Construtivismo empacotado
Será que estamos condenados as seguintes duas alternativas?
Livros caretas, chatos, levando a conhecimentos requentados, baseados em
memorização?
Na construção do conhecimento baseado no que o aluno sabia, buscando o
aprender a aprender, desvencilhado da escravidão e da camisa de força do
livro didático?
• Será que esta visão do construtivismo pode funcionar com 50 milhões de
alunos?
• Será que esse construtivismo exacerbado não resulta em uma elitização
do ensino ainda maior, onde só um punhadinho ínfimo consegue
funcionar bem com esse método?
• Dos dois milhões de professores, quantos conseguem operar desta forma?
• Quanto tempo levaria para ensiná-los, se é que isso é possível? 50 anos?
Os tres níveis do contrutivismo
Tanto se fala que resolvi ler alguma coisa, para ver se entendia.
1. Epistemologia da ciência
Longa tradição de teorias epistemológicas, começando com a clássica
pergunta do reverendo Berkeley (Esse centro de convenções existe quando
eu não estou olhando para ele?)
Construtivismo tem uma visão muito da linha Kantiana de que o
conhecimento é uma elaboração de que observa e não alguma coisa que
existe em si mesma.
Visão construtivista não cria problemas, é uma visão respeitável do ponto de
vista de alternativas epistemológicas. Mas é uma dentre outras
Só tenho objeções quando critica teorias velhas que todo mundo já criticou
na literatura, como se estivesse dizendo coisas nova (indutivismo ou
dedutivismo, discussão antiga)
Em conclusão, é uma dentre muitas visões epistemológicas respeitáveis
2. Construtivismo como teoria pedagógica
Diz tudo certo, não há como discordar do que prega (aluno já sabe coisas e
há que levar isso em consideração, aprender a aprender, construir seu
próprio conhecimento etc)
Mas, há muito ensino bom por aí que nunca ouviu falar de construtivismo,
conseguindo resultados excelentes. USA, Europa e Asia tem o que há de
melhor em matéria de ensino, sem usar construtivistmo. O bom ensino
sempre fez coisas muito parecidas, sem dar esse nome
Não me incomoda o uso do construtivismo, mas tenho forte resistência à
visão religiosa, de cristão novo, de muitas alas radicais: É preciso banir,
punir ou converter os infieis. Isso é inaceitável
Boa teoria mas uma dentre outras
3. Construtivismo como praxis radical fundamentalista
Livros no Paraná
Não seremos escravizados pelos livros
Por que boas idéias têm que ser reféns deste tipo de bobagem xiita
Outros dizem, livros sim, mas revistas, outros livros, jornais, e tudo mais
que existe. Em que país estamos onde as escolas tem esta abundância de
escolha: elitista
Livro ruim vs Ensino estruturado
Andei olhando alguns livros de física e matemática. É de desanimar. Ou eu
sou burro ou os livros são difíceis demais. Não consigo entender
Os folhetos do Instituto Monitor da década de 50 eram mais bem explicados
e entendia tudo. Melhor do que alguns livros do ano 2000
É um ensino requentado, sem aventura, sem emoção. Gostaria de ver uma
grande fogueira com esses livros
Mas esse julgamento só condena os livros demonstradamente ruíns
Não diz nada sobre o potencial dos bons livros
O que é ensino estruturado
É um ensino onde o professor recebe um forte apoio, não apenas nas grandes
orientações mas no cotidiano, na minudência de cada minuto de aula
Horrível ou útil? Escravisa ou libera?
Pergunta explosiva que gera incontáveis brigas
Minha resposta: pode melhorar, sobretudo com o professore mal preparado
atropelado pelo cotidiano
Ao invés de discutir o princípio, vamos ver exemplos
Escuela Nueva
Success for All
Open University e todo o bom ensino à distância
Telesecundária
Telecurso
Acelera Brasil
Senai (ensino contextualizado, interdisciplinar e integrado há mais de meio
século)
Preserva e transmite o brilho e a criatividade dos grandes professores mesmo
nas escolas que não podem tê-lo
Aula da Heiko
Como ensinar física? Não interessa a grande teoria. Os professores estão
saturados de construtivismo e outras teorias da moda (Freinet, Montessori,
Piaget, Vigotsky, construtivismo etc)
O que interessa é como ensinar heliocentrismo diante do intuitivo que é o
geocentrismo. Ensinar a diferença entre peso e massa, como se faz?
Recitar a teoria da moda não ajuda nada. A aula muda quando o professor
sabe ensinar o conceito básico de aceleração.
Qual o exemplo usado para aproximar o problema do mundo do aluno?
Como lançar a discussão que faz o aluno pensar nesse conceito de forma
diferente? Qual o contexto que é preciso levar o aluno construir na sua
cabeça. Tudo no específico. No geral não adianta, só serve para esconder a
ignorância de quem está pregando. Como lidar nesse caso específico com as
concepções prévias já adquiridas?
Macro pedagogia é escudo para esconder a ignorância. O que interessa éa
micro pedagogia, é a única que existe em sala de aula. Dizer ao aluno queo
conhecimento é construido pelo sujeito não melhora a aula
Pedir ao professor que faça este ato de criação em sala de aula sem ajuda é
pedir muito
É querer dele o que não pode dar, é desperdiçar o que já deu certo com
outros professores ou já foi inventado por outros.
A ciência avança porque um cientista aprende tintin por tintin dos outros e
não repete ou reinventa o que já foi descoberto
A pedagogi quer que sua ciência e arte seja reinventada todos os dias em
todas as salas de aula: crueldade como professores e alunos
A solução é óbvia. O que deu certo deve ser preservado e o melhor lugar
para guardar é no livro
Não tenho nada contra as idéias construtivistas. Mas acho que o alvo é o
aluno. Devemos usar as ferramentas que melhor resultados revelaram e não
punir aluno e professor manando reinventar a praxis de novo
O objetivo é facilitar a vida do professor e não dificultar
A criatividade deverá ser para melhorar o que existe o que foi recebido, para
dar um passinho a mais, não para reinventar a roda
Portanto, devemos empacotar o construtivismo, enfiar o que deu certo nos
livros para que os outros possam aprender com o que os outros já
aprenderam
Empacotar não deve significar pasteurizar o ensino, ou escravizar o aluno a
um roteiro chocho e estéril mas sim preservar aquelas atividades e conteúdos
que abrem a cabeça do aluno, que põe o aluno na trajetória cognitiva e
emocional que o leva a construir o conhecimento (Moretto pp 116
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