Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Ministro da Educação Paulo Renato Souza Secretário Executivo Luciano Oliva Patrício Secretária de Educação Especial Marilene Ribeiro dos Santos MINISTERIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial 00017 Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino fundamental Superdotação e Talento Volume 1 Série Atualidades Pedagógicas 7 Ministério da Educação Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 6o andar, sala 600 CEP 70047-901 - Brasília - DF Fone (061) 410-8651 - 226-8672 Fax (061)321-9398 Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: superdotação e talento vol. 1 fascículos V - VI - VII / Leila Magalhães Santos (coordenadora). Natalicia Pacheco de Lacerda Gaioso, colaboração Vera Lúcia Palmeira Pereira. Brasília. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial, 1999. 242 p. (Série Atualidades Pedagógicas; 7) 1. Superdotação e Talento. I. Série CDU 376.545 Série Atualidades Pedagógicas - n° 7 APRESENTAÇÃO A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, objetivando a divulgação de conhecimentos técnico-científicos mais atualizados acerca das diferentes áreas de deficiência, bem como relativos à superdotação, edita textos e sugestões de práticas pedagógicas referentes à educação dos alunos com necessidades especiais. A presente série trata da Educação de alunos com características de superdotação / talento. MARILENE RIBEIRO DOS SANTOS Secretária de Educação Especial SUMÁRIO GERAL VOLUME 1 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO Fascículo I 1. 2. 3. 4. 5. - Características da Superdotação e Talento - Considerações Fundamentos conceituais............................................................. 23 Aspectos Legais e Filosóficos do Programa:............................... 47 Caracteristicas comportamentais do superdotado ......................... 61 Caracteristicas e problemas de aprendizagem do superdotado.... 63 Técnicas de Dinâmica de Grupo.................................................. 66 Bibliografia .................................................................................. 69 Fascículo II - Superdotação e Talento: Aptidões, Interesses e Habilidades Específicas PARTE 1 1. Aptidões ........................................................................................ 85 2. Interesses....................................................................................... 96 3. Habilidades ................................................................................. 101 PARTE 2 1. Proposta para trabalho de grupo ................................................. 107 PARTE 3 1. Técnicas de dinâmica de grupo ................................................... 119 Bibliografia................................................................................. 121 Fascículo III - Superdotação e Talento: Alguns Aspectos Relevantes PARTE 1 1. Superdotação e Talento: contextos significativos....................... 135 PARTE 2 2. Superdotação e Talento: abordagens relevantes........................... 153 PARTE 3 3. Técnicas de sensibilização e referencial bibliográfico..................175 Bibliografia ..................................................................................179 Fascículo IV - Superdotação e Talento: Procedimentos de Implantação, Identificação e Atendimento PARTE 1 1. Superdotação e Talento: abordagens essenciais..........................193 PARTE 2 2. Superdotação e Talento: procedimentos de identificação ...........213 PARTE 3 3. Superdotação e Talento: implantação, acompanhamento e atendimento.................................................227 PARTE 4 4. Técnicas Ludopedagógicas ........................................................237 Bibliografia.................................................................................239 VOLUME 2 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO Fascículo V - Superdotação e Talento - Educação, Aspectos Metodológicos PARTE 1 1.Superdotado e o Talentoso: acompanhamento familiar...................23 PARTE 2 2. Atendimento Educacional: abordagens gerais ...............................31 PARTE 3 3. Superdotação e Talento: acompanhamento e atendimento............ 55 PARTE 4 4. Técnicas pedagógicas....................................................................67 Bibliografia ...................................................................................69 Fascículo VI - Superdotação e Talento: O Pensar e O Criar PARTE 1 l.O Pensar.......................................................................................... 83 PARTE 2 2. O Criar........................................................................................... 91 PARTE 3 3. Exercitar a Capacidade Criadora: vivenciar para melhor compreender e reconhecer ....................... 105 PARTE 4 4. Estratégias Metodológicas........................................................... 121 Bibliografia.................................................................................. 131 Fascículo VII - Superdotação e Talento: Educação em Valores Humanos PARTE 1 1. Superdotação e Talento: a caminho de uma nova ética .................................................... 165 PARTE 2 2. Auto-estima: fator a ser considerado no desenvolvimento do superdotado e do talentoso.................................................... 175 PARTE 3 3. Superdotados e Talentosos: mudanças num mundo em transformação.................................. 185 PARTE 4 4. Técnicas de Dinâmica de Grupo ............................................... 189 Bibliografia................................................................................ 199 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA Caro Professor A elaboração da série de documentos PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL - ÁREA: SUPERDOTAÇÃO E TALENTO partiu do pressuposto de que o salto qualitativo no progresso de um país só se dá quando há determinação do Governo em assumir uma política clara, inserida no conjunto das políticas públicas, relativa ao desenvolvimento das potencialidades de seu povo. O estudo baseia-se nos princípios da globalização, democratização, participação e da comunicação, que regem as tendências dos projetos internacionais. Estes princípios recomendam a intersetorialidade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, além da integração entre os objetivos e as metas dos organismos envolvidos ou por se envolverem, bem como os recursos comunitários disponíveis. Sem dúvida, a consolidação da cidadania exige redobrados esforços por parte da nação brasileira, uma vez que seu sistema escolar não consegue expandir-se no mesmo ritmo das exigências da sociedade. Contudo, a conquista de um padrão de escolarização de melhor qualidade, passo importante que pode inserir o Brasil num novo patamar de desenvolvimento, depende também de ampla mobilização da sociedade, da família e da escola. Visando à dinamização e à implementação do Atendimento Educacional Específico Complementar para alunos da rede pública e privada, que apresentem características de superdotação e/ou de talento, essa proposta objetiva fornecer subsídios aos educadores que, no exercício de suas funções, necessitam planejar e executar suas atividades. Tais alunos têm direitos - em relação a um atendimento específico — assegurados pela Constituição Federal e de acordo com a Política Nacional de Educação Especial (1994) do MEC, são dignos também de respeito quanto ao direito a uma educação de melhor qualidade. A filosofia dessa educação está pautada no desenvolvimento integral do ho- mem e em sua preparação para uma vida produtiva e de qualidade, fundamentada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras dos grupos sociais. A ampliação qualitativa e quantitativa das oportunidades propiciadas a estes educandos consolida a atual política governamental brasileira, voltada para maior fortalecimento dos sistemas estaduais e municipais de ensino, consideradas as peculiaridades locais e regionais. Impõe-se, assim, uma ação articulada entre órgãos públicos e particulares, com vistas em aprimorar a prática do planejamento e da administração e a promover a adequada qualificação dos recursos humanos. Deve-se, igualmente, buscar a incorporação de novas soluções técnicas e de metodologias alternativas de avaliação e diagnóstico, incentivar a participação sociocultural desses educandos e patrocinar programas sistemáticos de informação à família e à comunidade em geral. INTRODUÇÃO AO PROGRAMA Uma extensão territorial do porte do Brasil, caracterizada pela complexidade das flagrantes diferenças regionais e culturais, e pelos desníveis socioeconómicos, com um processo crescente de industrialização e de inovação científica e tecnológica, tem como contrapartida um lastro de recursos naturais a requerer atenção especial de dinamização. Aos incalculáveis potenciais do reino mineral, do vegetal e do animal soma-se, sobretudo, o humano no campo da inteligência, da superdotação, do talento e da genialidade. Uma estimativa estatística, baseada em índices percentuais, mundialmente reconhecidos, aponta para a população brasileira, aproximadamente, 38,75 milhões de indivíduos talentosos; 1,55 milhão de indivíduos superdotados; e 155 gênios, ou seja, respectivamente, 25%, 1% e 1 por milhão da população. Se levar em conta apenas os gênios, grandes agentes e com capacidade de interferir diretamente no processo de evolução mundial, promovendo progresso inesperado, determinando o avanço qualitativo, alterando substancialmente o perfil de consciência e de comportamento e a qualidade de vida da humanidade, já se pode ter uma rápida dimensão do capital humano que o Brasil dispõe para integrar, a partir de agora, o mercado mundial competitivo, bem como, promover seu salto qualitativo de progresso. A realidade brasileira face aos novos rumos que a Humanidade vem tomando, carece de políticas públicas setoriais que reconheçam e contemplem o valor desses potenciais humanos, agentes de contribuição social. Em nosso país, esse capital humano ainda não é reconhecido em sua dimensão necessária pela escola. Professores e pais nao respondem às questões: Quem são essas crianças? Onde estão? Em que se diferenciam, umas das outras? Qual seu real perfil? Que requerem para sua educação e formação? Como se sentem frente ao país que herdaram ao nascer? Este programa - Capacitação de Recursos Humanos em Educação Especial - Area: Superdotação e Talento é uma ação concreta do campo da Educação, quando o MEC-Secretaria de Educação Especial (SEESP) intensifica, em nível nacional, as ações iniciadas em 1973. Os subsídios oferecidos, por meio deste programa, visam atender às questões formuladas e orientam sobre a caracterização dessa clientela, seu reconhecimento e atendimento. Assim a ação da Secretaria de Educação Especial (MEC-SEESP) consolida o direito humano, universal e constitucional desses indivíduos serem assistidos no desenvolvimento de suas potencialidades. As demandas internacionais dos países desenvolvidos arrastam o Brasil para um processo de globalização. O grande potencial que a população brasileira traz, ainda em processo nato, de superdotação e talento, será para o mercado internacional de valor imensurável. Quando se esgotarem todas as técnicas e mecanismos usuais competitivos, quando, materialmente, os países já não dispuserem dos mesmos recursos de hoje para sustentação do poder, novos caminhos estarão compondo o perfil de mercado. A superdotação e talento deverão estar sendo explorados cada vez mais, em grande escala, por todos os continentes e em todos os níveis, porque essas vertentes são fatores natos na humanidade e só elas serão capazes e terão condições de auto-regularem o sistema de relações do homem com o planeta. É preciso que o país comece a trabalhar seus recursos humanos, definindo políticas e promovendo a formação de uma geração que irá sustentar todo o desenvolvimento de uma nova cultura, educação, ciência, tecnologia e recursos humanos. Não estarão em jogo só estratégias e técnicas, mas estarão fluindo, dos próprios seres humanos, os novos caminhos, os modelos, as novas fontes, os novos conhecimentos, enfim o poder humano de criação e renovação. A natureza humana estará aberta como um livro que traz em suas páginas todo o conhecimento de um novo tempo. "QUANDO SE QUER UM PROCESSO CONTÍNUO DE MUDANÇA, A QUALIDADE É QUE FAZ A DIFERENÇA." Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: Características da Superdotação e Talento Considerações Fascículo I CONTEUDISTA: LEILA MAGALHÃES SANTOS COLABORAÇÃO: NATALIA PACHECO DE LACERDA GAIOSO VERA LÚCIA PALMEIRA PEREIRA SUMÁRIO TEMÁTICA: CARACTERÍSTICAS DA SUPERDOTAÇÃO E TALENTO - CONSIDERAÇÕES PARTE 1 1. Fundamentos conceituais: 1.1. Superdotado, talentoso e portador de genialidade: ser existencial........................................................................... 23 1.2. Superdotação e talento: alguns aspectos caracterizadores.......... 25 1.3 Superdotação, talento e indicadores de genialidade: abordagens conceituais ............................................................ 35 1.3.1. Considerações sobre o artista e o gênio.......................... 39 1.3.2.0 talentoso, o genial e o comum ..................................... 40 PARTE2 2. Aspectos Legais e Filosóficos do Programa: 2.1. Aspectos legais .........................................................................47 2.2. Aspectos filosóficos................................................................. 58 3. Características comportamentais do superdotado ............................ 61 4. Características e problemas de aprendizagem do superdotado ........ 63 5. Técnicas de Dinâmica de Grupo..................................................... 66 Painel de debate ............................................................................ 66 Painel aberto.................................................................................. 68 Bibliografia .................................................................................... 69 Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume l - Fascículo 1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Oferecer oportunidades ao professor para: • Reconhecer na diversidade humana as várias formas de expressão de potenciais; • Compreender conceitos relacionados às diferenças individuais caracteristicas da superdotação; • Analisar os aspectos filosóficos e legais na consecução de objetivos e metas de atendimento a essa clientela. Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo I INFORMAÇÕES INICIAIS 1. 2. 3. 4. 5. 6. Leia os objetivos gerais e específicos do fascículo; Estude o texto do fascículo; Aplique seus conhecimentos, através das técnicas sugeridas; Avalie seu desempenho em relação às técnicas aplicadas; Se não conseguir realizar satisfatoriamente, repita a técnica; Se não conseguir aprovação, reestude o texto. Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo I ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estudar o texto relativo ao fascículo. 2 - Rever o vídeo para tirar dúvidas. 3 - Recorrer ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida persista. PARTE I - FUNDAMENTOS CONCEITUAIS LI - SUPERDOTADO, TALENTOSO E PORTADOR DE GENIALIDADE: SER EXISTENCIAL Falar sobre crianças, adolescentes e/ou adultos superdotados, talentosos e portadores de genialidade, ou melhor, conviver com eles é prazeroso e estimulante, sobretudo pelo infindável número de informações trazidas, pela solicitação constante de informações, troca de experiências, atividades, e ainda pelo nível da capacidade humana que revelam e o potencial nato que apresentam. Educadores devem estar sempre preparados e alertas para encontrálos a seu redor. Existem muitos indivíduos com capacidade superior, incompreendidos, discriminados e até excluídos da escola por imposição dela ou por rejeição da comunidade escolar, às vezes, da família. Percebendo-se como intrusos, evadem, desmotivam e desviam-se para viver na marginalidade. Gostaríamos de convidá-los a fazer um estudo do ser humano em sua essência. Precisamos estar sempre alertas, em busca de novos horizontes na educação. A criança que nasce e se educa tem de adaptar-se a um mundo que varia de geração para geração. Variação essa que é a manifestação do espírito criador do homem. As pessoas que convivem com a criança têm de estar preparadas para acompanhá-la e crescer com ela. Não basta conhecer o organismo humano e saber de cor o conteúdo a ser ministrado conforme o plano de aula. O educador precisa perguntarse: o que eu, como adulto, pai, mãe ou como professor tenho de fazer à frente de uma criança que entra no mundo? O que tenho a fazer para que essa criança possa realizar tudo o que traz consigo, como faculdades inatas que determinarão seu destino? Vejo a criança como alguém que tem vontades, sensibilidade e pensamento? Sou daqueles preocupados com o que ela deve aprender, ao invés de orientá-la para utilizar o que aprendeu? Desde cedo a criança diz que vai à escola para aprender e ela está certa ao afirmar isto; porém, a forma como aprende é muito mais importante que o conteúdo em si. Isto influi, por tôda a vida, sobre a saúde, a auto-confiança, o desenvolvimento e a valorização de seu próprio potencial, sobre a eficácia de suas energias mentais. A vida é uma unidade; não devemos focalizar a infância separadamente, senão como parte de uma vida integral. O homem é uma unidade, o professor há de se preocupar com o destino futuro da criança. A prática escolar costuma esquecer-se do que é "ser criança" e de respeitar suas potencialidades, moti vando-a a manifestar sua criatividade e imaginação. Isto a levaria a comportar-se com autonomia e a estar satisfeita consigo mesma e com o mundo. Não basta conhecer a criança, temos de intuir o ser humano que passa por etapas, que modifica suas idéias e conceitos, ampliando-os ou reduzindoos. A seriedade da vida, que começa na escola, deverá ser cheia de entusiasmo. É necessário definir o que se compreende como ser criança: 1. Tôda e qualquer criança é um ser ativo e criador, umas em maior grau e outras em menor. 2. Tôda criança possui potencialidades de evolução e capacidade de buscar sua auto-realização. 3. Ela cria e recria seu mundo, a partir da relação de suas necessidades específicas. Há um código de valores e atitudes culturais deturpados pelas necessidades inerentes a todo ser humano. Fatos e valores podem ser vistos de forma unilateral. Um aspecto é reforçado em detrimento do outro, como se a natureza humana, sua estrutura e funcionamento fossem processos independentes e estáticos. O ser humano é rico em suas expressões, dinâmico em suas relações, integral em seus aspectos motivacionais. Inúmeras formas de comunicação, de relacionamento e de personalidade, fazem rico o processo de desenvolvimento, integrando múltiplas formas de compreender o mundo que o cerca com o conhecimento dessa diversidade humana. Desenvolver-se como ser humano é papel do aluno. Favorecer o pleno desenvolvimento, a ação educativa, ampliar fronteiras, respeitar a diversidade é papel do educador. Todo o processo de evolução baseiase na essência do conhecimento da natureza humana, desse ser universal. 1.2 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ALGUNS ASPECTOS CARACTERIZADORES Em função de possibilitar, aos educadores e leitores, referenciais mais simples e concisos sobre indicadores de superdotação e talento, o presente texto constitui-se de duas partes: • questões para reflexão • perfil de habilidades correspondente a cada área de aptidão como EDUCADOR, VOCE: Conhece algum aluno que aprende mais rápido, faz perguntas a tôda hora, extrapola a informação do professor? E um sabe-tudo que interfere o tempo todo? Faz uso imediato do que aprendeu? Solicita sempre novas informações? Manifesta indiferença pelos exercícios de fixação? Cansa-se com explicações repetitivas? Ao que tudo indica, essa criança continuará sempre aprendendo mais rápido do que as outras, com ou sem professor. Questionando informações e conceitos, porque, na maior parte das vezes, discorda do que lhe foi passado e do nível da informação recebida. Estará sempre em postura de crítica e de julgamento, não aceitando e nem reconhecendo a função da escola e do professor, por se colocar nivelado a este. Revelará extensão de informações nas diversas áreas. Apresentará independência no trabalho e no estudo. Enfrentará situações conflituosas em trabalhos de grupo, quando seu conhecimento e visão estiverem acima da dos colegas ou por não ser aceito por eles. Provavelmente continuará opondo-se a ordens, normas, disciplina e diretrizes. Esse quadro constitui os primeiros indícios de superdotação: presença de precocidade nos primeiros anos de vida; indícios de estilo pessoal de aprendizagem; desempenho acima da média; diferenças em processos rotineiros e comuns; velocidade e ritmo de aprendizagem próprios; alto grau de concentração, de interesse e de envolvimento com a tarefa. Conviveu com crianças que revelaram facilidade fora do comum em alguma área do conhecimento, como matemática, ciências, astronomia, física ou química? Ou que demonstraram grande interesse por história, geografia, fenômenos da natureza, e isto, muitas vêzes, em detrimento de outras áreas? Crianças, verdadeiros "prodígios" em cálculos e raciocínios abstratos, matemáticos ou acadêmicos, que evidenciaram domínio em processos inéditos de execução, (cujas etapas nem sempre são capazes de reconhecer ou identificar) ? O perfil apresentado constitui referencial ao observador. Essas crianças, ao que tudo indica, são portadoras de uma aptidão acadêmica específica em matemática ou em outra area, algumas já citadas. aptidão acadêmica específica caracteriza pessoas que dispõem de grande quantidade de informações em uma área do conhecimento; questionam o incomum e o diferente com competência e domínio de conhecimento; desenvolvem relações de raciocínio abstrato e precisão de percepção; revelam grande habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; dispõem de grande quantidade de dados e informações na área acadêmica que lhe é peculiar como superdotado; têm poder excepcional de observação, fluência verbal e de idéias. Já se deparou com alguém indiferente à disciplina, à rotina ou ao comando? Observou se seus pontos de vista são acatados pelo grupo e, em situações imprevistas e sempre que necessário, restabelece, com facilidade, o equilíbrio da equipe de trabalho? Possui capacidade de fazer amigos e de se manter por eles rodeado, num clima de alegria, compreensão e entendimento? Demonstra capacidade de estabelecer ambiente harmônico de conversação, bem como, de convencer facilmente o grupo em relação a suas idéias? Conseguiu descobrir o que nele atrai as pessoas? E em relação ao campo de interesse, o que o motiva a estabelecer relações com elas ? Esta descrição caracteriza um perfil de aptidão no campo de liderança. Pessoas com estes traços apresentam também outras características como: atitude cooperativa, sociabilidade expressiva e habilidade marcante no trato com pessoas e grupos. Estabelecem relações sociais, demonstrando capacidade para resolver situações complexas. Têm alto índice de persuasão e de influência sobre grupos. São freqüentemente solicitados a dar idéias e a participar de tomadas de decisões. Revelam entusiasmo contagiante e com freqüência são escolhidas como representantes de grupo e/ou para cargos de destaque. E o contador de histórias ? Lembra-se de alguém que "dá vida " às histórias que conta? Enriquece-as com diferentes expressões fisionômicas? Explora entonação de voz para criar suspense, fazer rir e chorar ou produzir outras emoções? Cria e caracteriza, com maestria, os personagens? Dá conotação de realidade às histórias que conta? Esta pessoa apresenta indicadores de aptidão para contar histórias, ou seja, aptidão da área de artes dramáticas. Há contadores de histórias como também há contadores de anedotas. Quase sempre só são reconhecidos quando adultos. Passam despercebidos também na escola. Características indicativas dessa aptidão: capacidade de comunicar e despertar sentimentos através do gesto, do olhar, da expressão facial e/ou corporal e, de imitar tipos humanos. Habilidade para transitar, com rapidez, de um para outro efeito fisionômico; para atrair público e mantê-lo atento através da sua interpretação, apresenta como domínio específico o senso de humor. Já se deu conta de que as pessoas memorizam de forma diferente? Umas, com precisão e rapidez fora do comum? Outras, trazendo um traço de inovação? Já se deparou com pessoas que, excepcionalmente, "fotografam" todo o conteúdo visual de uma partitura, através de um único movimento do olhar, por exemplo: um pianista, um violinista ou qualquer outro músico? Conhece algum fato que prove ter ocorrido memorização através do olfato, do paladar, da audição, da visão ou do tato? O quadro apresentado caracteriza-se corno da área da memória, ou seja, seus componentes constituem aptidões do campo da memorização, seja mental, olfativa, gustativa, visual, auditiva ou tátil. Esses perfis, embora bem diferenciados, caracterizam-se por alguns traços comuns tais como: poder agudo, natural e original de reter impressões e conhecimentos adquiridos; de observar, perceber, captar, registrar com precisão e fidelidade; de reter, repetir e reproduzir na íntegra, com fluencia e de discriminar, entre outras. E um repentista ou um tocador de viola, já observou ? Percebeu se conseguia um bom ajustamento entre verso, ritmo e melodia? Apresentava rapidez de improvisação, ou seja, criava, em curto prazo, uma resposta musical que contrapunha a outra, ironizando e/ou desafiando? O grau de humor era crescente e satisfazia ao público ouvinte? Quando cantava, conseguia atrair e manter a atenção das pessoas? No perfil acima, predominam indicadores de aptidão no campo da agilidade mental. Caracterizam-se pela capacidade de captar, em curtíssimo espaço de tempo, um desafio; analisar seu conteúdo provocativo e gerar resposta desafiadora, que sobreponha ao estímulo recebido. Encaixar este conteúdo à melodia básica, ajustar letra, ritmo e melodia, acrescentar idéias novas e originais e invalidar a provocação recebida, ainda constituem habilidades específicas dessa aptidão. Característica básica dessa agilidade mental em se tratando de repentista: criar provocação nova, estar sempre pronto para, a qualquer momento, responder com rapidez e adequação às provocações e elaborar desafios competitivos. como esta agilidade mental envolve composição literária (verso), composição musical (melodia) e imaginação criadora (criatividade), o repentista se encaixa como um ser humano ainda portador, ao mesmo tempo, de três campos de aptidões: artístico-musical, artístico-literário e da criatividade. como bom observador, você apontaria, de imediato, uma criança com capacidade de construir, em dez minutos, uma casa de brinquedo, original, fora dos padrões conhecidos e que atenda plenamente a todos os critérios básicos de "casa ". Para atender ao critério proposto, muito provavelmente, as crianças escolhidas deverão apresentar capacidade de estabelecer relações de causa e efeito, habilidade manual fora do comum, imaginação criadora, julgamento estético, facilidade perceptiva e capacidade ópticaespacial. E, ainda, demonstrar capacidade de organizar, de forma original, as impressões vividas e de estabelecer, com rapidez, as relações necessárias, ou seja, estabelecer grande número de conexões de idéias, em curto espaço de tempo, respondendo a estímulos, com prontidão e poder agudo de observação. O perfil acima descrito caracteriza as crianças como pertencentes à área de artes visuais e plásticas com aptidão em criatividade. Se estivesse observando um jogo de futebol de jovens, numa praça ou campo improvisado, seria capaz de antever um futuro Pelé? E, em se tratando de "Jogo de Bete ", reconheceria o jogador de melhor desempenho? Muito provavelmente os jovens a serem apontados nessas duas hipóteses, o seriam pela capacidade de realizar movimentos rápidos, firmes e seguros, com destreza e agilidade, e, também, de revelar grande facilidade em utilizar e explorar a expressão corporal e a imaginação espacial que lhes são próprias. Esses pontos comuns, acima descritos, caracterizam-se como habilidades motrizes, do campo da aptidão psicomotora. Envolvem aspectos psicofísicos, desenvolvimento psicomotor agilidade de movimento; desem- penhos marcantes de ritmo de corrida, velocidade e força; percepção óptico-espacial; capacidade de visualização e respostas rápidas a estímulos. A competência se faz marcante pela capacidade de dominio do próprio corpo e da qualidade de elaboração da expressão corporal. Já assistiu a alguma apresentação musical feita por pessoa que nunca estudou música? Percebeu sua capacidade de criar e a de manifestar emoções ao tocar ou cantar? Tente lembrar-se de alguém que toca e compõe. Esta pessoa é criativa? como se percebe isso? O que é diferente na sua obra? E na sua apresentação? O que nela o impressionou para ser lembrado neste momento? Há músicos que não criam, mas interpretam de forma bastante original, uma composição feita por outro compositor. Há outros que têm um talento especial (aptidão) para criar mas não conseguem apresentar-se em público. O talento musical pode ter aptidões para: - compor letra e melodia: a pessoa tem facilidade para criar a letra e/ou a melodia mas não a tem para interpretar; - adaptar letra à melodia, ou seja, criar só a letra; - produzir a melodia criativamente e interpretá-la. Nesses três casos há criação com técnica e talento. O talento é o que diferencia o compositor dos músicos comuns. Existe compositor que não escreve e não tem nenhuma formação musical, mas consegue compor, com muita propriedade, musicalidade e palavras adequadas. Representa o seu ambiente e vivência cultural: tem um talento especial para arranjos, cria e utiliza técnicas, embora as desconheça em nível de aprendizagem sistemática. O perfil de talento da área de aptidão musical descrito é típico de pessoas com capacidade de: perceber, com nitidez, os parâmetros de som; organizar, com extrema facilidade, uma estrutura sonora e literária; interpretar e exteriorizar sentimentos e emoções; revelar percepção acurada, alto senso ritmico e melódico; evidenciar memorização musical; revelar percep- ção de sutilezas sonoras, melodias; fazer harmonia com outros ou cantar em grupo; evidenciar grande sensibilidade estética; revelar destreza, flexibilidade e precisão nos movimentos digitais. Esse perfil ainda pode constituir capacidade para: interpretar, com fidelidade, os diferentes estilos musicais e/ou tocar um ou mais instrumentos. Já esteve diante de história em quadrinhos, figuras cômicas, cartoons, desenhos défiguras humanas, flores, caricaturas? Percebeu através dessas obras que quem fez é capaz de reproduzir a realidade, criar novas ou ironizar? O trabalho é original? Seu autor revela domínio de coordenação motora fina? Estilo próprio de grafismo? Retrata aspectos do mundo? Desperta as pessoas para sentirem o belo e o estético? Leva as pessoas a refletirem sobre o nível de perfeição da natureza? Seu trabalho encanta, surpreende e atrai pela forma, beleza e capacidade criadora? O perfil descrito é próprio de pessoas de talento artístico com aptidão para desenho capazes de: identificar características de originalidade, quer seja, em elementos da natureza e nas demais formas; elaborar imagens, cristalizando-as ao redor do assunto, eliminando o que não convém; estabelecer relações novas com objetos, formas e idéias; gerar respostas diferenciadas sobre um mesmo tema; explorar com destreza o material de que dispõe; revelar capacidade de sintetizar formas; perceber, no elementar, detalhes significativos; destacar num modelo os traços primordiais e observar e memorizar visualmente formas e relevos, no plano e no espaço; dominar com destreza coordenação motora fina; ter estilo próprio de grafismo; ter percepção óptico-espacial, alto grau de observação, capacidade de reter e discriminar visualmente formas, imagens e cores com facilidade. Já se deparou com um poeta mirim ou adulto? Ele domina vocabulário preciso, cadenciado, rítmico e sonoro, não comum ao seu meio sociocultural? Os versos revestem-se de musicalidade? Retratam sinteticamente a realidade e relatam experiências com adequação e analo- ARTES MAURICIO DE SOUSA HISTÓRIA EM QUADRINHOS DESENHO ANIMADO NA FOTO ACIMA, MAURICIO DE SOUZA E SUA PRINCIPAL PERSONAGEM UNHA DE PRODUTOS MAURICIO DE SOUZA, FOTO DE BIO ZENHA. REVISTA ISTOÉ. 25/01/1984. Nº 370 gia de detalhes ? Produz com rapidez, facilidade e eficiência ? Seus versos atraem grande interesse? As pessoas com essas características constituem o grupo das artes literárias, ou seja, têm aptidão para a composição literária em verso ou prosa. Na área literária, apresentam as capacidades descritas e ainda, compõem e pintam em versos verdadeiras paisagens ou fatos; manipulam com grande interesse palavras e textos; elaboram com eficiência e rapidez temas diversos; tratam de problemas abstratos, propondo soluções possíveis; utilizam vocabulário inusitado e objetivo em seus trabalhos literários; ressaltam a idéia central de seus textos com detalhes importantes; utilizam jogo de palavras (trocadilhos e metáforas) com sensibilidade acentuada; argumentam com lógica e objetividade. 1.3- SUPERDOTAÇÃO, TALENTO E INDICADORES DE GENIALIDADE ABORDAGENS CONCEITUAIS De modo geral, a superdotação caracteriza-se pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades, evidenciadas pelo alto desempenho nas diversas áreas de atividade. Contudo, é preciso que haja constância de tais aptidões ao longo do tempo, além de expressivo nível de desempenho. Registram-se, em muitos casos, a precocidade no aparecimento das habilidades e a resistência dos indivíduos aos obstáculos e frustrações, existentes em seu desenvolvimento. Crianças e jovens, em processo de desenvolvimento, muitas vezes, apesar de sua precocidade, não efetivam todo seu potencial. Nessas faixas etárias, geralmente, apenas começam a se evidenciar suas altas habilidades. Daí serem considerados portadores de aspectos relacionados à superdotação e não ainda superdotados. Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo I TALENTO: ÁREAS A nomenclatura, ao longo dos anos, tem-se constituído fonte de polêmica, dada a diversidade de pontos de vista dos diferentes especialistas -"Altas Habilidades" (Conselho Europeu); "Superdotação" ou 'Talentos" (Conselho Mundial). Toma-se oportuno que se façam algumas considerações sobre os aspectos relativos a esta questão: Alias Habilidades referem-se aos comportamentos observados e/ou relatados que confirmam a expressão de "traços consistentemente superiores" em relação a uma média (por exemplo: idade, produção ou série escolar) em qualquer campo do saber ou do fazer. Deve-se entender por "traços" as formas consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com freqüência e duração no repertório dos comportamentos da pessoa, de forma a poder ser registrada em épocas diferentes e situações semelhantes. Essas pessoas apresentam compromisso com a tarefa que realizam, traço que se refere a comportamentos observáveis na demonstração. Refere-se a comportamentos criativos observáveis no fazer e no pensar, expressados em diferentes formas: gestual, intelectual, plástica, teatral, matemática ou musical, entre outras. "Identificados necessariamente por profissionais qualificados, Superdotados e Talentosos são indivíduos que, por suas habilidades evidentes, são capazes de alto desempenho" (Renzulli, 1988) e têm capacidade e potencial para desenvolver esse conjunto de traços e usálos em qualquer área potencialmente valiosa da realização humana, em qualquer grupo social. O fato, porém, é que nem todos os alunos com altas habilidades, superdotados ou talentosos apresentam as mesmas características e habilidades, nem todos têm o mesmo potencial, nem todos materializam plenamente seu potencial. Cada um tem um perfil próprio e uma trajetória singular de realização, mas todos necessitam de atendimento especial. Entre os tipos de superdotação, apontam-se tradicionalmente: o tipo intelectual, que apresenta flexibilidade, independência e fluencia de pensamento, produção intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas; o tipo social, que revela capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, poder de persuasão e influência no grupo; o tipo acadêmico, com capacidade de atenção, concentração, memória, interesse e motivação pelas tarefas acadêmicas e capacidade de produção; o tipo criativo, com capacidade de encontrar soluções diferentes e inovadoras, facilidade de autoexpressão, fluencia, originalidade e flexibilidade; o tipo psicocinestésico, que se destaca por sua habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras, agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras; finalmente, o tipo dos talentos especiais, que pode se destacar nas artes plásticas, musicais, literárias e dramáticas, revelando capacidade especial e alto desempenho em tais atividades (conceituação adotada pelo Ministério da Educação - MEC). Outros tipos de habilidades e de superdotação podem aparecer, havendo várias combinações dessas características e desses tipos. O modelo dos talentos múltiplos de Taylor (1976) propõe um elenco de habilidades que podem ser detectadas para estabelecer-se o perfil de alunos, a saber: CAPACIDADE ACADÊMICA: habilidade nas áreas cognitivas de aprendizagem e no uso de informações. CRIATIVIDADE: habilidade de ir além, colocando juntas informações diferentes para encontrar novas soluções ou outros meios de expressar idéias; fluencia, flexibilidade e originalidade em seu modo de pensar e agir. PLANEJAMENTO: capacidade de elaboração de planos, com atenção para pormenores, e sensibilidade para problemas que necessitam de organização de materiais, tempo e competência das pessoas. COMUNICAÇÃO: fluencia de palavra, de expressão e de associação. PREVISÃO: perspicácia conceituai, profundidade e análise minuciosa de critérios. TOMADA DE DECISÃO: avaliação lógica e julgamento. RELACIONAMENTO HUMANO: talento para lidar com pessoas em novas áreas, utilizando senso de oportunidade e capacidade de adaptação social. DISCERNIMENTO DE OPORTUNIDADE: capacidade para a identificação de alternativas de ação e de novas oportunidades para si e para os outros. É importante, no entanto, não generalizar. Devem-se observar as manifestações de curiosidade, interesse por desafios, habilidade de estabelecer relações entre fatos, informações e conceitos, espírito critico, senso de humor, inconformismo com a rotina, entre muitas outras. Os portadores de altas habilidades/superdotados ou talentosos podem, contudo, apresentar dificuldades adaptativas. Ao se sentirem discriminados ou rejeitados pelos professores ou colegas, mostram-se, muitas vezes, extremamente vulneráveis a pressões externas. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTISTA E O GÊNIO Há por parte de todos, inclusive adultos, a convicção de que para ser artista é necessário ser genial. Considera-se genial o que possui potencial superior para construir, para inventar e que sente emocionalmente seus problemas, com elevação das funções naturais de imaginação e sensibilidade. Mas quais seriam estas funções e em que consiste esta elevação? E bem provável que muitos artistas tenham menos imaginação ou menos afetividade que outros. Fala-se então em potencial mental superior, habilidade técnica e iluminação. O artista tem revelações e inspiração. A habilidade técnica refere-se ao modo próprio de cada Artista executar suas obras, a forma, a capacidade de expressão e de explicação, a maneira pela qual se exterioriza. Mas os artistas variam no montante dessas funções. Há os que se caracterizam pela forma, outros, como expressam o tema, e outros ainda pelo equilíbrio de ambos. Há também a possibilidade de considerar-se pertencentes ao panorama do gênio, a tendência intuitiva que leva o indivíduo a orientar-se para onde haja algo por descobrir e inventar. Mas este dom também é assinalado no campo da ciência. Existe o gênio científico. O gênio artístico é, porém, mais espontâneo e seu valor está em saber aplicar essa espontaneidade na solução das incógnitas que se apresentam. Percebe qual a melhor técnica, qual o tema a eleger para conseguir um fim em vista. com isso apresenta algo novo, original, que caracteriza a obra de arte. O TALENTOSO, O GENIAL E O COMUM Um artista talentoso é o que coordena de maneira eficiente um grupo de aptidões. O artista genial será o que dá a estas qualidades um brilho que causa admiração. Nele os dons, perfeitamente independentes, harmonizam-se, tomam-se compatíveis, em virtude do potencial criador que soberanamente o domina. Ele dá aos demais indivíduos um mundo que é só dele, provocando um tipo de sentimento e de emoção que não havia sido experimentado. A capacidade de saber usar e expressar essa emoção, bem como de saber traduzi-la, ordenando harmoniosamente suas aptidões num conjunto que é a sua obra, caracteriza o artista genial. Capacidade de: por abstração, dissociar o que é real; de formar daí seus símbolos; de compor, de maneira objetiva e através de uma força de combinação, criando assim novas realidades, são caracteristicas dos gênios. Estes, porém, não são todos iguais, diferem de vários modos: há os gênios desordenados e os ordenados; os nítidos e os obscuros; os fecundos e os de pouca produção e assim por diante. O artista comum, porém, é o que se caracteriza por ser capaz de ordenar seus sonhos e dar-lhes um corpo. Controla sua imaginação e trabalho, pois só se inventa trabalhando. Enquanto as imagens estiverem no plano da imaginação não transformam, por exemplo, o indivíduo em pintor. É preciso que as realize, passando-as para a tela. Muitas e várias são as condições necessárias ao desempenho das atividades artísticas e de cujo entrosamento e estruturação se obtém a figura do artista. PESQUISADOR INVENTOR ALBERTO SANTOS DUMONT (1873-1932) AVIAÇÃO FOTO DE ALBERTO SANTOS DUMONT (NADAR/1901) E CAPA DA REVISTA ILUSTRATION (PARIS, 02/11/1907), DO LIVRO " O PENSAMENTO VIVO DE SANTOS DUMONT', EDITORA MARTIN CLARET HUMANISTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ (1910-1997) ACIMA. FOTO DE MADRE TEREZA DE CALCUTA. DO LIVRO " OS GRANDES HUMANISTAS" . EDITORA GLOBO/1990 FOTOS: GEOSLIDES PHTO LIBRARY. CAMERA PRESS AO LADO. FOTOS DO MESMO LIVRO CIÊNCIA COSMEOLOGIA STEPHEN HAWKING (nascido em Osfordem, 08/01/1942) STEPHEN HAWKING, um exemplo de quando a GENIALIDADE vai além das limitações físico-sensoríais As aventuras intelectuais do físico mais brilhante do mundo, o inglês Stephen Hawking, para decifrar os segredos cósmicos BEETHOVEN LUDWIG VAN BEETHOVEN (1712 -1827) -MÚSICAFonte: Livro "Beethoven e a X Sinfonia", Motivo Editorial Ltda. CINEMA STEVEN SPIELBERG O gênio de Hollywood ressuscita os dinossauros REVISTA "VEJA"Editora ABRIL 1293Ano 26 N° 25- 23/06/93 FOTOS: UNIVERSAL ANDAMBLIN ARTE HENRI DE TOULOUSE-LAUTREC (1864-1901) Lautrec, em foto de Roger Viollet REVISTA VEJA, 26/02/92, EDITORA ABRIL Obra " A Dança no Moulin Rouge" (1890) A obra de Toulouse-Lautrec, o pintor dos bordéis e cabarés. Mestre e introdutor da arte dos cartazes, dono de um traço agudo e ligeiro, Lautrec nasceu aristocrata, mas fez o possível para se tornar um completo marginai. Amava as prostitutas, embebedava-se diuturna-mente e divertia-se retratando o submundo do qual era um perfeito personagem. Contemporâneo da arte impressionista que vigorava na França do seu tempo, Lautrec nunca se ocupou em divagações teóricas sobre as técnicas de cor e luz. PARTE 2 - ASPECTOS LEGAIS E FILOSÓFICOS DO PROGRAMA 2.1 - ASPECTOS LEGAIS Ao abordar a questão legal, é importante conhecer e contextualizar os embasamentos legais que ampararam a área. Alguns destes, são direitos que incidem a todos os indivíduos outros, se referem exclusivamente às pessoas com superdotação. A partir da leitura da legislação que resguarda o tema, o professor terá em suas mãos, material e referências para compreensão dos direitos assegurados por essa parcela da população. O atendimento à pessoa superdotada, talentosa ou com indícios de genialidade pauta-se no respeito à dignidade do ser humano e no seu direito ao pleno desenvolvimento. Postura esta sinalizada por uma consciência crítica nacional e internacional, consolidada nos princípios e recomendações dos compromissos definidos em nível nacional, bem como em convenções, acordos e declarações internacionais das quais o Brasil é signatário: Em princípios baseados na Declaração Universal de Direitos Humanos (1948) "Todo ser humano é elemento valioso qualquer que seja a idade, sexo, idade mental, condições emocionais e antecedentes culturais que possui, ou grupo étnico, nivel social e credo a que pertença. Seu valor é inerente à natureza do homem e às potencialidades que traz em si ". "Todo ser humano, em todas as suas dimensões, è o centro e o foco de qualquer movimento para sua promoção. O princípio è válido tanto para as pessoas consideradas normais ou ligeiramente afetadas, como também para as gravemente prejudicadas, que exigem uma ação integrada de responsabilidade e de realizações pluridimensionais ". "Todo ser humano tem direito de reivindicar condições apropriadas de vida, aprendizagem e ação, de desfrutar de convivência condigna e de aproveitar das experiências que lhe são oferecidas para desempenhar-se como pessoa e membro atuante de uma comunidade". Em princípios baseados na Declaração de Salamanca (Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais realizada de 7 a 10 de junho/1994 em Salamanca - Espanha) A Declaração de Salamanca proclama que: • todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos; • cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios; • os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades; • as pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades; • as escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação custo-benefício de todo o sistema educativo. Na Convenção sobre os Direitos da Criança (Adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas - 20/11/89) Artigo 2". "Os Estados Partes respeitarão os direitos enunciados na presente Convenção e assegurarão sua aplicação a cada criança sujeita a sua jurisdição, sem distinção alguma, independentemente de raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião política ou de outra índole, origem nacional, étnica ou social, posição econômica, deficiências físicas, nascimento ou qualquer outra condição da criança, de seus pais ou de seus representantes legais ". Na Constituição da República Federativa do Brasil (outubro/1988) Artigo 205. "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". Artigo 208. "O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um ". Artigo 218. "O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. § 5oÉ facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica ". Nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): • LDB de n° 5.692 de 1971 fez referência em seu: Artigo 9o "Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação ". • LDB de n° 9.394 de 20/12/96 (publicação: D.O. U. de 23/12/96 - texto em anexo). Título II - Artigo 2o- 'A Educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho ". Artigo 3o-O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: II- "liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento a arte e o saber ". III-DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR - Artigo 4o - "O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente, na rede regular de ensino. IV - atendimento gratuito, em creches e pré-escolas, às crianças de zero a seis anos de idade. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-esco lar, transporte, alimentação e assistência a saúde. IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispen sáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. CAPÍTULO II - DA EDUCAÇÃO BÁSICA - Seção I - Das Disposições Gerais Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Art. 24-A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo tra balho escolar, excluído o tempo reservado aos exames fi nais, quando houver. II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola. c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino. III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a seqüência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. IV-poderão oiganizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares. V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado. d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito. VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos com as especificações cabíveis. CAPÍTULO V-DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art. 58 - Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § Io Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. §3°A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organiza ção específicos, para atender a suas necessidades. II - terminalidade especifica para aqueles que não puderem atin gir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em me nor tempo o programa escolar para os superdotados. III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. IV - educação especial para o trabalho, visando sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no traballìo competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora. OBSERVAÇÃO: Considerando os princípios que regem esta nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 e as peculiaridades dos portadores de superdotação e/ou de talento, necessário se faz um pronunciamento específico do MEC - Conselho Nacional de Educação quanto a esse alunado; no que se refere à aceleração do superdotado e talentoso; como o foi em relação as diretrizes da Educação Profissional, segundo o Decreto 2.208 de 17 de abril de 1997 - (em anexo). No Estatuto da Criança e do Adolescente Artigo 53. "A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho". Artigo 54. "E dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um ". Pareceres do Conselho Nacional de Educação (ex-Conselho Federal de Educação - CFE) OBSERVAÇÃO: A matéria em pauta sob a forma de legislação, veio sendo tratada em sucessivos Pareceres do Conselho Federal de Educação (CFE/MEC), hoje Conselho Nacional de Educação. Estes pareceres e sobretudo o 711/87 - Ações de Atendimento ao Superdotado, carecem de uma atualização (compatibilização), tendo em vista os novos princípios que regem a LDB de n° 9.394/96. • Parecer n° 255/72 de 09/03/72 (Documenta 136, março 1972) Destaca que o progresso do estudante deve atender a ritmo próprio de aprendizagem e a diversos interesses e aptidões. A freqüência deverá ser "dispensável ante a evidência de aproveitamento excepcional". Reconhece "alunos que revelam especial talento ", bem como defende a nao existência de barreiras entre séries, ou seja, ano letivo independente de ano civil para que o progresso do estudante superdotado possa ser mais veloz, eliminando qualquer perda de tempo. • Parecer n° 436/72 de 09/05/72 (Documenta 138, maio 1972) Admite matrícula condicional de aluno superdotado em curso superior, com prazo de até dois anos para apresentação de prova - conclusão do ensino de segundo grau, desde que reconhecida sua superdotação antes da inscrição no vestibular. • Parecer n° 681/73 de (Documenta 150, item 3.7, maio 1973) "Oportunamente este Conselho fixará o conceito e as formas de apurar o superdotado, a partir do que baixariam os Conselhos de Educação, as normas sobre a matéria para os seus sistemas estaduais de ensino ". • Parecer n° 711/87 de 02/09/87 - Ações de Atendimento ao Superdotado (Documenta 321, setembro 1987) Estabelece ações propondo: 1. Conceito e formas de apurar a superdotação; 2. Descentralização de competência para superdotação; 3. Procedimentos de identificação; declarar a 4. Modalidades de atendimento; 5. Formação de recursos humanos; 6. Estudos e pesquisas; 7. Constituição da Coordenadoria Nacional; 8. Envolvimento das Secretarias e dos Conselhos de Educação, e 9. Participação da Família, Escola, Empresa e Comunidade, e enuncia os princípios norteadores da Educação Especial: participação, integração, normalização, interiorização e simplificação. Portaria do Ministério da Educação - Centro Nacional de Educação Especial - CENEP n° 69, de 28/08/86 A Portaria CENESP/MEC n° 69, de 28/08/86, referiu-se ao superdotado, expressando sua definição e caracterização no artigo: "Superdotados: educandos que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade nos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica, pensamento criador, capacidade de liderança, talento especial para artes, habilidades psicomotoras, necessitando atendimento educacional especializado ". Na Declaração Mundial "Educação para Todos", (da qual o Brasil é signatario), resultante da Conferência Mundial sobre Educação Para Todos, realizado em Jomtien, na Tailandia em 1990. Artigo 1o, item 1 - "Cada pessoa, - criança, jovem ou adulto deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo e a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos de aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes) necessários para que os seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentais e continuar aprendendo. A amplitude das necessidades básicas de aprendizagem e a maneira de satisfazê-las variam segundo cada país e cada cultura e, inevitavelmente, mudam com o decorrer do tempo ". Na Declaração de Nova Delhi de 1993 (cf. Item 3.5). "Em todas as ações, em nível nacional e em todos os níveis, atribui-se a mais alta prioridade ao desenvolvimento humano, assegurando que uma parcela crescente dos recursos nacionais e comunitários seja canalizada à educação básica e que seja aprimorado o gerenciamento dos recursos educacionais disponíveis ". Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003) - MEC. "Nova Delhi configura-se como um compromisso, internacional por um lado, na medida em que o Brasil é integrante de uma comunidade que transcende suas fronteiras, e, por outro, por assumir um compromisso nacional de oferecer a todos, sem discriminação e com ética e eqüidade, uma educação básica de qualidade". Esses fundamentos por si justificam e asseguram a implementação do acompanhamento sistemático e complementar às pessoas superdotadas e talentosas e com indícios de genialidade. No momento em que conhecimento, qualidade e criatividade sao os principais fatores diretamente relacionados ao resgate da qualidade de vida e de relações nacionais e internacionais, o atendimento específico a essa população torna-se também forte mecanismo de transformação. Apenas o compromisso real de uma ação articulada e efetiva com base no plano decenal de educação para todos, nas esferas federal, estadual e municipal, pode viabilizar a consecução dos objetivos e metas do atendimento adequado a essas pessoas. 2.2 ASPECTOS FILOSÓFICOS A preocupação, hoje, da educação brasileira, por intermédio da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação - SEESP é tentar produzir, em curto prazo, uma transformação substancial, quer seja na educação de crianças com Necessidades Educativas Especiais, quer seja no campo de uma Educação Complementar, para aquelas que trazem também traços de desempenho superior à média das outras crianças (superdotadas e talentosas e excepcionalmente com características de genialidade). Em relação às primeiras, o MEC/SEESP está trabalhando, além da integração escolar, a filosofia da inclusão. Procura não só integrar as crianças com necessidades especiais no sistema escolar, mas também, junto a outras áreas - Ação Social, Cultura, Saúde, Desporto e Trabalho - promovendo sua integração social, por ser direito que lhe cabe como cidadão. No que se refere aos superdotados/talentosos objetiva promover um ajustamento do indivíduo com o ambiente social, como também a conquista de um espaço ou o acesso a um patamar mais amplo de país para mundo. A ótica não é apenas de um ser humano e uma comunidade, mas de um ser humano, cujas potencialidades o colocam como agente mais universal de inovações e transformações. Neste caso, deverá traduzir-se nas questões: • • • • O que a inteligência e o potencial humano atingem? Que caminhos fazem? Qual o espaço nacional e internacional de suas ações? Que espaço produtivo e social estará reservado e poderá ser ocupado pelos superdotados e talentosos brasileiros? • com qual espaço internacional, ou melhor, universal (países sem fronteiras) nossas potencialidades deverão muito em breve conviver, quando os atuais recursos competitivos mundiais já não fizerem sentido nos níveis econômico, político, científico, social, educativo, produtivo e outros? Só as grandes inteligências são capazes de perscrutar caminhos ainda não percorridos, por isto deverão estar "amanhã" integrados no novo perfil da humanidade. A inteligência que sempre esteve caracterizada por expressão individual, deverá estar centrada nos espaços mais universais que se tornarem significativos. A dinâmica social estará sendo movida, não pela dinamização da personalidade, mas pelas vertentes da superdotação, do talento e da genialidade. Em torno de um sistema de inteligência e/ ou de talento, muito provavelmente, haverá um conglomerado de outras inteligências e de talentos agrupados e conectados por traços afins, que atendam e complementem este sistema. Assim, a liderança do homem não estará só individualmente na sua pessoa, mas na capacidade de compor e integrar sistemas de inteligências, desempenhando plenamente e com alto grau de eficácia suas novas funções, numa dimensão mais ampla e universal. Para que se promova esse nível de consciência em relação ao superdotado e talentoso, é necessário que se estabeleça nova visão quanto a natureza destes seres humanos, da importância de suas ações, de seus produtos e de suas vidas. Pais, professores, especialistas, estudiosos, psicólogos deverão ser preparados para esta nova dimensão. Neste caso, perguntas norteadoras deverão estar sempre presentes: o que eu, diante dessa criança ou desse jovem, devo fazer hoje, para que ele amanhã ocupe, satisfatoriamente, seu novo espaço sócio-econômico, cultural, científico, produtivo, tecnológico, educativo, existencial, sobretudo, de plena realização humana? Fazer a leitura e conhecer grande parte desses seres que estão a nossa volta, a meio caminho da vida (seis anos, dez anos, vinte anos) e que até hoje não sabem por que nasceram inteligentes. O que fazer com essas inteligências e potencialidades? como desenvolvêlas em função de um ser humano completo e feliz? Até onde os produtos delas estão qualitativamente sendo úteis e essenciais à humanidade! O processo de assistência ao superdotado e talentoso não deverá ser modelado por um sistema, como processo a ser desenvolvido, mas, ser colocado como uma filosofía de trabalho a ser perseguida. Devido à natureza peculiar de cada ser humano desse segmento, é preciso que sua inserção social seja vista, não sob o ângulo de um ser humano e uma comunidade, mas de um ser humano cuja capacidade o coloca como agente de transformação, cuja jornada é descobrir quais são suas possibilidades, seus produtos e em que patamar se coloca no nível de produção e com o que contribui socialmente em nível de novo e de qualidade. com vistas nessa inserção, todas as linhas gerais e diretrizes para a educação e formação deste superdotado e talentoso devem pautar-se no processo do autodesenvolvimento em que o ser humano cresce, se desenvolve e se realiza como ser expressivo e produtivo, se tiver uma assistência complementar diferenciada, conforme suas peculiaridades e atendendo ao ritmo próprio de aprendizagem. O processo requer dos educadores envolvidos a capacidade de fazer a leitura de cada um destes seres humanos e ter condições de criar mecanismos e estratégias que se fizerem oportunos e necessários. Um edu- cador que não ensina, mas assiste ao aluno no seu processo de aprendizagem. O primeiro passo está em se levantar o perfil desses seres humanos, dar-lhes condições de desenvolvimento pleno do potencial que cada um traz. Potencial que, quando bem direcionado, torna esse superdotado e talentoso plenamente desenvolvido, gerando um leque infinito de idéias novas, soluções a problemas, caminhos e sistemas novos, enfim, produzindo inovações que só suas inteligências poderão produzir. Esses caminhos, suas consciências do todo são capazes de captar, perceber e trabalhar. 3. CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DO SUPERDOTADO Entre as várias características apresentadas por pessoas com aspectos relacionados a superdotação, são registradas com maior freqüência: • habilidade incomum em lidar com abstrações de alto nível; • habilidade incomum em encontrar ordem na complexidade e no caos; • consciência de si mesmo e necessidade de definição própria; • capacidade de desenvolver interesse ou habilidade específica; • sensitividade em relação às pessoas de nível intelectual similar; • rapidez em resolver dificuldades, mas com propensão a aborrecer-se facilmente; • capacidade de avaliação e análise constantes; • consciência de si mesmo como pessoa especial ou auto-rejeição; • procura de autenticidade; • capacidade de redefinição e extrapolação; • poder de crítica; • ingenuidade nas ligações de base emocional; • poder associativo altamente desenvolvido; • • • • • • • perfeccionismo, não aceitação de imperfeições; rejeição a autoridade excessiva; dificuldade para explicar a origem de sua alta capacidade criativa; fraco interesse por regulamentos e normas; tendência ao desenvolvimento de personal idade original; resistência para seguir deliberadamente as normas sociais; senso de humor e de ironia. Podem também apresentar segundo Tuttle e Becker (1983) os seguintes aspectos caracterizadores: • reagem positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos de seu ambiente; • persistem em examinar e explorar estímulos com o objetivo de conhecer melhor a respeito deles; • apresentam uma forma original de resolver problemas, propondo muitas vezes soluções inusitadas; • são independentes e auto-suficientes; • têm grande imaginação e fantasia; • vêem muitas relações entre objetos, • têm sempre muitas idéias; • preferem idéias complexas; • irritam-se com a rotina; • podem ocupar seu tempo de forma produtiva, sem ser necessária uma estimulação constante pelo professor. Dentre as várias contribuições relacionadas a aspectos das pessoas superdotadas, May W. Seagoe correlacionou as seguintes características da superdotação e os problemas possíveis de serem encontrados em situação de aprendizagem. Esta abordagem é de grande importância, visto ser em situação escolar que muitas das características enunciadas se fazem destacar. Sèrie Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo I 4. CARACTERÍSTICAS E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM DOS SUPERDOTADOS CARACTERÍSTICAS PROBLEMAS CONCOMITANTES 1. poder agudo de observação: receptividade natural; senso do significativo; prontidão para examinar o diferente 1. rejeição social; inovação do sistema de valores 2. poder de abstração, conceituação e de síntese; interesse na aprendizagem indutiva e resolução de problemas; prazer na atividade intelectual 2. resistência ocasional à direção; rejeição ou omissão de detalhes 3. interesse nas relações causa efeito, habilidade para perceber relações; interesse na aplicação de conceitos; amor à verdade 3. dificuldade em aceitar o ilógico 4. gosto pela estrutura e ordem; gosto pela consistência, seja no sistema de valores, de números ou calendários 4. invenção dos próprios sistemas, por vezes, em conflito 5. capacidade de retenção 5. desinteresse pela rotina; necessidade de precoce domínio das habilidades fundamentais 6. em alguns casos: proficiência verbal; amplo vocabulário; facilidade de expressão; interesse na leitura; extensão na informação das diversas áreas 6. necessidade precoce de especialização nas áreas de seu interesse; incompreensão e resistência dos pais; fuga no verbalismo Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume 1 - Fascículo I CARACTERÍSTICA PROBLEMAS CONCOMITANTES 7. atitude de indagação; curiosidade 7. falta de estimulação familiar e intelectual, espírito inquisidor, escolar desde cedo motivação intrínseca 8. poder de pensamento crítico; ceticismo, avaliação e autoconfírmação; 8. atitude crítica para com os outros; desencorajamento da autocrítica 9. criatividade inventiva; inclinação para novas maneiras de ver as coisas; interesse em criar na livre expressão de gerar idéias 9. rejeição do já conhecido; necessidade de inventar para si mesmo 10. resistência à interrupção 10.poder de concentração e prolongamento de atenção, desde que seja no campo e exclusivo de seu interesse 11. comportamento persistente e dirigido para metas 11. obstinação 12. sensibilidade, intuição, empatia 12. necessidade para sucesso e repara com os outros; necessidade conhecimento; sensibilidade a de suporte emocional e atitude crítica; vulnerabilidade à rejeição simpática, envolvimento do ego dos colegas e de coragem 13.muita energia, vivacidade, agi13. frustração com a inatividade e lidade, períodos de intenso e ausência de progresso voluntário esforço precedentes aos da invenção Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo I CARACTERÍSTICAS 14.independência no trabalho e estudo; preferência pelo trabalho individualizado; autoconfiança; necessidade de liberdade de movimento e ação; necessidade de viver em solidão PROBLEMAS CONCOMITANTES 14.não-conformismo com as pressões dos pais e grupos de colegas; problemas de rejeição e de rebelião 15.versatilidade e virtuosidade; diversidade de interesses e habilidades; muitos passatempos, competência em diversas modalidades de arte, como música ou desenho 15.falta de homogeneidade no trabalho de grupo; necessidade de flexibilidade e individualização; necessidade de ajuda para explorar e desenvolver interesses; necessidade de adquirir competências básicas nos interesses prevalecentes 16.companheirismo e afabilidade 16. necessidade de relações sociais em diversos tipos de grupos; problemas no desenvolvimento da liderança social É importante ressaltar que não há um padrão único de comportamento para esses alunos, nem todas as características enumeradas anteriormente podem ser observadas na mesma pessoa. Em geral, apresentam-se em conjuntos de traços, facilmente percebidos quando o professor está sensível para uma observação mais acurada, quando esse, tem conhecimento da existência delas e consegue perceber o grau de intensidade que essas características se manifestam em determinadas pessoas. O quadro apresentado retrata algumas das dificuldades de adaptação escolar mais freqüentes na superdotação. São elementos de grande importância uma vez que paralelo às características observa-se os aspectos dificultadores no processo de aprendizagem que podem estar presente em alguns casos. Os professores podem observar os comportamentos de seus alunos sob uma nova ótica. A partir das dificuldades observadas, identificar as características do aluno e buscar alternativas para a superação de suas dificuldades. Em alguns casos, pequenas mudanças são suficientes para que o processo de aprendizagem ocorra de forma mais agradável e produtiva para o aluno, grupo ou professor. 5 - TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO Considerando que a estrutura deste Fascículo I é bastante diversificada porque envolve fundamentos, sentidos conceituais, exemplificações e caracterizações, necessário se faz que a dinâmica de trabalho de grupo no caso, de estudos para o professor Cursista, se caracterize por: • divisão da turma em pequenos grupos (para estudo) • aprofundamento e enriquecimento de conteúdos/pesquisa e coleta de novos dados, quer sejam dados secundários ou resultantes de observação de vivências • discussão em grupos dos dados coletados • avaliação individual e em grupo: - do conteúdo adquirido - do desempenho do Cursista durante os estudos - da capacidade do Cursista de identificar situações similares e novas. Estas técnicas são sugestões para a aplicação no estudo dos conteúdos desse fascículo I. PAINEL DE DEBATES Esta técnica permite ao grupo ampla participação ao abordar os mais variados temas. De fácil aplicação, pode se útil em variados contextos onde aspectos vistos sob diferentes óticas, idéias contrastantes e posicionamentos contraditórios, podem ser percebidos e analisados pelos participantes. O orientador tem um papel fundamental, uma vez que a sua neutralidade favorece o controle de possíveis exaltações. Etapas • Apresentar os objetivos e passos da técnica; • Elaborar regras a serem compartilhadas pelo grupo; • Subdividir o grupo em três subgrupos. Um com número superior (será a plenária), e outros dois que terão o papel de argumentar e contra argumentar o tema proposto; • Oportunizar tempo para que cada grupo estruture sua apresentação; • Definir o papel da plenária: Observação e análise da temática de cada subgrupo, da participação de seus elementos e da seleção do grupo que melhor realizou a tarefa; • Apresentação dos trabalhos dos subgrupos; O fechamento da técnica prevê final surpresa para a plenária que poderá ser questionada (junto com os participantes dos subgrupos) sobre a temática apresentada através de questões formuladas pelo orientador. A avaliação deste trabalho é interessante uma vez que, o grupo utiliza conhecimentos e argumentos sob diferentes pontos de vista, recebem o retorno de suas participações e não se permite que a plenária apenas observe a dinâmica dos subgrupos. O orientador conclui os trabalhos pontuando aspectos desenvolvidos, ampliando, esclarecendo e analisando as contribuições de cada grupo. Considerações • Seria interessante que a plenária recebesse um texto informativo para leitura sobre a temática enquanto os subgrupos discutem e preparam suas apresentações. • Poderia ser disponibilizado aos participantes material de suporte técnico como: cartolinas, revistas, livros, pincéis atômicos e material de recorte e colagem. TÉCNICA: PAINEL ABERTO Se constitui de variação da técnica anterior onde os subgrupos são distribuídos igualmente e a eles são designados temas diferenciados. Os subgrupos terão tempo e organização suficientes para 1er, debater e preparar uma apresentação sobre o tema proposto. Esta técnica pode ser aplicada em várias situações de aprendizagem. Estimula a participação de alunos mais tímidos e ao desenvolvimento do raciocínio e o encadeamento de idéias. ETAPA I • apresentar os objetivos e regras do trabalho; • distribuir temática diferenciada para cada grupo; • permitir o trabalho em grupo para a leitura, análise e estruturação para a de apresentação em plenária; • solicitar ao final dos trabalhos a indicação de um relator e secretário dos grupos; ETAPA II • agrupar os relatores e secretários em subgrupos; • estabelecer o tempo para as apresentações (5 a 8 minutos) dos relatores que representarão os demais participantes dos subgrupos. As apresentações não poderão ser complementadas ou interrompidas e serão registradas pelos secretários dos grupos; • permitir o uso da palavra pelos secretários para que possam esclarecer dúvidas. • debater com o grupo os aspectos abordados durante as apresentações. O orientador ao concluir os trabalhos deverá analisar a participação em grupo, enriquecer a temática com uma pequena abordagem e apresentar os resultados obtidos. BIBLIOGRAFIA ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Psicologia e educação do superdotado. Sao Paulo: EPU, 1986. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendimento educacional dos alunos portadores de altas habilidades: superdotação e talento. Brasília: MEC/SEESP, 1995. _____ . Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: Area de Altas Habilidades. Brasília: MEC/SEESP, 1995. BRUNNER, Reinhard. Dicionário de psicopedagogia e psicologia educacional. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. BUTCHER, H. J. A inteligência humana. São Paulo: Perspectiva, 1981. CARRAHER, Nunes Terezinha, Sociedade e inteligência. São Paulo: Cortez, 1989. COLL, César; PALÁCIOS, Jesús e MARCHESI, ALVARO/org. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolução; Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. DRUCKER, Peter Ferdinand. Fator humano e desempenho; São Paulo: Pioneira, 1984. DRYDEN, Gordon e Vos, Jeannette. Revolucionando o aprendizado; São Paulo: Makron Books, 1996. EYSENCK, Hans Jurgen. O grande debate sobre a inteligência; Brasília: Universidade de Brasília, 1981 e 1982. GARDNER, Howard. Mentes que criam: uma anatomia da criatividade observada através das vidas de Freud, Einstein, Picasso, Stravinsky, Eliot, Graham e Gandhi/Howard Gardner; Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. _____ . As artes e o desenvolvimento humano: um estudo psicológico artístico; Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. _____ . A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995. . Mentes que lideram: uma anatomia da liderança; Porto Alegre: Ar tes Médicas, 1996. _____ . Inteligências múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. _____. A criança pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la; Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996. HART, Tony. Cri ancas famosas: Leonardo Da Vinci; Sao Paulo: Callis, 1994. ____ . Crianças famosas: Picasso; Sao Paulo: Callis, 1994 IANNI, Octavio. Teoria da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. KIRK, A. Samuel e GALLAGHER, J. James. Educação da criança excepcional 2a ed. Sao Paulo, Martins Fontes, 1991. KÕNIG, Karl. Os três primeiros anos da criança: 2 conquista do andar, do falar e do pensar; São Paulo: Antroposófíca, 1995. _____. Os três primeiros anos da criança; São Paulo: Antroposófíca, 1995. KÜGELGEN, Helmult Von. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica; São Paulo: Antroposófíca, 1989. LANDAU, E. Criatividade e superdotação, Rio de Janeiro: ECO, 1987 LIEVEGOED Bernard. Desvendando o crescimento: as fases evolutivas da infância e da adolescência. São Paulo: Antroposófíca, 1994. MILLER, Alice O drama da criança bem dotada: como os pais podem formar (e deformar) a vida emocional dos filhos; Szabol. São Paulo: Summus, 1997. NOVAES, Maria Helena. Desenvolvimento psicológico do superdotado. São Paulo: ATLAS, 1979. _. Psicologia da terceira idade: conquistas possíveis e rupturas necessárias. Rio de Janeiro: Grupho, 1995. PRISTA, Rosa Maria. Superdotados e psicomotricidade: um resgate à unidade do ser. Petrópolis: Vozes, 1993. RACHLIN, Ann. Crianças famosas: Tchaikovsky, São Paulo: Callis, 1993. . Crianças famosas: Mozart, São Paulo: Callis, 1993. ROSA, S. Santa Nereide; Bonito, Angelo. Crianças famosas: Villa - Lobos. São Paulo: Callis, 1994. STEINER. Rudolf. A arte da educação I. Sao Paulo: Antroposófica, 1988. _____ . A arte da educação II. São Paulo: Antroposófica, 1992. TAYLOR, Calvin W. Criatividade: progresso e potencial. São Paulo: Ibrasa, 1976. TORRANCE, Ellis Paul. Criatividade: medidas, testes e avaliações; São Paulo: Ibrasa, 1976. SUGESTÕES PARA LEITURA • Constituição Federal de 1988 - da Educação (art. 205 e 214) • Emenda Constitucional n° 11, de 1996 • Emenda Constitucioanl n° 14, de 1996 • Lei n° 9.424 de 24/12/96 • Lei n° 9.394 de 20/12/96,(DOU 23/12/96 - Seção I) • Decreto n° 2.208, de 17/04/97 Ministerio da Educação Secretaria de Educação Especial SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: Aptidões, Interesses e Habilidades Específicas Fascículo II CONTEUDISTA: LEILA MAGALHÃES SANTOS COLABORAÇÃO: NATALIA PACHECO DE LACERDA GAIOSO VERA LÚCIA PALMEIRA PEREIRA SUMÁRIO TEMÁTICA: SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: APTIDÕES, INTERESSES E HABILIDADES ESPECÍFICAS PARTE 1 1. APTIDÕES 1.1 - Sentido Conceituai: Capacidades Especiais ou Aptidões ...................................... 85 - Aptidão,outras Conceituações............................................... 88 - Classificação: Aptidões Intelectuais, Afetivas e Psicomotora . 93 1.2 -ÁREAS-EXEMPLOS 1.2.1. Aptidão: exemplo........................................................ 94 1.2.2 .Aptidões e seus Componentes Habilidades:.................. 94 1.2.3. Ilustração-APTIDÕES: áreas ................................... 95 2. INTERESSES 2.1-Sentido Conceituai .................................................................. 96 2.2-ÁREAS-EXEMPLOS: alguns tipos ........................................97 2.3 - Ilustração: de Interesse......................................................... 100 3. HABILIDADES 3.1 - Sentido Conceituai ............................................................... 101 3.2-Áreas-Exemplos: alguns tipos.............................................. 101 PARTE 2 PROPOSTA PARA TRABALHO DE GRUPO TEXTO- GRANDES INTELIGÊNCIAS: ALGUMAS EXPRESSÕES ............................................107 -PERFIL I: Leonardo da Vinci ....................................................108 - PERFIL II Albert Einstein...........................................................115 -PERFIL III: Charlie Spencer Chaplin ..........................................119 PARTE 3 1. TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO 1.1 -Introdução ........................................................................... 119 1.2 -Técnica do Simpósio ...........................................................119 Bibliografia ........................................................................................ 121 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Oferecer oportunidades ao professor para: • Distinguir desempenhos em níveis de aptidões, interesses e habilidades específicas; • Perceber no cotidiano escolar situações que se evidenciem possíveis potenciais superiores; • Identificar expressões da inteligência humana. INFORMAÇÕES INICIÁIS 1. 2. 3. 4. 5. 6. Leia os objetivos gerais e específicos do fascículo; Estude o texto do fascículo; Aplique seus conhecimentos, através das técnicas sugeridas; Avalie seu desempenho em relação às técnicas aplicadas; Se não conseguir realizar satisfatoriamente, repita a técnica; Se não conseguir aprovação, reestude o texto. ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estudar o texto relativo ao fascículo. 2 - Rever o vídeo para tirar dúvidas. 3 - Recorrer ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida persista. PARTE 1 - APTIDÕES, INTERESSES E HABILIDADES 1.1 - APTIDÕES: SENTIDO CONCEITUAL CAPACIDADES ESPECIAIS OU APTIDÕES Além de nossa "inteligência geral", todos nós temos certas aptidões especiais que aferem o que fazemos em nossa vida pessoal. Essas capacidades especiais têm pequena relação com a inteligência. uma pessoa de capacidade geral superior que geralmente tenha alguns talentos especiais, pode bem estar destituída de aptidão mecânica, musical ou artística. Enquanto a maioria dos que têm talento artístico estão acima da média em inteligência, alguns deles estão abaixo. E impossível predizer o grau da inteligência geral a partir do conhecimento de aptidões especiais e vice versa. As capacidades especiais dependem tanto de capacidade inata, como de treinamento. Atualmente existem testes que medem a capacidade mecânica, musical, artística e também a aptidão para trabalho. São testes geralmente usados em empresas de: engenharia, direito, medicina. magistério, enfermagem, ciências entre outras. APTIDÃO (CONFORME W. ARNOLD, H. J. EYSENCK E R. MEILI - 1981 e 1982) APTIDÃO: - Begabung (em alemão); Ability (em inglês). Aptidão pode definir-se como o conjunto das capacidades inatas para executar tarefas qualificadas em diversos campos culturais. Nesse sentido aptidão é um fato endógeno que no entanto, se manifesta nas realizações e criações da vida concreta. Por isso é muito importante considerar o contexto em que se dá o desempenho da ação vital: ele pode, de maneira decisiva, motivar, enervar, promover, reprimir, impedir ou mesmo estancar o rendimento pessoal. A aptidão revela-se nas características do desempenho; nela estão envolvidos modos de comportamento e até atitudes, pois todo desempenho só vem a tomar corpo por um comportamento, e este só, por uma determinada atitude. Essa definição de aptidão tem uma base substancial na constituição psicofisica da pessoa humana. Por incluir os fatores culturais, ela é multidimensional (aptidão geral, ex: vitalidade, capacidade emocional e vontade, habilidades motoras, e outros; e capacidades especiais, como por exemplo o pensamento lingüístico ou numérico). Ela contém também fatores causais, constitucionais e pessoais, assim como tipos de aptidão e capacidades (teóricos e práticos, natureza, talento, gênio; aptidão normal e aptidão subnormal), que são graduados (e por isso mensuráveis) em termos de dimensões culturais diferenciadas, conforme número e sobretudo qualidade. A plasticidade dinâmica é uma das características da aptidão, definida como multidimensional, graduada e como um dado substancial. A aptidão nesse sentido tanto pode desenvolver-se como desdobrar-se. Seu núcleo pode crescer; pode diferenciar-se em ramos maiores ou menores, mais fortes ou mais fracos. Aptidão tem mais extensão que inteligência, que é, essencialmente, a capacidade de produzir e compreender significados, relações e contextos significativos. Aptidão é condicionada geneticamente; seu desdobramento depende das condições do ambiente. Aptidão e idoneidade podem ser estabelecidas diagnosticamente mediante análise de desempenho e rendimento. Em qualquer desempenho estão presentes pelo menos os seguintes fatores: inteligência, temperamento, adaptabilidade e capacidade prática. Não se podem omitir, em pesquisa de aptidão, considerações morais e mentais, negativas ou positivas. A conceituação de aptidão amplia-se mais sob o ponto de vista da caracterología, que considera o desempenho de todo indivíduo, não obstante suas determinações e condições situacionais, tão dependente dos traços essenciais - manifestados nos sentimentos e nas atitudes quanto das disposições. Aptidão, por isso, é também uma capacidade especial de exercer influência pessoal sobre o ambiente, em ação e reação (objetivamente, e de modo pessoal e espiritual). Essa definição permite também pôr aptidão em relação a emoção, pensamento, imaginação, memória, fantasia e mente ("espírito"). Inteligência foi identificada como aptidão. T. Ziehen usou o termo especial Beanlagung para definir a "qualidade geral dos processos psíquicos mais importantes do indivíduo, na medida em que ela não depende da prática mas sim da organização do cérebro, inata ou muito cedo adquirida". A recente tendência moderna à desnaturalização interpretou aptidão como um processo de aprendizagem (dotar e ser dotado, Roth, 1970). Surge porém a questão se um tal processo pode realizar-se sem substância, e se não necessita de um agente humano. A pessoa, i. é, uma unidade de corpo, alma e espírito, é sempre equipada individualmente com dotes naturais. Tôda pessoa pode ser enriquecida com mais dotes pelo seu ambiente, mas os dotes naturais (disposições) são indispensáveis pré-requisitos do processo exógeno de desdobramento e de educação. Seria um desastre se, por causa de construções forçadas e artificiais, fosse interpretada a aptidão como uma "dotação de fora para dentro" e, se um constructo teórico tentasse eliminar o fato real das disposições que sempre estiveram presentes em todos os homens e estarão no futuro. O conceito estaria por demais restrito e unilateral se fosse limitado unicamente à capacidade de aprender. "Aptidão" significa, além disso, a própria criatividade independente. No uso corrente da linguagem, dote significa não só o dom "recebido", mas usa-se também no sentido de "atributos inatos, talento". Enquanto aptidão se realiza como base de desempenhos num determinado espaço sociocultural, talento estende-se além das qualidades médias normais, superando-as com seu desempenho. Gênio é a suprema aptidão que o espírito inspira e impregna. APTIDÃO: OUTRAS CONCEITUAÇÕES Conforme Maria Barbiero Venite em "Estudo das Aptidões": Os autores têm definido aptidão das mais diversas formas. Isto se explica devido ao fato de que cada um sofreu a influência da doutrina em que baseou sua concepção da natureza da vida psíquica. Alguns conceitos demonstram a necessidade de se levarem em conta as diferenças individuais, o esforço pessoal os fatores congênitos e hereditários, o aspecto social, o aspecto psicofisico, o desenvolvimento de habilidades, a praticidade, as reações psíquicas e afetivas, as manifestações e produtos da personalidade. Gemelli, em seu livro "Orientação Profissional", cita o autor Nelson, o qual examinou os trabalhos de numerosos autores de língua inglesa sobre as aptidões, formulando alguns pontos: I - E universalmente reconhecida a grande variedade de aptidões. II - As aptidões, na sua maioria, são consideradas de ordem prática e postas em relação a problemas educativos. III - Deve haver distinção entre aptidão, reflexo, instinto, tendências inatas e opiniões que permitem avallaras aptidões. IV- Os autores classificam as aptidões em termos de estados psíquicos ou com base na avaliação desses, ou ainda, conforme os fins a que se destinam. Muitos problemas têm surgido no que diz respeito às aptidões, fato este que torna de grande interesse seu estudo para a educação de um modo geral, para a psicologia e para suas aplicações. E necessário considerarem especial, o problema da educabilidade das aptidões, o do peso da hereditariedade nas aptidões e o da correlação entre elas. Deve atribuir-se especial importância aos estudos de Allport sobre as aptidões, por tê-las considerado no quadro geral do estudo da personalidade, que é, hoje, a tendência geral de muitos psicólogos. Aptidão pode ser considerada como: Disposição natural para realizarse algo. (Littré, Apud Gemelli) E a habilidade ou o complexo de habilidades exigidas para executar uma determinada e específica tarefa prática.(Freeman, Apud Gemelli) E uma disposição do eu que procede da integração da experiência, tendo por base tendências inatas, e que modifica, de um modo geral, as reações às situações psíquicas nas quais o indivíduo se encontra. (Nelson, Apud Gemelli) Aptidão é o que diferencia dois indivíduos que têm o mesmo nível mental. (Piaget, Apud Gemelli) É todo caráter psíquico ou físico considerado sob o ângulo do rendimento. (Claparéde, Apud Gemelli) É uma condição ou conjunto de características consideradas sintomáticas da facilidade com que o indivíduo pode adquirir, mediante treinamento adequado, conhecimentos, destrezas ou conjuntos de reações, usualmente especificados, como a habilidade para falar um idioma estrangeiro, compor música, etc. (Warren) Habilidade natural para determinado gênero de atividade e que depende de muitos fatores para transformar-se em capacidade real e efetiva. (Oswaldo de Barros Santos) Estado ou disposição que permite a execução de certas tarefas com espontânea facilidade, às vezes mesmo sem aprendizagem. (Oswaldo de Barros Santos) E a capacidade de desempenhar bem determinada atividade. (SENAC) E a capacidade de executar certas operações que foram manifestamente adquiridas pelo exercício. (Minicucci) Pode concluir-se, pela análise desses diversos conceitos, que a noção de aptidão contém quatro idéias básicas: 1 - a idéia de rendimento; 2 - a idéia de diferenciação individual; 3 - a idéia de disposição natural; 4 - a idéia de capacidade para. Entende-se, porém, que aptidão é o potencial que um sujeito apresenta para a realização de uma atividade específica. Pode-se, então, afirmar que o indivíduo possui um conjunto de características que lhe proporcionam facilidade para executar determinada atividade, com um mínimo de esforço. As Aptidões classificam-se, segundo Maria José Esteves de Vasconcellos, no livro "Curso de Informação Profissional" à pag. 57, em: I - Aptidões intelectuais: Inteligência geral; Aptidão abstrata; Aptidão numérica; Aptidão espacial; Aptidão mecânica; Memória; Percepção. II - Aptidões artísticas: Aptidão artístico-plástica; Aptidão artístico-musical; Aptidão artístico-dramática; Aptidão artístico-literária. III - Aptidões Psicomotoras: Agilidade física; Resistência física; Aptidões dígito-manuais. Fingermann apresenta a classificação de Claparede como sendo uma das mais aceitas (semelhante à apresentação de Leon Walther, quanto à origem). As aptidões são agrupadas em quatro categorias: 1) aptidões sensoriais; 2) aptidões motrizes; 3) aptidões intelectuais; 4) aptidões afetivas. 1) As aptidões sensoriais são as disposições para distinguir cores, perceber formas, distinguir ruídos apenas perceptíveis, reconhecer e discriminar odores e sabores. 2) As aptidões motrizes são disposições para realizar movimentos. Existem pessoas cujos movimentos são firmes, rápidos e seguros. Outras, no entanto, caracterizam-se por seus movimentos lentos e embaraçados. 3) As aptidões intelectuais são disposições de caráter psicológico, como a memória, a atenção, a inteligência. Essas aptidões gerais podem ser estudadas sob formas mais específicas. Assim, a memória pode ser qualificada de acordo com a mnemônica e pode ser dividida ainda em subclasses: memória para cores, para nomes, para números, para fisionomias, para formas. O mesmo pode dizer-se com respeito às demais aptidões intelectuais. Por exemplo, na atenção distinguem-se várias classes diferentes, segundo os sujeitos: atenção concreta, atenção distribuída, atenção flutuante. Existem também diferentes classes de inteligência: a inteligência abstrata, a inteligência prática e a inteligência técnica. 4) As aptidões afetivas são disposições inatas para sentir o belo ou o feio, o agradável ou o desagradável. Trata-se do gosto estético para cores ou sons. Referem-se, pois, ao desenho, à pintura, ao sentido das proporções, à simetria e, no terreno da música, ao sentido do ritmo, da harmonia ou das dissonâncias. A energia volitiva deve ser considerada como uma aptidão afetiva, pois o elemento afetivo desempenha um papel preponderante no processo da vontade. APTIDÃO ARTÍSTICO-PLÁSTICA (Conforme L. d'Anniballe Braga) FATORES DA APTIDÃO ARTÍSTICO-PLÁSTICA Quando um indivíduo se sente atraído pelas coisas de arte, das duas uma: ou vai naturalmente fazendo arte quase sem o sentire acaba con vencendo-se de que essa é a sua atividade, ou então não tem certeza a respeito de suas tendências, está inseguro talvez pela multiplicidadede interesses, e embora goste de arte, desejaria possuir jeito para desenvolvê-la. Freqüentemente, na fase da escolha da carreira ou profissão surgem problemas que o jovem precisa resolvê-los e faz a si próprio perguntas do tipo das seguintes: - Terei jeito para arte? - Poderei ser um pintor? - Darei para desenhista? - Poderei estudar Arquitetura? Em todas, porém, está implícita a questão de aptidão ou habilidade que supõe ser algo inato, independente de estudo ou preparo. A aptidão artística não é constituída de um só fator, não é uma qualidade simples. É resultante do complexo de aptidões, umas relativamente simples, e que são básicas, como: inteligência, memória, percepção, outras específicas, mais complexas como a estética. Nas artes da forma e da cor, entram na formação da aptidão artística vários fatores que, segundo o grande psicólogo C. Meier, podem resumir-se em: - Habilidade Manual; - Energia Exteriorizada; - Inteligência Estética; - Facilidade Perceptiva; - Imaginação Criadora; - Julgamento Estético. O artista é produto da hereditariedade e do ambiente. Tudo depende do modo que o indivíduo reage ao seu apelo estético. Assim é que H. Piéron define a aptidão como sendo a "condição congênita de certa modalidade de eficiência". CLASSIFICAÇÃO APTIDÕES INTELECTUAIS - SÃO DISPOSIÇÕES DE CARÁTER PSICOLÓGICO: • a memória; • a atenção; • a inteligência - abstrata; - prática; - técnica. APTIDÕES AFETIVAS - SÃO DISPOSIÇÕES DE CARÁTER PSICOLÓGICO: • sentir o belo ou o feio, o agradável ou o desagradável • sentir gosto estético para cores, sons e forma ou ritmo, harmonia e dissonância APTIDÕES PSICOMOTORAS • SENSORIAIS: as disposições para distinguir cores, perceber formas, distinguir ruídos apenas perceptíveis, reconhecer e discriminar odores. • MOTRIZES: são disposições para realizar movimentos. Existem pessoas cujos movimentos são firmes, rápidos e seguros. Outros são lentos e embaraçados (destreza, agilidade). 1.2 - ÁREAS / EXEMPLOS: ALGUNS TIPOS 1.2.1 - APTIDÃO, ou seja, CAPACIDADE ESPECIAL para ser: • mecânico; • músico; • artista; • datilografo; • taquígrafo; • enfermeiro; • cientista; • pesquisador; • professor; • filósofo; • outros. 1.2.2- APTIDÕES E SEUS COMPONENTES: HABILIDADES APTIDÃO MECÂNICA -HABILIDADES: • Destreza dígito-manual; • Visualização espacial; • Velocidade e precisão perceptivas; • Compreensão de princípios e relações afetos à mecânica; • Energia desenvolvida; • Inteligência; • Facilidade perceptiva; • Imaginação criadora, e • Julgamento estético. APTIDÃO ACADÊMICA ESPECÍFICA-HABILIDADES: • Visualização espacial; • Velocidade e precisão de percepção; • Habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o Conhecimento; • Destaque pela habilidade especial em matemática - informática engenharia - arquitetura - direito - medicina -1 ínguas e outras áreas; • Capacidade de questionar o incomum e o diferente; • Excepcional desempenho na escola; • Apresenta grande quantidade de informações na área acadêmica. EXEMPLOS DE APTIDÕES EM ÁREAS DIVERSAS 2.1 - INTERESSES: SENTIDO CONCEITUAL Tendência a apresentar comportamentos orientados para certos objetos, atividades ou experiências, tendência essa que varia de intensidade (e generalidade) de indivíduo para indivíduo. Estudos de análise fatorial sobre a estrutura dos interesses mostraram a existência de cerca de quinze dimensões independentes (direções do interesse), ex: por música, política e economia, tecnologia e ciências naturais, arte, etc. Geralmente é fraca a associação entre interesses e testes de personalidade ou de desempenho (com exceção de provas puramente concentradas no conhecimento). Kuder Preference Record; Strong Vocational Interest Blank O campo de atividades humanas é, de fato, imenso, tanto que os orientadores e estudiosos do assunto costumam apresentá-lo sob forma de classificações que seguem determinado critério, o que reduz muito o esforço de organizar uma delas. Há classificações que são feitas pelas aptidões requeridas, como exemplo: numérica, construti vo-mecânica, verbal, plástica, musical, social, executiva, manual, prática e organizadora. As profissões também podem ser agrupadas conforme atentem de preferência para: idéias, pessoas ou coisas. As profissões assistenciais se preocupam com pessoas, enquanto que as científicas o fazem principalmente com coisas, embora algumas se dediquem a fatos humanos. Já no campo das idéias, os matemáticos e os filósofos são típicos. Outro sistema de classificação é o do agrupamento feito de acordo com o interesse comum. Os tipos característicos dos principais interesses são: - mecânico (construtivo), por cálculo, científico, por persuasão, artístico-plástico, artístico-musical, artístico-literário, assistencial e administrativo. 2.2 - ÁREAS DE INTERESSE: ALGUNS TIPOS Interesse Mecânico: Manifesta-se pela observação da estrutura das coisas e pela curiosidade de ver e experimentar como funcionam e como se constróem. Geralmente, as pessoas que o possuem estão freqüentemente às voltas com: armações, consertos de objetos, brinquedos, ferramentas, aparelhos elétricos e mecânicos, seja em casa ou fora dela. Sentem-se atraídas pelas oficinas, fábricas e outros lugares onde se trabalha com essas coisas. Algumas ocupações técnicas que envolvem os seguintes profissionais dessa área: engenheiro, técnico em geral, trabalhador qualificado, mecânico, operário de indústrias mecânicas, operador de máquinas e construtor. Interesse por Cálculo Nota-se naqueles que sentem prazer e facilidade em lidar com números e tudo quanto se refira a cálculo. Geralmente, nos colégios, são alunos que preferem o estudo da matemática. São profissionais com esse tipo de interesse: matemático, estatístico, aferidor, calculista, contador e analista de sistemas. Interesse Científico Revela-se pela atitude que os indivíduos tomam em relação aos fenômenos e acontecimentos. Buscam essas pessoas, quase sempre, o por que e o como das coisas e dos fatos. São os cientistas. Há profissionais que não se preocupam com a aplicação da ciência que estudam ou lhe dão pouca atenção. São os cientistas puros: físico, biólogo, arqueólogo, filósofo. Há outros em que na base de seu interesse está a aplicação e a utilização dos conhecimentos científicos: médico, engenheiro, farmacêutico, psicotécnico. Interesse Persuasivo A persuasão é a preocupação dos que sentem satisfação em convencer as pessoas de algo que supõem útil e necessário que elas conheçam. Possuem raciocínio lógico e facilidade de argumentação. Os jovens manifestam esse interesse aparecendo como aqueles que discutem e argumentam, que lideram qualquer movimento, ou em prol de uma idéia, ou de atitude a ser tomada. "Vendem", aos demais, sua "mercadoria", promovem festivais, aconselham amigos. São profissões típicas as seguintes: professor, diplomata, vendedor, locutor, catequista, propagandista, político, advogado. Interesse Artist ico-plástico Manifesta-se naqueles que gostam de desenhar, modelar, decorar, fazer trabalhos manuais artísticos e que encontram nesse veículo seu meio de expressão. Encontram-se nas profissões típicas: pintor, escultor, arquiteto, desenhista, decorador, fotógrafo, modista, tapeceiro, i lustrador. Interesse Artístico-literário Aparece nos que gostam de falar e de 1er, de compor versos, escrever artigos e novelas, nos que se preocupam com o estudo da linguagem e da literatura nacional ou estrangeira: jornalista, professor (de linguagem e literatura ou de idiomas), bibliotecário, escritor, poeta, novelista, editor, ator, roteirista, advogado, mestre de dicção, orador. Interesse Artístico-musical E comum aos que gostam de cantar, tocar e compor, que assistem a concertos e exibições musicais, que fazem parte de corais, que se preocupam com os acontecimentos musicais, que aprendem com facilidade qualquer assunto musical. Estão nas ocupações de: cantor, compositor, maestro, instrumentista, professor de música, crítico musical, discòfilo, "disc-jóquei". Interesse Assistencial Manifesta-se nos que gostam de prestar serviços e auxiliar aos demais. No jovem, nota-se pela preocupação de ajudar os companheiros, de atender outras pessoas, mais velhas ou mais novas, que sente o valor do trabalho com um fim humanitário qualquer. como profissões de interesse assistencial apontam-se as seguintes: enfermeiro, assistente social, orientador (profissional, vocacional e educacional), médico, diretor de escola e de clube, conselheiro, agente de informações. Interesse Administrativo Manifesta-se geralmente em pessoas com senso de ordem, de administração, nas mínimas coisas de sua vida, no lar, na escola ou no trabalho e que na própria exposição do pensamento seguem um roteiro estipulado com antecedência. Nos escritórios, sejam comerciais, de associações ou particulares, as atividades principais são: administrador, secretário, arquivista, redator de correspondência, contabilista, documentalista bibliotecário, chefe de pessoal. Há, contudo, ocupações que apresentam predominância de mais de um interesse, dificultando sua colocação em grupos bem definidos. uma simples análise combinatoria dar-nos-ia cerca de trinta e cinco agrupamentos com interesse duplo, além dos nove interesses, acima apontados. Exemplos de ocupações artísticas com mais de um interesse: Artistas Interesses • • • • • • • • • • • • • • • • • ilustrador coreógrafo terapeuta ocupacional diretor de instituição arte cenógrafo antiquario museólogo professor de artes critico arquiteto plástico e persuasivo plástico e musical plástico e científico plástico e administrativo de plástico e lítero-teatral plástico e comercial plástico e assistente administrativo • plástico e assistente persuasivo • plástico-literário e persuasivo • plástico e mecânico Munsterberg: "Nenhum trabalho pode ser realizado por um indivíduo sem que ele possua: conhecimento do que se pretende realizar, interesse na sua execução, energia para executá-lo ". AREA DE INTERESSE: MUSICA 3.1 - HABILIDADES: SENTIDO CONCEITUAL Habilidade, qualidade de ser hábil, ou seja, competente, capaz, ágil, inteligente, esperto, sagaz, astucioso, engenhoso e sutil. Capacidade de encontrar direções internas ou externas e nelas engajar com rapidez, agilidade, destreza, competência e estilo próprio. Considerando que aptidão está na capacidade de produzir obras e que interesse é a inclinação pelas atividades - habilidade é o potencial natural e a capacidade peculiar do indivíduo de agir (desempenho) com competência, rapidez, agilidade e estilo próprio. Por exemplo: "habilidade de estabelecer um grande número de idéias em curto prazo de tempo; ser veloz na troca de direção (agilidade); ser capaz de construir histórias dramáticas ou repletas de emoções; capacidade de criar trocadilhos; ser capaz de evidenciar memorização musical e outros". 3.2 - ÁREAS - EXEMPLOS: ALGUNS TIPOS HABILIDADES ESPECÍFICAS DA: • aptidão psicomotora - agilidade de movimentos; melhor desempenho em ritmo; percepção óptico-espacial em atividades físicas; velocidade; força; coordenação motora; resistência muscular localizada; agilidade para explorar a capacidade de imaginação espacial que lhe é própria e natural; prazer em participar de jogos físicos competitivos; gosto pelos esportes e acampamentos; maior grau de flexibilidade. • aptidão de liderança - atitude cooperativa; sociabilidade expressi va; habilidade de trato com pessoas diversas e grupos; capacidade de estabelecer relações sociais; capacidade para resolver situações sociais complexas; alto poder de persuasão e de influência no grupo; freqüentemente é solicitado a dar idéias; continuamente é cogitado pelos outros para tomar decisões; participação nas atividades com entusiasmo contagiante; sempre é eleito para cargos de destaque. • aptidão de criatividade - capacidade de resolver problemas de forma diferente e inovadora; poder de observação acerca de necessidades, deficiências, do estranho e do incomum ; capacidade de percepção sobre o que deva ser feito; resistência à redução de idéias; independência de pensamento e de julgamento; intuição; possibilidade permanente para criação de fantasias; tendência para brincar com as idéias; curiosidade; desejo de melhorar as ordens e os sistemas; flexibilidade; originalidade; facilidade de auto-expressão; fluencia; rapidez para estabelecer relações de causa e efeito. • aptidão acadêmica - atenção; concentração; rapidez de aprendizagem; memória eficaz; motivação pelas disciplinas acadêmicas do campo de interesse; habilidade para avaliar sintetizare organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica; orientação científica de boa qualidade; destaque pela habilidade especial em Matemática, Mecânica, Eletrônica, Informática; capacidade de questionar o comum e o diferente; habilidade para gerar questões; capacidade de concentração apesar das solicitações do meio; desempenho excepcional na escola; colocação superior em testes de avaliação de conhecimento; demonstração de alta habilidade para as tarefas acadêmicas; capacidade mental para dispor de grande quantidade de informações; autonomia para manter idéias próprias e defendê-las. • aptidão social - capacidade de liderança; característica preponderante em demonstrar sensibilidade interpessoal; atitude cooperativa; sociabilidade expressiva; habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais; percepção acurada das situações de grupos; capacidade para resolver situações sociais complexas; poder de persuasão e de influência notório. • aptidão intelectual - desempenho notável e fluencia de pensamento; rapidez e facilidade de aprendizagem; capacidade de elaborar pensamento abstrato; maturidade de julgamento; compreensão e memória capazes de resolver e de lidar com problemas; poder excepcional de observação, de fluencia verbal e de elaboração de idéias. • aptidão musical artes visuais-plásticas artes dramáticas artes literárias - percepção rápida; habilidade manual; potencialidade criativa capaz de apresentar grande variedade de temas; originalidade evidente; reflexo incomum para responder melhor ao ritmo e à melodia; capacidade de colocar talento e vigor no que produz; produção artística musical, dramática ou literária capaz de expressar seus sentimentos e experiências; produção de composições com originalidade; imaginação criativa; habilidade fora do comum para dinamizar sentimentos e experiências; comunicação fácil dos sentimentos, por intermédio de expressão facial, gestos e movimentos corporais. HABILIDADES PARTE 2 - PROPOSTA PARA TRABALHO DE GRUPO TEXTO: GRANDES INTELIGÊNCIAS: ALGUMAS EXPRESSÕES Composição dos Grupos: • de quatro a seis participantes Dinâmica • leitura individual do texto • leitura complementar sobre personagens consultas e pesquisas • discussão em grupos para sistematizar os diferentes conteúdos • apresentação final do trabalho, através de mesa redonda, painel ou outra técnica Conclusão • preparar texto conclusivo Considerando que os três personagens apresentados nesta proposta de trabalho em grupo são bastante representativos e, em se tratando de aptidões, interesses e habilidades específicas, cabe aprofundamento e enriquecimento de estudo. Enfoque • identificar em cada um, áreas de aptidão, de interesses, de habilidades específicas, discriminando natureza, grau de desempenho, produtos e os impactos no processo de evolução da humanidade; • em se tratando de habilidades específicas, analisar as mais responsáveis pela natureza do talento, relacionando-as; • levantar de duas a quatro outras aptidões e relacionar algumas habilidades específicas correspondentes. PERFIL I: LEONARDO DA VINCI DADOS REFERENCIAIS • em 1452, ou seja, há 545 anos nascia em Vinci, cidade próxima a Florença, na Itália; • filho natural de um tabelião florentino e de uma camponesa; • criado na casa do avô paterno junto com o pai e a madrasta; • grandes perdas afetivas: aos 13 anos morre a madrasta e aos 16 anos, o avô, aos quais era muito ligado; • aos 17 anos já dava provas de seu talento excepcional; • freqüentava ateliê de Verrochio a quem se atribui a sua formação básica. CARACTERÍSTICAS • talento versátil; • considerado o maior pintor da época; • escultor, músico, arquiteto, engenheiro civil, militar e extraordinário inventor; • o melhor improvisador de rimas de seu tempo; • personificava dois Leonardos: o popular e o outro, solitário e secreto; • talvez, com receio da opinião pública, por ser um homem sem Letras, ou seja, sem formação humanística, recolheu-se numa atividade sigilosa, escrevendo da direita para a esquerda, para que seus textos não pudessem ser lidos. PRODUÇÃO/ÁREAS • em seis mil páginas deixou registros, sob forma de anotações e desenhos sobre geometria e anatomia, astronomia e óptica, mecâ nica dos sólidos e dos fluídos, balística e hidráulica; magníficos de senhos preparatórios e exaustivos estudos de perspectivas; consi derações teóricas sobre a arte; anotações técnicas sobre como fundir uma estátua em bronze; planos urbanísticos e projetos de pontes e fortificações; • esboço: de helicópteros, submarinos, pára-quedas, veículos e embarcações automotoras, máquinas voadoras; • projetos minuciosos: em tornos, máquinas hidráulicas para limpeza e drenagem de canais, canhões, metralhadoras, espingardas, bombas, carros de combate, pontes móveis, entre outras; • deve-se à Leonardo a tecnologia de um sistema de pedal, ligado a uma roda dentada que permite, transmitir, ainda hoje a força à roda traseira, através de correia. Este método só veio a ser aproveitado a partir de 1917, quando da restauração de um de seus desenhos, foi criada uma bicicleta muito superior, em termos de solução de engenharia. • através de técnicas próprias, ele tratou, de forma revolucionária, os temas habituais da pintura da época; • o "sfumato" ou tratamento ligeiramente enfumaçado dos contornos das figuras; • precursor em todos os domínios da arte e da ciência. LEONARDO DA VINCI (1452- 1519), em retrato feito por ele mesmo (Palazzo Reale, Turim), demonstrava um TALENTO VERSÁTIL. Fonte: Livro Leonardo da Vinci, de Fred Bérence, Editorial Verbo/1971 Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo 2 Estudos / desenhos de Leonardo da Vinci Fonte: Livro Leonardo da Vinci, de Fred Bérence, Editorial Verbo/1971 De: Leonardo da Vinci Produção: pintura A GIOCONDA MONA LISA del GIOCONDO ou MONA LISA "Surgindo de uma obscura adolescência, aparece Leonardo como artista, pintor e escultor, graças a uma capacidade específica, reforçada, provavelmente nos primeiros anos de sua infância, pela precoce aparição da tendência ao prazer visual... " SIGMUNDFREUD Médico austríaco - Escritor Pai da Psicanálise TÁBUA 77cm X 53cm MUSEU DOLOUVRE/PARIS Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo 2 De: Leonardo da Vinci Produção: invenções/desenhos Acima máquina hidráulica, ao lado, máquina para voar Fonte: Livro Leonardo da Vinci, de Fred Bérence, Editorial Verbo/1971 De: Leonardo da Vinci Produção: estudos / anatômicos Fonte: Livro Leonardo da Vinci, de Fred Bérence, Editorial Verbo/1971 PERFIL II: ALBERT EINSTEIN DADOS REFERENCIAIS • • • • nasceu em Ulm - Alemanha, em 14 de março de 1879; faleceu em 18 de abril de 1955 aos 76 anos; modestamente mudou o mundo a partir de 1905; considerado: o humilde demolidor da física clássica, o fundador da ciência contemporânea; • resultado: espaço, tempo, massa e energia já não são, hoje, mais as mesmas. CARACTERÍSTICAS • até a idade de 3 anos não falou sequer uma única palavra; • aos 9 anos tinha tantas dificuldades de se expressar que seus pais temeram que pudesse ser retardado mental; • na escola um professor profetizou que ele não seria nada na vida; • durante muito tempo, por um erro de avaliação dos boletins escolares, acreditou-se que Einstein tivesse sido um "aluno medíocre"; • hoje seria melhor defini-lo como um "desajustado"; • com 6 anos a mãe o pôs em contato com o violino e os biógrafos garantem que embora não tivesse o virtuosíssimo de um profissional, era um violinista brilhante; • estudos biográficos mais recentes o mostram como um prodígio dominando a física de nível universitário antes dos 11 anos de idade; • com 12 anos lia sobre a geometria de Euclides; • aos 16 anos, se pôs a pensar em como uma pessoa via um raio de luz, se pudesse viajar ao lado de um, com velocidade exatamente igual; • reprovado com 16 anos na primeira tentativa de entrar para a renomeada Escola Politécnica de Zurique (dois anos antes da idade padrão para ingresso no ensino superior) - contudo um ano mais tarde passava nas provas de admissão; • continuava a ser um aluno rebelde, faltando às aulas, lendo o que não constava do currículo, irritando os professores com perguntas incompreensíveis e impertinentes; • pesquisador e professor com apenas 26 anos, publicaria sua Teoria Espacial de Relatividade - uma das mais extraordinárias revoluções da história das idéias. PRODUÇÃO-ÁREAS • com 26 anos, começa a formular a Teoria da Relatividade, causando uma enorme repercussão no meio científico e provoca mudanças sobre a concepção que o homem tinha do universo; • aos 28 anos é aprovado como professor de física na Universidade de Berna; • aos 30 anos é convidado a lecionar na Universidade de Zurique, assumindo pouco depois a cátedra de matemática superior; • suas publicações postulavam que a matéria poderia ser transformada em energia e vice-versa e que o espaço e o tempo não eram entidades independentes mas complemente interligadas; • aos 37 anos, a sua Teoria da Relatividade tem o reconhecimento, unânime, pela comunidade científica mundial; • em 1919, aos 40 anos, era considerado o maior gênio de todos os tempos; • recebe o Prêmio Nobel de Física, aos 42 anos; • na segunda guerra mundial implanta um movimento pelo nao uso de arma nuclear; • sua teoria foi a chave para a explicação da origem do universo e para a desintegração do átomo; • deixou incompleta a Teoria do Campo Unificado; • estabelece a base matemática da estrutura do universo; • substitui a teoria da "Atração Gravitacional" de Newton pela teoria de um "Campo de Gravitação no Contínuo Espaço-Tempo". • Livros e Tratados: - Princípios de Relatividade - Tempo, Espaço e Gravitação - Éter e Relatividade - Do Método da Física Teórica METAS - PENSAMENTOS • criar formulações que permitissem à humanidade entender os processos mais profundos da natureza; que descrevessem o comportamento do espaço, da matéria, do tempo e da energia em quaisquer circunstâncias; • sonhava fundir a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica, alcançando uma formulação única e integrada do universo (meta esta não concluída - hoje, objeto de continuidade de pesquisa de Stephen Hawking, em Cambridge, Inglaterra). ALBERT EINSTEIN (1879 -1955) Fonte: Revista Super Interessante nº 02, Novembro de 1987 PERFIL 111: CHARLIE SPENCER CHAPLIN (ou Charlie Chaplin) DADOS REFERENCIAIS • nasceu em Londres no dia 16 de abril de 1889; • faleceu no dia 25 de dezembro de 1977; • enfrentou grandes dificuldades, em criança, com a separação dos pais, atores sem sucesso e com a doença da mãe; • a primeira apresentação: aos cinco anos de idade, casualmente forçado pelo insucesso de uma das apresentações de sua mãe. Chaplin, colocado no palco dançou, cantou, recebeu risos, aplausos e muitas moedas; • criado em internato para crianças pobres, separado da família; • a pobreza lhe deu o desejo apaixonado de ver os miseráveis saírem da indigencia e a força para lutar contra as injustiças sociais. Isso caracterizou o seu personagem "vagabundo", cuja coragem levou esperança e humor a muita gente e personificou seu talento; • poeta, sonhador, um solitário ansioso por amores e aventuras, um "vagabundo". CARACTERÍSTICAS • talento na caracterização cômica da psicologia de personagens; • seu talento permitia-lhe mostrar às pessoas, simultaneamente, as piores almas e os mais suaves olhares; • maior ator de todos os tempos; • "Chaplin é o interprete de si mesmo"; • fundamentalmente novo fenômeno Charlie Chaplin: pela primeira vez na historia das artes, um gênio, um autentico gênio artístico, se exprimiu por meio de urna arte nova - o cinema. PRODUTOS-ÁREAS • aos 25 anos estreia seu primeiro filme "Carlitos Repórter", com quinze minutos de duração. Apesar do reconhecimento do público, Chaplin não gostou do resultado final do trabalho; • "Vagabundo", o personagem que o torna conhecido no mundo todo, inspirado em lembranças que tinha da infância; • Chaplin desenvolveu um estilo particular de atuar e dirigiu quase todos os filmes de que participou; • era um talentoso homem de negócios; • criou o personagem "Carlitos", nada mais que a fantasia poética em que transparece sua alma, seu destino e o profundo sentimento de solidão que faz de um e de outro vítimas da inquietude; • reconhecimento em maio de 1954. Charlie Chaplin foi agraciado com o prêmio do Conselho Mundial de Paz. O dinheiro recebido foi destinado aos pobres de Londres e Paris. Então começou a rodar um novo filme - Um Rei em Nova York (A King in New York) - que, infelizmente, não obteve sucesso. Era um ataque ao macartismo; talvez a amargura tivesse sufocado o gênio; • "Carlitos" - um símbolo inesquecível do homem espezinhado pelo destino, do fraco, do desajeitado e do desprevenido, do deserdado e do homem puro tentando sobreviver num mundo hostil e doente de sentimentos. METAS - PENSAMENTOS • a finalidade do cinema é a de nos transportar ao reino da beleza • a arte atinge sua forma sublime quando simplificada ao ponto de ser compreendida; • num filme o que importa é a realidade; • quero ser um comediante que pensa; • a arte de representar não pode ser ensinada, a representação requer sentimento; • o amor é ajudado pela força. A doçura do perdão traz a esperança e a paz; • a persistência é o caminho do êxito; • seu objetivo era fazer as pessoas rirem com seus filmes. CHARLEE SPENCER CHAPLIN (1889 - 1977) LIVRO: OS GRANDES HUMANISTAS - CHARLIS CHAPLIN, EDITORA GLOBO / 1993 AUTOR: PAM BROWN Charlie Chaplin Produção: Ator / Cinema "Muita gente me pergunta onde foi que me inspirei para criar a minha personagem, Na verdade, Carlitas aparece como sendo a síntese de muitos ingleses que eu via em Londres quando era jovem: tipos de pequena estatura, de bigodinhos pretos, roupas bem justas, e sempre portando uma bengala de bambu. A idéia da bengalinha foi a mais feliz de todas, pois foi ela que caracterizou a personagem e a tomou conhecida mais rapidamente. Desenvolvi o seu uso ao ponto de tornála cômica por si só - por exemplo, quando ela se enroscava no pé de alguém ou puxava uma pessoa pelo ombro. Muitas dessas cenas acabavam por se tomar, inesperadamente, muito engraçadas". Fonte: Livro O Pensamento Vivo de Chaplin, Martin Claret Editores / 1987 PARTE 3 - TÉCNICA DE DINÂMICA DE GRUPO Esta técnica é sugestão para o aprofundamento do estudo dos conteúdos do fascículo II. 3.1 - INTRODUÇÃO Considerando que a estrutura deste Fascículo II é bastante diversificada porque envolve fundamentos, sentidos conceituais, exemplificações e caracterizações. Necessário se faz que a dinâmica de trabalho de grupo, no caso de estudos para o professor Cursista, se caracterize por: • divisão da turma em pequenos grupos (para estudo); • aprofundamento e enriquecimento de conteúdos - pesquisa e coleta de novos dados quer sejam dados secundários ou resultantes de observação de vivências; • discussão em grupos dos dados coletados; • avaliação individual e em grupo: - do conteúdo adquirido; - do desempenho do Cursista durante os estudos; - da capacidade do Cursista em identificar situações similares e novas. 3.2 - TÉCNICA DO SIMPÓSIO Esta técnica de trabalho em grupo é bastante conhecida e favorece aos participantes a estruturação do pensamento frente a debates. Pode promover expressão do potencial intelectual, organização de reflexões, articulação e encadeamento de idéias entre outros. Quando planejada com cuidado oferece ricos momentos na apresentação de temas relevantes em grupo. Etapas: • informar os objetivos da técnica aos participantes; • subdividir o total de participantes em grupos de igual número de pessoas, ou o mais aproximado possível que receberão partes do tema previsto devidamente seqüênciado; • estabelecer o tempo previsto para que cada grupo levante o maior número de informações e os mais relevantes aspectos do subtema de sua responsabilidade; • apresentar em plenária os aspectos pesquisados por um relator indicado (sugere-se sorteio no momento da apresentação). O relator escolhido deverá apresentar dados significativos, referência bibliográfica, metodologia utilizada e considerações que o grupo julgar necessário abordar; • distribuir para o grupo restante da sala e para o orientador uma síntese, esquema ou resumo do trabalho apresentado por cada subgrupo. Ao terminar as apresentações os participantes terão oportunidades de visualizar e compreender os amplos aspectos da temática. Será o momento do orientador complementar informações, conceitos e motivar o grupo para próximos trabalhos. Sugestão: Seria rico oportunizar momentos de avaliação oral dos participantes. BIBLIOGRAFIA ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Psicologia e educação do superdotado. Sao Paulo: EPU, 1986. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendimento educacional dos alunos portadores de altas habilidades: superdotação e talento. Brasília: MEC/SEESP, 1995. _ . Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: Area de Altas Habilidades. Brasília: MEC/SEESP, 1995. BRUNNER, Reinhard. Dicionário de psicopedagogia e psicologia educacional. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. BUTCHER, H. J. A inteligência humana. São Paulo: Perspectiva, 1981. CARRAHER, Nunes Terezinha, Sociedade e inteligência. São Paulo: Cortez, 1989. COLL, César; PALÁCIOS, Jesus e MARCHESI, ALVARO/org. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolução; Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. DRUCKER, Peter Ferdinand. Fator humano e desempenho; São Paulo: Pioneira, 1984. DRYDEN, Gordon e Vos, Jeannette. Revolucionando o aprendizado; São Paulo: Makron Books, 1996. EYSENCK, Hans Jurgen. O grande debate sobre a inteligência; Brasília: Universidade de Brasília, 1981 e 1982. GARDNER, Howard. Mentes que criam: uma anatomia da criatividade observada através das vidas de Freud, Einstein, Picasso, Stravinsky, Eliot, Graham e Gandhi/Howard Gardner, Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. _____ . As artes e o desenvolvimento humano: um estudo psicológico artístico; Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. _____ . A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995. . Mentes que lideram: uma anatomia da liderança; Porto Alegre: Ar tes Médicas, 1996. _____ . Inteligências múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. _____ . A criança pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la; Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996. HART, Tony. Crianças famosas: Leonardo Da Vinci; São Paulo: Callis, 1994. _____ . Crianças famosas: Picasso; São Paulo: Callis, 1994 IANNI, Octavio. Teoria da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. KIRK, A. Samuel e GALLAGHER, J. James. Educação da criança excepcional 2a ed. São Paulo, Martins Fontes, 1991. KÕNIG, Karl. Os três primeiros anos da criança: 2 conquista do andar, do falar e do pensar; Sao Paulo: Antroposófíca, 1995. _____. Os três primeiros anos da criança; São Paulo: Antroposófíca, 1995. KÜGELGEN, Helmult Von. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica; São Paulo: Antroposófíca, 1989. LANDAU, E. Criatividade e superdotação, Rio de Janeiro: ECO, 1987 LIEVEGOED Bernard. Desvendando o crescimento: as fases evolutivas da infância e da adolescência. São Paulo: Antroposófíca, 1994. MILLER, Alice O drama da criança bem dotada: como os pais podem formar (e deformar) a vida emocional dos filhos: Szabol. São Paulo: Summus, 1997. NOVAES, Maria Helena. Desenvolvimento psicológico do superdotado. São Paulo: ATLAS, 1979. _____. Psicologia da terceira idade: conquistas possíveis e rupturas necessárias. Rio de Janeiro: Grupho, 1995. PRISTA, Rosa Maria. Superdotados e psicomotricidade: um resgate à unidade do ser. Petrópolis: Vozes, 1993. RACHLIN, Ann. Crianças famosas: Tclwikovsky, São Paulo: Callis, 1993. _____ . Crianças famosas: Mozart, São Paulo: Callis, 1993. ROSA, S. Santa Néréide; Bonito, Angelo. Crianças famosas: Villa - Lobos. São Paulo: Callis, 1994. STEINER. Rudolf. A arte da educação I. Sao Paulo: Antroposófica, 1988. _____ . A arte da educação II. São Paulo: Antroposófica, 1992. TAYLOR, Calvin W. Criatividade: progresso e potencial. São Paulo: Ibrasa, 1976. TORRANCE, Ellis Paul. Criatividade: medidas, testes e avaliações; São Paulo: Ibrasa, 1976. Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: Alguns Aspectos Relevantes Fascículo III CONTEUDISTA: LEILA MAGALHÃES SANTOS COLABORAÇÃO: NATALIA PACHECO DE LACERDA GAIOSO VERA LÚCIA PALMEIRA PEREIRA SUMARIO TEMÁTICA: SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES PARTE 1 I- SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: CONTEXTOS SIGNIFICATIVOS. 1.1 - Superdotação e Talento: valor ou grande problema social..................................... 135 1.2 - Espaço Histórico nos Contextos: 1.2.1 -Internacional: - EDUCAÇÃO DO SUPERDOTADO NO MUNDO .... 141 1.2.2-Nacional - EDUCAÇÃO DO SUPERDOTADO NO BRASIL ..... 147 PARTE 2 II- SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ABORDAGENS RELEVANTES 2.1 - Algumas distorções sobre superdotação ...................... 153 2.2 - Discriminação.............................................................. 161 2.3 - Rotulação.................................................................... 163 2.4- Relação familiar no contexto da superdotação.............. 164 2.5- Relação escolar no contexto da superdotação.............. 168 2.6 - Superdotação e Talento: aspectos emocionais, sociais e psicológicos .................. 170 2.7 - Aceleração como processo.......................................... 172 PARTE 3 III - TÉCNICAS DE SENSIBILIZAÇÃO E REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 3.1 - Introdução...................................................................... 175 - TÉCNICA: quem conta um conto .................................... 175 -TÉCNICA: método do problema ..................................... 176 Bibliografia........................................................................................ 179 OBJETIVOS Oferecer oportunidades ao professor para: • Compreender a dimensão do desenvolvimento de capacidades e talentos na escola; • Contextualizar experiências de investimento do potencial de pessoas superdotadas no Brasil e no mundo; • Identificar distorções usuais na compreensão da superdotação; • Definir atitudes de interação positiva que favoreçam as relações sociais do superdotado. INFORMAÇÕES INICIAIS 1. Leia os objetivos gerais e específicos do fascículo; 2. Estude o texto do fascículo; 3. Aplique seus conhecimentos, através das técnicas sugeridas; 4. Avalie seu desempenho em relação às técnicas aplicadas; 5. Se não conseguir realizar satisfatoriamente, repita a técnica; 6. Se não conseguir aprovação, reestude o texto. ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estudar o texto relativo ao fascículo. 2 - Rever o vídeo para tirar dúvidas. 3 - Recorrer ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida persista. PARTE 1- SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: CONTEXTOS SIGNIFICATIVOS LI- SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: VALOR OU GRANDE PROBLEMA SOCIAL Urna das grandes dificuldades encontradas na educação de pessoas superdotadas é a representação social da superdotação para muitos educadores (representação social, aqui entendida, como a idéia, ou conceito que um grupo de pessoas reconhece como válido, correto e aceitável) e a compreensão da necessidade da escola estimular suas habilidades e talentos, uma vez que no pensamento de muitos educadores, "por serem superdotados, não necessitam de maiores cuidados ou investimentos ". Profissional a frente de seu tempo, Helena Antipoff foi corajosa ao investir na área da superdotação para "bem-dotados", como ela os tratava. Sua vida e obra podem ser conhecidas através de algumas contribuições na área da psicologia e educação, bem como no acesso de artigos e parte de suas obras recentemente reeditados por seu filho Daniel Antipoff (1992), e ainda, em publicações históricas da entidade Pestalozzi que editou alguns de seus trabalhos. Assim ela se expressa, em 1940, através do texto "A CRIANÇA BEM-DOTADA", publicado na Revista do Ensino de n° 176/1946 Secretaria de Educação de Minas Gerais: "Presenciando a luta monstruosa dos povos, compreendemos, com espanto, quão longe está o homem, com seus instintos desenfreados de violência, destruição e dominação, dos ideais que há vinte séculos iluminaram o espírito torturado da humanidade. Todos nós, adultos de hoje, somos responsáveis pelo futuro. Pais, mestres, homens publicos, sacerdotes, escritores, artistas - a todos caberá uma parcela de culpa, se a geração que nos substituir na arena da vida tiver a imperfeição da nossa ou for pior que a nossa. Fazemos tudo, como faz o homem que defende o solo de sua pátria, na base dos princípios morais, para que a infância percorra caminhos limpos e suba até onde é possível encontrar a cooperação e a confiança mútua ? Que temos feito pela educação, para garantir a paz do mundo vindouro? Há, entretanto, quase inteiramente descurado dos educadores, um grupo de crianças com grande probabilidade de tomar as rédeas da vida social de amanhã e imprimir-lhe a direção que seria, realmente, a melhor. Não é que a sociedade humana se assemelhe inteiramente a um rebanho, mas o valor daquele que a dirige predetermina, de certa maneira, o valor do grupo dirigido. Isso observamos diariamente nas escolas: a conduta, o trabalho e mesmo a expressão fisionômica das crianças dependem das qualidades daquela que lhes dirige as atividades e o espírito. O guia verdadeiro, aquele que atende às aspirações do grupo, mantê-lo-á com tanto mais segurança quanto mais puder elevar-lhe as aspirações. Então, os homens que, no íntimo, sempre aspiram ao bem, reconhecendo o auxílio que lhes dão os chefes, hão de segui-los, confiantes e satisfeitos. Cuidar das crianças bem-dotadas é predeterminar, de certo modo, os rumos da futura sociedade. Que temos feito nesse sentido? Pouco. E, muitas vêzes, erramos consideravelmente no trato com essas crianças, mesmo em sua tenra idade. uma das primeiras manifestações do bem-dotado é a sua vitalidade, vivacidade e aspiração à independência. Já aos dois e três anos de vida, a criança procura emancipar-se de seu ambiente e exteriorizar a própria pessoa inconfundível com qualquer outra. Nesse momento crítico é preciso que os pais demonstrem bastante tato. Sem se deixarem levar pelos caprichos e anarquia da criança, não poderão faltar com a cortesia e o respeito ao ser humano que a criança é, antes de tudo. Ai do caráter do futuro cidadão quando, em seus primeiros três anos de vida, já experimenta a violência, a baixeza e a leviandade dos que lhe devem exemplos edificantes! Nunca devemos esquecer-nos de que não existe idade, por menor que seja, em que a criança não perceba a deslealdade ou a violência. Todo ato desleal ou grosseiro tende, invariavelmente, a provocar no ofendido um sentimento de desforra que, mais cedo ou mais tarde, suscitará reação, entre as quais a melhor para a criança é a "boomerang", reação que eqüivale ao olho por olho, dente por dente. Existem reações menos abertas e mais dolorosas, em que o sentimento de inferioridade faz suscitar uma flora não suspeitada de anseios de reajustamentos, próprios da gênese do caráter humano. Não menos censurável que a grosseria e a violência dos educadores é a leviandade com que procuram disciplinar a anarquia da criança bemdotada e talentosa. Dói-me o coração quando vejo estes pequenos mártires, vítimas da vaidade dos pais e da frivolidade dos amigos da casa. Dói-me pensar quantas crianças foram sacrificadas no altar das ambições paternas. Ao invés de deixarem crescer e robustecer o talento do pequeno, foram ao amadurecimento precoce. Obrigando-o a esforços demasiados, a fúteis exibições, distraem o pequeno ser de sua vida de criança. Rompem o botão com mãos impacientes, sacrificando a flor e o fruto em eclosão. Tantos "Wunderkinder", tantos talentos precoces e tão poucos talentos na idade adulta. Muitos deles seriam grandes e belos, se os pais os tivessem deixado crescer normalmente. Outra faceta do bem-dotado aparece na idade escolar. Que lhes reser\>a muitas vezes a escola? Ambiente de tédio irrespirável transforma esses meninos bem-dotados em irrequietos, travessos, que mestres medíocres são incapazes de manter, sem queixas, nas suas classes. São freqüentemente os indesejáveis, na escola, segundo as conclusões de pesquisas especialmente organizadas para essa investigação, mesmo aqui no Brasil onde o ar nas escolas é já bastante renovado. Em Pernambuco, por exemplo, as conclusões são bastante desanimadoras -criança bem-dotada de inteligência é elemento de distúrbio na escola. Há ainda um outro aspecto, na escola de primeiras letras e bem freqüente na escola de níveis mais altos: o ciúme com que reagem os mestres à manifestação de talento de seus pupilos. O caso de Edward Grieg é edificante. A obra número um de sua criação foi recebida pelo mestre com ironia cáustica e ameaçada de castigos severos, caso continuasse a divertir-se com a arte musical. Grieg continuou, apesar do ciúme do mestre. Tivesse obedecido e o mundo estaría privado das obras do maior compositor nórdico deste século. Foi observado que fortes aptidões especiais são freqüentemente aliadas a uma constituição nervosa um tanto frágil, surgindo, não raro, em famílias mentalmente taradas. Quando adolescentes, esses talentos, já primorosos em música, pintura e artes plásticas, são facilmente levados ao desequilíbrio. Descontrolados, entregam-se aos impulsos do momento, sucumbindo às tentações do álcool e do erotismo. Sem ainda nada produzir antes que o talento engrosse seu calibre, e a personalidade reflita o seu feitio original, o adolescente se perde no nada, ou no lodo da vida. E este caso mais: crianças e adolescentes bem-dotados, porém de famílias pobres, obrigados a tarefas acima de suas forças, chegam à idade adulta exaustos e com a alma amargurada. Constatam o próprio fracasso, o tempo desperdiçado, e, então, em lugar de um trabalho socialmente útil, iniciam uma obra de destruição, quando não dispersam a inteligência em críticas malévolas e sem piedade. Quantos homens inteligentes, exasperados na vida, não sucumbem numa paranóia mórbida? E os espertalhões, os exploradores de tôda espécie, os canalhas de matizes variados, que constituem a fauna tão característica dos meios duvidosos? Quem eram eles, quando crianças? Eram meninos de inteligência viva, curiosa, meninos capazes de iniciativa palpitante e de exuberante vitalidade. Porque tomaram o mau caminho? Que fizeram seus mestres, quando ainda brincavam no pátio das escolas? A criança bem-dotada é a criança problema n° 1 para os educadores. Suas aptidões e inteligência são energias de forte potencial. Aplicadas à obra socialmente útil, enriquecem o país e contribuem para a harmonia e a paz. Ao contrário, favorecem a vitória do mal, a exploração do fraco, a eclosão daquele egoísmo abjeto que cria, no meio social, desigualdade, agitação e revolta. O problema do supernormal constitui, assim, um problema de ordem social bastante grave, porque se descuidado é fonte do fracasso de talentos e de gênios, e das perdas de valores; se mal orientado, é o gerador de elementos indesejáveis e perniciosos à harmonia social. Para que os superdotados se tornem os esteios da sociedade ou desempenhem o papel que deles se espera, faz-se necessário dispensarlhes cuidados especiais. O problema dos bem-dotados é de tal importância que só esforços conjugados da sociedade e dos governos poderão resolvê-lo eficientemente. Aproveitemos a Semana da Criança para se lançar, sob seus auspícios, o convite para uma campanha em prol da infância bem-dotado". Na área da literatura, em se tratando de bem-dotados, Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro de destacada presença na literatura nacional, aclamado pela crítica especializada como o mais importante poeta brasileiro do século XX, escreveu esta mensagem a respeito do valor dessas pessoas e a importância no desenvolvimento de suas aptidões: "Convido-vos a investir nos jovens bem dotados. Andam por aí, antes prejudicados do que beneficiados pelos dotes de que dispõem. Constituem um dos maiores recursos naturais com que podemos contar. Recursos naturais não são apenas as florestas, as fontes, os animais, os minerais de que nem sempre sabemos fazer bom uso, e que muitas vezes depredamos, quando não preferimos dotá-los ao abandono. São também os seres humanos que surgem para a vida com potencialidades diversas, em geral desaproveitadas, e mesmo distorcidas, porque faltou o instrumento de aferição desses dons e sua conseqüente canalização para um trabalho individual e socialmente útil " (Jornal do Brasil, 21.05.1973) O investimento à pessoa bem-dotada, se expressa nas mais variadas áreas. Não é difícil quando se pretende realiza-lo, necessário se faz, articular-se com os vários segmentos sociais. Algumas pessoas por falta de oportunidades não conheceram a gama de suas potencialidades. Charlie Chaplin, lançou um profundo apelo ao analisar um periodo de sua trajetória de vida. Seria destinada aos educadores sua reflexão? "Se acaso alguém me houvesse alertado o interesse, se antes de cada matéria lesse algum prefácio estimulante que me despertasse a inteligência, me oferecesse fantasias em lugar de fatos, me divertisse e me intrigasse com o malabarismo dos números, romantizasse mapas, me desse um ponto de vista a respeito da história e me ensinasse a música da poesia, talvez eu tivesse sido um erudito". (Brown Pan, Os grandes humanistas : Charlie Chaplin, 1993) No momento em que se aborda a temática do valor ou problematização social da superdotação, as contribuições trazem um alerta das gerações passadas para uma situação ainda atual em nosso país, embora, muito já se tenha avançado. A conscientização de que há perdas na ausência ou no pouco investimento dos potenciais humanos, percebidos ou não por seus pertencedores é muito relatado em artigos da área. Na atualidade vários dos aspectos abordados ainda em prática podem gerar no futuro, homens e mulheres com potenciais não plenamente desenvolvidos, desperdiçados, canalizados para esferas sociais não aceitáveis, ou ainda, subrealizados e desviados para a marginalidade. E certo que, há muitos condicionantes para que esses efeitos possam realmente se configurar como realidade, porém, é muito fácil embotar, desmerecer, não dar o real valor, desestimular ou omitir a expressão de talentos. Os educadores, técnicos de educação e auxiliares do processo pedagógico tem uma grande responsabilidade e devem ter a clareza de que, é na escola que se passa grande parte da infância e juventude e é, nesse ambiente, que se permite ou não ao aluno apresentar a amplitude de seus potenciais e a estimular ou não suas várias expressões. 1.2 - ESPAÇO HISTÓRICO NOS CONTEXTOS: 1.2.1 - INTERNACIONAL EDUCAÇÃO DO SUPERDOTADO NO MUNDO Ao longo da história várias experiências com a superdotação em diversas culturas tem sido relatadas. Não é recente a preocupação de pessoas com destaque em algumas áreas, bem como o estímulo de seus talentos. A educação do superdotado é discutida mundialmente e reforçada em programas em várias culturas diferentes. A seguir é apresentado uma pequena panorâmica de iniciativas mundiais na área. Na Grécia Antiga, Platão aconselhava (na "República") que aos cidadãos devem ser atribuídos papéis segundo suas habilidades, aqueles que detenham maiores responsabilidades necessitarão longo e cuidadoso treinamento. Portanto, concluía: é importante identificar as crianças mais promissoras e iniciar sua educação precocemente. Há séculos, vemos assim, a sociedade ideal platônica já preconizava uma política educacional de identificar os superdotados, propiciando-lhes, em benefício de todos, um atendimento diferenciado. Na Parábola dos Metais, Platão reconhecia a influência genética na variabilidade das características pessoais com que cada um nascia, atribuindo à divindade o moldar em ouro os nascituras com capacidade para governar os denominados "meninos de ouro". A estes ele considerava, na parábola, diferentes dos demais, dos outros moldados em prata, em feiro ou em bronze, segundo a gradação de suas aptidões e funções na sociedade. A Antiga China procurava jovens estudiosos capazes de se distinguir através de rigorosos exames do serviço público. Tribos de índios da Colônia Britânica preparavam seus caçadores e pescadores jovens mais habilidosos para os papéis de liderança. Essas e outras sociedades compilili lha- vam o objetivo comum de identificar e estimular as espécies de talento que cada uma mais apreciava e necessitava. Philip Du Bois (1964) descreve, em detalhe, o sistema chinês de seleção. Para ingressar no serviço oficial era necessário passar por uma série de testes de dificuldades crescentes. Isto há 2.200 A.C - séculos antes de Confucio. O Império Otomano, entre os séculos dezesseis e dezenove, reunia no "Palácio Escola" de Constantinopla centenas de rapazes selecionados em todo o Império. Eles eram os mais inteligentes e promissores jovens de sua idade, em todo o território. Os mais inteligentes entre eles permaneciam no Palácio Escola de doze a quatorze anos. Aqueles que terminassem o aprendizado com sucesso, poderiam ir para os mais altos postos do governo imperial. Em todas as épocas, os homens de estado, a igreja e os educadores em geral procuraram recrutar crianças bem dotadas para educá-las a suas expensas. A igreja católica medieval educou muitos de seus cardeais e muitos de seus papas de origem humilde. No decorrer do século dezenove e início do vinte a Europa desenvolveu alguns esforços isolados no sentido de promover a seleção e a educação especializada de crianças superdotadas. Em 1862, foi adotada a primeira medida pedagógica nos EUA, permitindo promoções a cada seis meses, para os alunos superdotados, de modo a acelerar a aprendizagem. Em 1901, a cidade de Worcester, nos EUA, criou a primeira escola para crianças superdotadas (NR - Escola Especial). Em 1958, Lei de Educação para a Defesa Nacional dos EUA destinou verbas federais para ampliar e acelerar a identificação e educação de jovens talentos de ambos os sexos, destinados ao esforço de desenvolvimento científico e tecnológico, a fim de recuperar a primazia da corrida espacial, perdida para a Rússia, em 1957, quando esta colocou o primeiro satélite artificial em órbita (o Sputnick). Políticas e Práticas Educacionais referentes às crianças e jovens superdotados em diferentes países (da América, Europa e Ásia): IRÃ No biênio 78/79 o Irã estava atendendo, ao todo, a 1.100 estudantes superdotados. O Plano de extensão para 82/83 previa atendimento a 3.500 superdotados. A política e a prática da educação do Superdotado no Irã era considerada exemplar, podendo servir de modelo para a maior parte dos países. VENEZUELA Criou-se o cargo de Ministro para o Desenvolvimento da Inteligência na década de 80. Alguns projetos em andamento apresentariam os números expressivos de atendimento (em janeiro/1998, extinto). • Projeto Xadrez com o objetivo de despertar estratégias alternativas para solução de problemas. Iniciado com 230 crianças de sete a nove anos, estendeu-se a mais de 3.000 alunos com participação de quarenta e cinco professores. • Projeto Aprender a Pensar, de Edward de Bono, estava sendo aplicado a 40.000 estudantes, visando melhorar as habilidades intelectuais do aluno. • Projeto Enriquecimento Instrumental voltado para o desenvolvimento intelectual e para melhorar o processo de aquisição de conhecimentos. Dele participaram 3.326 alunos e oitenta e três professores em dezesseis escolas da cidade de Caracas. O sistema foi realizado por Reuven Feuerstein. • Projeto Inteligência organizado pela Uni versidade de Harward para desenvolver habilidades intelectuais. Foi experimentado em noventa alunos. CANADÁ Iniciou o atendimento do superdotado em 1911. Numerosos programas desenvolvem-se hoje em dia sob várias modalidades metodológicas, incluindo Escolas Especiais na área urbana de Toronto. Todo o sistema educacional do Canadá está convencido da importância do atendimento ao superdotado. CHINA CONTINENTAL A grande preocupação hoje em dia é preparar líderes superdotados para a modernização da China. Há numerosas escolas de formação de "Quadros". A política é detectar crianças intelectualmente superdotadas pois elas se adiantam mais rapidamente em todos os graus de ensino. Os Palácios das Crianças recebem alunos dotados depois do horário normal das classes comuns e lhes ministram um algo mais de enriquecimento. ISRAEL Já ultrapassou a fase de 1960 em que se tinha de convencer a opinião pública e o Governo sobre a importância da educação especializada para as crianças superdotadas. Atualmente, a considerada melhor solução é a de "Classes Especiais", reunindo os alunos superdotados. Estão sendo freqüentadas por alunos de alto Q.I. (média 143). Exigência bastante alta - experiência que data de 1974, depois da Guerra de Yon Kipour. JAPÃO A prática educacional é dar progressivamente mais oportunidades, sem limites, àqueles que demonstram aptidão, interesse, desempenho e aspiração em adquirir mais e mais conhecimento, valorizando-se ao máximo os que se mostram mais capazes e criativos. FRANÇA Jean Charles Terrasier, em trabalho publicado nos Anais da segunda Conferência Mundial sobre Superdotados, Califórnia, 1977 (p. 454) critica a deficiente educação do superdotado na França, segundo síntese abaixo: "Apolítica educacional francesa comporta-se como se todas as crianças fossem idênticas. Em conseqüência é falha, deixando de proporcionar educação apropriada a uma grande proporção de alunos. O igualitarismo a que conduz a escola padronizada para todas as crianças, envolve uma grande injustiça. " Na França, a orientação pedagógica considera apenas a idade cronológica da criança superdotada e insiste em tratá-la, desconhecendo totalmente sua individualidade de origem. uma criança não deve ser reduzida a sua idade cronológica, pois o ambiente inadequado em que for mantida por esta decisão será pernicioso a seu desenvolvimento, provavelmente. TAIWAN (Formosa) - (China Nacionalista ou República da China) Desde 1973, um programa experimental em larga escala está sendo aplicado em escolas do 1o grau de Formosa, como desdobramento de fase experimental iniciada em 1961. Os objetivos do programa são: estudar caracteristicas intelectuais e aptidões criativas do superdotado; desenvolver currículos e métodos de ensino adequados aos estudantes superdotados; cultivar e aprimorar uma personalidade saudável e integrada do superdotado e determinar um sistema educacional apropriado aos estudantes superdotados. O processo de seleção inclui: recomendação dos pais e dos professores, desempenho do estudante, testes coletivos de inteligência, de criatividade, de aptidões e testes individuais de inteligência. Cada classe comporta nao mais do que trinta alunos. As classes equivalentes às da 1a a 5a séries no Brasil contam com dois professores em tempo integral e as classes equivalentes às nossas da 6a a 8a séries dispõem de três professores em tempo integral. Os professores são especializados em educação de superdotados. Consultores itinerantes dão apoio às diferentes escolas, dentro do programa para superdotados. Dois tipos de atendimentos são adotados: "classe especial" se o número de estudantes for o bastante para compor uma classe ou, então, matrícula em uma série acima do nível normal do aluno. Atividades extraclasse merecem a mesma importância que as das classe comuns. Elas incluem excursões, atividades sociais, pesquisas e estudos avançados de tópicos especiais, atletismo e recreação. Durante as férias de verão e de inverno muitas escolas programam juntas interessantes atividades para seus alunos superdotados e muitos professores universitários são envolvidos nesse programa. Cada vez mais o povo toma consciência da importância da educação do superdotado. Estados Unidos da América - EUA Faz um quarto de século que o governo dos EUA, alarmado com o desenvolvimento científico e tecnológico da Rússia, e considerando-se ultrapassado por esta na conquista espacial, lançou-se definitivamente na política de maior apoio à educação dos superdotados. Bibliografia estrangeira é constante em afirmar que esta reação desencadeou-se em conseqüência de terem os russos tido a primazia de pôr um satélite artificial em órbita, o Sputinik, em 1957. Já no ano seguinte, através da Lei Federal, "National Defense Education ACT of 1958", o congresso declarava que a nação se encontrava em situação de emergência, o que exigia o pleno desenvolvimento dos recursos intelectuais de seus jovens talentosos de ambos os sexos, devendo-se para isso ampliar esforços no sentido de identificar e educar o maior numero dêles, utilizando programas que assegurassem aos estudantes dotados de potencialidade oportunidades de educação avançada, de modo que a nação não ficasse privada de nenhum jovem com capacidade, por motivo de dificuldade financeira. Verbas federais - para empréstimos a juros baixos ao estudante selecionado - somaram 2 bilhões de dólares, no periodo de 1959/77. Esta lei foi o estímulo à corrida espacial, para reconquistar a supremacia perdida em 1957. A criação da NASA, também em 1958, redobrou medidas com o mesmo objetivo. Daí para cá, o apoio oficial à educação dos superdotados nos EUA generalizou-se. Hoje em dia, todos os estados da federação assumiram a responsabilidade de incluir ao sistema formal de educação o atendimento ao superdotado e talentoso. É grande a variedade de modalidades de iniciativas, de experiências, de programas e de recursos tecnológicos, além da busca constante de participação da comunidade. 1.2.2-NACIONAL CRONOLOGIA DA EDUCAÇÃO DO SUPERDOTADO NO BRASIL 1924 - Ulisses Pernambuco recomenda início de trabalho dirigido ao superdotado, por considerar sua elevada importância para o desenvolvimento nacional. 1929 - No Recife, o Instituto de Psicologia faz aplicação do teste "army alpha" (originário dos EUA, para seleção da I Guerra Mundial), selecionando dez por cento de alunos bem dotados e/ou superdotados. 1930 - Ulisses Pernambuco continua aplicando teste de seleção de superdotados. 1931 - Leoni Kaseff, em seu livro "Educação dos Supernormais", chama a atenção para a importância da seleção dos superdotados, referindose à inclusão desse assunto na reforma do ensino do estado do Rio de Janeiro (de 1929) e na sua conferência do II Congresso Nacional de Educação, realizado em São Paulo (em 1931 ). 1932 - Estevão Pinto - publica "O dever do Estado relativamente à assistência aos mais capazes". 1933 - Estevão Pinto, em "O Problema da Educação dos Bem-dotados", propõe a adoção de "salas especiais". 1945 - Helena Antipoff - na Sociedade Pestalozzi do Brasil, no Rio de Janeiro, reúne alunos bem-dotados para estudos especiais. 1950 - Julieta Ormastroni, em São Paulo, organiza concurso Juvenil de "cientistas de amanhã", ao qual se junta o de "feira de ciências", para jovens excepcionalmente dotados. 1962 - Helena Antipoff cria em Ibirité, MG, na fazenda Rosário, atendimento ao bem dotado do meio rural, através do projeto circula (civilização rural, cultura e lazer). 1967 - MEC cria comissão para estabelecer critérios de identificação e de atendimento aos superdotados. 1971 - A lei de diretrizes e bases do ensino de 1o e 2o graus (5692/71 ), no artigo 9o (pela 1a vez) refere-se ao superdotado e torna obrigatório atendimento especial a lhe ser prestado. 1971 - Realiza-se em Brasília, o I Seminário Nacional sobre superdotados. Participa entre outros: Helena Antipoff, Dorothy Sisk e Lúcia Alencastro Valentim. 1973 - Criação do CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), vinculado ao MEC, destinado a prestar assistência técnica e financeira às iniciativas em prol dos deficientes e superdotados. 1974 - Encontro de especialistas da área de superdotados, no Rio, como promoção do CENESP e presença de Dorothy Sisk. 1974 - Seminário de Educação do Bem-dotado em Belo Horizonte, promovido pela ADAV (Associação Milton Campos de Desenvolvimento e Assistência às Vocações dos Bem-dotados). 1975 - Semana de estudos sobre educação especial dos superdotados (CENESP - URFJ), com a presença de Dorothy Sisk. 1975 - Seminário de técnicas de enriquecimento de currículos para superdotados, com colaboração do centro de recursos humanos João Pinheiro, de Belo Horizonte (observação: programa hoje extinto). 1977 -11 Seminário Nacional sobre Superdotados, no Rio de Janeiro. 1978 - Criação da ABSD (Associação Brasileira para Superdotados) - criação do mestrado em educação especial do superdotado, na UERJ. 1979 -111 Seminário Nacional sobre Superdotados, em São Paulo. 1980 - Programa de enriquecimento de currículo para alunos bem-dotados da 4a a 8a séries do 1o grau, CENESP - UFMG. 1981 - IV Seminário Nacional sobre Superdotados, em Porto Alegre-RS criação de especialização (pós-graduacão) em educação especial do superdotado, na PUC-RS. 1983 - V Seminário Nacional sobre Superdotados, em Salvador - BA. 1985 - VI Seminário Nacional sobre Superdotados, em Belo Horizonte. 1986 -1 Encontro Técnico-Científico da ABSD RJ/UERJ apoio MEaSEESP. 1986 - Publicação MEC/SEESP dos Subsídios para a Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial. 1986 - Portaria n° 55 de 03 de dezembro designa comissão especial para elaborar os subsídios para os conselhos estaduais através do Conselho Federal de Educação do Brasil. 1987 - VII seminário Nacional sobre Superdotados MEC/SEESP/SEE PR. Curitiba/PR. 1987 - Publicação ABSD-uma bibliografia anotada-Artigos dos Anais dos Seminários da ABSD. 1987 - Aprovação das Conclusões da Comissão Especial do Conselho Federal de Educação. Parecer 711/87 de 02.09.77- Ações de atendimento ao Superdotado. 1988 -1 Simpósio Brasileiro de Museus para Educação de Superdotados. Promoção MEC/SEESP/ICOM/PUC RJ /ABSD. Rio de Janeiro. 1988 Seminário Profissionalização e Inserção no Mercado de Trabalho do Superdotado. Promoção SENAI/ABSD RJ. 1988 - Encontro de Goiânia. Promoção SEE GO/ABSD/Colégio Objetivo. 1988 - II Encontro Técnico - Científico da ABSD. Promoção MEC/ SEESP/ABSD. Porto Alegre / RS. 1988 - I Encontro de Brasília sobre Superdotados. Promoção: MEC/ SEESP/ABSD DF. 1989 - VII Seminário Nacional sobre Superdotados. Promoção: MEC/ SEESP/SE PA/ABSD. Belém / PA. 1989- Fórum Fluminense : A Superdotação nos Processos de Reabilitação. Promoção IBRM/ABSD RJ. Rio de Janeiro / RJ. 1989 - Encontro Latino-Americano sobre Educação Especial. Participação de Calvin Taylor. Promoção MEC/SEESP/OEA. Salvador/ BA. 1989 - Divulgação do Boletim Técnico da ABSD/SP- Talento e Criatividade; São Paulo. 1990 - III Encontro Técnico-científico seccional ABSD/SP; São Paulo. 1991 - IX Seminário de Educação e Superdotação da Associação Brasileira para Superdotados. Promoção MEC/S E/Uni versidade Católica de Goiás/ABSD GO. 1991 - IV Encontro Técnico-científico da ABSD Nacional. Promoção MEC/SEESP/SEEB. 1993 - V Encontro Técnico-científico da ABSD Nacional. Promoção MEC/SEESP/ABSD. Recife PE. 1993 - Encontro de trabalho para a discussão e elaboração da Política Nacional de Educação Especial. Promoção MEC/SEESP. Brasília DF. 1994 -1 Encontro Nacional sobre Educação de Bem-Dotados; Lavras MG. 1994 - X Seminário Nacional de Educação e Superdotação. Promoção MEC/SEESP/ABSD Nacional; Vitória ES. 1996 - II Encontro Nacional sobre Educação de Bem-Dotados; Lavras ES. 1996 - XI Seminário Nacional sobre Superdotação. Promoção MEC/ SEESP/ABSD Nacional/UERJ. Rio de Janeiro RJ. 1988 - Congresso Internacional sobre Superdotação /III Congresso Ibero-Americano sobre Superdotação/XII Seminário Nacional da ABSD. Promoção MEC/SEESP/UNESCO/ABSD Nacional/ Universidade Católica de Brasília. Brasília DF. 1999 - III Encontro Nacional de Educação de Bem-Dotados; Lavras MG. 000 - IV Encontro Nacional de Bem-Dotados e Talentosos; Lavras MG. 2000 - XIII Seminário Nacional da Associação Brasileira para Superdotados/I Congresso Mercosul sobre Altas Habilidades/ II Encontro Estadual Repensando a Inteligência/I Congresso de Jovens Portadores de Altas Habilidades Observa-se que ao longo de décadas as iniciativas brasileiras tem se constituído um avanço gradual. E desafiador o horizonte da área uma vez que, ainda há muito a realizar. O fortalecimento das ações que efetivam o atendimento ao superdotado se confrontam em alguns casos na falta de informação acerca dessa área pela comunidade escolar. A esfera federal vem desenvolvendo ao longo dos últimos seis anos um grande apoio às ações de implantação e investimento na formação continuada de educadores de todos os estados que apresentam propostas efetivas para a ação educadora. Estados como Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo Rio Grande do Sul, e Distrito Federal já apresentam programas e projetos estruturados de atendimento aos alunos. Outros estados como Bahia, Ceará, Maceió, Mato Grosso, Paraná apresentam firme propósito de projetos para a implantação de atendimento a curto prazo. Em todos, a atenção voltada para a realidade local subsidia as várias alternativas para o efetivo atendimento a essa clientela. PARTE 2 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ABORDAGENS RELEVANTES 2.1-ALGUMAS DISTORÇÕES SOBRE SUPERDOTAÇÃO Conceitos mal estabelecidos distorcem fantasiosamente as características de diferenças individuais, transformando-as em mitos. Essas concepções determinam para familiares e superdotados conseqüências negativas, levando estes a serem discriminados, tornarem-se retraídos e a ocultarem seu potencial, por receio de serem identificados e/ou reconhecidos. A seguir, algumas dessas concepções que necessitam ser erradicadas: 1 - Criança superdotada, um "adulto partido ao meio". 2 - Todo superdotado é um gênio. 3 - Superdotado como um "sabe-tudo". 4 - O superdotado é cem por cento: o mais arrumadinho, disciplinado e obediente. 5 - Todo superdotado é bem sucedido na escola. 6 - Superdotação indicador de: rebeldia, desrespeito, desobediência, atrevimento, ousadia e "do contra". 7 - Superdotação: condição suficiente para alta produtividade. 8 - Tôda criança com indícios de superdotação "é superdotada". 9 - Todo superdotado é "meio maluco". 10 -Todo superdotado foi criança precoce, um "prodígio". 11 -Superdotado só procede de família rica. 12 -Superdotado não, super estimulado. 1 - CRIANÇA SUPERDOTADA, UM ADULTO PARTIDO AO MEIO Geralmente os pais, quando se defrontam com um alto grau de inteligência dos filhos se surpreendem, concentrando sua visão só nesta capacidade da criança. Não consideram sua maturidade, desenvolvimento emocional/social e no crescimento físico. Nesse caso, só percebem a inteligência que se manifesta sob forma de grande capacidade. O aumento dessa capacidade intelectual não ocorre simultaneamente com o desenvolvimento físico e a maturidade emocional. Partindo deste caso, podemos observar que não existe superdotado como adulto partido ao meio. Para ser adulto é preciso considerar alguns fatores: crescimento e desenvolvimento físico e mental, maturidade emocional. A criança superdotada continua a ser criança independente de seu alto grau de inteligência. CRIANÇA NÃO É UM ADULTO E MUITO MENOS UM ADULTO PARTIDO AO MEIO. 2 - TODO SUPERDOTADO É UM GÊNIO Há concepções populares predominantes de que superdotado e gênio são terminologias equivalentes, como também, a convicção de que todo artista deva ser genial. Esses enfoques não correspondem à realidade porque, nos primeiros anos de vida, tanto no caso de superdotação como no de genialidade quando surgem as primeiras evidências de desempenho elevado, as características em ambos os casos ainda não se estabelecem como diferenças de perfis de uma área ou de outra. São indícios muito sutis que serão marcados pelo tempo e pelo desenvolvimento. Só assim irão delimitar e delinear seus aspectos particulares. Assim sendo, não justifica que a superdotação seja tomado por genialidade e vice-versa. Suas naturezas são específicas e a abrangência de seus produtos são diferenciados. A obra do gênio é universal, abrange a totalidade de culturas, vence o tempo e espaço e ainda assim é atual e geralmente altera o sistema evolutivo universal. Onde não há perfil definido de genialidade não se pode afirmar sua existência. Portanto, a pessoa com superdotação é pessoa em desenvolvimento atual, sua trajetória ainda não nos permite vinculá-la a uma imagem universal. GÊNIO É GÊNIO, SUPERDOTADO É SUPERDOTADO. 3 - SUPERDOTADO como UM "SABE TUDO" "Saber tudo" implica em ter armazenado todo e qualquer conhecimento que possa existir. Na verdade ser superdotado significa ter alta capacidade ou potencial superior para aprender (apropriar-se, assimilar mentalmente, entender, compreender, apreender rapidamente) e trabalhar o conhecimento que se lhe apresentar ou chegar. Se o superdotado for do tipo de inteligência geral, esta lhe possibilitará abranger qualquer nível do campo do conhecimento. Se for superdotado em área específica tal como: ciência, arte (música, cinema, literatura, pintura), tecnologia, comunicação, humanismo, cosmologia, criatividade, memorização, liderança, o potencial desse superdotado, em relação a sua abrangência de saber estará restrito exclusivamente à área específica de sua superdotação. Conclui-se que: TODO E QUALQUER SUPERDOTADO "SABE MUITO", MAS NÃO SABE TUDO. 4 - O SUPERDOTADO É CEM POR CENTO: O MAIS ARRUMADINHO, DISCIPLINADO E OBEDIENTE. A causa de mais esta concepção distorcida é o paradigma ultrapassado de que a educação é apenas (simples) transferência de conhecimento, cultura e valores e nao processo de desenvolvimento individual e de interação social. É a idéia já superada de que o aluno devia reproduzir exatamente o que lhe ensinam e o como lhe ensinam. Manteria a inviolabilidade das regras conforme os padrões culturais herdados, apresentando-se disciplinadamente como o mais "certinho", "padronizado", "submisso" e "cumpridor de ordens". Baseado nesta visão distorcida, a expectativa do campo escolar e familiar em relação ao superdotado é de que seja "cem por cento" arrumadinho, disciplinado e obediente o que não corresponde à realidade, porque é do seu perfil fazer constantemente questionamentos, inovações, rejeitar ordens, usar conhecimentos existentes em futuras aplicações, abrir novos caminhos, inquirir sobre o que vem pronto. Provavelmente ele vai caracterizar-se como o mais inquiridor, dinâmico e menos disciplinado, aparentemente desobediente porque estará fazendo não como os outros querem, mas como ele imagina que deva ser, e porque supõe que assim deva ser feito. Portanto: O SUPERDOTADO NECESSARIAMENTE NÃO É CEM POR CENTO (100%) E DIFICILMENTE VEM A SER O MAIS ARRUMADINHO, DISCIPLINADO E OBEDIENTE 5-TODO SUPERDOTADO É BEM SUCEDIDO NA ESCOLA Existe uma forte crença entre alguns educadores de que em função do superdotado ter maior potencial, aprender mais rápido com maior faci- lidade e apresentar rendimento superior em uma ou valias áreas, tais fatores por si só garantem sucesso na escola. Esta visão distorcida contribui para uma rotulação da criança ou jovem no ambiente escolar, favorecendo uma expectativa por parte de seus professores e educadores que não condiz com a realidade. Cada pessoa tem sua individualidade, suas características pessoais que apoiadas em um ambiente familiar favorável, participante e respeitoso, aliadas à prática escolar que favoreça o desenvolvimento de suas aptidões, que respeitem suas características podem contribuir para que a caminhada na escola possa ser bem sucedida. A terminologia superdotação não garante por si só que uma pessoa seja bem sucedida na escola. "O QUE GARANTE O SUCESSO ESCOLAR DO SUPERDOTADO É O ATENDIMENTO ADEQUADO ÀS NECESSIDADES DA CRIANÇA, POSSIBILITANDO PLENO DESENVOLVIMENTO". 6 - SUPERDOTAÇÃO INDICADOR DE: REBELDIA, DESRESPEITO, DESOBEDIÊNCIA, ATREVIMENTO, OUSADIA E "DO CONTRA". como a natureza do superdotado é a de questionar tudo, não aceitar o que lhe ensinam como única verdade, ser espontâneo e incisivo para colocar seu ponto de vista, qualquer resposta a manifestação ou alguma expressão em resposta a uma situação, toma a aparência de rebeldia, de desrespeito, de atrevimento ou de "ser do contra". Na maior parte das vezes ele estará usando apenas o "espaço" e o "direito" que lhe cabem de expor, ou melhor, de "comunicar" seus pontos de vista, sua verdade, algumas vezes para contradizer o que não foi muito bem esclarecido. Cabe ao educador observar e refletir sobre sua postura no momento em que suas "verdades" são questionadas. A terminologia superdotação não pode ser tomada como sinônima de rebeldia, desrespeito e desobediência. REBELDIA NUNCA FOI EXCLUSIVAMENTE CARACTERÍSTICA INDICADORA DE SUPERDOTAÇÃO 1 - SUPERDOTAÇÃO: CONDIÇÃO SUFICIENTE PARA ALTA PRODUTIVIDADE. Ter idéias, pensar grande é do campo do pensamento. Atingir alto grau de produtividade é do campo do desempenho superior, ou seja, do fazer e do rendimento ou das evidências concretas. Pertence ao campo do produzir, inventar, descobrir. A superdotação sem efetivação do desempenho ficará sempre como potencial nato e não desenvolvido. Logo, ser superdotado não é condição suficiente para garantir alta produtividade. Se não houver efetivação do potencial não haverá produtividade pois esta requer constância, alto nível de desempenho, qualidade e originalidade do produto. Logo, possuir as caracteristicas nao significa a pontencialização delas. A SUPERDOTAÇÃO NÃO SE CORRELACIONA EXCLUSIVAMENTE com ALTA PRODUTIVIDADE 8 - TODA CRIANÇA com INDÍCIOS DE SUPERDOTAÇÃO É SUPERDOTADA Indícios de superdotação são indícios a serem trabalhados para permitir à pessoa o desenvolvimento e a conseqüente efetivação do seu potencial. Isto requer um processo consciente de emergência e desenvolvimento de uma, ou de um grupo de aptidões. Ser superdotado significa o desenvolvimento já efetivado a ponto de realizar um grau de de- sempenho ou de qualidade superior; desempenho este, constante e caracterizado por alta produtividade. Portanto: CRIANÇAS com INDÍCIOS DE SUPERDOTAÇÃO NÃO SÃO, AINDA, SUPERDOTADAS, PORQUE PROCESSO NÃO SE CONFUNDE com PRODUTO. 9 - TODO SUPERDOTADO É "MEIO MALUCO" uma energia interna inovadora, renovadora e forte permeia o superdotado, tornando-o dinâmico, firme, mais pré-determinado do que a maioria das pessoas, pondo-o em permanente ritmo de atividade. Tornao motivado e impulsionado a perseguir "custe o que custar" seus propósitos insaciáveis. Desta forma ele foge ao "modelo" de um "ser comum". É percebido, muitas vezes, como se fosse um."louco", devido a sua natureza e ao nível das propostas que ele ousa defender. Quebra padrões pré-estabelecidos e sua inteligência "vasculha" patamares nunca imaginados, defende causas e posturas aparentemente impraticáveis. Apresenta-se fora dos padrões usuais de comportamento. Assim sendo, fica claro que a sua postura e comportamento nascem de sua natureza superdotada e não de um quadro patológico de uma insanidade mental. Superdotado é criativo, inovador e traz consigo seu estilo. Logo: TODO SUPERDOTADO É DIFERENTE E NÃO "MALUCO" 10 - TODO SUPERDOTADO FOI CRIANÇA PRECOCE OU UM PRODÍGIO. Superdotação é a capacidade de expressar-se em nível superior; não tem faixa etária preestabelecida para se manifestar e pode abranger os mais diferentes níveis de expressão do ser humano, seja intelectual, de liderança, de criatividade ou do campo do talento, entre outras. É uma alteração da qualidade de produção, para mais ou melhor. Precocidade é a manifestação de capacidades preestabelecidas, no desenvolvimento da criança, ocorridas antes do tempo. E a mudança do ritmo do tempo. Ela altera a ordem no tempo de ocorrência das manifestações esperadas pela maior parte das pessoas. Assim sendo, o indivíduo pode chegar a ser superdotado sem ter sido precoce quando pequeno, ou a precocidade pode ser um dos aspectos a serem observados, não necessariamente o ponto básico. SUPERDOTADO NÃO É NECESSARIAMENTE PRECOCE E NEM PRODÍGIO 11 - SUPERDOTADO SÓ PROCEDE DE FAMÍLIA RICA A falsa noção de que ser superdotado é ser perfeito e de que ser rico é ser completo, gera uma terceira premissa em pauta de que o superdotado só procede de família rica. Essa concepção não corresponde à realidade, porque superdotação não é perfeição do fazer e sim a capacidade superior de produzir o novo e o diferente. Isso assegura originalidade e qualidade, mas não garante perfeição. Família rica não representa isenção de problemas, nem de carências, nem é "fábrica" de perfeição. Portanto, superdotação é característica do ser humano, porque envolve desenvolvimento de capacidade humana. Pode evidenciar-se em qualquer nível, independente de idade, sexo, raça, credos e sobretudo, qualquer nível socioeconòmico. Para isto é condição suficiente que seja dada ao ser humano oportunidade de desenvolver suas capacidades especiais. SUPERDOTADO NÃO TEM PROCEDÊNCIA SOCIAL 2.2 - DISCRIMINAÇÃO A temática de autoconceito relacionado à superdotação tem sido ponto de partida para várias pesquisas e estudos em busca de respostas a questões levantadas na área das características e comportamentos mais comuns, evidenciados pelas pessoas superdotadas. São alvo destas pesquisas questões: como a pessoa superdotada se percebe, como percebe o mundo, como se relaciona com outras superdotadas e com seu próximo quando nao superdotado. como entende a conceituação que é atribuída a sua natureza especial. Um destes estudos realizado pela psicóloga Vera Pati (SP), no que concerne à autopercepção aponta para dados interessantes. Segundo ela, de trinta e nove pessoas entrevistadas somente duas delas reconheceram-se superdotadas. As demais, apesar de terem um diagnóstico/avaliação anterior, negavam esta caracterização. No desenvolvimento de seu trabalho foi constatado que estas pessoas tinham grande dificuldade de aceitar um "diagnóstico" de superdotação. uma das constatações da professora Vera Pati é a de que o preconceito da "superdotação" estava na própria pessoa superdotada, que não queria ser assim, ou melhor, daquela forma. Não queria ser discriminada das pessoas comuns; nem também na escola, em casa ou no trabalho. Ser "diferente do comum no trabalho" apresenta-se como ameaça aos outros profissionais de seu convívio; na escola, apresenta-se com receio de ser cobrado ou se tornar o "querido" do professor ou o "geninho", fonte de rivalidade ou de ciúmes entre colegas; na família, porque se distancia de seus irmãos, tornando-se alvo de maiores expectativas e investimentos, criando um ambiente familiar pouco saudável a seus irmãos que não apresentam as mesmas características. Em função desses elementos, a percepção de superdotação nos estudos foi negada pela maioria dos pesquisados. Em outro trabalho, ainda de pesquisa, citado por Carmen Garcia Golmenares (Psicóloga e Doutora em Educação - Valladolid - Espanha) pontuam-se alguns conflitos e dilemas que afetam meninas superdotadas. Muitas delas se fazem invisíveis e se camuflam para parecerem comuns, respondendo assim às expectativas do meio e não de suas capacidades. Constituem alguns dos seus dilemas: 1 - Talento versus feminilidade. 2 - Êxito acadêmico versus adaptação social. 3 - Escolha de profissão estereotipada versus a não estereotipada. Na abordagem do talento versus feminilidade foi apontado que as meninas com grandes capacidades recebem por parte de algumas famílias e da escola reforço negativo relacionado a seu comportamento e à conduta que deveriam ter segundo os papéis delegados à mulher. No aspecto do êxito acadêmico versus adaptação social, as meninas superdotadas são vistas mais como problemas do que como vantagens. Se elas dão continuidade a seus empenhos são tachadas de voluntariosas e se vêem em constantes dilemas quanto a suas escolhas em cursos de aceleração e enriquecimento e, à perda de suas relações sociais (amizades, famílias, colegas) de maneira mais dramática do que seus companheiros meninos. E quando chega a escolha de sua profissão, as meninas sentem dificuldades de identificação por não existirem modelos femininos a que imitar, e geralmente elegem áreas humanas em lugar de Ciências ou Matemáticas, influenciadas por estereótipos que consideram as Ciências mais próprias para os homens. Todo o contexto apresentado aponta para uma grande dificuldade de identificação da própria natureza da pessoa superdotada. receio de ser única, diferenciada, de não corresponder ao comum e de não ter a vida dentro de padrões naturais, sem estereótipos e rotulações. A pessoa superdotada será sempre "pessoa" antes de qualquer característica. E como tal necessita compartilhar com outras pessoas o contexto social, ser participante de grupos e ter o reconhecimento de seus dotes especiais, ou incomuns, bem como de seus limites e dificuldades. A natureza qualificada desta pessoa está intimamente relacionada a visões distorcidas das diferenças e multiplicidade da natureza humana. Considerar que há variedades no espectro humano e que esta variante é algo esperado, possível e natural de conviver, sem dúvida diminui em grande parte os equívocos que o termo superdotado tem tido ao longo dos anos. Existem sim, pessoas que se distinguem da faixa comum e que necessitam ser respeitadas por suas particularidades e necessidades. Estas aprendem mas também cometem erros, apresentam facilidades e dificuldades, podem estar bem ajustadas e tranqüilas ou desajustadas e com alto grau de energia. Poderá ser segura ou não, confiante em si mesma ou amedrontada frente a seu potencial, bem como ao volume de conhecimento que é capaz de abranger e as aptidões naturais e espontâneas que venha a apresentar. Superdotadas, sim! Porque não?! Pessoas assim enriquecem e temperam as relações humanas. Fazem refletir sobre a diversidade do ser e sobre alternativas de convívio comum. 2.3 - ROTULAÇÃO Em se tratando de pessoas superdotadas, a rotulação apresenta uma evidência considerável por parte de pais, professores, colegas, familiares e sociedade em geral, sobretudo quando esta temática é tratada de forma superficial. O rótulo que no sentido usual da palavra se revela pela "ação de por marca, classificar ou considerar algo" (Dicionário Aurélio e Dicionário Melhoramentos), reveste-se, na temática da superdotação pelo fator de agregar à pessoa aspectos que não correspondem de imediato ao que se entende naturalmente pelas características desta clientela. Geralmente esta denominação esconde, através de uma sombra, o real sentido e a correla evidência da superdotação. Atribui-se à pessoa estilos de aprendizagem, desempenhos, tipos de personalidades, e produtos que não condizem com a natureza da pessoa, mas se aplica diretamente a concepção distorcida e/ou equivocada do termo. O resultado deste contexto recai sobre o individuo portador de traços e características relacionados à superdotação como uma grande cobrança e investida de expectativas que resultam em situações que dificultam no superdotado a aceitação e a identificação de suas características. Pode ocorrer algumas destas situações neste contexto: • A criança que se diferencia das demais, quanto à conduta observada, é tachada de "superdotada ou gênio", antes mesmo de ser encaminhada a equipes de avaliação especializadas, que poderão traçar o perfil do aluno e não sua categorização. • Por não corresponder à expectativa de pessoas próximas, o superdotado é descaracterizado, diminuído e atacado por seus deslizes e dificuldades (superdotado não, fracassado, bobão metido, pastel, rebelde, esquisitóide). • por desconhecer as características individuais de aprendizagem, a escola subestima a produção do aluno, permitindo que seus colegas o tachem de "geninho", "superbolha", "dicionário ambulante", "enciclopédia errante" e "esquisito" entre outros. Muitas vezes, com o conhecimento de seu professor. Ao abordar essa temática é indiscutível estar preparado para o desafio que é partilhar na escola, na família e com a própria pessoa superdotada o real entendimento e respeito às diferenças e às perspectivas de convivência comum, tão necessárias ao ser humano. Múltiplos podem ser os fatores determinantes que influem na desadaptação do superdotado: a enorme sensibilidade, a criatividade, a original diferença de idade, o excesso de expectativas e certamente a associação de idéias equivocadas a respeito de características tão especiais, produtivas e singulares da natureza humana. 2.4- RELAÇÃO FAMILIAR NO CONTEXTO DA SUPERDOTAÇÃO Ao perceber que seus filhos demonstram comportamentos particulares relacionados à superdotação, alguns pais ficam muito apreensivos. Geralmente perguntam: Por que meu filho tem opiniões tão firmes? Por que tem poucas amizades? Por que se isola tanto? Por que se interessa por várias coisas ou assuntos ao mesmo tempo? Onde, como e quando aprendeu isto? Porque tem desempenho acima do esperado? Porque é tão curioso? E, como pode ter tanto conhecimento e ser tão imaturo? Estes tipos de questionamentos ocorrem em vários contextos e condições sócio-econômicas e culturais independentemente de que país a família esteja. Constitui temática comum reconhecida por especialistas da área da superdotação sejam eles professores, psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos ou outros que manifestarem interesse e conhecimento nessa área. O interesse é relevante porque o núcleo familiar e suas relações internas sobre a pessoa exercem grande influência no desenvolvimento de conceitos sobre si, que poderão orientar e fundamentar comportamentos ao longo da vida. Aspecto importante na abordagem humanista da psicologia. Através de interações constantes com pais e irmãos, a criança faz as primeiras autodefinições como pessoa e as simbsoliza, transferindo-as com o grau de adequação que tem como ser humano e contribuindo para o conceito que tem de si mesma. Segundo Zenita Guenther (1997), mais tarde, outras experiências podem mudar estas autodefinições, embora nunca seja fácil e rápido; ainda assim, algumas destas primeiras percepções poderão estar tão profundamente arraigadas na organização psicológica do indivíduo que permanecem na vida adulta. Os valores culturais e sociais da família e a insistência dos pais na realização de seus filhos são variáveis que podem acelerar ou bloquear o desenvolvimento psicológico do superdotado. A família situa-se em plano de vulnerabilidade quando desconhece aspectos, conceitos e características da superdotação, quando esta informação é imprecisa e superficial e quando interpreta equivocadamente as informações que lhe são transmitidas. Condutas comuns nestes casos de vulnerabilidade se apresentam como: não aceitação dessa natureza superdotada; interpretações dramáticas do contexto da pessoa superdotada; pensamentos exagerados nas conseqüên- cias de acontecimentos relacionados aos seus filhos; valorização excessivas das características da superdotação; excesso de cuidados superprotetores; e/ou incorporação de papel perfeccionista dos pais zelosos e estimuladores; ansiedades e acúmulo de expectativas quanto ao desempenho de seus filhos; e ainda o excesso de autoridade e rigidez de normas na tentativa de coibir reações de questionamentos e julgamentos que o superdotado tende a apresentar. Quando o conhecimento da realidade da superdotação é claro, os pais conseguem caminhar junto com seus filhos superdotados, com amplo diálogo, valorização e respeito a suas características, estímulo de experiências significativas para o desenvolvimento de ambos, limites dimensionados e coerentes, relacionamento autêntico, afetuoso e cooperativo. A família precisa estar atenta, tanto quanto possível, para as fases de desenvolvimento de seu filho, de modo que possa exigir exatamente o que ele é capaz de interpretar, realizar e motivá-lo para a superação de dificuldades. Tanto a negação como a exigência de dotes são altamente prejudiciais e possibilitam a tendência de aspectos problemáticos nas áreas emocionais e/ou sociais da pessoa superdotada. Contribui para o melhor relacionamento entre pais e filhos a consideração de algumas premissas: • A criança superdotada não deixa de ser criança como as outras, necessita de afeto, compreensão e encorajamento das competências básicas que possui. • O adolescente superdotado apresenta características próprias de sua fase evolutiva e etária e passa por iguais momentos de conflitos. • A família necessita conhecer a superdotação, suas implicações e perspectivas. • Os pais precisam reconhecer suas funções e responsabilidades no desenvolvimento de seus filhos, de modo a permitir o ajustamento e a favorecer um clima saudável de relações humanas em família. O modo de se comportar, agir e reagir do superdotado, aliado a seu bem estar e satisfação, será um bom indicador da eficiência de atitudes ou comportamentos de sua família. A forma de interação da família: seus pais, irmãos e parentes próximos será um bom ponto de observação da efetiva relação de ajustamento do superdotado, constituindo fator de influência em seu desenvolvimento. O que os pais podem fazer para ajudar seus filhos? - Responder às perguntas da criança com paciência e bom humor. - Estimular a convivência com crianças de todos os níveis de inteligência. - Evitar críticas e comparações com irmãos e amigos. - Estabelecer padrões razoáveis de comportamento e exigências. - Disciplinar firme e corretamente, com consistência, evitando a rigidez excessiva e a permissividade. - Demonstrar o afeto por sua pessoa e não por sua característica superdotada. - Procurar no trabalho algo específico a ser elogiado, evitando os elogios generalizados. - Ajudar a selecionar materiais de leitura e programas que sejam interessantes. - Participar em conjunto de atividades que esteja realizando. - Resistir ao impulso de exibir os filhos a parentes e amigos. - Orientar o estabelecimento de planos e tomada de decisões. - Capacitar o filho a tirar proveito de ensinamentos e atividades oferecidas. - Atribuir responsabilidades de cooperação em família e outras tarefas adequadas a sua idade. - Encorajar a busca e o estabelecimento de alvos educacionais e vocacionais elevados. - Auxiliar na escolha vocacional, evitando os impulsos de decidir por ele o campo de atuação. Os professores e outros especialistas, em seu papel de educadores, podem auxiliar a família no processo de esclarecimentos e entendimentos a respeito da superdotação informando, discutindo e apresentando pontos para a reflexão e o amadurecimento de conceitos e informações prestadas, de forma a facilitar o processo relacionai no ambiente familiar. 2.5 - RELAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA SUPERDOTAÇÃO Ter um aluno superdotado na escola implica vivenciar contextos desafiantes e ambíguos. Desafiante porque a inovação, curiosidade e amplitude de interesses do aluno movimentam e quebram a rotina estática da escola, requerendo professores, apoio técnico e metodológico mais dinâmicos. Ambíguos, porque em vários momentos esta explosão de ação e atividade se direciona para a irritabilidade, conflito, questionamento, resistência a padrões rígidos e insegurança, exigindo de todo o contexto escolar suporte emocional e orientação pedagógica específica na conduta apresentada. uma das grandes dúvidas do professor é como poder estabelecer contato e interação com um "superdotado" em sala de aula, tendo de dividir este ambiente com mais trinta ou trinta e cinco alunos, de maneira a conduzir as descobertas e atender às solicitações tão diferenciadas de seu grupo de alunos. Provavelmente, este aluno superdotado anseia poder estabelecer contato com seus colegas e não se percebe assim tão especial, apesar de ser reconhecido pelo grupo por algumas de suas performances peculiares, reconhecidas ou não como superdotadas. Em primeiro lugar, o aluno que sai de uma escolaridade regular é aluno de sala de aula como qualquer outro, face a evidências de que algumas escolas rejeitam a matricula desse tipo de aluno. Em segundo lugar, neste contexto, a criança ou jovem ao ingressar na escola o faz com a expectativa de que irá encontrar um professor (ou vários deles) que compreenda e aceite sua natureza como pessoa e que proponha desafios estimulantes para as descobertas de seu grupo escolar. Quanto à participação deste aluno superdotado em sala, pode apresentar forma muito variada, pois são inúmeras as influências que contribuem para o sucesso, insucesso e adaptação escolar na área da superdotação. Pode encontrar-se na escola um aluno superdotado participativo curioso e com alto desempenho, como pode encontrar-se um aluno superdota- do intempestivo, desajustado socialmente ou sub-realizado no contexto escolar. A amplitude de diferenças individuais, que existe entre tôdas as crianças, faz com que esta exista também no superdotado. Em se tratando de superdotação, nao se pode afirmar a existência do comportamento "superdotado padrão", e será possível e esperado que na escola, estas diferenças individuais sejam evidenciadas independentemente da característica e do tipo de superdotação que a criança ou jovem seja portadora. Aspecto importante neste contexto educacional é o fato de que muitos professores acreditam que a superdotação em si traria naturalmente no aluno alto desempenho (produtivo), que por apresentar esta característica de superdotação, este aluno não necessitaria de atenção diferenciada, pois independentemente dessas condições ambientais e emocionais teria sucesso escolar. Exemplo desse aspecto foi observado em aluno de ensino fundamental, da Rede Pública do Distrito Federal, atendido no Programa Complementar na área da superdotação, que em determinada série apresentou grande desmotivação na execução de atividades, baixo rendimento e introspecção. Ao ser pesquisada a causa de tal mudança, visto que este aluno era destaque acadêmico ao longo de sua vida escolar, além de comunicativo e participativo, foi observado que sua professora, por acha-lo "brilhante", deixou de acompanhar suas atividades, corrigir seus cadernos e trabalhos pois estariam seguramente corretos e organizados. A resposta do aluno para ter novamente a atenção da professora foi apresentar-se inferiorizado em relação ao grupo e assim consignar a necessidade de ter novamente acompanhamento escolar de suas atividades. A dinâmica escolar atribui ao professor a responsabilidade direta de execução da filosofia, metodologia e currículo de determinado sistema escolar, é certo que, amparado em legislação específica, na co-participação dos membros de apoio técnico e na direção da escola. Estes últimos, muitas vezes, distantes das necessidades e dos conhecimentos que precisam ter para orientar e sustentar a prática pedagógica de seu grupo de professores. Nesse contexto, a relação da escola com a superdotação tem direta influência, em conjunto com os outros aspectos (familiare social), no desen- vol vimento do superdotado. É através do entendimento que a escola tem do conceito de superdotado, suas implicações e perspectivas, que se encaminha o processo de atendimento às particularidades e o respeito ao ritmo próprio deste aluno. Em novo fascículo serão apresentadas as formas de atendimento específico do superdotado na escola e o papel dos professores e dos pais que contribuirão para a reflexão mais aprofundada desta temática. 2.6- ASPECTOS EMOCIONAIS, SOCIAIS E PSICOLÓGICOS A superdotação, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, por si só, não acrescenta à pessoa, conflitos emocionais, sociais ou psicológicos. Não na relação direta entre personalidade, comportamentos e caracteristicas da superdotação. A condição humana, as experiências, a dinâmica familiar, os aspectos da personalidade e do ambiente, podem contribuir em muitos casos para o aparecimento de conflitos e dificuldades relacionais, principalmente, se não houver circunstancias adequadas na família e na escola para o desenvolvimento saudável dessas relações. Alguns meninos e meninas podem se sentir desprestigiados pelo seu grupo social (escola e família), traduzindo em inconformismo, baixa autoestima, vulnerabilidade nas relações, ansiedade ou até na não aceitação de seus potenciais. Outros, podem se sentir muito especiais, poderosos, melhores que as outras crianças, tomando-se indesejáveis nos grupos sociais. Esses, tendem a esconder sua insegurança, apresentando sempre muitas informações e desempenhos extraordinários para tentar garantir seu lugar no grupo. Se enganam muitas vezes, pois algumas pessoas podem até achar interessante seus feitos, porém, o grupo tenderá a rejeitar o indivíduo que se gaba por se achar superior aos demais. Existem várias formas de manifestações de dificuldades sociais e / ou emocionais na área. Essas foram apenas duas de muitas outras, em que se percebe pessoas com problemas emocionais ou sociais que são portadoras de superdotação e, nao pessoas que ficaram problemáticas por causa da superdotação. Autores como Alencar( 1986), Novaes (1979), Winner (1998) entre outros, abordam a temática com maior profundidade em seus artigos, estudos e publicações. As questões sociais, emocionais e psicológicas são determinantes na tomada de decisões de atendimento ao superdotado. Dependendo das circunstâncias o atendimento pedagógico deverá se constituir de etapa secundária do processo de desenvolvimento do aluno. Em alguns casos a indicação prioritária é a de que se atenda inicialmente o aspecto emocional, social e psicológico para que posteriormente seja ofertada em paralelo ou exclusivamente o apoio pedagógico complementar. Observa-se com rigor as mesmas questões relacionadas à promoção do aluno para série superior ou nos caso de aceleração. A equipe técnica especializada deve analisar o aluno e suas reais condições de se adequar ou filiar a grupos de maior faixa etária prevendo o ajustamento positivo do mesmo. A falta de atenção nas condutas psicológicas e sociais podem levar a inadaptação social do aluno tanto na escola comum, quanto nas salas de atendimento pedagógico. Podem também dificultar as relações na família e na sociedade. E conveniente ressaltar que os professores devem estai" atentos na observação dos alunos de forma a perceber e encaminhar os que necessitarem de cuidados especiais. Há muitos aspectos nas relações afetivas que se mostram nos comportamentos. Certamente nesse caso, a causa, não será exclusivamente da superdotação mas, da conformidade desse sujeito frente a história de sua vida. 2.7- ACELERAÇÃO como PROCESSO E DESENVOLVIMENTO DA SUPERDOTAÇÃO ACELERAÇÃO: o que vem a ser? Aumento de velocidade no processo de desenvolvimento quando o crescimento físico e a maturação ocorrem precocemente. A aceleração pode ser vista sob contextos diferentes: como processo de desenvolvimento e como proposta de atendimento pedagógico. como processo ela pode ocorrer com o aumento da velocidade no desenvolvimento (dentição prematura, aumento da estatura e de peso, antecipação da puberdade) leva a criança a começar um processo evolutivo precoce. Esta aceleração assegura, não garante indícios de superdotação. Para que o seja, essas características devem ser revestidas de algumas alterações também precoces no campo da inteligência (do raciocínio abstrato), do limiar de prontidão entre estímulo e resposta e evidências de maturação no campo social e emocional, num segundo momento. O desenvolvimento acelerado não é um aspecto da superdotação, ele é uma mudança de ritmo de desenvolvimento. É um processo de velocidade de desenvolvimento, quer seja físico, psicológico, mental, sensorial. Quando ocorre no físico ela tem influência hormonal ou de outros fatores. Quando esse crescimento tem seus processos acelerados de forma não prevista para a faixa etária correspondente, é motivo de fazer uma avaliação e/ou análise mais profunda deste aumento de velocidade. Antes de completar um ano, pais e mestres já ficam preocupados com estas características e muitos se ocupam só delas. Seria bom que esse ritmo de crescimento fosse acompanhado por uma leitura comportamental dessa criança, com a observação sobre sua percepção, elaboração de raciocínios mais complexos, evidência de manifestação de estilo próprio de aprendizagem, de comunicação e de prontidão entre estímulos e respostas. Se a criança apresenta evidências de aceleração nos mais diferentes processos do desenvolvimento físico, no campo mental, emocional, sensório-motor, psíquico e no campo das funções biológicas é uma sinalização para que se verifique se também está ocorrendo aceleração em outros aspectos. Cabe começar a acompanhar, registrar e verificar se é apenas na forma, na estrutura ou na rapidez do processo e observar se isto está acontecendo só no aspecto físico ou se é também no emocional, no mental, etc. E preciso que as pessoas que convivem com essa criança verifiquem a forma como ela elabora o raciocínio abstrato. Essa estrutura pode ser mais complexa e mais inovadora. A aceleração não é um fato isolado. É um processo no desenvolvimento, na maturação das expressões e comunicação da criança. Esse fenômeno produz a precocidade e pode ser caracterizada por outros aspectos que vão apontar uma superdotação. Quando o jovem começa evidenciar sinais de nível superior de inteligência, uma alteração substancial muito provavelmente estará começando a se instalar no seu ritmo de desenvolvimento. Isto pode ocorrer independente de precocidade anterior. Geralmente, começa a surgir descompasso no seu ritmo de produção. Ele pode avançar muito em conhecimento e domínio de capacidade em uma área de aptidão por exemplo, a do raciocínio lógico-matemático, o mesmo não acontecendo em outras áreas. Consequentemente, ele requer um programa especial que atenda a seu ritmo de aceleração (aptidões) e de interesse. A aceleração no campo educacional, no que se refere ao superdotado, não está sendo tratada dentro da amplitude que o caso requer. Se a criança tem algumas aptidões, seus pais ou mesmo professores querem que ela vença (pule) a série escolar, quando o recomendável é que avance no componente curricular e não na série. Isto só poderá acontecer se a criança for caracterizada, oficialmente, com o perfil de superdotado em inteligência geral e, comprovadamente, não haja déficit nos níveis físico, sensòrio-motore emocional; uma vez que estes níveis são fatores determinantes de outra natureza de futuros desajustes. A aceleração assim caracterizada é vista como mudança de ritmo da velocidade, gerando na criança a sensação de sentir-se descompassada em relação ao ritmo dos demais. Em se tratando de família, é preciso que os pais compreendam este ângulo das ações de seu filho para não prejulgá-lo e, muito menos, fazer-lhe exigências que não se ajustem a seu perfil. E em se tratando de aceleração educacional, estaremos apresentando algumas abordagens que poderão ocorrer quanto aos métodos e técnicas mais adequados ao processo de aceleração. ACELERAÇÃO como PROPOSTA EDUCACIONAL Tôda criança que apresenta desenvolvimento precoce necessita de educação que atenda à demanda decorrente dessa precocidade. Pais, atendentes de creche, professores e especialistas no campo da Educação necessitam de estar preparados para a leitura fiel das diferenças que cada criança apresentar. Sobre essas diferenças e considerando o ritmo próprio de sua precocidade, o básico é criar condições para que a criança amplie seu campo de ação/aprendi zagem e se enriqueça com suas próprias vivências. Este processo é que constituirá uma aceleração de programa. Não deve consistir em acelerar mais ainda seu ritmo de aprendizagem, mas ampliar o campo e as condições dentro de seu mundo vivencial. E favorecer para que o ritmo de aceleração dela seja preservado e não seja alterado conforme a vontade do adulto. O que ela precisa é dominar e administrar seu próprio ritmo. Não é a criança atender a um programa preestabelecido para ela. O desenvolvimento, embora acelerado, deve acontecerem ritmo próprio. Quando a precocidade trouxer também como componentes indícios de superdotação, as diferenças individuais que possam vir a ocorrer deverão ser caracterizadas não só pela antecipação no tempo, mas por um desempenho acentuadamente diferente do usual e produtivo. Ou seja, o desempenho da criança foge dos padrões normais que ocorrem na evolução natural do ser humano. As ações dos superdotados sempre surpreendem, porque inovam na forma e no grau de extensão e profundidade do raciocínio. Essas diferenças como indícios se caracterizam pela constância. O comportamento da criança é revestido de espontaneidade e resistência a limitações. Ela insiste em vencer os obstáculos que possam reduzir suas possibilidades de conquistas. Qualidade e originalidade são pontos básicos para diferenciação no caso de precocidade com indícios de superdotação e talento. Todas as ações diferenciadas são sempre desenvolvidas num clima de satisfação e de motivação interna. Todas as suas expressões e comunicações se caracterizarão por alto nível de desempenho. PARTE 3 - TÉCNICAS DE SENSIBILIZAÇÃO Estas técnicas são para o aprofundamento dos conteúdos deste fascículo III 3.1 - INTRODUÇÃO com a intenção de preparar com vivências o Cursista, para ampliar sua capacidade de reflexão e de percepção de si mesmo e do outro, bem como de levá-lo a ser preciso na comunicação e fiel ao sentido da mensagem, seguem-se algumas técnicas de sensibilização: I - TÉCNICA: QUEM CONTA UM CONTO Passos: • Organizar espaço físico exclusivo para o trabalho; • Explicar aos participantes os objetivos e regras de forma ampla e abrangente; • Desenvolver a técnica; • Avaliar o conteúdo e aplicabilidade da técnica com o grupo; • Discutir as reflexões advindas do resultado da técnica. Etapas: • Escolher por meio de sorteio três ou quatro voluntários que terão de se afastarem da sala; • Ler uma história, fato ou texto para o grupo que permaneceu na sala (seria interessante um texto com algumas particularidades, riqueza de vocabulário ou situações muito detalhadas); • Solicitar para que um dos participantes que se afastaram retornem. Ele ouvirá o texto de um dos participantes de dentro da sala e terá que apresenta-lo ao próximo colega que será chamado; • Se repetirá a ação até que o último participante que tenha saído retome à sala; • Ler a versão original, após o último participante contar a versão que escutou ao grupo, pontuando as alterações, omissões e acréscimos do texto base; • Analisar o objetivo do trabalho, as idéias, o tipo de mensagem e traçar o panorama com o cotidiano escolar. Reflexão: Na dinâmica escolar como são tratadas as informações das diferenças em sala de aula? E nas reuniões de professores? II - TECNICA: METODO DO PROBLEMA Esta técnica é muito produtiva em situações de aprofundamento de conhecimentos. Permite ao participante a busca de alternativas para situações problemas formuladas pelo professor e estimula os alunos a buscarem respostas através de pesquisa, experimentos, entrevistas e outros. ETAPAS: • apresentação dos objetivos e procedimentos da técnica; • proposição do problema aos participantes; • subdivisão dos participantes em três subgrupos informando que cada grupo deverá: formular hipóteses que justifiquem a situação problema, coletar dados e organiza-los de forma atraente, checar as hipóteses formuladas e apresentar conclusões ou resultados obtidos; • apresentação em plenária do processo desenvolvido e as conclusões da resolução do problema apresentado. Observação: Esta técnica pode ser desenvolvida em vários encontros e exige dos participantes sigilo nas estratégias adotadas pelos grupos. QUESTÕES: Problema 1: A escola é resistente à temática da superdotação Defina dez argumentos consistentes para justificar o investimento na área da educação para superdotados em uma comunidade escolar. Problema 2: Aluno superdotado sub-realizado em classe comum. O que precisará ser realizado em sala de aula para ajudar alunos com superdotação no contexto escolar? Cite dez aspectos. Problema 3: Os professores tem idéias distorcidas sobre os superdotados: Busque através de um questionário, dez impressões de professores sobre os alunos com superdotação em diferentes turmas ou escolas. Analise os resultados. O que os dados tem em comum ? Compartilhe com os outros grupos. Problema 4: Alunos superdotados com dificuldades no relacionamento social. Quais os pontos devem ser enfatizados no ajustamento do aluno com superdotação. Apresente dez estratégias positivas aplicáveis em contextos diferenciados. BIBLIOGRAFIA ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Psicologia e educação do superdotado. Sao Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de Educação e Ensino). ANTIPOFF, Helena. A educação do bem-dotado. Rio de Janeiro, SEN AI/ DN/DPEA, 1992. Coletânea das obras escritas de Helena Antipoff Volume V. ANTUNES, Celso. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Petrópolis: Vozes, 1993. ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de (org.) Tendências e desafíos da educação especial, Brasília: MEC - SEESP, 1994. BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: Área de altas habilidades. Brasília: MEC SEESP, 1995. (Série Diretrizes; 9). . Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendi mento educacional aos alunos portadores de altas habilidades: superdotação e talento, Brasília: MEC - SEESP, 1995. (Série Dire trizes: 10). ___ . Ministério da Educação. Seminário sobre Superdotados - Anais Departamento de Educação Complementar: Brasília, 1971. BRUNNER e ZELTNER, Reinhard. Dicionário de psicopedagogia e psicologia educacional; Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. DANTAS, Heloysa. A Infância da razão - uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manóle Dois, 1990. DUARTE, Rosa Maria Prista. Superdotados e psicomotricidade - um resgate à unidade do ser. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. EDUCAÇÃO, Faculdade de. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Educação do superdotado: tendências e alternativas. Porto Alegre, volume 10, n°3. set/dez. 1985 (série Educação e Realidade) GARDNER, Howard. A criança pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la; trad. Carlos Alberto S. N. Soares. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. IANNI, Octavio. Teorias da globalização 2. ed. Rio de Janeiro, 1996. (Civilização Brasileira) LA TAILLE, Yves de Oliveira; Marta Kohl de; Dantas, Heloysa. Piaget, Vygostky, Wallon: Teorias psícogenéticas em discussão. São Paulo: summus, 1992. LURIA, LEONTIEV, VYGOTSKY, e outros. Psicologia e pedagogia: Bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo: Editora Moraes, 1991. KIRK, Gallargher. SAMUEL A.. J. e JAMES J. Educação da criança excepcional. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. KONIG, Karl. Os três primeiros anos da criança: a conquista do andar, do falar e do pensar; 2. ed. rev. São Paulo: Antroposófica, 1995. KÜGELGEN, Helmut Von. A Educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica; 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 1989. MACHADO, Bina. O problema da superdotação: assistência aos superdotados no mundo e no Brasil. VIo Seminário Nacional sobre Superdotados. Belo Horizonte / MG, 1985. MONTESSORI, Maria. Mente absorvente. Rio de Janeiro: Internacional Portugalia Editora. MUSSEN / CONGER / KAGAN e outros. Desenvolvimento e personalidade da criança. São Paulo: Harbra, 1977. NETTO, Samuel Pfromm. Psicologia da adolescência. Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1968. NOVAES, Maria Helena. Desenvolvimento psicológico do superdotado. São Paulo: Atlas, 1979. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo, Editora Scipione, 1995. PÉREZ-RAMOS, Aidyl M. de Queiroz. Estimulação precoce: serviços, programas e currículos. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Ação Social. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, CORDE, 1992. ROSENBERG, Rachel Lea. Psicologia dos superdotados: identificação, aconselhamento, orientação. São Paulo, José Olympio, 1973. SANTOS, Leila Magalhães. Tratado do SABER. Brasília, 1997. SANTOS, Leila Magalhães; PEIXOTO.; Luzimar Camões. Caracterização de talentosos e bem dotados psicomotores um modelo. Brasília, 1982. SANTOS, Osvaldo de Barros (Org). Os superdotados: quem são?, onde estão? colaboração de Antonio Carlos Coelho Campino... (et ai.). São Paulo: Pioneira, 1988. (Coleção Novos Umbrais). SÃO PAULO, (Estado), Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. A educação dos superdotados. São Paulo, SE/CENP, 1988. SCHEIFELE, Marian. O aluno bem-dotado. Atividades de enriquecimento. Rio de Janeiro. Ao livro técnico S.A.,1967. STEINER, RUDOLF. A educação da criança: segundo a ciência espiritual / Rudolf Steiner; 3. ed. São Paulo: Antroposófíca, 1996. ___. Educação na Puberdade, a atuação artística no ensino: duas confe rências, proferidas aos professores de Escola Waldorf Livre de Stutt gart, em 21 e 22 de Junho de 1922. São Paulo: Antroposófíca, 1990. __ . Matéria, forma e essência: o caminho cognitivo da filosofia à antropo sofia. São Paulo: Antroposófíca, 1994. __ . Andar, falar, pensar: a atividade lúdica 4. ed. São Paulo: Antroposó fíca, 1994. ___. A arte da educação. São Paulo: Antroposófíca, 1988-1995. BRASIL, Ministério do Trabalho. Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional. Habilidades, uma questão de competências? Brasilia, FAT/CODEFAT, 1996. SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE SUPERDOTADOS, 5,1983 Anais do Rio de Janeiro: Associação Brasileira para superdotados: SENAI, 1987. Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: Alguns Aspectos Relevantes Fascículo IV CONTEUDISTA: LEILA MAGALHÃES SANTOS COLABORAÇÃO: NATALIA PACHECO DE LACERDA GAIOSO VERA LÚCIA PALMEIRA PEREIRA SUMÁRIO TEMÁTICA: SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E ATENDIMENTO PARTE 1 I - Superdotação e Talento: Abordagens essenciais 1.1 - Desenvolvimento............................................................ 193 1.1.1 -Fases do desenvolvimento .................................. 196 1.2 - Precocidade................................................................... 203 1.3 - A importância da identificação desde cedo ...................... 204 1.4 - Aprendizagem e desenvolvimento cognitivo ..................... 207 1.5 - Estratégias de aprendizagem........................................... 208 1.6 - Sondagem: processo ...................................................... 209 PARTE 2 II - Superdotação e Talento: Procedimentos de identificação 2.1 - O processo de identificação ........................................... 213 2.2 - Procedimentos de identificação....................................... 214 2.3 - Caracterização de Perfis e de Talentos: processo............. 219 Programa MEC/SEESP - Instrumento preliminar para sondagem de características Gerais de Superdotados e Talentosos .... 220 -Questionário Informativo.............................................. 221 PARTE 3 III - Superdotação e Talento: Implantação, Acompanhamento e Atendimento 3.1 - Introdução: Por que se faz necessário que o Sistema Educacional Brasileiro contemple educandos superdotados e talentosos com uma educação complementar? ........................................227 3.2 - Mecanismos de implementação.......................................228 3.3 - Superdotação e talento: implantação do Sistema de Atendimento Educacional Complementar Específico.........231 3.3.1 - Implantação do atendimento complementar, pedagógico e psicológico a superdotados e talentosos pela esfera municipal ......................232 3.4 - Implantação: primeiras providências................................233 3.5 - Acompanhamento de perfis .............................................233 PARTE 4 IV - Técnicas Ludopedagógicas 4.1 -Técnica da apresentação .................................................237 4.2 - Painel de debates............................................................237 Bibliografia .......................................................................................239 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Oferecer oportunidades ao professor para: • Identificar as peculiaridades que podem caracterizar as fases de desenvolvimento; • Conhecer estratégias que promovam aprendizagens no aluno com superdotação; • Elaborar um instrumento de identificação de talentos de efetiva aplicabilidade na escola; • Estruturar estratégias de encaminhamento e acompanhamento complementar ao aluno, no âmbito técnico-pedagógico; • Desenvolver alternativas didático-metodológicas de apoio e estímulo ao aluno com superdotação na ação educativa. INFORMAÇÕES INICIAIS 1. Leia os objetivos gerais e específicos do fascículo; 2. Estude o texto do fascículo; 3. Aplique seus conhecimentos, através das técnicas sugeridas; 4. Avalie seu desempenho em relação às técnicas aplicadas; 5. Se não conseguir realizar satisfatoriamente, repita a técnica; 6. Se não conseguir aprovação, reestude o texto. ALTERNATIVAS DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR 1 - Estudar o texto relativo ao fascículo. 2 - Recorrer ao professor aplicador da unidade, caso a dúvida persista. PARTE I - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ABORDAGENS ESSENCIAIS IJ - DESENVOLVIMENTO O permanente interesse e curiosidade pelas crianças que demonstram comportamentos relativos a características de superdotação motiva a observação de alguns elementos importantes que ocorrem no desenvolvimento dessas crianças durante os anos anteriores à escola e em seu processo de escolarização. Esta abordagem acerca do desenvolvimento não se compromete a analisar ou enumerar as fases deste desenvolvimento humano sob a ótica ou enfoque de correntes ou teorias de determinados autores. Mas, compreende o ato de levantar algumas reflexões e análise sobre os fatos ou características observadas em crianças e jovens que apresentam comportamentos e perfis, que podem estar associados a indicadores de desenvolvimento incomum, inesperado e distinto, em áreas, expressões pessoais e indicadores relacionados à superdotação. Geralmente a informação precisa e correta sobre esta temática superdotação - faz com que as pessoas sintam que algumas das suas concepções ou conceitos sobre o tema necessitam ser mais bem analisados (como por exemplo, na revisão de algumas concepções errôneas a respeito da superdotação). Basicamente, a partir de alguns elementos observáveis, sejam estes uma atividade excessiva da criança, comportamentos não esperados em faixa etária correspondentes ou ainda predileção por algum interesse especial, aliados a algumas dificuldades no estabelecimento de padrões comuns de conduta pela família frente às solicitações da criança ou jovens, já se evidenciam alguns comportamentos notáveis. Comportamentos estes que geralmente se caracterizam pela: - motivação da criança ou jovem em realizar tarefas incomuns para a maioria dos colegas de igual faixa etária; - aptidão específica, aparentemente natural, por alguma área - como musica, artes, eletrônica, cálculo matemático, geologia ou outros temas - em que se apresenta elevado desempenho de forma espontânea e natural; - observação com relati va freqüência de interesses ou comportamentos incomuns por jogos complexos, rápida conexão de pensamento, relações lógicas, soluções rápidas, eficientes e a eleição de companhias mais velhas. Enfim, a pessoa modifica experiências, organiza e reorganiza idéias e interesses, aprende com enorme facilidade, incorporando e transferindo conhecimentos com pensamento claro e preciso. Apresenta excelente memória, perseverança pelas descobertas e conhecimentos e, ainda, possui rico vocabulário, senso de humor e uma inquietude natural por utilizar seu "conhecimento". Alguns especialistas julgam esses fatores de forma isolada como simples características adaptativas ou reflexo de um ambiente mais estimulador, dispensando análise profunda deles na multidimensão do ser humano. Ao acompanhar próximamente estas crianças e jovens, sem dúvida é possível estabelecer fases de desenvolvimento que são únicas e exclusivas de motivação intema (da pessoa) e que constituem ainda alguns mistérios na sua origem. Sabe-se, entretanto, que um ambiente estimulador pode contribuir para reforçar padrões de comportamentos que encorajam a aplicação de algumas dessas características no campo acadêmico do talento cognitivo, criativo ou de liderança e que, por mais estimulador que seja esse ambiente, somente um número específico de crianças consegue, de maneira natural, evidenciar performances espontâneas e originais na sua estrutura de aprendizagem e de produção. Sabe-se que o fator ambiente e o genético estabelecem interligações determinantes na conduta humana. A forma, o grau e a amplitude destes varia de pessoa para pessoa. Segundo Novaes (1983), os superdotados diferenciam-se dos demais da mesma forma que qualquer indivíduo se diferencia de seu semelhante, por sua personalidade, seu estilo pessoal adaptativo, seu modo diferente de pensar, perceber e agir. Contudo, tratando-se de um grupo minoritário e com caracte- rísticas próprias, podem ser detectados traços comuns e modalidades adaptativas peculiares e diferenciadas que irão naturalmente depender dos tipos de superdotação e dos condicionamentos socioculturais. Reconhecer que na diversidade humana existe o espaço para todas as formas de diferenças e sutilezas no desenvolvimento é um desafio da educação, que tem papel significativo na forma como cada um de nós se percebe, se conhece e se valoriza. Ponto significativo para a transferência de como percebemos, conhecemos e valorizamos o outro. Diferenças, diversidades, pontos incomuns, traços que traduzem as características relacionadas à superdotação devem considerar os seguintes aspectos quanto a sua observação: 1 -dispor de conhecimento prévio das fases de desenvolvimento do ser humano e do contexto social e familiar em que o sujeito esteja inserido; 2-ter conhecimento das características mais comumentes observadas no campo da superdotação, relacionadas à criança, ao jovem ou ao adulto; 3-basear-se em vários momentos de observação para concluir acerca do modo de agir ou de ser do sujeito observado. 4-estabelecer rotinas, ou seja, acrescentar à primeira observação outras, de modo a confirmar os dados anteriores, mantendo-se alerta sobre comportamentos, conversas com outras pessoas e observações quanto ao comportamento de outras crianças em situações comuns; 5-promover o acompanhamento de diferentes situações, considerando todas as atitudes como importantes; se possível, registrando o que achar mais significativo; 6-manter neutralidade de ação, evitando influências, julgamentos e rotulações. Tais cuidados são apenas alguns dos mais importantes que se deve ter no ato de observar evidências em qualquer campo. Nesta tarefa de observação e coleta de dados torna-se fundamental a participação da família, da professora, do supervisor, do especialista e até mesmo, se possível, do grupo de convívio da criança ou do jovem. 1.1.1 - FASES DO DESENVOLVIMENTO Nos quadros que vêm a seguir estão relacionados alguns aspectos significativos das fases de desenvolvimento que podem contribuir no processo de observação de características área da superdotação. O quadro de desenvolvimento fase 1:0 a 4 anos foi elaborado com base nas condutas observadas por Benito (1994) : DESENVOLVIMENTO FASE I: 0 a 4anos ASPECTO MAIS EVIDENTE: PRECOCIDADE EM ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR /COGNITIVO E LINGÜÍSTICO ÁREAS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS MAIS EVIDENTES MOTORA - sustenta a cabeça desde o primeiro dia do nascimento sustenta-se em pé aos seis meses anda sem ajuda desde os nove meses tem grande agilidade e coordenação motora DA LINGUAGEM - utiliza linguagem gestual antes de doze meses diz a primeira palavra aos seis meses mantém conversação entre dezoito e vinte e quatro meses aprende a falar nome de cores aos dezoito meses e até mesmo diferenças de tonalidades - pergunta por palavras novas que não conhece aos três anos, empregando a palavra exata no momento oportuno APRENDIZADO DE LEITURA E ESCRITA (entre 3 e 4 anos) - aprende a 1er a partir da própria curiosidade - não soletra nem sílaba em aprendizado natural - aprende a escrever normalmente "de corrido" (fluente) utilizando com freqüência letras maiúsculas DESENVOLVIMENTO FASE II: 4a 6 anos ASPECTO MAIS EVIDENTE: CURIOSIDADE EXPLORATÓRIA AÇÕES: exploração de conceitos, símbolos, ambiente, números, letras, contextos, texturas, formas e movimentos SINAIS INDICADORES - curiosidade acentuada, permanente, sobre fatos corriqueiros do dia a dia, com perguntas sobre tudo; - presença de originalidade na construção e montagem com blocos de construção; - prazer na construção e montagem de encaixe e quebra cabeça diretamente proporcionais ao grau de dificuldade e de possibilidades que apresentam em suas ações lúdicas; - dramatização de cenas diárias com riqueza de detalhes; - montagem de teatros, elaboração de cenas imaginárias e vivência de suas criações com emoção; - imitação de pessoas com perfeição. - utilização de sucatas e materiais diversos para confecção dos próprios brinquedos, geralmente originais; - apreciação ao ouvir estórias, reorganização de contexto alterando ou enriquecendo suas partes; - demonstração de interesse por leitura e escrita em muitos casos com domínio de seu uso e funções; - interesse precoce por número; - destreza ao desenhar, pintar, esculpir ou recortar quando houver interesse pela atividade artística; - uso da comunicação - muitas vezes empregando palavras complexas e com sentidos originais; - solução de situações problemas com iniciativa própria e estratégias particulares; - apreciação por desafios e por conhecimentos relacionados a ambientes e assuntos diversos com utilização de informações e experiências em vários contextos. DESENVOLVIMENTO FASE III: 6 a 10 anos ASPECTO MAIS EVIDENTE: CONHECIMENTO como FONTE DE MOTIVAÇÃO AÇÕES: desenvolvimento mais elaborado, constante, além de apresentar campos de interesses mais definidos. SINAIS INDICADORES - aprendizagem rápida com desempenho muito bom em relação ao colega comum; - emergência de interesses; - escolha de passatempos favoritos (xadrez, literatura, coleções por áreas de interesse) os quais se revestem de significado pela forma e conteúdo, e - gosto por desafios, freqüentemente vistos como experiências; - demonstração de muitas idéias inesperadas, originais e extravagantes no trabalho escolar. - tendência a julgamentos éticos com bases em avaliação, ponderações, implicações e conseqüências voltadas a sistema de valores; - freqüência ao lidar com abstrações; - interesse múltiplo e variado; - rejeição a atividades rotineiras e a excesso de autoridades, com maior constância; - tendências perfeccionistas; - evidências de talentos incomuns nas áreas das Artes Plásticas, Cênicas ou Musicais; - desempenho psicomotor elevado, sendo mais solicitado para jogos e práticas desportivas; - fluencia verbal e utilização da linguagem para direcionar ações, contextos e pessoas. Nesta faixa etária, observa-se uma evolução do desenvolvimento, no sentido do domínio de suas características. Geralmente as crianças sabem e conhecem suas potencialidades embora não saibam ainda para que servem. DESENVOLVIMENTO ___________________ FASE IV :10 a 14 anos __________________ ASPECTO MAIS EVIDENTE: CONHECIMENTO SELETIVO AÇÕES: - focos de interesses seletivo mais definidos - aprofundamento de temas - busca de grupos de interesses comuns SINAIS INDICADORES - interesses mais direcionados a campos específicos do conhecimento. Exemplo: interesse por Líderes da História, porque se identifica com a sociologia que pertence à área de Humanidade - ou opta por eletrônica que é ramo da fisica, com a qual se identifica por ser do campo das ciências exatas; - maior elaboração e cuidado com trabalhos; - aperfeiçoamento de estilo próprio; - busca do conhecimento científico e interesse por checar hipóteses observáveis; - maior autonomia evidenciada para produção em contextos abertos (museus, comunidades, universidades, laboratórios). Nesta fase percebe-se no superdotado maior aprofundamento de conhecimentos, maior seletividade de áreas de interesse e a busca de certa autonomia para direcionar suas aptidões. DESENVOLVIMENTO ___________________ FASE V : 1 4 a 18 anos____________________ ASPECTO MAIS EVIDENTE: SELETIVIDADE NA ÁREA PRODUTIVA AÇÕES: - investimento no aperfeiçoamento de interesses e aptidões. - freqüência maior de conflitos. - busca da auto-realização e do perfil profissional. SINAIS INDICADORES - produção de forma mais seletiva refinada e definida; - aprimoramento de níveis de excelência ao procurar tecnologias aplicadas à área de interesse ou campo de destaque; - definição de estilo, rendimento e diferenças estabelecidas de acordo com autoconceito geral, social e acadêmico. Esta fase tem como ponto principal a tentativa do jovem de buscar sua identidade e realização no campo da escolha profissional. No caso do jovem superdotado, esta fase se reveste de maiores conflitos relacionados à expectativa de uso de suas habilidades e o do aproveitamento delas. DESENVOLVIMENTO FASE VI : ADULTO E TERCEIRA IDADE ASPECTO MAIS EVIDENTE: CONTINUIDADE E REVITALIZAÇÃO DE SUAS POTENCIALIDADES SINAIS INDICADORES - estabelecem condições - adultos ou idosos superdotados - para uma análise retrospectiva da sua produtividade; - fazem com que a singularidade de características possa tornar-se ainda evidentes ou menos perceptivas de acordo com as possibilidades e motivações, em relação à atividade ou interesse que têm, sendo proporcional às experiências, reconhecimento e estímulos recebidos; - mantêm-se ativos e produtivos na idade mais avançada e muitos em nível produtivo ainda excepcional; - tentam superar críticas e pressões; - lutam ainda para encontrar seus próprios caminhos e autonomia, revelando talento e potencialidades; - observam que o convívio social se torna mais dificultoso pelo avançar da idade. Assim, os adultos ou os idosos superdotados não mais sentem o mesmo vigor físico de antes. Limita-se sua performance; - sentem maior cansaço e se entristecem por se tornarem mais dependentes do outro; - tornam-se mais sensíveis, observadores e possivelmente mais solitários; - representam - os adultos e idosos da terceira idade - um marco de significação e de referência da maior importância, por serem representantes vivos de tradições, cultos e valores, que serão perpetuados com novas roupagens e cenários; - utilizam o potencial criativo de sua capacidade de percepção, intuição e pensamento; - despertam a curiosidade para o mundo atual; - abrem a mente para o novo e o original; - continuam sempre criando e imaginando; - passam a ter melhor conhecimento de si mesmo, analisando sempre suas possibilidades e limites pessoais. SUGESTÃO DE ATIVIDADE COMPLEMENTAR 1 - TEMÁTICA: PRECOCIDADE 2 - TÉCNICA: TRABALHO EM PEQUENOS GRUPOS E DISCUSSÃO 3 -TEXTO/QUESTÕES 4 -FIN ALIDADE: - evocar conhecimentos e vivências individuais para formar, aprofundar e enriquecer a temática; - complementar a temática através do mediador/instrutor, esclarecendo dúvidas e pontuando aspectos essenciais. CONCLUSÃO: com base nos conhecimentos, dados e informações, elaborar um texto básico, de forma criativa, que sirva para orientação a comunidade, família e escola. TEXTO A precocidade é entendida como desenvolvimento prematuro das faculdades físicas e ou mentais do indivíduo no sentido usual. Quando se aborda a temática superdotação e talento, a precocidade se reveste de grande importância em função da análise de comportamentos já ocorridos ou como base dos futuros a serem observados. Assim sendo, algumas questões se apresentam: - por que se faz necessário conhecer aspectos da precocidade? - como se manifesta ou evidencia o padrão precoce (áreas: cognitiva, psicomotora, artística, de relações intra e interpessoais e outras?) - quando e como acompanhar o padrão de precocidade? Capa do Jornal Integração número 16 1.2- PRECOCIDADE A precocidade é uma fase considerada significativa por constituir o sinal indicador de alerta ou, em algum aspecto, alvo de observação, quando se trata de superdotação. como faixa de estudo, pode evidenciar pontos importantes na análise do desenvolvimento de crianças. Em alguns casos indicativos de talento especial, de muito potencial e de aptidões específicas, comumente ocorrem indícios de ações precoces, ou seja, em tempo anterior ao observado na maior parte dos processos de acompanhamento. Esse conjunto de características toma-se observável em vários campos, seja com a criança que aprende com muita propriedade a 1er e contextualizar sua leitura, por volta de dois a três anos de idade; seja com a criança que toca música de ouvido, com refinamento, aos quatro anos; seja com o bebê entre um ano e um ano e meio, que identifica símbolos, a ele atribuindo significados e solicita do adulto o contexto sociocultural correspondente. Ora a precocidade pode expressar-se sob várias óticas em diferentes contextos, ora apresentarse em uma única área. Por tratar-se de fato observável, a análise de fatores relacionados à precocidade reveste-se da ampla necessidade de ser alvo de estudo mais criterioso. Esta não se constitui, por si só, condição essencial para evidenciar a superdotação. E necessário que outros aspectos comportamentais também integrem um conjunto de observações, elencando, indicadores com mais confiabilidade. A precocidade, em algumas situações, pode sugerir sinais de "crianças-prodígios", as quais, ao longo de seu desenvolvimento, podem apresentar decréscimo de intensidade nas ações, vindo a produzir muito próximamente comportamentos/ ações comuns, padronizadas e esperadas em grande parte das crianças. Nesse caso, são ações que não têm continuidade, refinamento, comportamento espontâneo, satisfação, desempenho superior nas áreas de evidência. Não caracterizam sinais de possível superdotação. Quando uma aptidão, atitude, traço marcante de personalidade ou habilidade se apresenta de forma persistente ao longo do desenvolvimento de uma criança - por exemplo: a atitude inquisitiva, curiosa, de perguntar sobre fatos ou fenômenos de maneira natural, que traduza como comportamento específico do "Carlos" gostar e conhecer muitas particularidades sobre seres vivos e ter satisfação pessoal em demonstrar esses conhecimentos desde a mais tenra idade a pessoas que se interessem pelo assunto faz-se desse fato aspectos relevantes a serem observados sob a ótica de possível habilidade superior no campo das ciências e capacidade intelectual. Nesse caso, a precocidade do interesse de Carlos seria um dos aspectos a ser evidenciado e acompanhado, a fim de se constatar a constância de sua habilidade de ação; se esta ação e sua espontaneidade o levasse a persistir na busca de alvos mais distantes, se a atividade fosse fonte de prazer e se seu desempenho fosse notadamente único, superior e original. Nesses aspectos a observação da precocidade do comportamento de Carlos contribuiria para uma avaliação de evidências no campo da superdotação e do talento. Segundo Aidyl M. de Queiroz Peres Ramos, psicóloga e especialista em Educação Precoce, a identificação dos sinais de precocidade podem proporcionar meios para o acompanhamento das qualidades especiais detectadas em crianças pequenas, assegurando-lhes um processo evolutivo adequado e, por conseguinte, com melhor aproveitamento futuro. Pessoas com aspectos relacionados a possível característica de superdotação não constituem um grupo homogêneo. Não se pode tratar de um único perfil, generalizando-o sob pena de se correr riscos desnecessários. Somente através de um adequado conhecimento e o exame de suas características individuais é que se pode oferecer uma orientação individualizada. 1.3 - A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE A importância da identificação prematura na área da superdotação, como em qualquer outro nível da educação, é primordial. No caso das crianças superdotadas, tem-se constatado que as explicações sobre as diferenças entre a promessa e a efetivação de uma superdotação apontam para as diferenças substanciais nos retornos preço- ces favoráveis de fatores familiares, de oportunidades educativas e de profissionais (Albert, 1980). A capacidade de traduzir o pensamento em linguagem, as destrezas sociais e o interesse intrínseco por aprender sofrem um desenvolvimento crítico por volta de sete a trinta e seis meses e são extraordinariamente sensíveis a diferenças ambientais. É improvável que mais de um por cento de nossas crianças recebam neste período o tipo de oportunidades de aprendizagem que lhes permitam avançar, tanto quanto podem, dado o grau de estabilidade e refinamento dos padrões de uma criança de três anos. Percebe-se a importância extraordinária de conduzir as crianças num bom início, desde seus primeiros anos de vida a ter de esperar os seis ou sete anos (White 1985). E quanto à predição da superdotação entre o meio científico, há de se ter suficientemente claro que esta predição começa a ser útil especialmente para os grupos situados entre os extremos de uma escala final do segundo ano. Por volta do terceiro ano a predição é mais segura (White 1985). De acordo com Coriat (1990) e como em qualquer outra criança de educação especial, a identificação precoce tem neste caso dois objetivos principais: a) situar as crianças em um ambiente educativo adequado; b) proporcionar a seus pais e pessoas que se encarregam de sua educação orientação e compreensão. O apoio de seus pais e professores são decisivos para o desenvolvimento das crianças. Os superdotados constituem um grupo heterogêneo. Os pais devem ser alertados para casos de precocidade no desenvolvimento que somente será definido através de observação continuada. O fator temporalidade é decisivo em casos de avaliação diferencial. Em Benito 1994, foram relatadas os seguintes desempenhos, observando: Desenvolvimento Motor Precoce: - desde o primeiro dia do nascimento sustenta a cabeça; - sustenta-se de pé aos seis meses - anda sem ajuda aos nove meses; - tem grande agilidade e coordenação motriz. Desenvolvimento da linguagem: - diz a primeira palavra aos seis meses; diz a primeira frase aos doze meses; mantém conversação entre dezoito a vinte e quatro meses; aprende cores aos dezoito meses até mesmo em suas diferentes tonalidades; - pergunta por palavras novas que não conhece aos três anos, empregando a palavra exata no momento oportuno. Aprendizagem da Leitura e Escrita Precoce É a curiosidade que o leva a aprender: - aprende a 1er antes de ir à escola ou em muito curto período de tempo e mostra grande interesse pela leitura; - aprende o alfabeto aos dois anos e meio; - começa a 1er aos três anos de idade; - aprende a partir de leitura funcional; - tem curiosidade acerca das palavras e não das letras; - não silaba nem soletra em sua aprendizagem, aprende de corrido; - aprende a escrever normalmente com maiúsculas (ou forma) pois seu traço é mais percebido. Conceito precoce de números - conta até dez aos dois anos e meio; - resolve mentalmente problemas com três anos e meio; soma e subtrai com números até dez. Interesse precoce pelo tempo - aprende a contar o tempo com aproximadamente cinco anos. Interesses, jogos e atividades - prefere para jogos atividades que não suportam riscos. Prefere jogos individuais. Seus hobbies preferidos são a leitura, escrita, o desenho e a montagem de quebra cabeça. Relaciona-se com cri anças muito menores ou muito maiores que ele. 1.4- APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO O termo superdotado é utilizado com freqüência como se tratasse de uma única característica para todos os indivíduos. Os superdotados possuem tantas diferenças individuais como as outras pessoas. Eles não constituem grupos homogêneos, assim como, os estilos de aprendizagens serão particularizados. Entretanto é possível detectar, alguns perfis comuns observados no processo de aprendizagem que podem facilitar a conduta educacional. E necessário observar criteriosamente as diferenças mais relevantes para se orientar individualmente cada aluno. Figura (habilidades e interesses) O superdotado aprende de forma indutiva, através de perguntas, para depois deduzir e utilizar o conhecimento adquirido. com um ano e meio tenta estruturar o ambiente e os jogos e realizar seriações e ordenações de forma lógica, colocando brinquedos em fila, em ordem, atendendo tamanhos, formas, etc. com dois anos aproximadamente, realiza comparações seletivas com o objetivo de classificar, ordenar e diferenciar o mundo que o rodeia. Formação de conceitos aos três anos e meio. E capaz de agrupar figuras geométricas pela forma, cor, tamanho, espessura. O perfil apresentado não identifica todos os meninos superdotados, estamos nos referindo preferencialmente aos precoces. É claro que as características não são comuns a todos. 7.5 - ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM Os superdotados utilizam diferentes formas de resolução de problemas e aprendizagem, porém quatro são comuns: a) capacidade superior para resolver problemas de maneira distinta e buscar problemas novos; b) velocidade e precisão na resolução; c) rapidez para aprender uma habilidade pouco habitual; d) contínua necessidade de aprender. CINCO RAZÕES QUE LEVAM O SUPERDOTADO A PASSAR DESPERCEBIDO NA ESCOLA a) falta de conhecimento, por paite dos professores, e sensibilização; b) interpretação errada do termo "superdotado", com falsas expectativas: "é um doutor aos dezeseis anos"; "sabe tudo, nunca erra"; c) a inexistência de tarefas apropriadas, que os levem a demonstrar suas habilidades. Não devemos duvidar que as diferenças de inteligência se manifestam na execução, quando a situação de aprendizagem exige um funcionamento superior do aluno; d)a expectativa de um desenvolvimento superior em todas as áreas deixa o aluno tenso e frustrado com seus erros; e) uma das idéias chaves sobre o ensino é que se deve partir das experiências prévias dos alunos. E provável que ofereçamos aos alunos atividades que não se ajustem a seu nível de aprendizagem ou que insistamos que façam o que já estão cansados de saber. As duas têm a mesma conseqüência negativa sobre os alunos: 1 . não aprender, não caminhar, não progredir, 2 . criar possíveis reações de desinteresse, diminuindo a motivação de aprender; 3 . os alunos tendem a esconder suas habilidades, para não se sentirem discriminados pelos colegas. Para eles, ser amigos significa ser iguais. Isso os leva a ter comportamentos diferentes em casa, na escola, sobretudo na leitura, na linguagem e nos jogos. 1.6 - SONDAGEM: Processo A sondagem de possíveis aspectos indicadores relacionados à superdotação e ao talento constitui a primeira etapa de um processo de caracterização. Tem por finalidade levantar informações relevantes que instrumentalizem o profissional, na análise e na observação de perfis específicos de áreas de desempenho, apontadas como qualidades específicas deste campo de estudo. Considerando que a educação em sua estrutura operacional delineia o acompanhamento em níveis de ensino, será apontada a sondagem considerando as seguintes faixas etárias: - Educação precoce: de zero a quatro anos - o que acontece? Educação pré-escolar: de quatro a seis anos - Ensino Fundamental: de sete a quatorze anos - Ensino Médio: de quatorze a dezoito anos A especificação nesses níveis se faz necessária, tendo em vista a possível participação do sujeito frente aos instrumentos, de acordo com sua faixa etária. Na faixa etária de zero a quatro anos (primeira infância) ocorrem grandes mudanças no desenvolvimento global da criança, por isso é necessário observar um todo neste processo contínuo de crescimento, organização e reorganização de estruturas e funções naturais da espécie humana. No que se refere às áreas de desenvolvimento, torna-se necessário considerar que o ritmo de crescimento e mudanças decorrentes dele é variável nas faixas etárias. Podemos observar períodos de maior rapidez seguidos de outros períodos mais lentos, entretanto ambos, em contextos evolutivos. E importante ressaltar que o observador ou pessoa que acompanhará o processo de observação deve conhecer as etapas de desenvolvimento infantil e sua estrutura evolutiva para que possa efetivamente reconhecer ações e comportamentos que sugerem diferenças observáveis, em se tratando de indicadores de superdotação. Geralmente na faixa etária de zero a quatro anos, quando os pais, familiares ou amigos observam alguns traços diferenciados no desenvolvimento de bebês estes podem estar relacionados com três grandes grupos: Grupo I : Crianças que desenvolvem mais precocemente a área Psicomotora. São exemplos deste grupo, crianças: - Que desenvolvem mais rapidamente do que esperado as fases do desenvolvimento psicomotor (sustentação da cabeça, rolar, sentar, arrastar, engatinhar ou andar, comer sozinho, correr; manipulação de pequenos objetos; precisão de movimentos com brinquedos de encaixe, entre outros.); - Apreciam prática desportiva e revelam graça e alto desempenho; - Montam e desmontam com precisão equipamentos mantendo o uso de suas funções. Grupo II: Crianças que desenvolvem mais precocemente a área de comunicação e relação social. - criam contexto para suas atividades, utilizando expressão corporal e gestual; - antes da linguagem verbal, faz-se entender com muita propriedade; - falam por volta de seis meses, de forma correta e sem tatibitate; - utilizam expressões e mantêm conversação entre os dezoito e vinte e quatro meses; - aprendem e utilizam palavras novas que não conhecem, empregando-a de forma correta e em momento oportuno; - relacionam-se bem com pessoas mais velhas. Grupo III: Crianças que desenvolvem de maneira mais precoce a área cognitiva. - São exemplos deste grupo, as crianças que: - realizam continuamente comparações seletivas, classificações, organização e a reorganização de pensamento; - utilizam a ordenação de pensamentos; - têm excelente memória; - utilizam a abstração, comparam informações e estabelecem relações de causa e efeito; - percebem e utilizam contextos simbólicos; - demonstram curiosidade e alto nível de motivação por informações. Figura - Aluno superdotado do Centro de Ensino Especial Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo 4 VIVÊNCIAS DE EXPERIÊNCIAS E HABILIDADES SALA DE RECURSO ÁREA: SUPERDOTAÇÃO 1999 - Treze anos Escola Parque 313/314 Sul Brasília - DF Aluno: Raimundo Atemes Professora: Elizabeth D. Salles Altas Habilidades PARTE 2 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: PROCEDIMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO 2.1 - O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO O processo de identificação da superdotação é complexo e se alonga por mais tempo nas equipes de avaliação pois esse, exige atenção dos especialistas, se faz de forma contínua e em paralelo ao atendimento que o aluno requer. Este processo, envolve a família, o psicólogo e o pedagogo da equipe de avaliação e o professor da criança. Os vários olhares e campos de observação ajudam a compor as características apresentadas pelo aluno nos vários contextos e situações, que auxiliam na indicação do atendimento mais adequado. A escolha dos procedimentos a serem definidos para compor a sistemática da identificação, dependerá das condições e estruturação das equipes de diagnóstico, da capacitação e experiência na área e da possibilidade adaptativa de instrumentos, formulários e metodologia às condições operacionais na realidade local. A sistemática da avaliação deve permitir as várias oportunidades de análise de dados uma vez que, o uso de somente um instrumento ou estratégia, podem inibir a observação de outros desempenhos como por exemplo: testes de inteligência para observar traços de talento plástico ou avaliações pedagógicas ao aluno com indicadores de talento musical. As diretrizes básicas necessárias para a formalização de processos de identificação estão normatizadas nas publicações do Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial - Série Diretrizes - que constituem material base para a implantação e implementação de serviços na educação especial. No processo de identificação é necessário obter informações pautadas em observações sistemáticas do aluno no dia a dia escolar, acompanhando se possível os momentos de aprendizagem, produção intelectual e relacionamento social. Essas observações possibilitam a análise dos desempenhos comparativos no grupo de igual faixa etária e permitem ao professor visualizar a freqüência e intensidade de seus indicadores. A escola deve estar atenta ao utilizar as informações advindas da observação do aluno, ao preservar a criança de qualquer aspecto rotulatório e ao encaminhar os dados às equipes de especialistas de avaliação, quando houver, para a complementação específica que o caso requeira. Esses aspectos, devem ser de rotina e serão essenciais para traçar as áreas de melhor desempenho do aluno. Importante esclarecer que no momento da identificação, o aluno apresenta indicadores de superdotação e talento, e que esses, poderão ou não ser confirmados durante o processo de observação e avaliação. A postura do professor frente a essa possibilidade deve ser de tranqüilidade e ética. No âmbito escolar o objetivo da identificação é favorecer atendimento adequado as necessidades educativas do aluno. Sem essa visão de atendimento ou serviços complementares a identificação, tão somente para identificar, não ajuda em muito a pessoa com superdotação, sua família e escola. 2.2 - PROCEDIMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO(*) De acordo com as diretrizes do MEC/Secretaria de Educação Especial (SEESP) - 1995, a identificação de talentoso e superdotado, para efeito de atendimento educacional, deverá ser feita o mais cedo possível, desde a pré-escola até os níveis mais elevados de ensino, objetivando o pleno desenvolvimento de suas capacidades e o seu ajustamento social. Cada aluno será estudado em sua totalidade, podendo-se utilizar a combinação de dois ou mais procedimentos no processo de avaliação, de forma que sejam atingidos padrões máximos de eficiência. Dentre os procedimentos de aplicação destacam-se: • avaliação realizada por professores, especialistas e supervisores; (') texto extraído/adaptado dos "Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial - Área de Altas Habilidades. Secretaria de Educação Especial -SEESP MEC / UNESCO. Vol. 10 - Brasilia, 1995 - pag. 23 a 27 • • • • percepção de resultados escolares superiores aos demais; auto-avaliação; aplicação de testes individuais, coletivos ou combinados, e demonstração de habilidades superiores em determinadas áreas. É da maior importância que, para a identificação de talentosos e superdotados, sejam observadas as seguintes recomendações: • deverão ser utilizados para seu diagnóstico testes individuais e/ou coletivos que ofereçam garantia de rigor científico e adequabilidade; • deverão ser aplicados, por profissional especificamente preparado, diversos meios e recursos nesse processo. O processo de identificação deve consistir em uma gama variada de testes, estabelecidos segundo diversos critérios. É necessário atender às diferenças individuais e culturais do alunado-alvo para que se evitem distorções na avaliação decorrentes de procedimentos inadequados. Por exemplo, o baixo desempenho em testes psicológicos, concebidos para o contexto sociocultural das classes médias e altas urbanas, não deve estigmatizar crianças de nível sócio-econômico desfavorecido ou pertencentes a outros segmentos culturais. A combinação das técnicas de observação (como as do julgamento por parte de professores e pais) com os resultados de testes individuais ou coletivos e com a avaliação dos desempenhos é a mais indicada. Questionários e inventários de caracteristicas, atributos e traços são úteis para um primeiro levantamento da clientela desses alunos, a fim de se localizarem os diversos tipos de superdotação e de talento. Dentre as estratégias a adotar, recomendam-se: • a preparação de pessoal especializado para se operacionalizar tal processo; • o planejamento de programas de seleção eficazes que possam auxiliar diretamente o sistema escolar, • a preparação de programas de atendimento concomitantes ao processo de identificação, em seus diversos níveis, a fim de que não fiquem os alunos esperando desnecessariamente; • a criação de serviços de triagem e identificação do aluno para facili tar a implementação pluridimensional dos procedimentos. A opinião do professor de classe é muito importante e pode ser registrada numa ficha em que devem constar entre outros dados, por exemplo, aqueles referentes ao aluno, que em relação à turma destaca-se como o: • que tem melhor vocabulário; • mais criativo e original; • de maior liderança; • melhor orientado cientificamente; • de melhor pensamento critico; • que perturba mais; • mais motivado para aprender e participar; • • mais querido pelos colegas; • mais adiantado nos estudos acadêmicos; • que mais se destaca na classe, dentre os cinco melhores; • que desperta preocupação dos pais no sentido de elevar seu rendimento e seu progresso educacional. O diretor, o psicólogo, as equipes de currículo, de orientação pedagógica e de orientação educacional, além dos professores, também podem dar informações sobre aqueles alunos que: • têm posição de liderança; • destacam-se em algumas habilidades especiais; • são os melhores representantes do grupo; • têm pais famosos e de destaque artístico ou científico; • apresentam dificuldades de aprendizagem, mas são considerados inteligentes; • são considerados inteligentes, mas emocionalmente perturbados; • evidenciam habilidades e aptidões inquestionáveis. Testes realizados por psicólogos são, geralmente, empregados para aferir o pensamento divergente, o nível intelectual, o autoconceito, as aptidões diferenciadas e a criatividade. Questionários de interesses, escalas de avaliação do ajustamento social e emocional, bem como entrevistas e técnicas projetivas para diagnóstico das características de personalidade podem também ser utilizados. Vários tipos de questionários podem ser elaborados e adaptados na escola para se avaliarem o desempenho físico e intelectual, a capacidade de liderança e de criação, bem como as habilidades mecânicas e artísticas. A escolha dos testes e das técnicas de identificação irá depender das condições oferecidas pelos serviços de diagnóstico e do conhecimento dos profissionais que aí trabalham, bem como de adaptações dos instrumentos às diversas realidades locais. No encaminhamento para programas especiais, todos os dados disponíveis são importantes. Tanto quanto possível, esses dados devem ser colhidos e apresentados ao serviço encarregado de assegurar e orientar tais programas. O superdotado e o talentoso pode ser afastado dos programas se não estiver tendo aproveitamento adequado nem estiver obtendo ganhos pessoais de acordo com o nível de motivação e desempenho apresentado nas medidas de avaliação. Para que esse afastamento seja ultimado, no entanto, deve levar-se em conta o diagnóstico e a adaptação do aluno às atividades e o próprio programa como objeto de uma análise contínua. As observações do professor e tôda a documentação deverão ser analisadas e estudadas pelo serviço responsável. A decisão pelo afastamento poderá, também, ser tomada pelos pais. Quanto ao uso das técnicas e métodos de identificação, é importante considerar suas limitações, a saber: PROCEDIMENTOS LIMITAÇÕES DAS TÉCNICAS E MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO OBSERVAÇÕES DO PROFESSOR Dificuldades em detectar problemas de privação cultural, motivacionais ou emocionais de alunos com dificuldades de rendimento escolar, agressivos ou apáticos, havendo necessidade de se utilizarem testes pedagógicos e de aproveitamento escolar. TESTES INDIVIDUAIS DE INTELIGÊNCIA Método dispendioso, em função dos serviços e do tempo requerido dos profissionais. Não é prático como recurso de avaliação nas escolas que não dispõem de serviços de Psicologia. TESTES COLETIVOS DE INTELIGÊNCIA E BATERIAS DE TESTES DE APTIDÕES DIFERENCIADAS Válidos para selecionar alunos superdotados e talentosos. No entanto, podem não identificar os que têm dificuldades de leitura, problemas emocionais e motivacionais. TESTES DE RENDIMENTO E DESEMPENHO ESCOLAR Não identificam crianças portadoras de superdotação com rendimento escolar inferior, não levando em consideração as limitações de seus conhecimentos. TESTES DE "CRIATIVIDADE' Demonstram possibilidade de identificar o pensamento divergente, que pode não ter sido diagnosticado nos testes de Q.I. São, contudo, limitados quanto aos objetivos propostos, quando não complementados por outras medidas de avaliação, e sua validade nem sempre é comprovada. Cabe ressaltar a importância da participação sistêmica da família, escola e especialistas no processo de identificação do superdotado. As informações colhidas subsidiarão as equipes no levantamento de ações pedagógicos mais efetivas ao aluno. 2.3 - CARACTERIZAÇÃO DE PERFIS DE TALENTOSOS: PROCESSO com a intenção de apenas preparar o professor para posterior participação em processos de caracterização de perfis de crianças talentosas, está sendo apresentado um instrumento preliminar para sondagem de caracteristicas gerais ou de talentosos. O professor deverá escolher de dez a vinte crianças de 4 ou 5 salas diferentes, relacioná-las; passar a observálas continuamente, atento a estes itens, fazendo registros constantes do que observou. No final do primeiro mês, ele deverá relacionar as crianças, agora por semelhanças de características. Por exemplo: aprender com rapidez - o professor passa a analisar, dois a dois, os alunos que "aprendem com rapidez" e no segundo mês já passa a registrai- as diferenças que entre si os dois trazem, isto é, quem tem mais facilidade, em que e onde está a diferença de um para o outro. O professor deverá assim desenvolver: - a capacidade de observação e análise; - a capacidade de perceber além das aparências - refletir - deduzir- inferir; - a habilidade de levantar questões e estabelecer comparações. como segundo momento do processo de sondagem deverá o professor começar a desenvolver com o aluno um acompanhamento complementar, diferenciado, com base nas suas observações quanto à natureza de cada criança observada. Deverá desenvolver com cada criança, paralelamente aos currículos comuns, estudos, projetos, pesquisas, entrevistas e outras atividades enriquecedoras de interesses específicos, conforme o que a criança gosta, tem facilidade para fazer, faz bem e faz diferente. Ao final de cada mês o professor deverá proceder a uma análise quanto ao seu crescimento nesta experiência - ou em relação a uma equipe. Série Atual ¡dudes Pedagógicas 7 - Volume ¡ - Fascículo 4 Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume I - Fascículo 4 _______________ Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume 1 - Fascículo 4 PARTE 3 - SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: IMPLANTAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO 3.1 - IMPLANTAÇÃO 3.2.1 - POR QUE SE FAZ NECESSÁRIO QUE O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO CONTEMPLE SUPERDOTADOS E TALENTOSOS com uma EDUCAÇÃO COMPLEMENTAR? Em se tratando de crianças com extrema capacidade inventiva e/ou de aprendizagem, sendo superdotadas e talentosas, pergunta-se: POR QUE ASSISTI-LAS EM SUAS POTENCIALIDADES DIFERENCIADAS? POR QUE INVESTIR NELAS? PORQUE: - Independentemente de quaisquer outras considerações, deve ser reconhecido o direito humano universal e constitucional de esses indivíduos serem assistidos no desenvolvimento de suas potencialidades. - São verdadeiros agentes de transformação de um país, nenhuma nação pode prescindir deles. - E temário que o não reconhecimento pelo estado de suas existências possa resultar no nivelamento, por baixo, da performance requerida para o sistema educacional brasileiro. - O reconhecimento da importância potencial, sociocultural e econômica da clientela e a urgência em assisti-la adequadamente, é garantia de equilíbrio social e certeza de um futuro promissor para toda a nação. - Ao longo da história da humanidade, têm sido esses indivíduos insubstituíveis para o progresso das civilizações. - Essas inteligências, não assistidas, levam o estado a correr o risco de vê-las a serviço de interesses altamente escusos. Esta omis- são coloca, ainda, em risco a integridade da sociedade, tendo em vista que a inteligência não orientada pode tornar efetivamente fator de destruição e de degeneração desta mesma sociedade. - É imprescindível o Brasi 1 estar preparado porque os grandes países vêm jogando no mercado competitivo internacional com grandes arsenais de inteligência. - Dados estatísticos indicam que o país talvez possa ter 1,55 milhão de superdotados ( 1% da população), 38,75 milhões de talentosos (25%) e 155 gênios (1 por milhão). Diante da pobreza e do atraso relativo do país no contexto das nações, é falsa a idéia de que este não disponha de capacidade de criação e de inovação suficientes para produzir soluções alternativas a fim de acelerar o ritmo de progresso da nação. 3.2- MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO (,) Os mecanismos que podem ser usados para assegurai' a implementação do atendimento incluem os mecanismos legais, os de gestão do sistema e da escola, os mecanismos técnico-científicos e operacionais de financiamento, de controle e avaliação, além dos mecanismos de acompanhamento. A fim de assegurar a implementação do atendimento a educandos superdotados e talentosos opta-se por enfatizar os mecanismos operacionais. Considerando as recomendações apresentadas no relatório do Seminário Nacional sobre o Plano Decenai e a Educação Especial, realizado em 1994, com a participação de instituições governamentais e não-governamentais atuantes nessa área. Este relatório destacou quatro eixos temáticos: • • • • valorização de recursos humanos; qualidade do processo ensino-aprendizagem; gestão do sistema educacional; financiamento e gastos. (') texto adaptado das "Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades / Superdotação e Talentos. Secretaria de Educação Especial SEESP - MEC / UNESCO. Vol. 10 - Brasília, 1995". Esses eixos norteiam as ações no sentido de garantir uma implementação mais segura dos programas. As ações incluem a articulação permanente entre ensino regular e educação especial; a adaptação e a reorientação de propostas curriculares, de modo a adequá-las à realidade do aluno e a garantir a autonomia didática e pedagógica das escolas; o incremento de parcerias e, finalmente, a agilização do repasse de verbas, a fim de se implementar a programação e se desenvolverem ações integradas, visando ao cumprimento das legislações federais, estaduais e municipais em vigor. O planejamento de programas sócio-educativos nessa área, a dinamização das atividades e o acompanhamento sistemático de projetos educacionais são fundamentais porque asseguram sua confiabilidade e eficácia. Para que haja coerência na distribuição de verbas e financiamentos e para que ocorra troca de experiências e se façam parcerias, é primordial o envolvimento de diversas esferas administrativas, nos níveis federal, estadual e municipal. A provisão de uma rede de recursos complementares que integrasse professores, pais, diretores e demais profissionais de educação e a utilização dos meios de comunicação para sensibilizar a comunidade evitariam o risco de difusão de uma ideologia educacional excludente, a confusão com o elitismo e a radicalização dos preconceitos sociais. Muitas pessoas percebem esses programas como um encargo a mais, sentem-se ameaçadas e o acusam de desnecessário e supérfluo. Por outro lado, levar o sistema a dinamizar suas relações com a comunidade, com o mercado de trabalho e com as ofertas e demandas da população facilitará uma gestão educacional participativa. Porém, ao integrarem-se esses alunos às atividades escolares de uma escola comum, alguns pontos devem ser considerados na prática pedagógica, como a necessidade de que os projetos a serem implementados estimulem a cooperação entre alunos, professores e comunidade, pois o estímulo reforça a responsabilidade social de todos. As alternativas sugeridas deverão ser sempre analisadas em termos de metodologia, material didático e pessoal especializado, adequando-se o ensino às necessidades, ao ritmo de aprendizagem e aos interesses e às características culturais e socioeconômicas dos alunos superdotados e talentosos. As ações passam, inicialmente, pela modificação do ambiente escolar, a fim de atender tais alunos. Seja em classes comuns, em grupos especiais paralelos ou em salas de recursos, é preciso propiciar atividades de enriquecimento das atividades escolares, de orientação individualizada ou de aceleração de estudos. E necessário modificar a atitude do professor, levando-o a compreender e aceitar melhor esses alunos, a reavaliar situações de rotina escolar e a redefinir soluções, contornando suas dificuldades de adaptação aos programas especiais. E preciso modificar o conteúdo curricular e as estratégias de ensino no sentido de se introduzirem práticas pedagógicas dinâmicas, e temas e assuntos que despertem o interesse dos alunos. Os seguintes critérios devem nortear a escolha das modalidades desse atendimento, com o objetivo de se desenvolverem as habilidades e as potencialidades específicas desses alunos: • características da população alvo de alunos com altas habilidades/ superdotados e/ou talentosos; • diferenciação regional e socioeconòmica; • recursos humanos e financeiros disponíveis; • condições das instituições educacionais; • suporte do sistema escolar e de serviços consulti vos; • possibilidade de acompanhamento e controle; • envolvimento da comunidade, família e recursos do meio ambiente. Os programas que não consideram tais critérios têm dificuldades na sua implementação. Aceitar diferenças e reconhecer habilidades é fundamental para que haja motivação desse aluno. E importante ressaltar o fato de que esses alunos não apresentam necessariamente excelente desempenho escolar, podendo haver discrepância entre seu potencial e o seu desempenho escolar. Tal situação ocorre por conta do desinteresse pelos estudos acadêmicos, por causa de programação repetitiva, metodologias ultrapassadas, por exigências e expectativas excessivas por parte dos pais e professores ou por outras dificuldades pessoais. Além disso, a incompatibilidade entre o que o aluno realiza e o que desejaria fazer, entre a possibilidade de realização que tem e aquilo que efetivamente consegue, faz com que ele fique desanimado e desinteressado. 3.3 SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL COMPLEMENTAR ESPECÍFICO Tendo era vista que o Ministério da Educação e do Desporto MEC desde 1973 vera desenvolvendo ações de implantação, através do ex-CENESP-ex-Centro Nacional de Educação Especial - MEC, e após, através da Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC), algumas unidades federadas já têm implantado este sistema na capital e em alguns municípios, cabe a estes estados um processo de expansão para outros municípios, assim como, de aperfeiçoamento metodológico dos sistemas já instalados. Para as demais unidades federadas, seria oportuno existirem dois momentos: 1 - cada Secretaria Municipal e Estadual estabelecer diretrizes conjuntas, compatíveis com as do MEC, bem como uma política educacional de implantação; 2 - cada unidade escolar estabelecer sua postura institucional, começando a preparar seus professores para sondagem de caracteristicas. Esta sondagem poderá ir ocorrendo na Escola, como treinamento, em serviço, de professores, objetivando a prática da capacidade de observação e a leitura do perfil de cada criança ou jovem, constituindo-se, assim, como fase de capacitação de recursos humanos. Preparados os professores do ensino regular, por meio desta sondagem, para detectarem as diferenças peculiares dos superdotados e talentosos, deverão eles integrar, o processo de identificação dessas crianças e jovens, encaminhando-os para Avaliação Diagnostica. Esta deverá ser desenvolvida por equipe estabelecida e credenciada a fazêlo pela Secretaria Municipal de Educação. A escola, professores e pais integram com essa equipe de avaliação, o processo de identificação. Série Atualidades Pedagógicas 7 - Volume l - Fascículo 4 3.3.1 - IMPLANTAÇÃO DO ATENDIMENTO COMPLEMENTAR, PEDAGÓGICO E PSICOLÓGICO, A SUPERDOTADOS E TALENTOSOS, PELA ESFERA MUNICIPAL ATRIBUIÇÕES DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO (RECOMENDAÇÕES) 1 - Ao Secretário Municipal de Educação cabe: 1.1 - obter informações sobre: •o que há em atendimento no contexto nacional e estadual, se possivel. mundial. 1.2 - conhecer a clientela: • sua natureza/peculiaridades; • potencial; • direitos. 1.3 - conhecer a estrutura de atendimento: • a importância de um atendimento sistêmico. • fontes de recursos de interação. • legislação pertinente. • modelos de atendimento/metodologias e filosofias educacionais norteadoras. 1.4 - estabelecer o sistema de atendimento: • definir e assumir uma política educacional neste campo; • articular com o Conselho Estadual de Educação; • definir diretrizes especificas; • estabelecer um modelo psicopedagógico; • instituir projeto piloto de implantação; • definir fontes de recursos financeiros. • instituir equipe gestora de coor denação pedagógica e psicoló gica do sistema de atendimento complementar. - função: § planejar e supervisionar o sistema municipal de atendimento; § capacitar professores, especialistas, supervisores e/ou coor- denadores; § propor normas, diretrizes e ações; § compatibilizar diretrizes com as do Ministério de Educação e do Desporto Secretaria de Educação Especial (MEC/ SEESP) e Conselho de Educação; § coordenar e supervisionar tôda e qualquer ação que for pertinente à superdotação e ao talento; § interagir com equipe de avaliação diagnostica durante processo de identificação. - composição: especialistas da Educação (um ou dois professores do sistema público municipal) • Instituir equipe de avaliação diagnostica - função: assistir a equipe gestora/coordenadora no que se refere ao caráter psicológico e pedagógico de identificação da superdotação e talento enfocando: • potencial latente manifestado; • potencial latente não manifestado; • potencial projetivo a ser dinamizado. - composição: psicólogo, pedagogo e orientador educacional • instituir equipe local (escolar) de atendimento complementar pe dagógico e psicológico - função: assistir aos alunos em seus respectivos e peculiares processos de desenvolvimento e ajustamento psicológico e social. - composição: professores do quadro de pessoal com perfil de facilitador e articulador do processo pedagógico (em número de dois), bem como professor de área específica, sempre que se fizer necessário. 3.4-IMPLANTAÇÃO: Pré-condições • existir por parte da direção da escola, de seus educadores e dos pais, uma vontade política, ou melhor, um firme propósito de ação, em assegurar aos alunos superdotados e talentosos uma educação complementar diferenciada; • procurar identificar a forma como o município pensa em compatibilizar e efetivar suas Diretrizes de Educação Especial com as do estado, para o atendimento a superdotados e talentosos; • conhecer as Diretrizes Gerais e Subsídios do Ministério da Educação e do Desporto, estabelecidos para atendimento a superdotados e talentosos no Brasil (ver anexos); • contatar o Sistema Municipal de Educação Especial de forma a receber diretamente as orientações e diretrizes básicas para implantação do atendimento; De posse de todas as orientações recebidas da Secretaria Municipal de Educação, caberá à escola estabelecer e apresentar à Secretaria Municipal ou à Estadual um plano de ação que venha a contemplar as orientações recebidas, no que concerne a: a - critérios mínimos de identificação, estabelecidos na política de Educação Especial do Ministério da Educação para a área; b -políticasmunicipais relacionadas a cessão de recursos humanos para este atendimento; c - mecanismos de implementação; d -fontes e mecanismos de alocação de recursos financeiros. 3.5- SUPERDOTAÇÃO E TALENTO: ACOMPANHAMENTO DE PERFIS A superdotação sendo um fator desafiante determina em muitas pessoas grandes expectativas bem como ansiedades em relação à pessoa. uma das questões levantadas por essas pessoas está relacionada aos procedimentos a serem adotados quando se detectam ou evidenciam caracteristicas específicas. Primeiramente, a observação de algumas destas características deve ocorrer através da pessoa que notou os primeiros indícios e deve ser seguida de uma análise quanto aos seguintes aspectos. • A constância da característica observada - A forma persistente da ação, interesse ou postura fazem parte da rotina de desenvolvimento dessa pessoa. • A naturalidade evidenciada da característica -A forma espontânea e natural com que revela suas aptidões, interesses particulares e postura. • A precocidade no campo do desenvolvimento. • A motivação constante por desafios e descobertas - Traduzindo neste campo um envolvimento absoluto por áreas de ação, pesquisa ou relacionamentos. As ações e comportamentos podem ocorrer antes da faixa etária prevista. Algumas crianças superdotadas evidenciam este aspecto, mas a existência dele não garante por si só presença de superdotação. Após a análise dos fatores descritos anteriormente, é necessário que se procure um serviço especializado para que sejam oferecidas à pessoa superdotada a complementação educacional que se requer. Contatos com a Secretaria de Educação do Município ou do Estado são recomendáveis. As escolas precisam ser orientadas e as famílias esclarecidas com relação à superdotação. Proceder à caracterização desta superdotação é importante para o superdotado, sua família e a escola que, com o conhecimento das particularidades das evidências (tipo intelectual, acadêmico, criativo, talentoso, líder e outros) pode dispor de melhor forma de condução deste potencial, seja na escola, na família ou na sociedade. Um outro aspecto importante é conhecer "a pessoa" superdotada, identificar a imagem que ela tem de si mesmo, seus anseios e dificuldades. Seus tabus e preocupações, suas perspectivas e motivações. Para isso é recomendável que se procure um especialista na área de psicologia com certa experiência na área da superdotação que poderá auxiliar no processo de ajustamento harmônico das emoções do superdotado e sua família. Procurar informações, dados e conhecimentos na área são outros aspectos positivos aconselháveis quando conhecemos uma área nova, o mesmo se dá quanto ao campo da superdotação. Procurar leituras, textos e artigos relacionados ao tema, que sejam atuais, favorece a aquisição de conhecimentos. Participar de encontros, reuniões e grupos de estudos contribue também para esclarecimentos da temática. Existem associações de pais, de especialistas e grupos de estudos em algumas universidades brasileiras. Contatar com elas é um bom procedimento. Neste processo todo de acompanhar a pessoa superdotada, participação é a palavra chave, é ela que faz com que aconteçam as ações. Os resultados da conscientização são capazes de modificar, influenciar, transformar as relações sociais, contribuírem para a formação de opiniões positivas e para o reconhecimento de iniciativas. PARTE 4 - TÉCNICAS LUDOPEDAGÓGICAS 4.1 - TÉCNICA DA APRESENTAÇÃO: Possibilita o conhecimento do outro e sua aceitação, percebendo-o mais detalhadamente através de suas características nem sempre perceptíveis na rotina do dia a dia. Pode ser aplicado quando for necessário ampliar a área de conhecimento interpessoal. Etapas: • Formar duplas aleatoriamente que deverão sentar-se de frente, com papel e lápis na mão; • Ditar frases que estimulem a observação e percepção do parceiro, não há necessidade de copiar as perguntas, basta responde-las; • Solicitar que as duplas se virem de costas um para o outro e que respondam as mesmas indagações que serão novamente ditadas; • Recolher as folhas de papel organizadas em pilhas distintas (nesse momento, o orientador precisará ter atenção e total controle da localização das pessoas do grupo, que não poderão trocar de lugar); • Escolher um participante para 1er a folha que foi elaborada pelo parceiro. O grupo terá que descobrir o elemento descrito, esta° etapa será realizada sucessivamente até o último elemento; • Após essa etapa, o orientador entregará o papel que foi preenchido pela própria pessoa para a comparação e considerações a cerca dos aspectos observados com o parceiro de cada dupla; Seria interessante concluir essa atividade propondo aos elementos que se posicionem sobre as estratégias que usaram para responder as frases, informar se, os aspectos observados corresponderam ou não às reais características pessoais, as dificuldades, facilidades na realização dos trabalhos e a reflexão acerca de primeiras impressões pessoais e rotulações. 4.2 PAINEL DE DEBATES: Permite ao grupo ampla participação ao abordar os mais variados temas. De fácil aplicação, pode se útil nos mais variados contextos onde aspectos vistos sob diferentes óticas, idéias contrastantes, posionamentos contraditórios, podem ser percebidos e analisados pelos participantes. O orientador tem um papel fundamental, uma vez que a sua neutralidade favorece o controle de possíveis exaltações. Etapas: • Apresentar os objetivos e passos da técnica; • Elaborar as regras a serem compartilhadas pelo grupo; • Subdi vidir o grupo em três subgrupos. Um com número superior (será a plenária), e outros dois que terão o papel de argumentar e contra argumentar o tema proposto; • Oportunizar tempo para que cada grupo estruture sua apresentação; • Definir o papel da plenária: Observação e análise da temática de cada subgrupo, da participação de seus elementos e da seleção do grupo que melhor realizou a tarefa; • Apresentar os trabalhos dos subgrupos; O fechamento da técnica prevê final surpreendente para a plenária que poderá ser questionada junto com os participantes dos subgrupos sobre a temática apresentada através de questões formuladas pelo orientador. A avaliação deste trabalho é interessantíssima uma vez que, o grupo se apropria de conhecimentos e argumentos sob diferentes pontos de vista, recebem o retorno de suas participações e não se permite que a plenária apenas observe a dinâmica dos subgrupos. O orientador conclui os trabalhos pontuando aspectos desenvolvidos, ampliando, esclarecendo e analisando as contribuições de cada grupo. Considerações : • Seria interessante que a plenária recebesse um texto informativo para leitura sobre a temática enquanto os subgrupos discutem e preparam suas apresentações. • Poderia ser oportunizado material de suporte técnico como: cartolinas, revistas livros, material de recorte e colagem, pincéis atômicos aos subgrupos. BIBLIOGRAFIA ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Psicologia e educação do superdotado - Sao Paulo: EPU, 1986. ANTIPOFF, Helena. A educação do bem-dotado. Rio de Janeiro, SENAI/ DN/DPEA, 1992. ANTUNES, Celso. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludopedagogia. Petrópolis: Vozes, 1993. BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Tendências e desafios da educação especial /Eunice M. L. Soriano de Alencar. Brasília: SEESP - MEC, 1994. ____. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: área altas habilidades. Brasília: MEC/SEESP, 1995. ____. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendi mento educacional aos alunos portadores de altas habilidades / superdotação e talento. Brasília: MEC/SEESP, 1995. SEMINÁRIO SOBRE SUPERDOTADOS: Anais, Brasília. MEC/ Departamento de Educação Complementar, 1971. COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva; Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. DANTAS, Heloysa. A Infância da razão. São Paulo: Manóle Dois, 1990. DUARTE, Rosa Maria Prista. Superdotados e psicomotricidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. EDUCAÇÃO, Faculdade. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Educação do superdotado: tendências e alternativas. Porto Alegre, 1985. GARDNER, Howard. A criança pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la; Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. IANNI, Otávio. Teorias da globalização 2a ed. Rio de Janeiro: Ci vilização Brasileira, 1996. KIRK, Gallagher, Samuel A. Educação da criança excepcional; São Paulo: Martins Fontes, 1991. KONIG, Karl. Os três primeiros anos da criança: a conquista do andar, do falar e do pensar; trad. por Karin Glass. 2a ed. São Paulo: Antroposófica, 1995. KÜGELGEN, Helmut von. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica; 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 1989. MACHADO. Bina. O problema da superdotação: assistência aos superdotados no mundo e no Brasil. VIo Seminário Nacional sobre Superdotados. Belo Horizonte / MG, 1985. MONTESSORI, Maria. Mente absorvente. Rio de Janeiro: Internacional PORTUGALIA Editora. MUSSEN / CONGER / KAGAN, Paul Henry; John Janeway e Jerome. Desenvolvimento e personalidade da criança. São Paulo: Harbra, 1977. NETTO, Samuel Pfromm. Psicologia da adolescência. Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1968. NOVAES, Maria Helena. Desenvolvimento psicológico do superdotado. Sao Paulo: Atlas, 1979. OLIVEIRA, Marta Kohl de Vygostky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo, Editora Scipione, 1995. PÉREZ-RAMOS, Aidyl M. de Queiroz e Juan Pérez. Estimulação precoce: serviços, programas e currículos, Brasília, DF: Ministério da Ação Social. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1992. ROSENBERG, Rachel Lea. Psicologia dos superdotados: identificação, aconselhamento, orientação. São Paulo, J. Olympio, 1973. SANTOS, Leila Magalhães. Tratado do SABER. Brasília, 1997. SANTOS, Osvaldo de Barros. Os superdotados: quem são?, onde estão? São Paulo: Pioneira, 1988. SÃO PAULO, (Estado), Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. A educação dos superdotados. São Paulo, SE/CENP, 1988. SCHEIFELE, Marian. O aluno bem-dotado. Atividades de enriquecimento; AO LIVRO TÉCNICO S.AJ967. SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE SUPERDOTADOS(5,1983, Rio de Janeiro. Anais. SENAI/DN, 1987). STEINER, RUDOLF. A educação da criança: segundo a ciência espiritual; 3. ed. Sao Paulo: Antroposófica, 1996. ___ . Educação na puberdade, a atuação artística no ensino: duas confe rências, proferidas aos professores de Escola Waldorf Li vre de Stuttgart: trad. São Paulo: Antroposófica, 1990. ___ . Matéria, forma e essência: o caminho cognitivo da filosofia à antroposofìa; São Paulo: Antroposófica, 1994. ___ . Andar, falar, pensar: a atividade lúdica; São Paulo: Antroposófica, 1994. ___ . A arte da educação; São Paulo: Antroposófica, 1988-1995. TRABALHO, Ministério do Trabalho. SEFOR - Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional. Habilidades, uma questão de competências?Brasília, FAT/CODEFAT, 1996 Impressão e acabamento. Prática Gráfico e Editora Ltda. Tel (061) 344-1819 - Fax (06l| 3441844 Brasilia - DF A NATUREZA SE ENCARREGA DE PRODUZIR OS GÊNIOS, OS SUPERDOTADOS E OS TALENTOSOS. AO SISTEMA EDUCACIONAL CABE PREPARAR-SE PARA O APROVEITAMENTO E ESTIMULAÇÃO DESTAS CRIANÇAS E JOVENS. PAIS, PROFESSORES, ESPECIALISTAS DA EDUCAÇÃO, AGENTES DIRETOS DE MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES. Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo