COLÉGIO O BOM PASTOR
SOCIOLOGIA (2º ANO)
PROF. RAFAEL CARLOS
TEMA: MOVIMENTOS SOCIAIS
MOVIMENTOS SOCIAIS
Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais
por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específicos,
permeados por tensões sociais. Podem objetivar a mudança, a transição ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou
classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo
da realização dos anseios deste movimento, este último constrói uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. Torna-se porta-voz
de um grupo de pessoas que se encontra numa mesma situação, seja social, econômica, política, religiosa, entre outras.
Por outro lado, conforme aponta Alain Touraine, Em defesa da Sociologia (1976), para se compreender os movimentos sociais, mais do que
pensar em valores e crenças comuns para a ação social coletiva, seria necessário considerar as estruturas sociais nas quais os movimentos
se manifestam. Cada sociedade ou estrutura social teria como cenário um contexto histórico (ou historicidades) no qual, assim como também
apontava Karl Marx, estaria posto um conflito entre classes, terreno das relações sociais, a depender dos modelos culturais, políticos e sociais.
Assim, os movimentos sociais fariam explodir os conflitos já postos pela estrutura social geradora por si só da contradição entre as classes,
sendo uma ferramenta fundamental para a ação com fins de intervenção e mudança daquela mesma estrutura.
Dessa forma, para além das instituições democráticas como os partidos, as eleições e o parlamento, a existência dos movimentos sociais é de
fundamental importância para a sociedade civil enquanto meio de manifestação e reivindicação. Podemos citar como alguns exemplos de
movimentos o da causa operária, o movimento negro (contra racismo e segregação racial), o movimento estudantil, o movimento de
trabalhadores do campo, movimento feminista, movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia, separatistas, movimentos marxista,
socialista, comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação centralizada em algumas regiões (como no caso de
movimentos separatistas na Europa). Outros, porém, com a expansão do processo de globalização (tanto do ponto de vista econômico como
cultural) e disseminação de meios de comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras geográficas em razão da natureza de suas
causas, ganhando adeptos por todo o mundo, a exemplo do Greenpeace, movimento ambientalista de forte atuação internacional.
A existência de um movimento social requer uma organização muito bem desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e pessoas
muito engajadas. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas esporádicas, mas trata-se de organizações que
sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos políticos, o que significa haver uma luta constante e em longo prazo dependendo da
natureza da causa. Em outras palavras, os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente por uma determinada
bandeira.
Os Movimentos Sociais no Brasil
A análise dos movimentos sociais no Brasil revela forte enfoque teórico oriundo do marxismo, sejam
eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural. Tais movimentos, quando se referiam ao espaço urbano
possuíam um leque amplo de temáticas como, por exemplo, as lutas por creches, por escola pública, por
moradia, transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversidade de temáticas
expressou-se nos movimentos de boias-frias (das regiões cafeeiras, citricultoras e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra,
arrendatários e pequenos proprietários.
Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação específica, no entanto, todos expressavam as contradições econômicas e
sociais presentes na sociedade brasileira.
No início do século XX, era muito mais comum a existência de movimentos ligados ao rural, assim como movimentos que lutavam
pela conquista do poder político. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade através da
realização de manifestações em espaços públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares urbanos foram impulsionados pelas
Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Nos anos 1960 e 1970, mesmo diante de forte
repressão policial, os movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaramse as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já”. Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos
coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores.
Concomitante às ações coletivas que tocam nos problemas existentes no planeta (violência, por exemplo), há a presença de ações
coletivas que denunciam a concentração de terra, ao mesmo tempo em que apontam propostas para a geração de empregos no campo,
a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); ações coletivas que denunciam o arrocho salarial (greve de professores e
de operários de indústrias automobilísticas); ações coletivas que denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo
doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial); ações coletivas que têm espaço urbano como locus para a visibilidade da
denúncia, reivindicação ou proposição de alternativas.
As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas
entre outros, são características da ação de um movimento social. A ação em praça pública é o que dá visibilidade ao movimento social,
principalmente quando este é focalizado pela mídia em geral. Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem
provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua organização e das relações de forças
estabelecidas com o Estado e com os demais atores coletivos de uma sociedade.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla MST, é um movimento
social brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação da reforma agrária no Brasil. Teve origem na
aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam desgostosos com o modelo de reforma agrária
imposto pelo regime militar, principalmente na década de 1970, o qual priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas,
com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar
a redistribuição das terras improdutivas.
Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no Brasil remontarem apenas às ligas camponesas,
associações de agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST proclama-se como herdeiro ideológico de todos os
movimentos de base social camponesa ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias
por favor real, de acordo com o direito feudal português, fato este que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à
terra.
Uma das atividades do grupo consiste na ocupação de terras improdutivas como forma de pressão pela reforma agrária, mas
também há reivindicação quanto a empréstimos e ajuda para que realmente possam produzir nessas terras. Para o MST, é muito
importante que as famílias possam ter escolas próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não precisem ir à cidade e, desta
forma, fixar as famílias no campo. A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é obrigada a prestar
contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social ou associação de moradores.
O movimento recebe apoio de organizações não governamentais e religiosas, do país e do exterior, interessadas em estimular a
reforma agrária e a distribuição de renda em países em desenvolvimento. Sua principal fonte de financiamento é a própria base de
camponeses já assentados, que contribuem para a continuidade do movimento. Dados coletados em diversas pesquisas demonstram
que os agricultores organizados pelo movimento têm conseguido usufruir de melhor qualidade de vida que os agricultores não
organizados.
O MST reivindica representar uma continuidade na luta histórica dos camponeses brasileiros pela reforma agrária. Os atuais
governantes do Brasil têm origens comuns nas lutas sindicais e populares, e, portanto compartilham em maior ou menor grau das
reivindicações históricas deste movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única arma que dispõe
para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária, a ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
O Globo, Rio, 23 de junho de
2009
Grupo de sem-teto invade
prédio desativado do INSS no
Rio de Janeiro, RJ, - jun/2009
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu em 1997 da necessidade de organizar a reforma urbana e garantir
moradia e a todos os cidadãos. Está organizado nos municípios do Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. É um movimento de caráter
social, político e sindical. Em 1997, o MST fez uma avaliação interna em que reconheceu que seria necessária uma atuação na cidade
além de sua atuação no campo. Dessa constatação, duas opções de luta se abriram: trabalho e moradia.
Estão em quase todas as metrópoles do País. São desdobramentos urbanos do MST, com um comando descentralizado. As
formas de atuação variam de um movimento para outro. Em geral, as ocupações não têm motivação política, apenas apoio informal de
filiados a partidos de esquerda. O objetivo das ocupações é pressionar o poder público a criar programas de moradia e dar à população
de baixa renda acesso a financiamentos para a compra de imóveis.
Atualmente, o MTST é autônomo em relação ao MST, mas tem uma aliança estratégica com esse.
Fórum Social Mundial - FSM
O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento mundial organizado por movimentos sociais de diversos continentes, com objetivo de
elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é Um outro mundo é possível.
É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo
alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações
internacionais.
Participantes do Fórum Social
Mundial em 2005
A luta por um mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum Social Mundial, tem suas raízes fixadas na resistência histórica
dos povos contra todo o gênero de opressão em todos os tempos, resistência que culmina em nossos dias com o movimento irmanando
milhões de cidadãos e não-cidadãos do mundo inteiro contra as consequências da mundialização do capital, patrocinada por organismos
multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre
outros.
O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, entre
25 e 30 de janeiro de 2001, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos. Esse Fórum Econômico tem
cumprido, desde 1971, papel estratégico na formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em todo
mundo. Sua base organizacional é uma fundação suíça que funciona como consultora da ONU e é financiada por mais de 1.000
empresas multinacionais.
Movimento Hippie
Os "hippies" (no singular, hippie) eram parte do que se convencionou chamar movimento de contracultura dos
anos 60 tendo relativa queda de popularidade nos anos 70 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em
países como o Brasil somente na década de 70. Uma das frases associada a este movimento foi a célebre máxima "Paz
e Amor" (em inglês "Peace and Love") que precedeu á expressão "Ban the Bomb”, a qual criticava o uso de armas nucleares.
Jovem
músico
hippie com
trajes típicos
da época.
As questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual eram ideias respeitadas recorrentemente por estas
comunidades.
Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em
comunhão com a natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões
como o budismo, hinduísmo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com valores tradicionais
da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder
governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de
uma "instituição" única, e que não tinha legitimidade.
Nos anos 60, muitos jovens passaram a contestar a sociedade e a pôr em causa os valores
tradicionais e o poder militar e econômico. Esses movimentos de contestação iniciaram-se nos EUA,
impulsionados por músicos e artistas em geral. Os hippies defendiam o amor livre e a não-violência. Como
grupo, os hippies tendem a viver em comunidades coletivistas ou de forma nômade, vivendo e produzindo
independentemente dos mercados formais, usam cabelos e barbas mais compridos do que era
considerado "elegante" na época do seu surgimento. Muita gente não associada à contracultura
considerava os cabelos compridos uma ofensa, em parte por causa da atitude iconoclasta dos hippies, às vezes por acharem "antihigiênicos" ou os considerarem "coisa de mulher".
Foi quando a peça musical Hair saiu do circuito chamado off-Broadway para um grande teatro da Broadway em 1968, que a
contracultura hippie já estava se diversificando e saindo dos centros urbanos tradicionais.
Os Hippies não pararam de fazer protestos contra a Guerra do Vietnã, cujo propósito era acabar com a guerra. A massa dos hippies eram
soldados que voltaram depois de ter contato com os Indianos e a cultura oriental que, a partir desse contato, se inspiraram na religião e
no jeito de viver para protestarem. Seu principal símbolo era o Mandala (Figura circular com 3 intervalos iguais).
Movimento Feminista
O Feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta os direitos iguais e a proteção
legal às mulheres. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias, todas preocupadas com as questões relacionadas
às diferenças entre os gêneros, e advogam a igualdade para homens e mulheres e a campanha pelos direitos das
mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida
em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria
ido da década de 1990 até a atualidade.
Passeata de mulheres pelo
direito ao aborto legalizado.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura
ao direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade,
direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos
reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a
violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as
outras formas de discriminação.
Desde a década de 1980, as feministas standpoint argumentaram que o feminismo deveria examinar como a experiência da
mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década de 1980 e início da
década seguinte as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente, e
que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.
Movimento Estudantil
O movimento estudantil, embora não seja considerado um movimento popular, dada a origem dos sujeitos envolvidos,
que, nos primórdios desse movimento, pertenciam, em sua maioria, a chamada classe pequeno burguesa, é um
movimento de caráter social e de massa. É a expressão política das tensões que permeiam o sistema dependente como
um todo e não apenas a expressão ideológica de uma classe ou visão de mundo. Em 1967, no Brasil, sob a conjuntura da
ditadura militar, esse movimento inicia um processo de reorganização, como a única força não institucionalizada de
oposição política. A história mostra como esse movimento constitui força auxiliar do processo de transformação social ao
polarizar as tensões que se desencadearam no núcleo do sistema dependente.
O movimento estudantil é o produto social e a expressão política das tensões latentes e difusas na sociedade. Sua ação histórica e
sociológica tem sido a de absorver e radicalizar tais tensões. Sua grande capacidade de organização e arregimentação foi capaz de
colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968. Ademais, a histórica resistência da União Nacional dos
Estudantes (UNE), como entidade representativa dos estudantes, é exemplar.
Mobilização de estudantes por
melhorias no ensino público.
O movimento estudantil é um movimento social da área da educação, no qual os sujeitos são os próprios estudantes. Caracterizase por ser um movimento constantemente renovado - já que o corpo discente se renova periodicamente nas instituições de ensino.
Contemporaneamente, destacam-se os movimentos estudantis da década de 1960, dentre os quais os de Maio de 1968, na
França. No mesmo ano, também se registraram movimentos em vários outros países da Europa Ocidental, nos Estados Unidos e na
América Latina. No Brasil, o movimento teve papel importante na luta contra o regime militar que se instalou no país a partir de 1964 e no
processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
Fontes:
1) Souza, Maria Antônia. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades no contexto das práticas
democráticas. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Tuiuti de Curitiba, PR.
2) http://www.cce.udesc.br/cab/oqueeomovimentoestudantil.htm
3) http://www.brasilescola.com/sociologia/movimentos-sociais-breve-definicao.htm
4) Revista Carta Maior (Agosto de 2012)
5) Movimento Feminista e FSM: revendo a relação entre igualdade e diferença. Artigo de Isadora Araujo Cruxên.
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