XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. CONSTRUTIVISMO: DESDOBRAMENTOS TEÓRICOS E HABILIDADE DIDÁTICA NA UNIDADE SESC GARANHUNS Cayo dos Santos Souza1, Alexandre Basto Alves Costa2 Giselle Maria Nanes Correia dos Santos³ INTRODUÇÃO O construtivismo é uma teoria educacional que prega a construção do conhecimento por meio da interação do individuo com o meio físico e social. Essa corrente pedagógica apoia a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Deste modo, o desenvolvimento das potências/capacidades intelectuais e cognitivas do aluno, vai simbioticamente se construindo, em um processo continuo de ensino-aprendizagem. Para Becker, (1993. p. 88), Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento. Sob esse prisma, Becker claramente aponta o construtivismo como um caminho através do qual, podemos nos utilizar, visando o desenvolvimento educacional, social e cognitivo do aluno de maneira de fato integral. Desta forma, é necessário estar atento quanto ao excesso de verbalismo na transmissão dos saberes, pois na perspectiva Construtivista, o papel docente é diferenciado. Altera-se a maneira de lecionar, nessa corrente o aluno é incitado, induzido a procurar, pesquisar e descobrir o conhecimento, tendo em vista o desenvolvimento de suas aptidões de forma ampla e eficaz. Neste contexto, maximiza-se a responsabilidade do docente, que deve mais do que nunca, estar consciente de seu papel enquanto educador e transformador da realidade social, pois por diversas vezes, o professor acaba implicitamente – “elegendo” aquele aluno que fracassará ou aquele que obterá sucesso na sua aprendizagem. O discente, por sua vez, absorve mesmo que inconscientemente tais imposições, usando-as para motivá-lo ou mesmo desmotivá-lo, no processo de ensino-aprendizagem. Já por sua vez a relação do docente com saber a ser ensinado, também aparece como aspecto relevante, na instituição do contrato didático, deste modo, os professores tendem a permanecer mais tempo ensinando assuntos referentes ao campo conceitual que dominam, ou que tem mais afinidade. Segundo Piaget (1977, p. 18), O que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas (...). Seria absurdo imaginar que, sem uma orientação voltada para a tomada de consciência das questões centrais, possa a criança chegar apenas por si a elaborá-las com clareza. Deste modo, podemos compreender que a aprendizagem escolar é resultado de um complexo processo de intercâmbios funcionais, onde cabe ao aluno aprender o conteúdo, que é objeto desta aprendizagem, e do professor, espera-se que auxilie o aluno a construir significados e atribuir sentido ao que aprende. Assim conforme Piaget (1975) a adaptação intelectual, como qualquer outra, é um estabelecimento de equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar. Em todos os casos, sem exceção, a adaptação só se considera realizada quando atinge um sistema estável, isto é, quando existe equilíbrio entre a acomodação e a assimilação. Nessa perspectiva, questionar e redimensionar as relações entre teoria e prática, saberes disciplinares, pedagógicos e experienciais, nos campos da didática, da metodologia e da prática de ensino são necessários. Deste modo, vale ressaltar a importância da instituição de ensino nesse processo de transmissão e construção do conhecimento. Pois mais do que nunca, torna-se imperativa a participação e interação da instituição de ensino acolhendo os discentes, passando a ideia de preocupação com o que é aprendido e apreendido, e participando efetivamente na construção dos saberes, com dinamismo, em um processo cada vez mais interativo. Assim fica evidente a necessidade de comprometimento pela unidade acadêmica no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades educacionais, sociais, cognitivas e de gênero de seus alunos. Nesse prisma, o construtivismo potencializa e promove a exploração do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, utilizando como recursos estímulos internos e a influência de parceiros, bem como a sistematização de conceitos, ao utilizar de modo metafórico a forma lúdica, para estimular a busca e a curiosidade da 1. Primeiro Autor é aluno de graduação do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290000. E-mail: [email protected] ou [email protected] 2. Segundo Autor é aluno de graduação do curso de História da Universidade de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Rua Capitão Pedro Rodrigues –São José, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55293000. 3. Terceira Autora e Orientadora. XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2012 – UFRPE: Recife, 26 a 30 de novembro. criança. É a partir de tais considerações que surge a questão: qual importância está sendo dada ao construtivismo enquanto habilidade didática no processo de ensino-aprendizagem? O objetivo geral da pesquisa foi verificar a relação entre a utilização de habilidades didática utilizando o construtivismo e a aquisição do conhecimento na educação fundamental, observando suas propostas e aplicações, na sua dimensão sociopolítica/cultural, levando em consideração as dimensões instrucional/pedagógica e a institucional/organizacional (ANDRÉ, 1995). Especificamente buscamos analisar as práticas educacionais, relacionadas ao desenvolvimento das capacidades e potências dos discentes permeados na corrente do construtivismo; observando à apreensão e compressão de atividades de cunho interdisciplinar, transversal e pedagógico, caracterizando suas possíveis propostas e aplicações, identificando e distinguindo os aspectos dinâmicos das relações sociais, ocorridas no contexto escolar. Material e métodos O presente trabalho foi desenvolvido em uma escola privada, localizada no município de Garanhuns–PE, tendo como objeto de estudo a relação o construtivismo e a aquisição do conhecimento na educação fundamental, observando seus estímulos externos juntamente coma influência de parceiros comuns, bem como a sistematização de conceitos dinâmicos nas relações sociais, observando sua relevância sob o âmbito educacional. Para tanto, realizamos uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, conforme André (2008, p.27). Os dados foram coletados por meio de observação participante, aplicação de 5 entrevistas, 20 questionários específicos, conversas informais e análise de imagens e documentos. Nas discussões a respeito do contexto estudado, levamos em consideração as três dimensões da escola sendo essas: Institucional/organizacional; Instrucional/pedagógica; Sociopolítico/cultural. Resultados e discussão A preocupação com o tema se dá pelo fato de que por diversas vezes o conhecimento é conceituado como algo pronto e acabado, não levando em consideração os conhecimentos prévios do aluno e seu meio social. Assim, a construção e evolução intelectual, como qualquer outra, é um estabelecimento de equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar. Este processo por sua vez, vem acarretando vários problemas como, dificuldades na interação e inter-relação social, dificuldades de socialização e aprendizagem, déficit de atenção, imperatividade em sala de aula e problemas de gênero, conforme colocações anteriores. Sob essa perspectiva, fica evidente o compromisso e comprometimento assumido, pela unidade SESC de Garanhuns no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades educacionais, sociais, cognitivas e de gênero de seus alunos. Para tanto, a unidade SESC Garanhuns, dentro desta Proposta Pedagógica, está centrada na teoria construtivista, sob a qual propõe a construção do conhecimento por parte de seus discentes de forma interativa, participativa lúdica e prazerosa. Desenvolvendo suposições, indagações e conjecturas quanto ao processo de ensinoaprendizagem, não relevando a ideia ultrapassada de “certo” ou “errado”, uma vez que estas por sua vez, nada mais representam do que um estágio de seu pensamento sobre os conteúdos estudados. Como reforça La Taille, (1997, p.36), (...) um erro pode ser mais profícuo que um êxito precoce (...). Vale dizer que um erro pode levar o sujeito a modificar seus esquemas, enriquecendo-os. Em uma palavra, o erro pode ser fonte de tomada de consciência e, como tal, pode tornar-se valioso aliado da pedagogia. Dito isso, La Taille claramente atenta, que o desenvolvimento e o processo educativo, estão diretamente interligados, salientando e operando sob os aspectos essenciais a formação crítica dos mesmos, tornando-se assim um aspecto mobilizador no processo de construção do conhecimento. Deste modo a escola deve desempenhar seu papel fundamental no processo de construção e difusão do conhecimento, pois essa é sua função básica. Contudo o desenvolvimento integral dos estudantes, não pode ser considerado como responsabilidade exclusiva das escolas. Escola, família e comunidade devem trabalhar juntas, pois somente unidas podem ressignificar suas práticas e sabres. AGRADECIMENTOS À escola municipal investigada, pela acolhida à realização desta pesquisa, bem como pela disponibilidade da equipe que a compõem. À professora orientadora, Giselle Maria Nanes Correia dos Santos por toda a dedicação e orientação. A todos os docentes da Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE. Referências [1] BEE, Helen. A criança em Desenvolvimento, 9° ed. São Paulo: Artmed, 2000. [2] BECKER, F. O que é construtivismo. Ideias. São Paulo: FDE, n.20, p.87-93, 1993. [3] BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei de diretrizes e bases da educação nacional, n° 9394/96. Brasília: MEC, 1996. XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2012 – UFRPE: Recife, 26 a 30 de novembro. [4] LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2008. [5] LA TAILLE, Y. Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997. [6] PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. 8° ed. São Paulo: Artmed, 2006. [7] PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Livraria José Olympio [8] PIAGET, J. O Nascimento da inteligência na criança. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar; Brasília: INL, 1975 [9] RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri. BAUMEL, Roseli Cecília Rocha de Carvalho. Educação Especial: Do Querer ao Fazer. São Paulo: Avercamp, 2003. [10] TRINDADE, Syomara Assuite. A educação na modernidade e a modernização da escola. São Paulo. HISTEDBR, 2009. Apêndices Figura 1 – Produção Artística dos alunos. Figura 3 – Contação de histórias. Figura 2 – Desenhos coloridos pelos alunos. Figura 4 – Oficina de pintura.