8 Zukerman 70,5/29,5 26,5/29 Newman& Lipton 55/45 31-39 1-16 Olesen 95,1/4,9 2,7 2,2 Diamond M 83/17 Alertas em Cefaléia DADOS NA HISTÓRIA ALERTAS Idade Cefaléias secundárias na terceira idade Modo e circunstâncias de instalação e evolução A primeira cefaléia Mudança de padrão em relação às crises anteriores Mudança de padrão da aura ou aura atípica Início súbito e/ou recente Desencadeada por esforço físico e atividade sexual Evolução progressiva Piora com a postura Intensidade (usar escala analógica e visual) A pior cefaléia Sintomas associados Antecedentes Febre Náuseas e vômitos Sintomas neurológicos focais Distúrbio da consciência Descarga nasal purulenta Queixas visuais História de câncer, SIDA, trauma, glaucoma e outras doenças sistêmicas Alertas em Cefaléia EXAME FÍSICO ALERTAS Pressão arterial Elevação súbita (acima de 25%) da PA Temperatura Febre Palpação do crânio Presença de pontos dolorosos (seios da face, globo ocular, arterias carótida e temporal) Alertas em Cefaléia EXAME NEUROLÓGICO ALERTAS Consciência Alteração Nervos cranianos Edema de papila, distúrbio da motricidade ocular, anisocoria. Paralisia facial. Motricidade Sensibilidade Sinas focais Coordenação Reflexos Assimetrias, sinal de Babinski Pesquisa de sinais meníngeos Rigidez de nuca e outros sinais meníngeos INVESTIGAÇAO Exames de imagem LCR EEG Outros (VHS, PCR) TRATAMENTO CEFALÉIA NA EMERGÊNCIA TRATAMENTO - BRASIL HANNUCH ET AL (1992): 76% dos pacientes que procuraram ambulatório especializado, usavam medicamentos que continham dipirona; FRAGOSO ET AL (1998): dipirona endovenosa (62,8%) e anti-inflamatórios (32,6%). Nenhum médico usou compostos ergotamínicos ou triptanos; BIGAL, BORDINI & SPECIALI (1999): dipirona endovenosa (55,3%), seguida do diclofenaco (18,8%) e clorpromazina (4,6%). Barton, CW (Headache 1994; 34:91-94) Narcóticos são os mais utilizados, em segundo lugar os AINs e, depois os ergóticos Migrânea ocorre em 60% dos casos e etiologias não óbvias em 25% Department of Medicine, Medical Center at University of California, San Francisco, CA Blumenthal HJ, Treatment of primary headache in the emergency department. Headache,2003;43:1026-31. Apenas 7% dos pacientes recebem drogas específicas para migrânea (ie, triptano ou dihydroergotamina) 65% recebem " cocktail migrânea " AINE + antagonista da dopamina e/ou um antihistaminico 24% são tratados com opióides A maioria refere que não tem condição de voltar ao trabalho após a alta de UE 60% dos pacientes continuam com cefaléia 24 horas após a alta da UE Wasay, M; J Headache Pain (2006) 7:413–415 Paquistão Diclofenaco, ketorolac, ou tramadol Bigal, ME tese de Doutorado 9 8 Escala de dor 7 6 5 4 3 2 1 T0 30 min PLACEBO CLORPROMAZINA 60 min DIPIRONA SULFATO DE Mg 24 horas DICLOFENACO Avaliação Global Migrânea sem Aura Avaliação Global - Migrânea com Aura 70 Comparações em que foi superior 90 Comparações em que foi superior 60 50 40 30 20 10 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 Clorpromazina Dipirona Diclofenaco Sulfato de Magnésio Placebo Clorpromazina Dipirona Diclofenaco Sulfato de Magnésio Placebo Comparações em que foi superior Avaliação Global - Cefaléia do tipo Tensional MIGRÂNEA SEM AURA 25 20 15 10 5 0 Clorpromazina Slide 47 Dipirona Diclofenaco Sulfato de Placebo Marcelo Eduardo Bigal Magnésio EFEITOS ADVERSOS 50% 43,4% 40,8% 40% 30% 26,8% 24,2% 23,4% Sulfato de Magnésio Placebo 20% 10% 0% Clorpromazina Dipirona Diclofenaco PROTOCOLO SUGERIDO - MIGRÂNEA SEM AURA • Dipirona: primeira escolha - dor sintomas associados efeitos adversos • Clorpromazina: segunda escolha - falha da dipirona alívio mais rápido sedação for vantajosa • Diclofenaco: lento e não atua nos sintomas associados Opção pela via IM • Sulfato de Mg: Adjuvante no tratamento da foto e fonofobia PROTOCOLO SUGERIDO - MIGRÂNEA COM AURA • Dipirona: primeira escolha - dor sintomas associados • Clorpromazina: segunda escolha - falha da dipirona alívio mais rápido sedação for vantajosa • Sulfato de Mg: terceira escolha - atua bem sobre a aura e sintomas associados, mas é inferior à dipirona e clorpromazina na analgesia. • Diclofenaco: lento e não atua nos sintomas associados Opção pela via IM PROTOCOLO SUGERIDO – CTTE • Dipirona: primeira escolha - dor efeitos adversos • Sulfato de Mg: primeira escolha - dor efeitos adversos • Clorpromazina: segunda escolha - falha da dipirona alívio mais rápido sedação for vantajosa • Diclofenaco: Opção pela via IM Monzillo, PH et al Arq Neuropsiquiatr 2004;62(2-B):513-518 Haloperidol X Dexametasona Os pacientes haviam recebido previamente dipirona (1g) intravenosa sem qualquer resposta clínica 14 pacientes receberam haloperidol 5 mg e 15 pacientes receberam dexametasona 4 mg, ambas diluídas em 10 ml de água destilada Ambas as drogas mostraram-se igualmente eficazes no alívio da dor, após 2 horas Com haloperidol houve melhora em 50% nos escores de dor a partir de 30 minutos Reações adversas foram observadas somente no grupo 1, não sendo importantes ESQUEMA 4: Migrânea refratária e/ou estado migranoso • • • • • Internar Investigar cefaléias secundárias Hidratação e reposição eletrolítica; Dexametasona, 10 mg IV ( classe II) Se dor persistir: ◊ dexametasona, 4 mg de 6/6 horas (até 48 horas) (classeII) associada a clorpromazina, 0,1 mg/Kg IV, em 3 minutos, mantendo infusão de SF 0,9% (classe I) e repetindo a cada 04 horas, se necessário ou utilizar ◊ meperidina, 2ml (100 mg) diluídos para 10 ml e administrando-se 2 ml IV cada 30 minutos até dor ceder (classe III). Pode-se repetir esquema da meperidina após 6 horas, se necessário Conclusões