Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 ALGORITMO EVOLUCIONÁRIO APLICADO AO PROBLEMA DE DESPACHO DE CAMINHÕES EM MINAS A CÉU ABERTO João Batista Mendes∗ , Renato Dourado Maia, Marcos Flávio Silveira Vasconcelos D’Angelo∗, João Antônio de Vasconcelos† ∗ Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES Montes Claros, MG, Brasil † Universidade Federal de Minas Gerais UFMG Belo Horizonte, MG, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Abstract— In this paper we presented a multiobjective evolutionary algorithm for applying in the truck dispatching problem in open pit mining. The proposed algorithm implements a specific routine for generating initial solution set and a crossover operator adapted for this problem. To validate the algorithm, it is compared with another version that evolves a random initial solution set. The results showed that the algorithm may be applied to the presented problem. Also, we formulated a multiobjective model with some specifities for the proposed problem. Keywords— Generating initial solutions, truck dispatching problem, multi-objective evolutionary algorithms. Resumo— Neste trabalho é descrito um algoritmo evolutionário multiobjetivo para aplicação no problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto. O algoritmo proposto utiliza uma rotina para geração da população inicial e um operador de cruzamento adaptados para o problema. Para validar o algoritmo, ele foi comparado com uma versão do algoritmo que evolui a partir de uma população inicial aleatória. Os resultados mostraram que o algoritmo proposto se aplica ao problema apresentado. Ademais, foi formulado um modelo multiobjetivo com algumas particularidades para o problema delineado no trabalho. Palavras-chave— Geração da população inicial, problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto, algoritmos evolucionários multiobjetivos. 1 Introdução Uma mina a céu aberto, ilustrada na Figura 1, é um tipo de mina de superfı́cie composta por: um conjunto de frentes de lavra para extração de material (minério e estéril), uma frota de caminhões (muitas vezes com capacidades de transporte e velocidade distintas) e equipamentos de carga (com taxas de produção diferenciadas) (Bastos (2010)). Os equipamentos de carga (pás carregadeiras e escavadeiras) são alocados nas frentes de lavra para extração de material que é carregado em caminhões. Os caminhões, por sua vez, transportam o material para um britador (quando o material é minério) ou pilha de estéril (quando o material é estéril) onde ele é descarregado. Quando destinado ao britador, o material é processado e homogeneizado para atingir propriedades fı́sicoquı́micas desejadas. Particularmente, a operação de transporte de material numa mina a céu aberto tem custo elevado, chegando a representar de 50 a 60% do custo operacional total da mina. Por isso, é importante alocar e despachar os veı́culos de maneira eficiente (Ercelebi and Bascetin (2009)). Em resumo, o problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto é um problema NPDifı́cil (Golden et al. (2008)) de escalonamento de Figura 1: Ilustração de uma mina a céu aberto com: 02 frentes de minério (F r1 e F r2 ), 01 frente de estéril (FE ), 01 pilha de estéril (PE ) e 01 britador primário (BR). tarefas de natureza combinatória no qual o objetivo é identificar um plano de rotas de custo mı́nimo a ser percorrida por uma frota de caminhões (homogênea ou não). Neste tipo de problema, geralmente se visa otimizar, por exemplo, produção de material, qualidade do minério produzido, distância percorrida pelos veı́culos, tempo de fila dos veı́culos, etc.... Porém, existem diversos fa- 4300 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 tores (por exemplo, relação estéril/minério, qualidade do minério produzido, compatibilidade entre os equipamentos) que interferem na produção da mina e que devem ser considerados na resolução do problema. Neste trabalho, formulou-se um modelo matemático multiobjetivo para o problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto. Além disso, foi desenvolvido um algoritmo multiobjetivo para resolução do problema que implementa uma rotina, baseada em busca local, para geração da população inicial. Na comparação com o mecanismo de geração aleatória da população, o método proposto apresentou resultados melhores quando aplicado na resolução do problema delineado no trabalho. O restante do artigo tem a seguinte organização: Na seção 2, são relacionados diversos trabalhos que estudaram alguns problemas encontrados no contexto de minas a céu aberto. A seguir, na seção 3, detalha-se o modelo multiobjetivo formulado para resolução do problema de despacho de caminhões em minas à céu aberto com alocação dinâmica de veı́culos. Em 4, faz-se a descrição da rotina de geração da população inicial proposta no trabalho. Na seção 5, faz-se uma comparação entre dois algoritmos evolucionários: um que utiliza a rotina proposta neste trabalho para geração da população inicial e outro que evolui uma população inicial gerada aleatoriamente. Por último, na seção 6, são apresentadas algumas conclusões acerca do trabalho desenvolvido. 2 resolução do problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto com otimização dos seguintes objetivos: tempo de fila dos caminhões, metas de produção e qualidade de minério. Foi proposto um modelo no qual é atribuı́do um peso para cada objetivo, indicando a sua relevância em relação aos demais, sendo que a função objetivo é determinada pelo somatório dos objetivos ponderados. Pinto and Merschmann (2001) propuseram dois modelos para o problema de otimização da produção de minério numa mina a céu aberto: um baseado na alocação estática de veı́culos e outro na alocação dinâmica. Ambos os modelos utilizam o mesmo conjunto de restrições. Costa et al. (2005) apresentaram um modelo de programação por metas para planejamento da produção e da qualidade do minério. O trabalho combina ideias extraı́das das pesquisas de Chanda and Dagdelen (1995) e Pinto et al. (2003). Em resumo, os autores trataram da alocação de equipamentos de carga nas frentes de lavra, da alocação de caminhões e do controle do teor quı́mico do minério. Ta et al. (2005) abordaram o problema de minimizar o tamanho da frota de veı́culos de uma mina sujeito à restrição de capacidade da pilha de Surge (pilha de minério de capacidade limitada que recebe o produto gerado no britamento no qual o minério é preparado antes de ser destinado para a planta de extração). Foi proposto um modelo de otimização com restrição probabilı́stica para o problema de alocação de veı́culos no qual as variáveis de decisão correspondem ao número e ao tipo dos veı́culos alocados a cada equipamento de carga. O modelo permite que a solução ótima seja um número fracionário de veı́culos. Para obter uma solução discreta, definiu-se um segundo modelo que discretiza a quantidade de veı́culos gerada no primeiro modelo. O modelo descrito no trabalho não contemplou restrições referentes à qualidade do minério e da produção de estéril, apesar de ambas as questões terem sido abordadas no texto. No trabalho de Fioroni et al. (2008), abordouse o problema de planejamento mensal da produção de minério. Elaborou-se um modelo para minimização do custo de alocação dos equipamentos de carga nas frentes de minério que foi usado como um processo de um simulador de eventos discretos, implementado no software ARENA. O modelo retrata a alocação dos equipamentos de carga nas frentes de lavra (visando atender as metas de produção e qualidade) e determina o número de viagens de cada veı́culo em cada ponto de carregamento. Por sua vez, o simulador avalia o plano de extração de material gerado pelo otimizador. Li et al. (2009) utilizaram uma abordagem multiobjetivo para o problema da mistura de minério. Foi proposto um modelo com três objetivos, Revisão bibliográfica A seguir são relacionados alguns trabalhos, encontrados na literatura especializada, que abordam problemas encontrados no contexto de minas a céu aberto. Maior atenção é dada aos trabalhos que tratam do problema de despacho de veı́culos em minas a céu aberto. White and Olson (1986) propuseram um algoritmo (que é a base do sistema DISPATCH utilizado em diversas minas no mundo) para despacho de veı́culos que opera em 2 fases: a primeira utiliza programação linear para otimizar a mistura de minério e a segunda utiliza programação dinâmica para otimizar o transporte de material por meio da minimização do volume de material transportado. Chanda and Dagdelen (1995) aplicaram programação por metas (Goal Programming) na resolução do problema da mistura de minérios numa mina de carvão. Foi proposto um modelo com função objetivo definida com ponderação dos seguintes objetivos: maximização do lucro, minimização dos desvios de produção e de qualidade em relação às metas de produção e qualidade. Alvarenga (1997) desenvolveu um algoritno genético (AG) com processamento paralelo para 4301 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 representados por três funções lineares: minimizar o consumo de energia e maximizar o lucro e a utilização dos recursos. Utilizou-se lógica fuzzy para atribuir nı́veis de preferência para cada objetivo. O modelo apresentado no trabalho não contempla nenhuma restrição referente à produção ou propriedades do minério produzido. Ercelebi and Bascetin (2009) trataram o problema de identificação do número de viagens realizadas pelos veı́culos em cada frente de duas formas distintas: numa abordagem, aplicou-se a teoria de filas para determinar o número de viagens de cada veı́culo nos pontos de lavra; noutra abordagem, os veı́culos são despachados para os equipamentos de carga seguindo dados oriundos da otimização de um modelo de programação linear que minimiza o tamanho da frota. Ambas as propostas foram aplicadas num mesmo cenário de mina e, na comparação dos resultados, verificou-se que os custos de carregamento e basculamento gerados por cada proposta são similares. Souza et al. (2010) desenvolveram um algoritmo, chamado GGVNS, para aplicação no problema de planejamento da operação de minas a céu aberto com alocação dinâmica de veı́culos. O GGVNS combina técnicas de Busca Adaptativa Aleatória Gulosa (Greedy Randomized Adaptive Search Procedures-GRASP ) com Busca em Vizinhança Variável (General Variable Neighborhood Search-GVNS) para otimizar a produção, a qualidade do minério e o tamanho da frota. O algoritmo foi aplicado em oito cenários de mina a céu aberto e os resultados obtidos com o algoritmo se mostraram superiores aos gerados por um modelo de programação inteira mista implementado no CPLEX. No trabalho de He et al. (2010) otimizou-se o tamanho da frota de veı́culos de uma mina por meio da minimização dos custos de transporte e manutenção utilizando AG. O algoritmo implementou o método da roleta para seleção dos indivı́duos e cruzamento com um ponto de corte. Apesar de obter resultados satisfatórios, o modelo empregado não contemplou diversas restrições (compatibilidade entre veı́culos, relação minério estéril, mistura de minérios, etc.) presentes em problemas de despacho de veı́culos em minas a céu aberto. Amaral and Pinto (2010) desenvolveram uma heurı́stica para aplicação no problema de planejamento da operação de lavra em minas a céu aberto com alocação dos equipamentos de carga e transporte para cada ordem de lavra (perı́odo de tempo entre a alocação dos equipamentos e o término da lavra de um bloco). A programação por metas é utilizada para alocação dos equipamentos de carga e transporte. O resultado da otimização é utilizado pela heurı́stica para cálculo da ordem de lavra e penalização das soluções quando as metas de qualidade não são atendidas. O software CPLEX foi utilizado pela heurı́stica para otimização do modelo apresentado no trabalho. A heurı́stica foi aplicada em 04 minas, sendo relatado que a resolução do modelo de alocação dos equipamentos de carga e transporte consumiu aproximadamente 80% do tempo de execução da heurı́stica. 3 Desenvolvimento No trabalho abordou-se, de forma multiobjetivo, o problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto com alocação dinâmica dos veı́culos. O seguinte modelo matemático foi desenvolvido para descrever o problema: • M (E) – Conjunto de frentes de lavra de minério (estéril) ativas (ou em operação). |M|(|E|) – Total de frentes de minério (estéril) ativas; • F = M U E – Conjunto de frentes de lavra ativas (estéril e minério); • K – Conjunto de pás carregadeiras ativas (em operação). |K| – Total de equipamentos ativos; • Ck - Produção (ton/h) do equipamento k (k ∈ K) ; • T – Conjunto dos caminhões ativos (em operação). |T| – Tamanho da frota; • B – Conjunto de britadores em operação. |B| – Total de britadores em operação; • O – Conjunto de pilhas de estéril ativas; • Z = B U O – Locais disponı́veis para descarregamento de material; • R – Conjunto de rotas da mina. Cada rota indica um local para carregamento e outro para descarregamento de material; • S= (s1 , · · · , sn ) – Escala com n despachos, sedo que cada despacho si (1 ≤ i ≤ n) identifica: uma rota, um equipamento de carga e um tipo de veı́culo de transporte.|S| Total de despachos da escala S; • V – Conjunto dos elementos (ou variáveis) quı́micos presentes nas frentes de minério; • Rf : Ritmo (ton/h) de lavra na frente f (f ∈ F ); • gk,t = 1: se o equipamento k(k ∈ K) é compatı́vel com o veı́culo t(t ∈ T ); 0: caso contrário. • at,s =1: Se o veı́culo t (t ∈ T ) foi alocado ao despacho s (s ∈ S); 0: Caso contrário. Os tempos envolvidos na realização de um despacho s(s ∈ S) por um veı́culo t(t ∈ T ), conforme ilustrado na Figura 2, são: 4302 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 • T at,S – Conjunto de despachos de S, executados pelo veı́culo t(t ∈ T ), ordenados pelo horário de inı́cio de cada despacho. |T at,S | – Total de despachos de S realizados por t; • ds – Distância (km) entre os locais de carregamento e descarregamento indicados na rota da escala s(s ∈ S); Figura 2: Descrição dos principais componentes temporais presentes na realização de um despacho s por um veı́culo t. • ds,t – Distância (Km) entre a localização do veı́culo t(t ∈ T ), antes de iniciar o despacho s(s ∈ T at,S ), até o ponto de carregamento indicado em s. Convencionou-se que, inicialmente, todos os veı́culos estão localizados num mesmo ponto de britamento da mina. • T st,s – Horário (h:m:s) em que t inicia o deslocamento para carregamento no equipamento definido em s; Adicionalmente, o problema abordado no trabalho contempla o seguinte conjunto de restrições: X 1≤ gk,t ≤ |K|, ∀t ∈ T ; (1) • T at,s – Horário (h:m:s) em que t chega na frente de lavra. T dvt,s = T at,s − T st,s : Tempo (min) de deslocamento do veı́culo até a frente de lavra; k∈K 1≤ X gk,t ≤ |T |, ∀k ∈ K; (2) t∈T • T ct,s e T et,s – Indicam, respectivamento, o horário (h:m:s) em que t inicia e conclui a operação de carregamento na realização de s. T krt,s = T et,s − T ct,s : Tempo (min) para carregamento de t; As restrições 1 e 2 verificam a compatibilidade entre equipamentos de carga e transporte. X at,s = 1, ∀s ∈ S; (3) t∈T • T dt,s – Horário (h:m:s) em que t chega ao local de descarregamento. T dct,s = T dt,s − T et,s : Tempo (min) de deslocamento do veı́culo até o local de descarregamento; 1≤ at,s ≤ |S|, ∀t ∈ T ; (4) s∈S Enquanto as restrições 3 restringem um caminhão por despacho, 4 limitam o total de despachos que podem ser atribuı́dos a cada veı́culo. • T bt,s e T ft,s – Especificam, respectivamente, o horário (h:m:s) em que t inicia e conclui a operação de descarregamento de material na realização de s. T bst,s = T ft,s −T bt,s : Tempo (min) de descarregamento de t. 3.1 X X yk,f Knk ≤ Rf ≤ k∈K X yk,f Kxk , ∀f ∈ F ; (5) k∈K Knk ≤ Ck ≤ Kxk , ∀k ∈ K; (6) As restrições 5 limitam a produção de cada frente de lavra à produção do(s) equipamento(s) de carga alocado(s) à frente e 6 estabelecem limites de produção para cada equipamento. Função multiobjetivo A seguinte função bi-objetivo foi formulada para o problema de despacho de caminhões em minas a céu aberto com alocação dinâmica dos veı́culos: F (S) = M inimizar[F1 (S), F2 (S)], em que: P P F1 (S) = t∈T (TL − s∈S at,s × T opt,s ) descreve o tempo (min) total que cada veı́culo permanece em fila e/ou inoperante, nos locais de carregamento e descarregamento de material, durante a realização dos despachos de S, sendo: P f ∈E Rf P f ∈M Rf P f ∈E − Remx ≤ 0 e P f ∈M Rf Rf − Remn ≥ 0; (7) As restrições 7 definem limites mı́nimos e máximos aceitáveis para a relação entre a produção de estéril e de minério. X • TL – Tempo (Min) limite para realização dos despachos da escala S; (Cv,f − V xv,b )Rf,b ≤ 0, ∀v ∈ V, b ∈ B; (8) f ∈M • T opt,s – Tempo (Min) de operação do veı́culo t (t ∈ T ) na realização do despacho s (s ∈ S): T dvt,s + T krt,s + T dct,s + T bst,s . P P F2 (S) = t∈T s∈T at,s (ds,t + ds ) expressa a distância (Km) percorrida pelos caminhões durante a realização da cadeia S, sendo: X (Cv,f − V nv,b )Rf,b ≥ 0, ∀v ∈ V, b ∈ B. (9) f ∈M As restrições 8 e 9 verificam se o valor de cada parâmetro de qualidade v (v ∈ V) no produto final obtido em cada britador está dentro do intervalo aceitável. 4303 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 3.2 Simulador de despachos de caminhões A rotina tem como parâmetros uma solução não viável s e o tamanho da busca k na vizinhança de s e funciona da seguinte forma: Neste trabalho, desenvolveu-se um simulador de despacho de caminhões em minas a céu aberto. Ele recebe uma solução (cadeia de despachos) como entrada e processa os diversos despachos da cadeia dentro de um perı́odo de simulação (turno). Ao final, os seguintes dados são retornados: quantidade de material produzido, tempo de fila e distância percorrida pelos veı́culos, produção e tempo total de operação dos equipamentos de carga, caracterı́sticas e quantidade de minério produzido no(s) britador(es) e total de estéril depositado em cada pilha de estéril. Esses dados permitem computar os objetivos e restrições contempladas no problema estudado no trabalho. 4 • Inicialmente, pesquisa-se a vizinhança da solução s. Essa etapa é realizada pela rotina searchNeighborHood, que é uma adaptação da estratégia first improvement (Hoos and Stutzle (2005)) e funciona do seguinte modo: – Um dos operadores Lsho ou Lshu , selecionado aleatoriamente, modifica np despachos da solução corrente, resultando no vizinho s’ ; – O processo é finalizado quando: i). O valor total de restrições violadas de s’ é inferior ao de s (s’ é melhor do que s), ou ii). Após gerar k soluções vizinhas de s. Nesse caso, se s não foi melhorada, ela é retornada; Método proposto para geração da população inicial Normalmente, os algoritmos evolucionários (AEs) evoluem um conjunto de soluções iniciais gerado de forma aleatória. O conjunto de soluções é evoluı́do durante várias gerações até que uma condição de parada seja atendida. Uma outra alternativa explorada por alguns autores (vide, por exemplo, Santos et al. (2006), Alvarenga et al. (2007), Souza et al. (2010)) consiste na implementação de heurı́sticas para construção do conjunto de soluções iniciais. Essa abordagem se mostra interessante, visto que, despender algum esforço na geração da população inicial pode melhorar a convergência do algoritmo (Haubelt et al. (2005)). Especificamente no problema de despacho de veı́culos em minas a céu aberto, diante da complexidade e variedade do conjunto de restrições, a geração aleatória de um conjunto de soluções resulta numa população composta basicamente de soluções não viáveis. Diante disso, desenvolveu-se uma heurı́stica, denominada OptNonfeasibleSolution, para minimizar o valor total das restrições violadas por uma solução não viável da população inicial. Em resumo, a rotina, cujo pseudocódigo é descrito pelo Algoritmo 1, realiza várias buscas na vizinhança de uma solução não viável, tentando viabilizá-la. A rotina implementa os seguintes operadores de movimento: • Se a solução s’, retornada anteriormente, é melhor do que s, os seguintes passos são executados na ordem listada: 1. s’ substitui a solução corrente s; 2. Se s foi viabilizada, ela é retornada e o processo é concluı́do. Caso contrário, seta-se um flag (gIn) para indicar que uma solução melhor que a original foi encontrada; • Se s não foi melhorada, np é reduzido. Se np é igual a zero e nenhuma melhoria foi verificada anteriormente, o processo é concluı́do e a solução corrente é retornada. Dois algoritmos, denominados hNSGA e hN SGA⊗ , foram desenvolvidos neste trabalho. Ambos são adaptações do NSGA-II (Deb et al. (2002)) e apresentam as seguintes particularidades: • O hN SGA⊗ evolue uma população inicial gerada aleatoriamente, enquanto o hNSGA aplica a rotina OptNonfeasibleSolution em cada solução inicial não viável gerada de forma aleatória; • O operador de cruzamento implementado em ambos combina caracterı́sticas dos operadores Partially Mapped (PMX)(Goldberg and Lingle (1985)) e Order (OX) (Davis (1985)); • Shovel-Lsho (s,d) : d (definido aleatoriamente) despachos distintos da escala s têm sua rota e equipamento de carga alterados. A compatibilidade entre os equipamentos é garantida pelo operador; • Ambas as implementações utilizam um operador de mutação que se assemelha ao operador simple remove and reinsert (RAR) (Gendreau et al. (1999)); • Shuffle-Lshu (s): Um tipo de veı́culo t é selecionado e um equipamento de carga k da escala s, compatı́vel com t, também é selecionado. Todos os despachos de s, associados à k, são removidos e inseridos em novas posições da escala; 5 Resultados Nesta seção são analisados os desempenhos dos algoritmos hNSGA e hN SGA⊗ . Em resumo, é 4304 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Algorithm 1 OptNonfeasibleSolution () Require: s, k Ensure: s ND ← s.NDispatches(); np ← bN D/log(N D)c; gIn ← no; repeat s’ ← s.searchNeighborHood(k,np,[Lsho , Lshu ]); if s’ is BETTER THAN s then s ← s’; if s.isFeasible solution () then return s; else gIn ← yes; end if else np ← bnp − np/3c; if (np =0) and (gIn=yes) then np ← bN D/log(N D)c; gIn ← no; end if end if until (np < 1); return s; Mina Opm1 Opm2 Opm5 Opm6 Veı́culos (15:50) (11:80) (15:50) (13:80) (15:50) (11:80) (15:50) (13:80) EC 8 8 8 8 VQ 10 10 5 5 FM (FE) 6 (2) 6 (2) 6 (2) 6 (2) Tabela 1: Detalhes dos cenários de mina utilizados nos experimentos. Cada par (entre parênteses) da coluna Veı́culos informa o total de veı́culos e a sua capacidade (ton) de transporte. A coluna EC identifica o total de equipamentos de carga da mina. VQ corresponde ao número de variáveis quı́micas analisadas e FM(FE) identificam, respectivamente, o total de frentes de minério e estéril da mina. Parâmetro Taxa de cruzamento (pc ) Taxa de mutação (pm ) Tamanho da população (Npop ) Repetições por experimento Elitismo Número de avaliações da FO Turno (ℵ) Valor 0,80 1 n∗ 100 20 70% 20.000 4 Horas Tabela 2: Parâmetros do experimento. n∗ corresponde ao tamanho do cromossomo. verificado se a rotina proposta para perturbação do conjunto de soluções iniciais gera ganhos significativos em algoritmos multiobjetivo, no caso especı́fico deste trabalho, com funcionamento semelhante ao do NSGA-II. A linguagem Java (versão 1.7.0 03) foi utilizada no desenvolvimento do simulador e dos algoritmos em um equipamento com processador Intel core I5 2.67 GHz com 4 GB RAM com o sistema Windows 7. Para avaliação dos algoritmos, foram utilizados 04 (quatro) cenários de minas a céu aberto, adaptados dos cenários opm1 , opm2 , opm5 e opm6 , apresentados em Souza et al. (2010). Esses cenários foram escolhidos de um conjunto de 08 (oito) cenários porque somente eles consideram mais de um tipo distinto de veı́culo. Os cenários escolhidos, apresentados na Tabela 1, estão disponı́veis (em formato XML) em www.cpdee.ufmg.br/ jbm/ITOR/. As adaptações feitas nos cenários comprendem informações do tipo: distância entre os locais de carregamento e basculamento e velocidade dos veı́culos, ambas necessárias para o simulador. Os indicadores de qualidade: Distância geracional invertida (Inverted Generational Distance – IGD) (Coello and Cortés (2005)) e Cobertura entre conjuntos (Two Set Coverage – CS) (Zitzler et al. (Summer 2000)) foram utilizados na avaliação dos dois algoritmos. O conceito de dominância Pareto (Coello et al. (2002)) foi empregado no desenvolvimento de ambos os algoritmos. Para computar o IGD dos algoritmos, o seguinte procedimento foi executado para constru- ção da fronteira Pareto estimada (FPE) para os 04 cenários de mina: os algoritmos hNSGA e hN SGA⊗ foram executados 20 (vinte) vezes cada com Npop = 500 e tendo como condição de parada número de gerações = 300. Cada solução não dominada s, obtida ao final de cada execução, é gravada num banco de dados (BD) se nenhuma solução do banco a domina. Ademais, as soluções que são dominadas por s são removidas do BD. Além disso, para uma justa comparação, ambas as implementações utilizaram a mesma codificação dos indivı́duos e o mesmo conjunto de parâmetros (descritos na Tabela 2). Também foram geradas 20 populações de forma aleatória e cada uma foi processada por ambos os algoritmos. No final, computou-se o valor médio dos indicadores IGD e CS, exibidos nas Tabelas 3 e 4, utilizando o conjunto de soluções não dominadas obtidas na última iteração de cada implementação. O desvio padrão (DP) é destacado entre parênteses. Pelos dados apresentados na Tabela 3, notase que nos 04 cenários de mina, o IGD médio obtido com o hNSGA é inferior ao IGD médio do hN SGA⊗ . Ou seja, as soluções da FPE estão mais próximas das soluções geradas pelo hNSGA do que as soluções produzidas pelo hN SGA⊗ . Além disso, nota-se que o DP relativo ao IGD do hN SGA é menor do que o DP do hN SGA⊗ para os 04 cenários de mina. Analisando os dados da Tabela 4, percebese que a cobertura média do hNSGA so- 4305 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Cenário Opm1 Opm2 Opm5 Opm6 Algoritmo hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA IGD Médio (DP) 0,385 0,223 0,180 0,112 0,267 0,141 0,199 0,136 nas a céu aberto com alocação dinâmica dos veı́culos que: i). Contempla mais de um local para britamento de minério e ii). Permite alocar até dois equipamentos de carga numa frente de lavra em operação; (0,07) (0,02) (0,05) (0,01) (0,04) (0,01) (0,06) (0,03) • Desenvolvimento de i). Simulador para despacho de caminhões em minas a céu aberto e ii). Rotina para geração da população inicial baseada em mecanismos de busca local. A rotina proposta apresentou resultados satisfatórios em comparação ao procedimento de geração aleatória da população. Tabela 3: IGD médio calculado para os algoritmos hN SGA⊗ e hNSGA nos 04 cenários de mina. Cenário Opm1 Opm2 Opm5 Opm6 Algoritmo hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hN SGA hN SGA⊗ hNSGA 0,143(0,11) 0,471(0,17) 0,123(0,06) 0,323(0,11) 0,170(0,10) 0,436(0,15) 0,234(0,13) 0,249(0,11) Tabela 4: CS média calculada para os algoritmos hN SGA⊗ e hNSGA nos 04 cenários de mina. • Comparação do algoritmo apresentado com outros algoritmos encontrados na literatura pesquisada. Na comparação das implementações, serão avaliados o desempenhos dos algoritmos para problemas com 1, 2 e 3 objetivos; • Implementação de outros indicadores (por exemplo, tempo de processamento, valores mı́nimos e máximos dos objetivos) para avaliação dos algoritmos. bre o hN SGA⊗ (representado por CS(hNSGA, hN SGA⊗ )) está acima de 40% nos cenários Opm1 e Opm5 (chega a 47% em Opm1 ). Ainda em ambos os cenários, a CS(hN SGA⊗ , hNSGA) fica abaixo de 18%. Observa-se fato similar no cenário Opm2, no qual a CS(hNSGA, hN SGA⊗ ) é superior a 32% e a CS(hN SGA⊗ , hNSGA) não atinge 13%. Somente no cenário Opm6 os valores computados para ambas as coberturas são próximos. Porém, ainda assim, a CS(hNSGA, hN SGA⊗ ) é ligeiramente superior à CS(hN SGA⊗ , hNSGA). Fato interessante ocorre com o desvio padrão relativo ao indicador de cobertura. O DP das soluções geradas pelo hN SGA é maior que o DP relativo às soluções geradas pelo hN SGA⊗ nos cenários Opm1, Opm2 e Opm5. Como verificado anteriormente, nesses três cenários a CS(hNSGA, hN SGA⊗ )) é superior em mais de 100% à CS(hN SGA⊗ , hNSGA)). Porém, para o cenário Opm6, o DP do hN SGA é inferior ao do hN SGA⊗ e, nesse caso especı́fico, os valores da CS(hNSGA, hN SGA⊗ ) e da CS(hN SGA⊗ , hNSGA)) são bastante próximos. Pelos resultados produzidos com os indicadores IGD e CS para ambos os algoritmos, observa-se que as soluções produzidas pelo hNSGA são superiores às geradas pelo hN SGA⊗ . 6 Algumas atividades se mostraram relevantes para continuidade da pesquisa e serão desenvolvidas posteriormente. Dentre as principais atividades tem-se: Agradecimentos Agradeçemos às agências de fomento FAPEMIG e CNPq pelo apoio financeiro. Referências Alvarenga, G. B. (1997). Despacho Ótimo de caminhões numa mineração de ferro utilizando o algoritmo genético com processamento paralelo. Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (Trabalho de Mestrado ). Alvarenga, G. B., Mateus, G. R. and de Tomi, G. (2007). A genetic and set partitioning twophase approach for the vehicle routing problem with time windows, Computers & Operations Research 34(6): 1561–1584. Amaral, M. D. and Pinto, L. R. (2010). Planejamento de operações de lavra em minas a céu aberto com alocação de equipamentos de carga e de transporte, Anais XLII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, Bento Goncalves (RS), pp. 1177–1188. Conclusões Bastos, G. S. (2010). Methods for truck dispatching in open pit mining, Thesis of doctor in science, Aeronautics Institute of Technology - São José dos Campos. As principais contribuições deste trabalho são: • Formulação de um modelo multiobjetivo para o problema de despacho de veı́culos em mi- 4306 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Chanda, E. K. C. and Dagdelen, K. (1995). Optimal blending of mine production using goal programming and interactive graphics systems, International Journal of surface Mining, Reclamation and the Environment 9(4): 203–208. Haubelt, C., Gamenik, J. and Teich, J. (2005). Initial population construction for convergence improvement of moeas, Lecture Notes in Computer Science (LNCS) 3410: 191–205. He, M.-X., Wei, J.-C., Lu, X.-M. and Huang, B.X. (2010). The genetic algorithm for truck dispatching problems in surface mine, Journal Information Technologyh 9: 710–714. Coello, C. A. C. and Cortés, N. C. (2005). Solving multiobjective optimization problems using an artificial immune system, Genetic Programming and Evolvable Machines 6(2): 163– 190. Hoos, H. 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