AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EG ID O PE LA LE I DE DI R EI TO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PR OT A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR PARA Por: Maria Geralda Pereira Rodrigues DO CU M EN TO O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS HIPERATIVAS Tutora/Orientadora: Prof.ª Teresa Cristina Magalhães do Vale Belo Horizonte 2010 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS HIPERATIVAS Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau especialista em Supervisão Escolar. Por: Maria Geralda Pereira Rodrigues de AGRADECIMENTOS Aos professores do Instituto a Vez do Mestre, pelos ensinamentos imprescindíveis para minha vida profissional; Às colegas, Vânia e Maria do Carmo, pela compreensão e companheirismo; A todos, que de certa forma, prestaram grande contribuição ao trabalho. DEDICATÓRIA Dedico a alegria de concluir este trabalho à minha família, sem a qual nada seria possível . RESUMO Este trabalho tem por objetivo verificar quais são os principais problemas de aprendizagem apresentados por alunos no processo de inclusão nas séries iniciais do ensino fundamental, verificar que metodologia vem sendo utilizada na sala de aula de forma a atender a inclusão dos alunos que apresentam déficit de aprendizagem; analisar a contribuição do supervisor pedagógico na inclusão de alunos com déficit de aprendizagem; apresentar os principais problemas relacionados ao déficit de aprendizagem em crianças no processo de inclusão. Para tanto, analisou o TDA-H que é considerado um distúrbio infantil muito comum e, com bastante freqüência, prejudica o rendimento escolar, mesmo que em alguns momentos a criança demonstre ser capaz de aprender, e pareça ser inteligente. Evidentemente, existem diversas outras razões para que uma criança mostre baixo rendimento escolar, como dificuldades emocionais, baixo nível intelectual, dificuldades de leitura, dificuldades auditivas ou visuais etc., mas o TDA/H é tido como uma causa importante de fracasso nos estudos. Os diversos estudos realizados têm demonstrado que o supervisor escolar pode auxiliar no trabalho dos professores que lidam com crianças diagnosticadas com TDA/H. A eficácia da ação do supervisor escolar torna-se, pois diretamente ligada à sua habilidade em promover mudanças de comportamento no professor, isto é, a aquisição de novas habilidades ou reforço a outras já existentes; o desenvolvimento de novas perspectivas, idéias, opiniões, atitudes, que lhe possibilite trabalhar com essas crianças. Sabe-se que vários fatores interferem sobre o comportamento e precisam ser diagnosticados para um melhor conhecer as causas que levam a certos comportamentos e atitudes. A escola, como um todo, deve participar da construção de espaços e oportunidades para que os alunos hiperativos se desenvolva suas habilidades e mudem seus comportamentos na sala de aula. Palavras-chave: Hiperatividade, déficit de atenção, supervisão escolar. METODOLOGIA Optou-se pela pesquisa bibliográfica, por meio de estudos teóricos. Esta opção permite obter conhecimento para a solução do problema através da busca referências ao assunto estudado em documentos, livros etc. publicados anteriormente, bem como em fontes on line. Esta pesquisa teve como foco uma análise teórica do papel do supervisor escolar no encaminhamento das crianças hiperativas hiperatividade para especialistas na área para confirmação do problema, com o objetivo de desenvolver propostas pedagógicas que possam contribuir para orientação dos professores que lidam como essas crianças. Apoiando-se na pesquisa bibliográfica, buscou-se obter conhecimento sobre o problema ora apresentado através da busca de referências em livros, artigos e fontes on line anteriormente publicadas. Os principais pressupostos teóricos foram fundamentados na Psicologia Educacional, para se verificar os estudos sobre a hiperatividade e sua relação com o déficit de atenção, e da Pedagogia para se buscar o entendimento da contribuição do supervisor escolar para o professor que lida com alunos hiperativos Neste contexto, a contribuição de Cabral (2004) tornou-se relevante, por defender que o TDA/H é um problema comum, que deve ser suspeitado como fator contribuinte sempre que uma criança tenha problemas no aprendizado. Os estudos de Mattos (2003) também foram relevantes ao apontar uma análise do comportamento da pessoa, da teoria do comportamento e do desenvolvimento. Benczik (2000), Goldstein e Goldstein (2002), Jones (2004), dentre outros estudos, indicam que o TDA/H não é secundário a fatores culturais, o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos. Weisss(1999) contribuiu no sentido de dar um olhar pedagóco para a hiperatividade, ressaltando o papel dos educadores neste contexto. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 CAPÍTULO I ....................................................................................................... 9 COMPREENDENDO A HIPERATIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL 9 1.1. Características do TDA/H .......................................................................... 15 CAPÍTULO II .................................................................................................... 21 A EDUCAÇÃO FRENTE À HIPERATIVIDADE ............................................... 21 2.1. A Psicologia da educação como pressuposto para o entendimento do comportamento do aluno hiperativo ................................................................ 22 CAPÍTULO III ................................................................................................... 31 A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS HIPERATIVAS .......................................... 31 3.1. O controle de TDAH ................................................................................... 31 3.2. O trabalho pedagógico com crianças hiperativas .................................. 36 CONCLUSÃO .................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 53 7 INTRODUÇÃO O tema deste estudo visa uma investigação de como os professores vêm trabalhando com a Educação Inclusiva e que metodologia vem sendo utilizada de forma a atender realmente os problemas relacionados com os déficits de aprendizagem. Tornou-se relevante, portanto, investigar como trabalhar a inclusão sem prejuízos educacionais para os alunos. A questão central deste trabalho procura responder ao seguinte problema: “os problemas relacionados ao déficit de aprendizagem em crianças no processo de inclusão podem ser minimizados com propostas pedagógicas voltadas para cada dificuldade de aprendizagem nas séries iniciais? A hipótese que orientou esta pesquisa foi assim formulada: “as propostas pedagógicas voltadas para cada dificuldade de aprendizagem apresentadas pelos alunos contribuem para sanar os problemas relacionados ao déficit de aprendizagem em crianças no processo de inclusão”. O tema sugerido é de fundamental importância, pois a Educação Inclusiva exige uma variedade de comprometimentos por parte do educador e de todos envolvidos no processo educacional, esses por sua vez devem diagnosticar cada problema para assim visar a aquisição de habilidades funcionais para a vida diária, incluindo participação na comunidade. Neste sentido, a grande preocupação está em como trabalhar a inclusão, que metodologias devem ser usadas, que pressupostos devem ser priorizados. A atribuição do papel do supervisor escolar no processo de inclusão, sobretudo em relação aos déficits de aprendizagem, pode contribuir para com o professor no sentido de diagnosticar o problema e traçar uma metodologia que considere as limitações desses alunos e leve-os a desenvolver dentro dos seus ritmos. São, portanto objetivos desta pesquisa: verificar quais são os principais problemas de aprendizagem apresentados por alunos no processo de inclusão 8 nas séries iniciais do ensino fundamental, verificar que metodologia vem sendo utilizada na sala de aula de forma a atender a inclusão dos alunos que apresentam déficit de aprendizagem; analisar a contribuição do supervisor pedagógico na inclusão de alunos com déficit de aprendizagem; apresentar os principais problemas relacionados ao déficit de aprendizagem em crianças no processo de inclusão, sendo os três últimos os objetivos específicos. Para desenvolver o presente trabalho, optou-se pela seguinte distribuição de capítulos: Capítulo 1, compreendendo a hiperatividade no contexto educacional, destacando as características do TODA/H. No capítulo 2, foi feito um estudo em torno da educação frente a hiperatividade, dando ênfase à psicologia da educação como pressuposto para o entendimento do aluno hiperativo. No capítulo 3, a abordagem foi centrada na contribuição do supervisor escolar para o trabalho pedagógico com crianças hiperativas. Finalmente, apresentou-se a conclusão e as referências que serviram de base teórica para este estudo. 9 CAPÍTULO I COMPREENDENDO A HIPERATIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL Existem hoje várias pesquisas e publicações que afirmam decifrar o termo hiperatividade, mas será que nós os profissionais da educação, estamos preparados para pesquisar, definir e trabalhar com estas publicações que devem ir ao encontro de nossas necessidades de compreensão dos novos relacionamentos em sala de aula? Quando um profissional diz que seu aluno é “hiperativo” poderá ter múltiplas interpretações. Para Topezewski (1999), a palavra hiperativo significa atividade em demasia ou desejo de chamar atenção, teimosia, provocação deliberada, manipulação ou então a preguiça, apatia, descaso, educação inadequada dos pais, personalidade forte e independente, inteligente demais ou o “contrário” e justificam isto com algumas reclamações: atrasos de trabalhos e freqüência repetidos, erros contínuos, desorganização, inadequação ao objetivo e/ou ambiente social, julgados socialmente prematuros. Suspeitos de comportamentos a conteúdos de forma rotineira devem ser avaliados por equipes multidisciplinares, não com objetivo de punir, mas de acompanhar e ajudar. Essas equipes devem ser compostas de profissionais que farão com que as pessoas envolvidas sintam acolhidas e não investigadas são eles: neuropediatra ou psiquiatra, sociólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, um terapeuta especialista na dificuldade reclamada, pais e professores. Todo este trabalho também não significa que o problema realmente exista, apenas relaciona possibilidades que com essa conduta podem melhorar ou descartar a reclamação – problema. 10 Muitos problemas biológicos e /ou psicológicos podem provocar sintomas similares ao da hiperatividade ou como dizem alguns médicos-distúrbios hipercinéticos ou então de acordo com o diagnóstico de saúde-mental Transtornos de Déficit de Atenção que pode ter ou não hiperatividade. Desta forma, algumas questões tornaram-se norteadoras desta pesquisa, assim formuladas: Hiperatividade é, segundo Topezewski (1999), um desvio comportamental, caracterizando mudanças de atitudes. De acordo com Vidal (2006), é necessário esclarecer a diferença entre o conceito de hiperatividade e Transtorno de Déficit de Atenção. Muitas crianças são tidas como portadoras de TDAH que significa Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas nem sempre a criança desatenta pode ser considerada hiperativa. Embora as crianças hiperativas geralmente apresentem déficit desatenção. A Hiperatividade não se trata de um problema comportamental, mas um transtorno mental com base orgânica, o que significa que os portadores não têm controle sobre os sintomas. S Goldstein e Goldstein (1998, p. 23 - 4) relatam que a hiperatividade se manifesta a partir de quatro características de comportamento: desatenção e distração; superexcitação e atividade excessiva; impulsividade; dificuldades com frustrações. De acordo com Mattos (2003) o Transtorno de Déficit de Atenção foi descrito pela primeira vez em 1902 e já recebeu diversas denominações ao longo de todos esses anos. As mais conhecidas foram Síndrome da criança hiperativa, Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Transtorno Hipercinético. Em 1994 o termo oficialmente adotado pela Associação Americana de Psiquiatria foi o de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Algumas idéias falsas são divulgadas sobre TDA/H como a de que ele na infância traz poucas conseqüências para a vida adulta e não justifica seu tratamento. Goldstein se contrapõe a esta idéia ao afirmar os inconvenientes 11 para a criança hiperativa em desenvolver seu pleno potencial no desempenho escolar, nas relações interpessoais e na predisposição ao uso de drogas. Por isto, “o risco de não tratar é certamente maior do que o tratamento”. Goldstein (1994, p. 58). Topezewski (1999) afirma que: A hiperatividade é um desvio comportamental caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e atividades, acarretando pouca consciência em cada tarefa realizada. Portanto, isto incapacita o indivíduo para se manter quieto por um período de tempo necessário para que possa desenvolver as atividades do seu dia-a-dia. Este padrão de comportamento se mostra incompatível com a organização do seu ambiente em determinadas circunstâncias. Topezewski (1999) complementa ainda esta informação, fazendo uma relação entre a hiperatividade e a não aceitação social dos hiperativos, considerando que a dificuldade de integração social destes alunos como agentes dos diversos conflitos que travam em suas relações interpessoais. Segundo o mesmo autor há ainda outro sintoma que caracteriza os hiperativos – a chamada “memória de curto período” – o que se torna uma agravante ao transtorno e mais uma causa ao baixo rendimento escolar. Os hiperativos apresentam alterações na chamada memória de curto período, e isto se deve à baixa capacidade de atenção e à pouca concentração. As mães referem que, quando solicitam algo à criança, esta retorna após alguns minutos perguntando qual foi a solicitação, pois esqueceu-se do pedido que lhe fora feito. Esta falta de memória já é, por si só, um fator de baixo rendimento 12 escolar que quando associado à hiperatividade agrava o quadro. TOPCZEWSKI, (1999, p. 63). De acordo com Bezerra (2008), o TDA/H é um distúrbio habitualmente de longa duração (frequentemente se estendendo até a idade adulta), e manifesta por três grupos de sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade. É evidente que esses sintomas não são específicos, que dizer, pode ser encontrado numa grande variedade de outros transtornos como também fazem parte da vida psíquica normal, em alguns momentos. Apenas para exemplificar, citamos o caso da criança que fica ansiosa com o nascimento de um irmão e passa a se mostrar inquieto, falante, descuidada com os deveres e desatenta na sala de aula, bem como aquela outra criança que, quando piora a sua asma, e faz uso de medicamentos antiasmáticos, fica inquieta e não rende bem nos estudos. O que vai caracterizar uma criança com TDA/H é que ela, com freqüência, e não só uma vez ou outra, apresenta essas características de inquietação, desconcentração e dificuldade de segurar os impulsos. É preciso cuidado para não taxar de hiperativa qualquer criança que se mostra inquieta, sem antes procurarmos saber o que está acontecendo com ela o mais detalhadamente possível. Na verdade, o pensamento mais moderno é que o TDA/H não é simplesmente uma deficiência de atenção, como a denominação pode fazer pensar. Para ser mais preciso, a questão reside num comprometimento do desenvolvimento adequado da inibição e modulação das respostas, melhor dizendo, do autocontrole. De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria (DSM–IV), o TDA/H é uma desordem comum. Estima sua prevalência em de 3 a 5% nas crianças em idade escolar. Quando mais se escreve e se divulga sobre este transtorno, mais cresce o número de pais imaginando que o TDA/H possa estar subjacente aos seus problemas ou aos de seus filhos. Para a Associação do Transtorno do Déficit de Atenção (ATDA), o TDA/H é complexo e influencia todos aspectos da vida das pessoas e pode 13 coexistir com vários problemas de saúde, emocionais, de aprendizagem, cognitivos e de linguagem. A hiperatividade gera para a criança problemas comuns à infância, porém de forma exagerada, uma vez que a mesma é severamente prejudicada por seu comportamento inconstante e imprevisível. Neste sentido, segundo Goldstein (1994), o relacionamento com familiares é comprometido, bem como os relacionamentos e o desempenho positivo na escola, além do desenvolvimento desequilibrado da personalidade. Estas crianças são afetadas diretamente pelas conseqüências da atividade excessiva e do comportamento emocional irrefletido e impulsivo, que são marcas do seu temperamento. Para Vidal (2006, p. 38), o comportamento normal ou patológico pode ter origem na própria criança (fator genético) ou no ambiente (fator social). Para caracterizá-lo, afirma que devem ser considerados os seguintes fatores: - idade; - constituição física; - desenvolvimento (período em que a criança se encontra); - ambiente cultural; - conduta e personalidade dos pais e irmãos; - tensões e traumas da vida cotidiana aos quais a criança fica exposta; - tendências internas e defesas psíquicas do ego infantil; - influência de pressões externas e internas; - meios de adaptação a essas pressões; - processos envolvidos na maturação da personalidade infantil. Após a verificação pelo professor de todos estes fatores, ele ainda precisa ter certeza que a criança não esteja passando apenas por uma fase difícil que pode ser provisória com condições de superá-la. É preciso que o professor saiba diferenciar quando uma criança está com problemas de aprendizagem porque não consegue prestar atenção devido à 14 sua deficiência, ou se está apenas brincando com o problema e causando indisciplina. Neste caso é muito importante a colaboração da família que deve estar ciente do que está acontecendo com a criança. O papel da escola e dos educadores é neste caso trabalhar em parceria para ajudar na aprendizagem da criança. De acordo com Mattos (2003) o Transtorno de Déficit de Atenção foi descrito pela primeira vez em 1902 e já recebeu diversas denominações ao longo de todos esses anos. As mais conhecidas foram Síndrome da criança hiperativa, Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Transtorno Hipercinético. Ainda segundo o autor supramencionado, em 1994 o termo oficialmente adotado pela Associação Americana de Psiquiatria foi o de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. No ano de 1996 marca o 50º aniversário do Instituto nacional de Saúde Mental (NIMH- National Institute Of Mental Health). O instituto trouxe nova esperança a milhões de pessoas que sofrem de doenças mentais e para suas famílias e amigos. Os pesquisadores avançaram em seu conhecimento sobre o cérebro e expandiram vastamente a capacidade dos profissionais de saúde mental para o diagnóstico, tratamento e prevenção das desordens mentais e cerebrais. Durante esta última década do século vinte, designada a “Década do Cérebro” pelo Congresso dos EUA o conhecimento da função cerebral explodiu. Pesquisas rendem informações sobre as causas de transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de pânico e transtorno obsessivo compulsivo e o TDA/H Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é considerado o distúrbio infantil mais comum e é tido como principal causa do fracasso escolar. De acordo com Cabral () O TDA/H é um distúrbio habitualmente de longa duração que se manifesta por três grupos de sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade: 15 • Tipo Desatenção: predominantemente problemas com atenção tais como dificuldade em prestar atenção, negligência, dificuldade de realizar tarefas, esquecimento e distração. • Tipo Hiperatividade: problemas com tais como agitação, comportamento impulsivo, falar em excesso, interromper os outros. • Tipo Combinado: mostra sinais de Déficit de Atenção e Hiperatividade, sem predominância de um ou de outro. Até a poucos anos achava-se que no final da adolescência os sintomas do TDA/H, iriam regredindo com ou sem tratamento e que o adulto ficaria livre das características que apresentava quando criança. Entretanto as pesquisas mais recentes provam que o distúrbio tende a permanecer através da adolescência e continuar na idade adulta. As características do distúrbio vão revelando aparências diferentes de acordo com as diversas faixas de idade. 1.1. Características do TDA/H De acordo com Vidal (2006, p. 21) O aluno que possui este transtorno apresenta características como: bagunceiro, distraído, problemático, irresponsável, mal-educado. A lista de rótulos de uma criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é enorme. No primeiro, a desatenção. É aquela criança que está sempre “ voando”. Não se concentra, é facilmente distraída pelos estímulos externos ou por pensamentos. Não responde quando 16 chamada, esquece tarefas e a hora das refeições. O segundo é o da hiperatividade e impulsividade. Agitada, mexe mãos e pés, não consegue ficar sentada, fala demais, corre e escala sem noção de perigo, responde às perguntas antes de seu fim, tem dificuldade de aguardar sua vez nas brincadeiras e jogos, interrompe a fala dos outros. Há duas formas de manifestação do TDAH: apenas com os sintomas da desatenção ou tudo junto. Baixo rendimento escolar, alterações bruscas de humor, distração, impulsividade, instabilidade emocional. É um transtorno caracterizado pela hiperatividade da criança. Ela não consegue prestar atenção nas coisas e é inquieta (BOTTURA, 2006, p. 1). De acordo com Costa e Kanarek (citados por VIDAL, 2006, p. 21), as crianças hiperativas são, na maioria, incontroláveis e bagunceiras. O distúrbio, considerado um desvio comportamental, é mais comum nos meninos. Atinge cerca de 10% das crianças na educação infantil e, em metade delas, é transitório. Depois dessa fase, a incidência cai para 5%. Segundo Goldstein (1994), a característica essencial é a falta de persistência em atividades que requerem atenção. As crianças tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo e além de não acabarem nada, deixam tudo desorganizado. Este problema incide mais sobre os meninos do que sobre as meninas, sendo detectável em torno dos cinco anos de idade, ou antes, na maioria das vezes e apresentam três aspectos fundamentais, que são: • Desatenção: é caracterizada pela dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido, em atividades escolares, dificuldade de manter a atenção mesmo nos jogos ou brincadeiras. As crianças muitas vezes aparentam não escutar quando lhe dirigem a palavra, não seguir as instruções dadas e não terminarem as tarefas propostas; dificuldade em organizarem-se e esquiva às atividades que exigem concentração; 17 perda constante de materiais próprios por distraírem-se com facilidade perante estímulos alheios; • Hiperatividade: é o constante mexer-se na cadeira e balançar as mãos e pés; abandonar a cadeira, quando se esperava que permanecesse sentado; correr, escalar em demasia, apresentar dificuldade de envolver-se silenciosamente em situações ou brincadeiras e dificuldade de permanecer realizando atividades, mesmo que as da sua preferência, como as de lazer escolhidas por ele; dar a impressão de que está muito apressado. • Impulsividade: dar respostas precipitadamente, mesmo antes da pergunta ter sido completada, meter-se ou interromper as atividades dos outros e ter dificuldade de esperar a sua vez. Crianças com déficit de atenção e hiperatividade costumam ser impulsivas e propensas a si acidentarem. Não tomam cuidado consigo mesmas nem com os outros, são socialmente desinibas, sem reservas e despreocupadas, quanto às normas sociais. Podem ser impopulares com outras crianças e acabam isoladas, sem se importarem, aparentemente com isso. É o próprio Goldstein que realça esta caracterização, buscando inclusive reforço no senso comum: “para o senso comum a hiperatividade se manifesta a partir de quatro características de comportamento: a desatenção e distração, superexitação e atividade excessiva, impulsividade e frustração” (GOLDSTEIN, 1994, p. 23). O TDA/H – tipo hiperativo/ impulsivo – é entendido se a pessoa apresenta seis das seguintes características: • Inquietação, mexendo as mãos e pés ou se remexendo na cadeira. • Dificuldade em permanecer sentada. • Correr sem destino ou subir em coisas excessivamente ,(em adultos, há um sentimento subjetivo de inquietação). 18 • Dificuldades em engajar-se numa atividade, silenciosamente. • Falar excessivamente. • Responder à perguntas antes delas serrem formuladas. • Agir como se fosse movido a motor. • Dificuldade em esperar sua vez. • Interromper e se intrometer. Para Goldstein (1994), a hiperatividade se manifesta a partir de quatro características do comportamento: a desatenção, a atividade excessiva, a impulsividade e a frustração. Estes desvios do comportamento podem acarretar problemas em casa, na escola e no convívio social. O autor ainda aponta a hereditariedade como uma das prováveis causas da hiperatividade e afirma que de 3% a 5% entre todas as crianças; apresentam problemas desta natureza. Outra consideração de Goldstein (1994) associa a hiperatividade das crianças com problemas ligados ao parto. Isto pelo menos justifica para os pais, sobre causas de deficiências de seus filhos. Topczewski (1999) faz uma relação entre crianças hiperativas com o meio social, denunciando a não aceitação dos mesmos na sociedade. Ressalta que os hiperativos sofrem de memória de curto período, o que vem da baixa capacidade de atenção e concentração. Para Jones (2004), a criança hiperativa corre de um lado ara o outro, está constantemente pulando, mais do que as outras crianças da mesma idade, mas o adolescente e o adulto hiperativos irão exteriorizar a mesma hiperatividade de forma diferente, mais de acordo com suas respectivas idades. Porém segundo Jones (2004) existe ajuda e esperança. Uma variedade de medicamentos, terapias de mudança comportamental e opções educacionais já estão disponíveis para ajudar pessoas com TDA/H a focar sua atenção, construir uma auto-estima e funcionar de novas maneiras. 19 Hiperatividade, ou como na medicina “DDA” (desordem do déficit de atenção) é segundo Topezewski (1999), um desvio comportamental que se caracteriza pela excessiva mudança de atitudes e atividades com falta de concentração no objeto ou tarefa realizada. Para Tiba (2002), o diagnóstico do TDA/H é um processo de múltiplas facetas. diversos problemas biológicos e psicológicos podem contribuir para a manifestação de desvio no sistema nervoso central, que resultaria num mau funcionamento do mecanismo responsável pelo controle da capacidade de atenção e filtragem de estímulos externos. Pelos critérios norte americanos são necessários no mínimo seis sintomas para realização do diagnóstico, porém a organização mundial de saúde não especifica este número, uma vez que a intensidade de alguns é, às vezes, suficiente para demonstrar um transtorno na criança. Segundo Tiba (2002) a hiperatividade foi um distúrbio, por muito tempo, menosprezado e mal conduzido e ainda hoje diagnósticos apressados e equivocados têm contribuído para que as pessoas mal educadas continuem mal educadas pelo fato de serem consideradas doentes, o que facilita a aceitação de seu comportamento impróprio. Para o mesmo Tiba (2002), antes de os pais considerarem seus filhos como apenas mal educados ou por outro lado, doentes é necessário que consultem médicos com formação específica e recebam a orientação correta, base fundamental para a boa educação. Este diagnóstico é fundamental segundo Tiba (2002), uma vez que sintomas da hiperatividade e da má educação podem confundir o observador. Em ambas as situações, a criança se irrita por não conseguir esperar. A espera é um exercício, mas se são impulsivos, não se controlam. Estão sempre tentando fazer coisas. São agressivos – para eles é mais fácil liberar a agressão, um dos primeiros mecanismos de defesa do ser humano. Instáveis: ora estão bem, ora estão mal. O próprio Tiba (2002) faz uma relação de sintomas presentes em ambas situações: 20 Nas palavras de Drouet (2000, p. 130), a criança que sofre deTDAH, não consegue aprender por não conseguir se concentrar. Ele explica: A hiperatividade ou hipercinesia é uma outra característica marcante. A criança “não tem parada” . Quando sentada, faz movimentos desnecessários com os membros superiores e inferiores ou com os dedos: move o tronco, a cabeça, pisca os olhos, faz caretas, tamborila na mesa etc. Esta hiperatividade é acompanhada de murmuração constante ou canto monótono. Não consegue fixar as idéias, não concentra a atenção e sua produção intelectual, por esse motivo, é muito baixa. Para Vidal (2006), os problemas de aprendizagem que podem ocorrer tanto no início como durante o período escolar surgem em situações diferentes para cada aluno, o que requer uma investigação no campo em que eles se manifestam. Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do professor junto à supervisão escolar e à família da criança, para analisar situações e levantar características, visando descobrir o que está representando dificuldade ou empecilho para que o aluno aprenda. Acredita-se que com o auxílio de especialistas, dos professores e familiares esta criança terá altas chances de melhorar seu desempenho escolar e alcançar êxito nos seus relacionamentos o que facilitará sua vida social e também seus estudos. 21 CAPÍTULO II A EDUCAÇÃO FRENTE À HIPERATIVIDADE Para Jones (2004), a hiperatividade pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança. Os sintomas da hiperatividade devem ser compreendidos pelos educadores no sentido de diagnosticar as crianças que apresentam déficit de aprendizagem, em particular, a hiperatividade. Trata-se de entender essas crianças a partir de seus comportamentos, atitudes na sala de aula. Neste sentido, os estudos de Mattos (2003) também são relevantes ao apontar uma análise do comportamento da pessoa, da teoria do comportamento e do desenvolvimento. Para ele, a pessoa tipo desatento deve apresentar seis ou mais dos seguintes sinais, segundo a DSM: apresenta esquecimentos nas atividades rotineiras; freqüentemente perde objetos; distrai-se com facilidade; tem dificuldade em organizar–se; não gostam de tarefas que exigem esforço mental prolongado; parece não ouvir quando se fala com ela; tem dificuldade em manter atenção; não enxerga detalhes e faz erros por falta de cuidados; baixa auto-estima. Benczik (2000), Goldstein e Goldstein (2002), dentre outros estudos, indicam que o TDA/H não é secundário a fatores culturais, o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos. Esses estudos mostram que portadores de TDA têm alteração na região frontal e suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano e é responsável pela inibição do comportamento 22 pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. 2.1. A Psicologia da educação como pressuposto para o entendimento do comportamento do aluno hiperativo A Psicologia do Desenvolvimento procura estudar e compreender as mudanças comportamentais que ocorrem com o passar dos anos, com o crescimento do indivíduo. As abordagens mais recentes do crescimento humano consideramno um processo que se inicia na concepção e termina com a morte do indivíduo. Tal estudo compreende duas questões importantes: “O que o indivíduo faz em cada idade: Por que faz isso nessa idade:” Essas questões dizem respeito à maturidade. A maturidade é entendida em relação ao grupo de idade em que se encontra a pessoa. Dessa forma, o comportamento de uma pessoa é considerado maduro na medida em que for igual ao comportamento de grande parte das pessoas que têm a mesma idade. Segundo Mackinney (1986, p. 74), a maturidade compreende os níveis: • Intelectual – refere-se ao desenvolvimento da inteligência, ou seja, do conhecimento que a pessoa tem de si mesma e do mundo que a cerca. • Social – compreende a evolução da sociabilidade, na superação do egocentrismo infantil, ou seja, de egocêntrica, preocupada consigo mesma, a criança passa a abranger um número crescente de pessoas em suas relações; deixa de brincar apenas sozinha para brincar também com os outros; quanto mais cresce, mais aceita 23 os outros e torna-se aceita, desenvolvendo respeito mútuo e interessando-se por atividades sociais. • Emocional – está ligada aos sentimentos básicos de amor, ódio, medo, prazer, raiva, desprazer, afeição e outros. Com o desenvolvimento, a pessoa vai aprendendo a reconhecer suas emoções, a aceitá-las, a não deixar que elas prejudiquem as outras pessoas. Os estímulos que provocam as emoções são cada vez mais variados. Em relação ao trabalho escolar, a maturidade emocional abrange, principalmente, à vontade de aprender e a diminuição do dogmatismo. Mais importante do que controlar ou reprimir as emoções, é ajudar a criança a encontrar meios aceitáveis de manifestá-las. • Física – engloba o desenvolvimento das características físicas: estatura, peso, etc., bem como a aquisição de habilidades específicas. Mackinney (1986) ressalta que os tipos de maturidade são interdependentes e desenvolvem-se paralelamente. Essas mudanças comportamentais do ser humano ocorrem sob a influência de dois grupos de fatores: fatores internos e externos. Em relação ao trabalho escolar, a maturidade emocional abrange, principalmente, à vontade de aprender e a diminuição do dogmatismo. Mais importante do que controlar ou reprimir as emoções, é ajudar a criança a encontrar meios aceitáveis de manifestá-las. Na escola, a ênfase recai sobre a aprendizagem cognitiva; os professores se consideram bons profissionais, quando os alunos acumulam uma respeitável bagagem de conhecimentos, e os objetivos explicitados na sua maioria, abordam aspectos relativos à compreensão, análise, síntese, etc. Entretanto, o que se aprende na escola ultrapassa e muito, esta visão reducionista. A criança aprende o que ensinamos, aprende a ser como nós somos, aprende sozinha, quando certos 24 professores constituem um autêntico entrave à sua aprendizagem, e ainda aprende comportamentos que escapam ao escopo do ensino. Para Bittel (1992), o processo de aprendizagem é encarado de formas diversas pelos diferentes autores. Há os que focam sua atenção sobre o objetivo, outros sobre a motivação, sobre a resposta do aprendiz ou algum outro aspecto. Tentando uma abordagem bastante ampla, pode-se dizer que há uma etapa anterior A aprendizagem, na qual o individuo se prepara para aprender; uma etapa durante a aprendizagem, quando um comportamento é adquirido ou modificado, e uma terceira etapa, após a instalação da aprendizagem, quando o que foi aprendido se toma disponível para posterior utilização pelo organismo. A etapa anterior à aprendizagem supõe a aquisição de uma série de condições indispensáveis a que a aprendizagem ocorra. Esses conjunto de condições constitui o que do ponto de vista didático, é denominado prontidão. Anteriormente, já se disse que aprender é adquirir um novo comportamento, retê-lo e usá-lo em outras situações. São, pois, etapas da aprendizagem: o estado de preparo ou prontidão do aprendiz, a aquisição ou aprendizagem propriamente dita, a permanência ou retenção da aprendizagem e a transferência da aprendizagem. Wallon (1975) ressalta que muitas crianças são identificadas como portadoras de problemas de aprendizagem quando não realizam o que se espera de uma programação de ensino. Na verdade, quando o ato de aprender se apresenta como problemático, é preciso uma avaliação mais abrangente e minuciosa. O professor não pode se esquecer que o aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos aos quais ele deve estar sempre atento, até para evitar que seus próprios valores não o impeçam de auxiliar a criança em seu processo de aprender. A aprendizagem exige da criança intensa atividade que envolve toda a sua personalidade, bem como certo nível de desenvolvimento. Para Coll (1992), os fatores fundamentais no processo de aprendizagem são: o emocional, o intelectual, o psicomotor, o físico e o social. O emocional é o mais 25 importante e dele depende todo o processo educativo. Neste contexto é possível encontrar crianças apáticas, violentas, agressivas, hiperativas ou outros sintomas de ordem muitas vezes emocional. A consideração desses fatores sugere a necessidade de uma intervenção educativa capaz de minimizar ou até mesmo prevenir os problemas e as dificuldades apresentadas pelos alunos. Assim, fazendo-se valer o entusiasmo pela vida escolar, o aluno se sentirá adaptado, sobretudo nos seguintes aspectos: ajustamento da ação no tempo escolar, dimensão sócio-afetiva e dimensão cognitiva. Mattos (2003) acredita que o comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar adequadamente os símbolos e idéias que surgem, estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. Também pode estar relacionado a paralisia cerebral, intoxicação por chumbo, abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o nascimento. Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento antes de tratar a hiperatividade da criança. O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. Para Goldstein (1994) defende que as crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas 26 sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais. Para a criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo - muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrarse e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada. A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa. A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima. Diante deste quadro, acredita-se que o supervisor escolar possa contribuir para detectar e trabalhar com a hiperatividade na escola. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente - e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa - é importante um diagnóstico preciso. Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração. É preciso muita paciência - e vigor - para amar e apoiar a criança hiperativa em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa estão sempre preocupados e atentos, sempre "em alerta". Conseqüentemente, é fácil sentirem-se cansados, abatidos e frustrados, às vezes. É de importância vital para os pais da criança hiperativa serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado, além de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho. 27 Para Goldstein (1994) uma criança pode ser portadora de Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH). Trata-se de um dos transtornos mentais mais freqüentes nas crianças em idade escolar, atingindo 3 a 5% delas. Apesar disto, o TDAH continua sendo um dos transtornos menos conhecidos por profissionais da área da educação e mesmo entre os profissionais de saúde. Há ainda muita desinformação sobre esse problema. O desconhecimento desse quadro freqüentemente acaba levando à demora no diagnóstico e no tratamento dos portadores do TDAH, os quais acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua situação pode ser (facilmente) tratada. Na realidade, determinar qual o nível de atividade normal de uma criança é um assunto polêmico. A maioria dos pais tem certa expectativa em relação ao comportamento de seus filhos e, normalmente, esta expectativa inclui certo grau agitação, bagunça e desobediência, características que são aceitas como indicativos de saúde e vivacidade infantil. Vidal (20060 esclarece que confundida muitas vezes com má educação, a hiperatividade é uma doença que atinge a 5% da população infantil do mundo, causando danos ao aprendizado escolar, à relação social e ao convívio familiar. As principais características do mal podem ser observadas em crianças inquietas, muito falantes, troca de palavras ao falar ou escrever, agressividade, tendência à depressão e à ansiedade. A não-detecção da doença pode causar sérios problemas à criança, como repetência, mudança constante de escola e, ainda, na adolescência, envolvimento com drogas. Para Weiss (1999), a educação deve levar em conta a natureza própria do indivíduo, encontrando esteios nas leis da constituição psicológica do indivíduo e seu desenvolvimento. A relação entre os indivíduos a educar e as características destes torna-se recíproca. Pretende que a criança aproxime do adulto não mais recebendo as regras de boa ação, mas conquistando-as com seu esforço e suas experiências pessoais, em troca a sociedade espera das novas gerações mais do que uma imitação; espera um enriquecimento Sendo 28 convincente para os educadores as palavras de Piaget, não haverá o que acrescentar para assegurar o valor da contribuição da Sociologia, Psicologia, Filosofia e Biologia para a Educação. Jones (2004) tem sua relevância para esta pesquisa, visto que reconhece a que é importante que o professor, com a contribuição do supervisor escolar, saiba quem é quem, ou seja, que tenha claramente identificados os alunos simplesmente desatentos, distraídos, com falta de limites e aqueles com o transtorno neuropsiquiátrico conhecido como TDAH. No primeiro caso, o professor deverá procurar entender o que está se passando com a criança: seu comportamento pode ser um pedido de ajuda, uma forma de revolta ou uma manifestação de falta de limites. É importante para a criança compreender a causa de suas atitudes (suas atitudes é que são erradas e inadequadas, não ela mesma). "Eleições" para algumas atividades especiais na sala de aula e na escola podem mostrar aos alunos que aceitar limites pode ter recompensas interessantes. Wallon (1975) ressalta que a Psicologia tem como objeto o comportamento humano. Para estudá-lo, ela faz recortes, que constituem suas sub-áreas: ao individuo que aprende corresponde a Psicologia de Aprendizagem, ao indivíduo que se desenvolve corresponde a Psicologia do Desenvolvimento, ao individuo que se relaciona no grupo, a Psicologia Social, ao indivíduo que se Constitui como individualidade, a Psicologia da Personalidade, e assim por diante. Em cada sub-área surgem, evidentemente, várias teorias. Do ponto de vista psicológico, os determinantes mais significativos no campo educacional, estão relacionados as diferenças de personalidade, quer no aspecto de diferenças de inteligência, quer nas diferenças estruturais de própria personalidade. Caso o professor deseje ser um educador e não apenas um instrutor, sua tarefa se centralizará no aluno e para tal, é indispensável o seu conhecimento. De maneira geral, as contribuições da escola no desenvolvimento da personalidade podem ser sintetizadas da seguinte maneira: 29 - atividades de grupo dão aos alunos a oportunidade de contribuir e de se sentirem aprovados; - o sociograma pode auxiliar o professor a colocar um aluno junto aquele de quem gosta, dando-lhe apoio emocional; - o professor pode diminuir a competição; - unidades de programas voltadas para problemas de relações sociais ajudam os alunos inibidos e inexperientes a saber como prosseguir; - como lidar com as diferenças individuais; - permitir que o aluno discuta suas hipóteses e orientá-lo para a escolha de soluções que levem ao desenvolvimento harmonioso de sua personalidade. Pain (1999) acredita que é preciso lembrar, no entanto, que a aprendizagem é um processo que ocorre no aluno, é um processo pessoal, logo, se não conhecemos este aluno e a maneira como este processo se desenvolve, não pode haver ensino eficiente, com economia de tempo e esforço e elevação na produtividade. Daí o fato de se enfatizar o “como se aprende” o “onde se passa esta aprendizagem”. Os produtos da aprendizagem serão conseqüência e não causa do ensino. Há necessidade do professor conhecer o seu aluno como um todo, para que a aprendizagem valorize o aluno como centro de ensino. As situações de classe são extremamente complexas e é tarefa do psicólogo analisá-las e tratar de compreender não só os princípios de aprendizagem, mas as motivações que as determinam. Seria interessante que o professor levasse o aluno a perceber que ele próprio é um estimulo. .‘ Pain (1999) afirma que só aprendo quando alguém primeiro me olha, reconhece-me como sujeito desejante e depois se volta para o conhecimento. Quando o professor dirigir o seu olhar para o conhecimento, o olhar de quem vai aprender também se volta para lá. O primeiro passo para que alguém aprenda é que ele seja reconhecido por um outro, do ponto de vista da 30 identidade pessoal e da possibilidade de interação cognitiva. Esses dois, quem aprende e quem ensina, visam a explicar a realidade, explicar para transformála. Mas a realidade não é atingida diretamente pelo aluno com o professor. Entre eles, há sistemas de valores, uma cultura, uma rede de significados. O professor e o aluno só vão abordar da realidade aquilo que é considerado como valor; esse sistema de valores é que determina a ciência. Além disso, o trânsito entre o sujeito epistêmico desejante e a realidade se faz através da linguagem. A linguagem éo veículo da aprendizagem. A linguagem, tanto das palavras, quanto a linguagem de percepção e a linguagem dos movimentos. As relações entre a Psicologia e a Educação, não são relações de uma ciência normativa e de uma ciência ou de uma arte aplicadas. Isto é, não cabe à Psicologia normatizar a ação pedagógica e nem é a ação pedagógica uma aplicação da Psicologia. A Psicologia deve, antes, compreender as condições e motivos que constituem a conduta do indivíduo na instituição escolar em sua especificidade. Para conhecer a criança, Wallon (1975, p. 20) ressalta que é “indispensável observála nos seus diferentes campos e nos diferentes exercícios de sua atividade quotidiana ... e na escola em particular”. Continua Wallon (1975, p. 48), “muitas das inaptidões dos alunos se devem a uma ruptura na cadeia dos significados, cabendo ao professor identificar quais as categorias de pensamento que faltam à criança e encaminhar sua ação no sentido de criá-las”. 31 CAPÍTULO III A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS HIPERATIVAS 3.1. O controle de TDAH De acordo com Bezerra (2008), a criança é muito ativa, inquieta, tem dificuldade de ficar sentada na sala de aula, ou numa missa. Quando é forçada a ficar sentada, como acontece na escola, se revirando na cadeira o tempo todo, ou então adormece. Crianças pequenas não andam, vivem correndo, sobem nas cadeiras e nos móveis da casa. As mães nos contam que quando aprenderam a andar elas já começaram a correr, e não andaram mais. Dão cansaço nas babás e nos pais, pois parece que sua energia é inesgotável. São elétricas vivem a mil como afirma Cabral; Algumas continuam com essa inquietação até mesmo durante o sono, pois quase todos os dias o travesseiro e as cobertas amanhecem no chão. Outras parecem que apagam subitamente, “é como se tivessem morrido”, tão profundo é o sono. Não raro, demoram a pegar no sono, porque a pilha não se esgota cedo, e também por vezes demoram a despertar pela manhã, indo para a escola sonolentas e permanecendo assim nas primeiras aulas.(2003, p. 54). 32 Bezerra (2008, p. 14) esclarece que: A criança fala muito, muitas vezes não sabe falar em tom de voz baixo, é barulhenta, e a ponto de perturbar a classe e ser frequentemente advertida pelas professoras. Mas, incompreensivelmente, não se corrige, apesar de ser até carinhosa e demonstrar arrependimento pelo mau comportamento. Essa é uma causa freqüente de frustração e desespero para os professores que, no íntimo, consideram-se falhando como educadores, ou então buscam nas dificuldades emocionais dos pais a explicação para esse comportamento tão difícil de ser modificado. O autor ora mencionado mostra ainda que dificilmente consegue brincar sossegadamente. Suas brincadeiras preferidas envolvem movimento, atividade. Segundo Silva (2003), uma vez que ainda não existe cura para o TDA/H, o tratamento deve servir para melhoria das habilidades individuais para enfrentálo. Para ter sucesso com este tratamento deve haver uma combinação de especialistas de diversas áreas, porque enquanto um médico prescreve e acompanha os resultados de medicamentos, um profissional da saúde mental providencia acompanhamento ou suporte para o indivíduo, ensinando estratégias compensatórias e individualizadas para o lar e escola, proporcionando informações e treinamentos no controle comportamental. O educador ajuda remediar problemas escolares e retorna aos médicos e familiares informações sobre a eficácia da medicação. Neste sentido, observações e diagnósticos realizados pela supervisão escolar, junto ao professor, podem detectar a hiperatividade e encaminhar não só o processo pedagógico dessa criança, mas seu tratamento clínico e acompanhamento familiar. Goldstein (1994) afirma ainda, que a hiperatividade das crianças se transforma em um enorme desafio para seus educadores, uma vez que é um problema 33 persistente e deve ser administrado dia-a-dia no ambiente familiar e na escola, embora crianças e adolescentes hiperativos serem freqüentemente considerados como desagradáveis. Sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade que caracterizam o Transtorno do Déficit da Atenção, acompanhados ou não da hiperatividade, devem ser avaliados em relação à idade cronológica da criança, pois o que pode ser considerado normal aos três anos passa a ser excessivo aos oito. Importante ainda é considerar-se que déficit de atenção tem uma manifestação continuada, pois uma criança pode manifestar comportamentos inadequados, dentro das características conhecidas, somente em casa ou somente na escola, o que possivelmente, serão respostas a estímulos destes ambientes e não um transtorno ou desvio do seu comportamento. Segundo Goldstein (1994), a característica essencial da criança hiperativa é a falta de persistência em atividades que requerem atenção. As crianças tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo e além de não acabarem nada, deixam tudo desorganizado. Este problema incide mais sobre os meninos do que sobre as meninas, sendo detectável em torno dos cinco anos de idade, ou antes, na maioria das vezes e apresentam três aspectos fundamentais, que são: • Desatenção: é caracterizada pela dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido, em atividades escolares, dificuldade de manter a atenção mesmo nos jogos ou brincadeiras. As crianças muitas vezes aparentam não escutar quando lhe dirigem a palavra, não seguir as instruções dadas e não terminarem as tarefas propostas; dificuldade em organizarem-se e esquiva às atividades que exigem concentração; perda constante de materiais próprios por distraírem-se com facilidade perante estímulos alheios; • Hiperatividade: é o constante mexer-se na cadeira e balançar as mãos e pés ; abandonar a cadeira, quando se esperava que permanecesse sentado; correr, escalar em demasia, apresentar dificuldade de 34 envolver-se silenciosamente em situações ou brincadeiras e dificuldade de permanecer realizando atividades, mesmo que as da sua preferência, como as de lazer escolhidas por ele; dar a impressão de que está muito apressado. • Impulsividade: dar respostas precipitadamente, mesmo antes da pergunta ter sido completada, meter-se ou interromper as atividades dos outros e ter dificuldade de esperar a sua vez. Crianças com déficit de atenção e hiperatividade costumam ser impulsivas e propensas a si acidentarem. Não tomam cuidado consigo mesmas nem com os outros, são socialmente desinibas, sem reservas e despreocupadas, quanto às normas sociais. Podem ser impopulares com outras crianças e acabam isoladas, sem se importarem, aparentemente com isso. É o próprio Goldstein que realça esta caracterização, buscando inclusive reforço no senso comum: “para o senso comum a hiperatividade se manifesta a partir de quatro características de comportamento: a desatenção e distração, superexitação e atividade excessiva, impulsividade e frustração” (GOLDSTEIN, 1994, p. 23). Para Benczich, (2000) essas crianças são identificadas como desobedientes, preguiçosas, mal educadas, inconvenientes, que não conseguem adaptar ao meio em que vivem, nem corresponder às expectativas dos adultos. Têm níveis de atenção impróprios para a idade, são impulsivas, com dificuldades para seguir regras e normas. São crianças com pobre desempenho escolar, dificuldades sociais, baixa tolerância e frustração. A auto-estima geralmente é baixa. Pelo Manual Diagnóstico, atualmente quatro subtipos de TDA/H foram classificados. 1 – TDA/H – tipo desatento– a pessoa apresenta pelo menos, seis das seguintes características: • Não enxerga detalhes ou erra por falta de cuidado. 35 • Tem dificuldade em manter a atenção. • Parece não ouvir. • Tem dificuldade em seguir instruções. • Tem dificuldade em organização. • Evita / não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado. • Freqüentemente perde os objetos necessários para uma atividade. • Distrai-se com facilidade. • Esquece facilmente das ativadades diárias.. 2 – TDA/H – tipo hiperativo/ impulsivo – é entendido se a pessoa apresenta seis das seguintes características: • Inquietação, mexendo as mãos e pés ou se remexendo na cadeira. • Dificuldade em permanecer sentada. • Correr sem destino ou subir em coisas excessivamente ,(em adultos, há um sentimento subjetivo de inquietação). • Dificuldades em engajar-se numa atividade, silenciosamente. • Falar excessivamente. • Responder à perguntas antes delas serrem formuladas. • Agir como se fosse movido a motor. • Dificuldade em esperar sua vez. • Interromper e se intrometer.. 3 – TDA/H – tipo combinado – é caracterizado pela pessoa que apresenta os dois conjuntos de critérios dos tipos desatento e hiperativo / impulsivo. 36 4 – TDA/H – tipo não específico; a pessoa apresenta algumas características, mas em número insuficiente de sintomas para chegar a um diagnóstico completo. Esses sintomas, no entanto, desequilibram a sua vida diária. 3.2. O trabalho pedagógico com crianças hiperativas “Sendo educar a adaptação da criança ao meio social adulto, isto é, transformar a constituição Psicobiológica do indivíduo em função do conjunto de realidades coletivas ás quais a consciência comum atribui algum valor”. (JPIAGET, 1990) De acordo com Bittel (1992) o Supervisor Escolar deve realizar um trabalho principalmente com o professor que lida com crianças hiperativas, no sentido de desenvolver atividades de planejamento, organização, coordenação e controle, aperfeiçoamento de pessoal e avaliação, estabelece linha de ação. Além disto, deve ter autonomia construída através do conhecimento teórico, do senso crítico, do diálogo e da construção de seu ponto de vista. Assim é importante o desafio de construir e desconstruir conceitos junto aos professores; superar o formalismo; buscar um clima de respeito e liberdade; diálogo verdadeiro, autêntico; domínio dos saberes disciplinares. Supervisão Escolar é o processo que tem por objetivo prestar ajuda técnica no planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades educacionais em nível de sistema ou unidade escolar, tendo em vista o resultado das ações pedagógicas, o melhor desempenho e o aprimoramento permanente do pessoal envolvido na situação ensino-aprendizagem (PRZBYLSKI, 1988, p. 68) 37 De acordo com Silva júnior (1984), supervisão significa controle. Supervisão Escolar significa, pois, controle de vida escolar. Controle das atividades das organizações escolares e controle, principalmente, das ações praticadas pelos membros dessas organizações, em especial, os professores.) Considerando que a “supervisão é (...) um trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização no desenvolvimento do processo ensino- aprendizagem”(SILVA JÚNIOR e RANGEL, 1997, p. 38), este profissional deve orientar o trabalho dos professores que lidam com crianças hiperativas. Para Aguiar (1991) no centro de todo e qualquer processo cuja finalidade é conduzir, é sistematizar, é estabelecer mecanismo operacional de estimulo e controle de rendimento, em qualquer campo ou área do empreendimento educacional, está localizada a idéia do planejamento, sendo uma conquista do avanço técnico, ele assumiu diferentes performances, em conseqüência mesmo da peculiaridade de suas diferentes aplicações. Segundo Aguiar (1991) o planejamento, entretanto, não deve ser confundido com qualquer forma ou tipo de operação abstrata. Para que ele se efetive se torna indispensável certas condições básicas que se conjugam num vasto movimento de pré-requisitos, nos propósitos e desse quadro é que se articulem as etapas do trabalho coordenador: de tal modo que, essas etapas, possam ser vistas - e aqui restaura-se um equacionamento perfeitamente satisfatório como um esboço que dá estabilidade e forma geral ao plano em construção, mas que permite a liberdade e a elasticidade na ordem e nos detalhes das atividades relativas ao ensino-aprendizagem e tarefas especificas e básicas na Supervisão. Planejar, organizar e instrumentar, selecionar, manipular pessoal, orientar coordenar, relatar, informar, conferir em função do financiamento, são termos de uma mesma constelação funcional. Todo levantamento deve iniciarse pelo levantamento de variáveis. Análise de situação (diagnóstico), seleção de objetivos (prognóstico) análise de recursos (humanos, materiais, financeiros), previsão de obstáculos (geográficos, econômicos, sociais, 38 políticos, culturais), cronograma. modos operacionais. avaliação (antes, durante, final), são termos dessa coleta de dados imprescindível à programação Segundo Aguiar (1991), em principio, que a Supervisão tem como objetivos: o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem necessitando de uma agência ou agente para dar direção ao processo dinâmico de atuação de metodologia adequada; inserção no contexto cultural da sociedade, comunidade ou escola em que atua; embasamento de experiências como Filosofia, Sociologia, Psicologia Educacional e Social, Antropologia, Economia e Estatística; coordenação de todo o processo ensino-aprendizagem desenvolvendo uma linha de ação coerente com o planejamento, implicando num balanço operacional, sujeito a avaliação constante, capaz de conduzir a reformulações. Para Bittel (1992), a posição da Supervisão situa-se indiretamente ligada ao aluno e, diretamente, à instituição. A ação direta de supervisionar recai sobre o professor. A Supervisão visa, na realidade, ao aluno, mas o efeito sobre ele é indireto porque se verifica através do trabalho do professor. Claro que quanto melhor o trabalho deste, melhor rendimento do aluno, em termos de aprendizagem mais duradoura e dotada de significado. As implicações do trabalho de Supervisão objetivando a melhoria do processo ensino-aprendizagem funcionam como as de um elemento coordenador das atividades pedagógicas aproximando pessoas e setores no sentido de um trabalho cooperativo, baseado em objetivos comuns promovendo o aperfeiçoamento pessoal e grupal visando ao crescimento e à reformulação de todo o processo. O processo de Supervisão é complexo e pode ser expresso pela enumeração de alguns dos muitos aspectos que ele pode e deve assumir, em ação: • Assistência, suprindo as deficiências técnico-docentes observadas na atuação do professor. • Recursos, possibilitando a interpretação dos anseios e necessidades do 39 ambiente. • Estimulo permitindo a melhoria das relações entre todos os elementos humanos envolvidos no processo educativo. • Aconselhamento, utilizando maior conhecimento de métodos e recursos didáticos básicos à eficiência da ação escolar. • Apoio, analisando e solucionando, cooperativamente, possíveis dificuldades oriundas de cada situação específica. • Assessoramento, relacionando as cúpulas técnico-administrativas com as bases operacionais. • Co-participação vivenciando a consciência de uma ação única, visando a objetivos comuns. Por outro lado ela envolve três tipos de ação, segundo Aguiar (1991): a) Filosófica: quando orienta a finalidade da educação, determinando concepções básicas de pessoa humana, bem comum e processo educativo (ação educativa comum de todos na instituição de ensino). b) Política: quando compatibiliza a finalidade da Educação com os verdadeiros interesses nacionais, atendendo a uma especifica concepção de Estado (ação de esclarecimento, sob o ponto de vista legal do sistema do ensino). c) Pedagógica: quando equaciona através de métodos e processos adequados dentro das coordenadas filosóficas de uma determinada política educacional, todos os problemas práticos de agir educativo: a quem ensina, como ensinar, quem vai ensinar (adequação à realidade do ensino). A atuação da Supervisão Central, Intermediária e Escolar, não deve prescindir dos tens discriminados no decorrer desta guia de Estado, por outro lado, devem ser consideradas as variáveis representadas pela: aceitação do professorado. a necessária qualificação do Supervisor e a deficiência de recursos face aos modelos apresentados, entendendo-se modelos 40 apresentados como formas determinadas de certa atuação destinada a conseguir mudança numa determinada realidade. A função da supervisora no campo educacional, sobretudo na orientação dos professores que lidam com crianças hiperativas, não pode, como afirma Aguiar (1991) se ater apenas às suas formas aparentes, como se manifesta, mas é preciso situá-la em sua essência, ou seja, no processo de sua produção e nas conexões com a totalidade” (p.33) A função supervisora, originada no interior do processo produtivo, como conseqüência das transformações tecnológicas e sociais do modo de produção capitalista, assume características de coordenação e direção do trabalho, ou seja, atua como elemento mediador. Essa mediação, representada pela Supervisão na Educação como prática social poderá como salienta Silva Júnior (1984) ter uma tarefa relevante a cumprir: organizar os educadores para uma intervenção transformadora nessa prática” (p.121) Há inúmeros obstáculos a superar, como o centralismo, burocratização e autoritarismo. Entretanto, apesar dos problemas, configura-se a aproximação pessoal e profissional entre supervisores e professores, como afirma Silva Júnior (1984, p. 124). Organizar a vontade coletiva constituirá a afirmação final do supervisor como educador e como especialista. Nas condições atuais o supervisor necessita ainda da investidura formal em sua função, necessita de credibilidade e do reconhecimento que o concurso público pode lhe proporcionar. Para Coll (1992), a supervisão pedagógica busca meios de auxiliar esse professor a tornar sua tarefa menos árdua, contribuindo significativamente para o sucesso da escola. 41 • dimensão atitudinal considera: a) categorias de análise (criticidade, totalidade, historicidade); b) sensibilização e confiança (capacidade de estar aberta, perceber o outro); • dimensão procedimental, considera: a) categorias de intervenção (métodos, técnicas, procedimentos e habilidades), além da continuidade – ruptura (partir do sujeito-grupo/ superação entendo o que se passa com o professor); • Diálogo problematizador o supervisor estabelece uma interlocução privilegiada para o professor; • Siginficação- ajuda o professor a construir um sentido para o seu trabalho, ajudando também o aluno a elaborar um sentido para o estudo. Para Aguiar (1991), nesta significação, o supervisor pedagógico procura desencadear ações e sustentar um processo de mudança, devendo ter valores éticos, visão do processo (a fim de alimentar a tensão entre o desejável e a realizável), ter clareza e empenho na avaliação do trabalho da escola, ser participativo sem ter autoritarismo. As novas diretrizes da política de educação ao apontarem para a necessidade de reorganização das atividades dos profissionais não docentes, que atuam na escola estadual, fundam-se na convicção de que cabe a eles como pessoas, cidadãos e profissionais assumirem a liderança do processo de construção de uma nova escola pública capaz de conceber e desenvolver o seu próprio projeto pedagógico. Espera-se que o Pedagogo seja um articulador das atividades dos diversos profissionais. O pedagogo/Supervisor escolar deve ampliar seu círculo de atuação, com oportunidades de aprimorar seus conhecimentos e habilidades técnicas, comprometido com objetivos de âmbito social, cultural e pedagógico. Para Davis, (2002), as atuações do pedagogo/supervisor pedagógico e do pedagogo/orientador educacional, marcas pela divisão de campos de atuação 42 – um ligado às atividades do professor e outro ao trabalho com o aluno, determinam a perda da unidade de ação educativa. Porém, hoje, o que se tem ainda é uma forma de organização, onde o ato de planejar se encontra desvinculado do ato de produzir o objeto, enfatizando um ensino teórico, desligada da prática social dos alunos. Ensino esse, que leva à evasão e à repetência escolar dentro das classes dominantes, por não haver transformação social. Davis, (2002) ressalta que se faz necessário é a busca de uma nova “prática pedagógica que venha subsidiar os projetos de reconstrução e renovação da escola.” Para tanto, esta prática deve ser organizada em torno de novos fins e novos objetivos, de novos conteúdos de ensino, e de uma nova relação pedagógica, emergentes na sociedade pós-moderna. A definição dos objetivos e dos fins da ação pedagógica deve ser capaz de elaborar um processo ensino-aprendizagem que dê prioridade à maioria da população, ou seja, a classe dominada que muito almeja a transformação da sociedade. Outro aspecto importante, trata-se da seleção dos conteúdos de ensino, que deve ser direcionada de forma política-técnico e pedagógica, capaz de atender às reais necessidades dos alunos enquanto sujeito sociais. Esta mudança pedagógica requer, sem dúvida, um novo tratamento metodológico, ou seja, novas técnicas e novas formas de ensinar, o que irá acompanhar a ação educativa. A relação pedagógica na ação educativa também deve ser um eixo de transformação acabando com a imposição de conhecimentos determinados, redimensionando-os para a compreensão da realidade e para a produção de novos conhecimentos. Esses meio irão proporcionar transformações emergentes na escola e, sobretudo, na formação do aluno enquanto ser social com direito à verdadeira cidadania. A relação do pedagogo dentre algumas de suas atribuições profissionais é a de interagir na ação educativa como eixo de transformação, deixando de “lado” o conhecimento pressuposto, dando redimensionamento para os problemas 43 vividos pela escola, sobretudo no que se refere ao processo de ensinoaprendizagem. No contexto ora apresentado, muitas crianças são identificadas como portadoras de problemas de aprendizagem quando na verdade são hiperativas. Quando o ato de aprender se apresenta como problemático, é preciso uma avaliação mais abrangente e minuciosa. O professor não pode se esquecer que o aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos aos quais ele deve estar sempre atento, até para evitar que seus próprios valores não o impeçam de auxiliar a criança em seu processo de aprender. A aprendizagem exige da criança intensa atividade que envolve toda a sua personalidade, bem como certo nível de desenvolvimento. Os fatores fundamentais no processo de aprendizagem que devem ser considerados pela escola são: o emocional, o intelectual, o psicomotor, o físico e o social. O emocional é o mais importante e dele depende todo o processo educativo. Neste contexto é possível encontrar crianças apáticas, violentas, agressivas, hiperativas ou outros sintomas de ordem muitas vezes emocional. A consideração desses fatores sugere a necessidade de uma intervenção educativa capaz de minimizar ou até mesmo prevenir os problemas e as dificuldades apresentadas pelos alunos. Assim, fazendo-se valer o entusiasmo pela vida escolar, o aluno se sentirá adaptado, sobretudo nos seguintes aspectos: ajustamento da ação no tempo escolar, dimensão sócio-afetiva e dimensão cognitiva. A aprendizagem muitas vezes encontra barreiras por problemas inerentes ao processo pedagógico em si. Ela envolve diversos outros fatores que comprometem o desenvolvimento da criança na escola. Dentre eles, está a hiperatividade, que deve ser considerada como relevante neste contexto. Para Jones (2004), os fatores fundamentais no processo de aprendizagem são: o emocional, o intelectual, o psicomotor, o físico e o social. O emocional é o mais importante e dele depende todo o processo educativo. Neste contexto é possível encontrar crianças apáticas, violentas, agressivas, hiperativas ou outros sintomas de ordem muitas vezes emocional. A consideração desses 44 fatores sugere a necessidade de uma intervenção educativa capaz de minimizar ou até mesmo prevenir os problemas e as dificuldades apresentadas pelos alunos. Assim, fazendo-se valer o entusiasmo pela vida escolar, o aluno se sentirá adaptado, sobretudo nos seguintes aspectos: ajustamento da ação no tempo escolar, dimensão sócio-afetiva e dimensão cognitiva. O supervisor escolar deve entender que o comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Jones (2004) ressalta que para a criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo - muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada. Jones (2004) defende que a criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa. Essas crianças muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na 45 escola, ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima. Segundo Andrade (2000) a atividade escolar exige que a criança seja mais do que, em qualquer outro momento, observada e tenha seus comportamentos analisados, uma vez que o trabalho educativo requer respostas constantes do educando, para através delas, o professor, dar continuidade a seu planejamento ou replanejar, de acordo com as necessidades e possibilidades do mesmo. É neste momento, que do aluno é solicitado comportamentos como disciplina e atenção e em razão disto, dificuldades e transtornos passam a serem vistos por educadores e pais. De acordo com a autora citada esta observação é fundamental para acompanhamento do aluno e compreensão de suas características e dificuldades: A hiperatividade só fica evidente no período escolar, quando é preciso aumentar o nível de concentração para aprender. O diagnóstico clínico, deve ser feito com base no histórico da criança. Por isso, a observação de pais e professores é fundamental (ANDRADE, 2000, p. 34). Ainda segundo a autora, a inteligência de pessoas hiperativas não é comprometida pelo transtorno, mas a impulsividade e a falta de atenção tornam-se empecilhos ao desenvolvimento das tarefas escolares e efetivação da aprendizagem. Segundo Topczewski (1999) o convívio social é relevante na educação de qualquer criança não sendo diferente quando a mesma tem TDA/H. Neste caso, ao professor cabe observar sinais como agitação e dificuldade de assimilação, levantar indagação como no intervalo das aulas caso criança venha se meter se meter em brigas ou brincar quase sempre sozinha, tenta chamar a atenção ou se comporta como se fosse alienada. 46 A escola não deve julgar as crianças hiperativas como rebeldes. Por sofrerem de uma doença que provoca dificuldades de concentração, não se dão conta das ordens que recebem. Não cabe ao professor ou à escola fazer o diagnóstico, mas é possível observar o aluno e conservar com os pais para que um especialista seja procurado. “Feito o diagnóstico e constatado a hiperatividade do aluno, a escola deve manter-se em contato com a família para se informar, se o tratamento vem acontecendo normalmente se no paciente hiperativo é notada uma marcante melhora de seu rendimento escolar” (ANDRADE, 2000, p, 42). Outra dificuldade pode ser a freqüência às aulas uma vez que se estes alunos que não conseguem nem mesmo participar da vida familiar acabam na escola, sendo colocado em posições secundárias, o que gera conflitos internos e a sensação de insatisfação, infelicidade e conscientizam-se de maneira concreta de sua incapacidade global. Este conflito interno gera depressão, que se caracteriza por uma sensação de desesperança e certa tendência a desistir dos objetivos futuros pertinentes, pois a visão negativa de si mesmo leva a baixa auto-estima, e a uma visão de futuro desfavorável. Rizzo (1985) vê que o aprendizado insatisfatório dos hiperativos é evidente já que seus comportamentos acarretam a dispersão durante as atividades escolares. Salienta a dificuldade para aprendizagem da leitura de forma especial. Esta dificuldade gera um grau de desinteresse e mesmo o desprezo para a leitura e para as outras atividades escolares, que culmina com o comprometimento importante do desempenho e do rendimento escolar. Muitas abandonam a escola e se dedicam mais tarde ao trabalho, que na maior parte das vezes, é pouco qualificado. A mesma autora sugere: Proporcionar atividades variadas que ocupem a criança o maior período de tempo possível, dando a ela a liberdade de escolha e de movimentos, pode auxiliar uma melhor conduta no trato com o hiperativo. Somente o trabalho 47 livre e diversificado pode favorecer esse tipo de criança que também se mostra satisfeita na incumbência de realizar tarefas auxiliando o professor. (RIZZO, 1985, p. 307). Este trabalho diversificado irá atender também a hiperativos que conseguem aprender, mas segundo Topczewski, 1999 são prejudicados e prejudicam o ambiente escolar favorável. Verifica-se que a hiperatividade interfere, sobremaneira, na vida escolar desses alunos, pois apresentam sintomas de TDA/H, o que de acordo com Mattos (2003) têm grande probabilidade de repetência, abandono escolar, atraso acadêmico e dificuldades de ajustamento social e emocional, a não ser que recebam tratamento apropriado e adequado. Esta é a provável causa do TDA/H tornar as crianças vulneráveis a falhas nas duas mais importantes áreas do desenvolvimento: desempenho escolar e relações sociais. Estes alunos demonstram ainda certa incapacidade de aprender, comprometendo o desempenho na escola pela impulsividade. Se não tratados podem ficar com a baixa auto-estima e pobre ajustamento social. Assim sendo, devem ser cuidadosamente diagnosticadas e encaminhadas a atendimento especializado. Neste contexto, o supervisor escolar deve conhecer bastante sobre ajustamento humano para avaliar os problemas da classe como grupo e auxiliar os indivíduos no grupo a fazer um ajustamento social, pessoal e adequado. De acordo com Weiss (1999), compreender os alunos e seus problemas resulta do conhecimento dos seguintes fatores: o potencial hereditário e seu desenvolvimento nas primeiras idades, motivação em geral, motivação relativa das necessidades especiais dos indivíduos na classe, como ocorre a aprendizagem e quais são as condições para uma melhor aprendizagem; inteligência, personalidade; emoções; interesses, aptidões; e forças sociais. Além da percepção dessas áreas de conhecimento, o professor deve saber algo sobre problemas de ajustamento. 48 Para Weiss (1999), frustração e conflito solicitam reações de ajustamento por parte do indivíduo. A frustração ocorre quando os meios de satisfação das necessidades de alguém são impedidos. A pessoa aprende a responder à frustração através de suas experiências com a frustração. Situações de conflito são aquelas em que o individuo é motivado por dois motivos incompatíveis simultaneamente. As situações básicas de conflito são: aproximaçãoaproximação, repulsão-repulsão e atração-repulsão. A resposta emocional generalizada para o conflito é ansiedade. A ansiedade relativa à segurança, prestigio e autoconceito é típica. O comportamento resultante pode parecer irracional e contrário aos melhores interesses do individuo. Para Aquino (1991) quando alguém aumenta seus sentimentos de valor pessoal, pela sua identificação com pessoas ou instituições de destaque, está usando o mecanismo de identificação. A identificação com a escola e seus objetivos é uma forma de identificação culturalmente desejável. Um meio de incrementar tal identificação é através da satisfação dos motivos individuais pela escola e seu programa, o que pode contribuir para o processo de aprendizagem das crianças hiperativas. A compreensão pode atuar em proveito do estudo acadêmico e ao mesmo tempo em detrimento do desenvolvimento de uma personalidade saudável. Tanto as deficiências reais como as imaginárias dão origem à compensação. Quando as tensões psicológicas se convertem em sintomas fisiológicos estes são chamados reações de conversão. Reações de conversão são reações aprendidas e a escola deve evitar recompensar tais respostas, tanto quanto possível. Weisss (1999), ressalta que os professores podem aprender a reconhecer os sintomas de sentimentos de incapacidade que freqüentemente levam ao uso exagerado de certos mecanismos de comportamento. Para Weiss (1999), no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, todas as ações pedagógicas que promovam a integração dos alunos em um grupo bem constituído, voltado para o objetivo comum de aprender, todas essas práticas pedagógicas que beneficiam o grupo como um todo, também beneficiam especialmente as crianças com dificuldades importantes, porque 49 um grupo bem constituído coloca limites mais claros a aquilo que os seus membros podem ou não fazer. desatento e impulsivo podem Crianças com comportamento agitado, desenvolver sentimentos de culpa e ressentimento, o que acentua seus problemas de comportamento. Muitas dessas crianças devem ser encaminhadas a atendimento especializado, mas nem todas irão obtê-lo. De acordo com Bezerra (2008, p. 13) É comum a criança com TDA/H perder a atenção no que o professor está falando, e ficar pensando em coisas bem distantes das aulas. Diz-se que “voa” ou “viaja” nesses momentos. Parece que vive nas nuvens ou na lua. Essa mesma perda constante de concentração é que dificulta a leitura de um livro recomendado pela escola. Com freqüência, ela precisa voltar a ler do inicio da página, pois é como se tivesse dado um branco no momento em que estava lendo um trecho. O autor esclarece que essa perda de atenção pode ser ocasionada por alguma coisa que desviou sua atenção, como a conversa de algum colega, ou então um estímulo mínimo, como uma borboleta que passou. Outras vezes, a perda da atenção pode ocorrer mesmo sem a contribuição de outros estímulos. A criança tem grande dificuldade de fazer os deveres de casa sozinha, porque se distrai a todo instante, interrompe, demora muito tempo, fazendo desses momentos verdadeiras batalhas entre mãe e filho. É natural que queira adiar essas tarefas, ou até chegar a ponto de esconder dos pais que existem deveres a serem feitos. Isso porque a criança sabe que para fazer os deveres vai despender um esforço muito grande, quase sempre com pouco êxito. 50 . 51 CONCLUSÃO É responsabilidade de cada profissional envolvido na avaliação e manejo do TDA/H integrar continuamente à sua prática diária atualizações do entendimento das causas, do tratamento, revisando a literatura corrente, melhora a qualidade do atendimento. Os pais não devem pensar que o fato de seu filho ter recebido o diagnóstico de TDA/H determinará um futuro triste para ele; longe disso. A maior parte das crianças hiperativas vai superar seus problemas, e se sua energia puder ser aproveitada em direção positiva, elas podem se tornar grandes realizadoras. Muitas crianças com TDA/H irão bem na escola se receberem ajuda extra e há tratamentos que podem ajudar onde houver problemas reais. Outras jamais irão bem na escola, mas ainda podem ser auxiliadas a criar bons relacionamentos com colegas, os professores e a família. Além disto a intervenção do professor pode e deve contribuir para que o aluno tenha segurança nas suas atitudes e decisões, o que não significa que o professor esteja mudando a personalidade desse aluno, mas orientando-o para viver melhor os seus conflitos. De maneira geral, as contribuições da supervisão escolar no desenvolvimento da personalidade podem ser sintetizadas da seguinte maneira: • -atividades de grupo dão aos alunos a oportunidade de contribuir e de se sentirem aprovados; • -o sociograma pode auxiliar o professor a colocar um aluno junto aquele de quem gosta, dando-lhe apoio emocional; • -o professor pode diminuir a competição; • -unidades de programas voltadas para problemas de relações sociais ajudam os alunos inibidos e inexperientes a saber como prosseguir; 52 • - lidar com as diferenças individuais; • permitir que o aluno discuta suas hipóteses e orientá-lo para a escolha de soluções que levem ao desenvolvimento harmonioso de sua personalidade. A eficácia da ação do supervisor escolar torna-se, pois diretamente ligada à sua habilidade em promover mudanças de comportamento no professor, isto é, a aquisição de novas habilidades ou reforço a outras já existentes; o desenvolvimento de novas perspectivas, idéias, opiniões, atitudes, que irão contribuir para o seu trabalho com crianças hiperativas. Neste sentido, o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem, preconizado pela supervisão escolar, não depende tanto de diretrizes preestabelecidas e de planos prontos, muitas vezes pouco aceitos, ou aceitos passivamente pelo professor, mas das condições apresentadas por este profissional para implementá-los. É o potencial do supervisor canalizado para o processo ensino aprendizagem que “faz a diferença”, porém sendo imprescindível habilidades e competências para ajudar a ação pedagógica dos professores que lidam com crianças hiperativas nas séries iniciais. É preciso lembrar, no entanto, que a aprendizagem é um processo que ocorre no aluno, é um processo pessoal, logo, se não conhecemos este aluno e a maneira como este processo se desenvolve, não pode haver ensino eficiente, com economia de tempo e esforço e elevação na produtividade. Sabe-se que vários fatores interferem sobre o comportamento e precisam ser diagnosticados para um melhor conhecer as causas que levam a certos comportamentos e atitudes. A escola, como um todo, deve participar da construção de espaços e oportunidades para que os alunos hiperativos se desenvolva suas habilidades e mudem seus comportamentos na sala de aula. Com firmeza, amor apoio e ajudam muitas delas vão florescer. Acima de tudo, essas crianças não devem ser tratadas como levadas, desobedientes e preguiçosas, mas receber compreensão e ajuda prática de que necessitam para realizar seu potencial individual e levar uma vida plena e feliz. 53 REFERÊNCIAS AGUIAR, Márcia Angela. 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