MOVIMENTOS
SOCIAIS DO
CAMPO
MST
Tipos de Movimentos Sociais:
Os movimentos sociais diferem quanto
à abrangência da mudança pretendida.
 Alguns são relativamente limitados em
seus propósitos, querem modificar alguns
aspectos da sociedade sem tocar o núcleo
de sua estrutura institucional.
 Outros
movimentos
pretendem
mudanças mais profundas, que atingem
as bases da organização social.

Tipos de Movimentos Sociais:
Os movimentos sociais surgem em
momentos
determinados,
desenvolvem-se, passam por fases
distintas, decaem e cessam.
 A dinâmica interna dos movimentos,
distinguem-se em quatro estágios
principais:
origem,
mobilização,
desenvolvimento estrutural e término.

Os
movimentos
sociais
apresentam-se ao longo da
História de diversas maneiras e
por diversos motivos mas, como
se verá em seguida, há algumas
características em comum a todos
eles, por exemplo: em todo
movimento social há um princípio
norteador.
Qual seria
este princípio
norteador?
Trata-se de um projeto
construído coletivamente, na
maioria das vezes buscando a
solução de um problema, a
transformação de uma situação,
ou ainda, o retorno a uma situação
anterior, na qual os indivíduos
entendem que havia uma melhor
condição para suas vidas.
Para
uma
melhor
compreensão do que está sendo
dito no slide anterior, podemos
usar
como
exemplo
as
reivindicações do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST). Este tem como projeto a
realização da reforma agrária
A QUESTÃO
AGRÁRIA
NO BRASIL.
É importante salientar que a
questão da terra no Brasil sempre
foi uma das bandeiras dos
movimentos sociais, pois em
nossa
estrutura
agrária
a
concentração de terras e a
existência de latifúndios estão
presentes desde o início de nossa
colonização.
Isto porque nossa
formação social deu-se
em dependência de outros
países, consequentemente,
nossa produção agrária
também.
Assim,
temos
como
característica estruturante em nosso
país, a subordinação de parte
importante da produção agrícola a
uma produção em larga escala e às
necessidades do exterior, o que leva a
um modelo baseado na utilização de
grandes
propriedades
rurais,
produzindo uma pequena variedade
de produtos.
Porcentagem sobre o total de terras do Brasil
60
50
Prop. com
menos de 100
hectares
Prop. com
mais de 1000
Hectares
40
30
20
10
0
1996
1972
1978
1992
Montado a partir de dados do INCRA, 1992
Em suma, a questão da terra
torna-se uma bandeira para os
movimentos sociais, pois sua
concentração transforma-se em
um problema num país de grandes
dimensões, e com uma população
sem acesso à terra e sem
condições de ter acesso àquilo que
ela produz.
No caso dos movimentos
sociais que lutam pela
mudança na estrutura agrária,
fica evidente a presença de
“interesses de classe” em
jogo.
Por
exemplo,
trabalhadores do campo X
grandes proprietários.
Há pelo menos de 4 a 6 milhões de famílias
sem-terra, cerca de 1% dos proprietários rurais
possuem 46% das terras produtivas e cadastradas
no Brasil (Censo do IBGE – 1996). As
propriedades com menos de 100 ha representam
neste último censo, 89,3% das propriedades, mas
representam cerca de 20% das terras brasileiras.
Neste mesmo Censo foram registradas
17.930.890 pessoas ocupando atividades no campo,
contrapondo-se aos dados de 1985 ― que registram
23.394.881 trabalhadores ― portanto, percebe-se
uma redução do trabalho no campo em 23%.
Existe um outro indicativo que contribui
para destacarmos a importância da pequena
propriedade na produção agrícola no Brasil.
Segundo os dados estatísticos sobre o montante da
produção das pequenas e médias propriedades
produzidos pelo IBGE no Censo Agropecuário de
1996, temos que: a produção de áreas com menos
de 100 ha correspondem a 47% da produção
nacional, os estabelecimentos entre 100 ha a 1.000
ha correspondem a 32%; já as áreas com 1.000 ha a
10.000 ha correspondem a 17% da produção, e
ainda, as áreas acima de 10.000 ha produzem
apenas 4% do valor total da produção no Brasil.
O movimento, embora já
existisse desde o final da década de
1970, só ganha estatuto de movimento
organizado nacionalmente em 1984
com o 1° Encontro Nacional, na cidade
de Cascavel, no estado do Paraná. Em
1985, acontece o 1° Congresso
Nacional do MST, na diadade de
Curitiba-Pr.
Em várias ocasiões há conflitos entre
os integrantes do MST e a polícia, que é, por
vezes, incumbida pela justiça de restaurar a
posse da terra. Outras vezes enfrentam
milícias armadas pelos fazendeiros para evitar
que ocupem suas terras. Os latifundiários no
Brasil possuem uma organização própria
criada em 1985, chamada UDR (União
Democrática Ruralista), cujo objetivo é a
defesa da propriedade fundiária, que seus
possuidores julgam estar ameaçadas pelo
MST.
Além de tudo, deve-se levar em
consideração que a concorrência do
pequeno produtor com a produção em
larga escala e mecanizada no campo, na
maioria das vezes, é desleal, já que o
latifúndio não só possui toda uma infraestrutura para sua produção como
também, consegue muito mais facilmente
créditos dos governos, geralmente por
sua produção ter como finalidade a
exportação.
Dentre as tentativas de
superação destes obstáculos, o
MST também possui como
alternativa não só a capacitação
política, mas também técnica do
assentado, formação preocupada
em
fornecer
conhecimentos
adequados para um melhor
aproveitamento da terra.
O MST, além de ser contrário a um
único tipo de produção agroexportadora (monocultura), também
incentiva a realização de culturas que
deixem de utilizar agrotóxicos em
seus produtos, bem como o de
sementes transgênicas, realizando
inclusive encontros agroecológicos,
na tentativa de gerir novas
experiências.
Certamente, a repercussão do MST, no Brasil,
aumentou em muito a partir de meados dos anos
1990, quando alguns conflitos ocorreram em
diversas ocupações. Tendo em vista sua
capacidade de articulação, o movimento também
aumentou sua atuação na sociedade, participando
de uma série de outras discussões como, por
exemplo, colocando-se contra a ALCA (Área de
Livre Comércio das Américas), discutindo o papel
da mulher e produzindo um projeto políticopedagógico para os processos educacionais que
acontecem nos seus assentamentos.
O MST certamente é fruto de um
conjunto de fatores históricos
nacionais e internacionais do
desenvolvimento do capitalismo que
criaram uma realidade social cheia de
conflitos e contradições, da mesma
forma que as Ligas Camponesas
foram uma tentativa de luta e
reivindicação por melhores condições
do trabalhador rural.
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