TERCEIRA LISTA DE EXERCÍCIOS Álgebra III MATEMÁTICA — DCET — UESC Humberto José Bortolossi A Função de Euler e a Ordem de um Grupo (Entregar todos os exercı́cios até o dia 30/04/2004) [01] Considere a função de Euler Φ : N − {0} → N − {0} . n → Φ(n) = #U (n) = número de elementos de U (n) (a) Mostre que Φ(n) = n − 1 se, e somente se, n é um número primo. (b) Mostre que se p > 0 é um número primo e n é um número natural positivo, então Φ(pn ) = pn−1 · (p − 1). Solução. Observe que mdc(k, pn ) = 1 se, e somente se, p não divide k, isto é, k não é múltiplo de p. Agora, os múltiplos inteiros não-negativos de p são da forma m = k · p, com k ≥ 0. A fim de que 0 · p = 0 ≤ m ≤ pn − 1 = pn−1 · p − 1, devemos ter 0 ≤ k ≤ pn−1 − 1. Sendo assim, existem pn−1 múltiplos inteiros não-negativos de p entre 0 e pn −1. Como existem pn números entre 0 e pn −1, concluı́mos que Φ(pn ) = pn − pn−1 = pn−1 · (p − 1). (c) Mais geralmente, se n > 0 é um número natural e n = pe11 · pe22 · · · · · pel l é a decomposição em fatores primos de n, mostre que Φ(n) = (p1 − 1) · pe11 −1 · (p2 − 1) · pe22 −1 · · · · (pl − 1) · plel −1 . Solução. Basta contar o número de números m entre 0 e n − 1 e subtrair do número total de números entre 0 e n − 1 (no caso, n). 1 Observe que se m tem um fator comum com n, então m tem um primo comum com n. Existem exatamente n/pi números entre 0 e n−1 que são divisı́veis por pi , pois os múltiplos de pi neste intervalo são 0, pi , 2 · pi , . . . , (n/pi − 1) · pi . Somos então tentados a concluir que o número de números sem fatores em comum com n no intervalo de 0 a n − 1 seria n n n n − − − ··· − . p1 p2 pl Contudo, isto não está correto em geral, pois contamos os números divisı́veis por dois primos diferentes duas vezes e, assim, devemos adicionar todos os termos da forma n/(pi1 · pi2 ), com i1 = i2 . Mas, fazendo isto, colocamos de volta parcelas demais: devemos subtrair todas as expressões da forma N/(pi1 · pi2 · pi3 ), com i1 , i2 e i3 ı́ndices dois a dois distintos. Prosseguindo com este raciocı́nio, concluı́mos que n n n + − − ··· Φ(n) = n − p p · p p · p · p i i i i i i 1 1 2 1 2 3 i1 i1 =i2 i1 ,i2 ,i3 distintos 1 1 1 · 1− · ··· · 1 − = n· 1− p1 p2 pl 1 1 1 e1 e2 el = p1 · 1 − · p2 · 1 − · · · · · pl · 1 − p1 p1 p1 = (p1 − 1) · pe11 −1 · (p2 − 1) · pe22 −1 · · · · (pl − 1) · plel −1 , como querı́amos. (d) Mostre que se r > 0 e s > 0 são inteiros primos entre si, isto é, se mdc(r, s) = 1, então Φ(r · s) = Φ(r) · Φ(s). [02] Quantos geradores tem (Z12 , +)? E (Z45 , +)? Justifique a sua resposta! [03] Considere o grupo das permutações de 3 elementos (S3 , ◦). Sejam f : {1, 2, 3} 1 2 3 → → → → {1, 2, 3} 2 3 1 e g : {1, 2, 3} 1 2 3 → → → → {1, 2, 3} 2 . 1 3 Mostre que S3 = f, g, isto é, que S3 é gerado pelas bijeções f e g. 2 [04] Seja Un = {z ∈ C | z n = 1} o conjunto das raı́zes n-ésimas da unidade e seja S 1 = {z ∈ C | |z| = 1}. Com a multiplicação usual de números complexos, mostre que Un < Por que ∞ ∞ Un < S 1 < C − {0}. n=1 n=1 Un S 1? [05] Seja (G, ∗) um grupo e seja a ∈ G, com a = e. Mostre que a tem ordem 2 se, e somente se, a = a−1 . [06] Seja (G, ∗) um grupo e seja a ∈ G. Mostre que O(a) = mq implica O(am ) = q. [07] Seja (G, ∗) um grupo abeliano e considere o subconjunto T (G) = {a ∈ G | O(a) < ∞}. Mostre que T (G) é um subgrupo de G (chamado subgrupo de torção de G). Em particular, tomando (G = C − {0}, ·), temos que T (C − {0}) = {z ∈ C | O(z) < ∞} = {raı́zes da unidade}. [08] Mostre que U (24) é um grupo abeliano de ordem 8 que não é cı́clico. [09] Seja (G, ∗) um grupo em que todo elemento diferente de e tem ordem 2. Mostre que G é abeliano. [10] Seja (G, ∗) um grupo. Mostre que se a ∈ G, então O(a) = O(a−1 ) = O(b ∗ a ∗ b−1 ) para todo b ∈ G. Texto composto em LATEX2e, HJB, 18/04/2004. 3