Anatomia do Canal Anal Hemorróidas • A doença hemorroidária está presente no ser humano há milhares de anos, desde que assumimos a posição ereta. Os sintomas podem ocorrer em qualquer idade e em ambos os sexos. • Já foi estimado que cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos de idade têm alguma forma de hemorróidas sintomáticas. Hemorróidas • Etiologia e anatomia • As veias hemorroidárias superiores, média e inferiores fazem a drenagem sanguínea do canal anal e correspondem a cada uma das artérias hemorroidárias. • Estudos demonstram que o ancoramento e o suporte dos tecidos do canal anal se deterioram com a idade, disso resultando distensão venosa, erosão, sangramento e trombose. Hemorróidas • Embora haja evidência de componente familiar, ainda não é conhecido se há um fator hereditário (vasos de parede mais fraca) ou se ocorrem por fatores ambientais (membros de uma mesma família podem ter o mesmo hábito alimentar). • A associação de constipação intestinal crônica é evidente, devido ao aumento da pressão no canal anal. Hemorróidas • Classificação: • De acordo com a localização - podem ser internas, externas ou mistas • Externas – originam-se do plexo hemorroidário inferior, abaixo da linha anorretal ou pectínea. Como esta região apresenta inervação sensitiva, podem causar dor, sangramento e trombose (trombose hemorroidária aguda, extremamente dolorosa). Hemorróidas Hemorróidas • Classificação: • Internas - originam-se acima da linha pectínea, do plexo hemorroidário superior, não apresentam inervação sensitiva e portanto não são dolorosas, somente sangram. Hemorróidas • Classificação: • Mistas – Originam-se dos plexos hemorroidários superior e inferior e se comunicam através de um plexo intermediário. Apresentação clínica mista – sangramento e dor. Hemorróidas • Classificação: • De acordo com seu grau de evolução: • Primeiro grau – veias do canal anal estão aumentadas em número e volume, podendo sangrar durante a evacuação; não apresentam prolapso, mas podem se projetar para dentro da luz; • Segundo grau – Exteriorizam-se durante a evacuação, retornando expontaneamente para dentro do canal anal, onde permanecem. Hemorróidas • Classificação: • Terceiro grau – exteriorizam-se com os esforços e necessitam de redução manual; • Quarto grau – são irredutíveis e permanecem exteriorizadas. Hemorróidas Hemorróidas Hemorróidas Hemorróidas Hemorróidas • Quadro clínico: • A queixa mais comum é o sangramento durante ou imediatamente após a evacuação, podendo ser visível no papel e/ou no vaso sanitário; • A dor pode acontecer nos episódios de trombose, ulceração ou necrose; Hemorróidas • Diagnóstico: • Exame físico deve incluir inspeção anal, anuscopia e retosigmoidoscopia em alguns casos. • Pacientes em que não se encontre causa para sangramento e/ou pacientes com risco de Ca cólon devem realizar colonoscopia. Hemorróidas • Tratamento: • A constipação deve ser tratada com dieta rica em fibras; • A dor pode ser tratada por anti-inflamatórios não esteróides , calor local e cremes com associação de anestésico e antiinflamatórios. Hemorróidas • Tratamento ambulatorial: • 90% dos tratamentos cirúrgicos anorretais são realizados em condições ambulatoriais. Hemorróidas • Tratamento ambulatorial: • Escleroterapia – é indicada para hemorróidas internas sangrantes sem prolapso. • Ligadura elástica – utiliza-se anel elástico ao redor do pedículo hemorroidário, que necrosa e é eliminado; é procedimento indolor e indicado para hemorróidas internas com prolapso. Hemorróidas • Tratamento de hemorróidas trombosadas externas: • O paciente queixa-se de dor anal importante e massa palpável no local; tratada com ressecção da hemorróida trombosada, geralmente com anestesia local. Hemorróidas • Tratamento cirúrgico – Hemorroidectomia: • Indicada para as hemorróidas graus 3 e 4 • Existem diversas técnicas, abertas e fechadas, mas a mais utilizada é a de Milligan-Morgan, a qual deixa a ferida parcialmente aberta. Atentar para a necessidade de deixar pontes mucocutâneas entre as ressecções, devido ao risco de estenose anal tardia. Hemorróidas • Tratamento cirúrgico – Hemorroidectomia: • Técnica da anopexia anorretal – utiliza-se o grampeador PPH; indicado para as hemorróidas grau 4, apresentando como vantagem menor dor no pós-operatório e desvantagem o seu elevado custo. Hemorróidas Hemorróidas Hemorróidas Abcessos e Fístulas Anais • Podem ser considerados dois estágios de uma mesma doença; na maioria das vezes, a fístula é consequência de um abcesso, e este se origina de uma cripta do canal anal. Abcessos e Fístulas Anais • Abcesso perianal – etiologia e patogenia: • A grande maioria decorre de infecção nas glândulas anais, as quais se localizam nas criptas anais. • A obstrução dos ductos destas glândulas por fezes, corpos estranhos ou trauma resulta em estase e infecção; • Cada glândula desemboca em uma cripta, podendo haver 2 glândulas para uma cripta. Abcessos e Fístulas Anais • A bactéria mais comumente encontrada é a Escherichia coli; • 30 a 40% dos pacientes submetidos a drenagem do abcesso anorretal irão evoluir para a formação fistulosa. Abcessos e Fístulas Anais • Classificação: • São classificados de acordo com a sua localização nos espacos anorretais; • Podem ser perineais, submucosos, interesfincterianos altos, interesfincterianos baixos e isquiorretais. Abcessos e Fístulas Anais Abcessos e Fístulas Anais • Incidência e quadro clínico: • A maior incidência é em homens, entre 30 e 50 anos de idade; • Sintoma principal é uma tumoração perianal dolorosa, com calor e rubor locais; febre é rara em quadros iniciais. Abcessos e Fístulas Anais • Tratamento: • Drenagem cirúrgica em ponto de flutuação; • Antibioticoterapia de amplo espectro; • Calor local. Abcessos e Fístulas Anais • Fístula anal – é um pertuito com infecção crônica, secundária a infecção criptoglandular; • O orifício interno ou primário localiza-se na linha pectínea e o externo na pele perianal; Abcessos e Fístulas Anais • A fístula é uma manifestação crônica, e o abcesso, uma manifestação aguda da mesma condicão. • Quadro clínico: o paciente relata secreção anal crônica, purulenta, serosa ou sanguinolenta; pode ocorrer prurido e ardor. • Exame físico revela orifício fistuloso externo, comumente único, eventualmente múltiplo. Pode ocorrer saída visível de secreção. Abcessos e Fístulas Anais • Tratamento – é cirúrgico, devendo-se localizar e destruir o trajeto fistuloso completo, desde o orifício externo até o interno; • Se a fístula atingir importante massa esfincteriana, a cirurgia deve ser realizada em 2 tempos, sob risco do paciente ficar incontinente. Abcessos e Fístulas Anais Fissura Anal • É uma laceração da pele que recobre o canal anal e que se estende da linha pectínea até a anocutânea; • Caracterizada por dor severa e sangramento vivo, atingindo ambos os sexos igualmente, especialmente adultos jovens; • Se não tratada evolui para a forma crônica, associada a desconforto na evacuação, desproporcional ao tamanho da lesão. Fissura Anal • Sua localização mais frequente é a linha média posterior (80%); • O fator desencadeante é o trauma, usualmente causado por constipação crônica; posteriormente a lesão é mantida por espasmo do esfíncter anal interno, o que explica o caráter da dor, que inicia na evacuação, mas se prolonga por minutos ou horas após a mesma. Fissura Anal • Na linha pectínea, a papila anal correspondente poderá se hipertrofiar, formando a tríade característica da fissura anal crônica: fissura – plicoma – hipertrofia da papila anal (plicoma é a elevação da pele anorretal, localizada) Fissura Anal Fissura Anal • Tratamento: • Na fase aguda, geralmente as fissuras cicatrizam com tratamento clínico – dieta rica em fibras vegetais, evitar bebidas alcoólicas e condimentos, banhos de assento, evitar papel higiênico; utilizar antiinflamatórios e cremes anestésicos e antiinflamatórios. Fissura Anal • Tratamento: • Na fase crônica, o tratamento cirúrgico é responsável pela cura em cerca de 90% dos pacientes. O mesmo consiste na secção de fibras do esfíncter interno (cerca de 30%), chamada esfincterotomia anal lateral interna. Fissura Anal Cisto Pilonidal ou Sacro-coccígeo • Ocorre predominantemente no sexo masculino (4/1), normalmente manifestando-se no fim da segunda década de vida; • Existem várias teorias etiológicas, entre elas a persistência de vestígios do canal medular e a penetração de pêlos no tecido subcutâneo. Cisto Pilonidal ou Sacro-coccígeo • Clinicamente, a lesão é assintomática até estar infectada, quando surgem calor, tumor, rubor, dor e , se drenado expontaneamente ou cirurgicamente, drenagem de secreção purulenta. Cisto Pilonidal ou Sacro-coccígeo • O cisto evolui em surtos, ou seja infecção – melhora - infecção; • Na fase aguda o tratamento é a drenagem cirúrgica; • Na fase crônica indica-se a exérese cirúrgica, que deve ser ampla e profunda. • Procedimentos incluem as técnicas aberta, fechada e marsupialização.