UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Licenciatura em Matemática Teorema de Stewart Daniela de Jesus Lopes Lemes ANÁPOLIS 2014 1 Daniela de Jesus Lopes Lemes Teorema de Stewart Trabalho de Curso apresentado a Coordenação Adjunta de TC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado no Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual de Goiás sob a orientação do professor: Msc. João Alves Bento. ANÁPOLIS 2014 2 3 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado ao meu filho: Davi Bomfim Lemes de Lacerda. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por minha vida, pela oportunidade que me concedeu de frequentar este curso de graduação em Matemática, pelas bênçãos em todos os momentos, por ter me habilitado, me preparando para enfrentar situações difíceis durante o curso. Agradeço aos meus pais que sempre buscaram o melhor pra mim, por todos os esforços no objetivo de me educar, pela força que me deram quando me encontrava em situações desagradáveis. Por terem se dedicado a minha formação profissional, sem eles não estaria concluindo este curso. Agradeço também ao meu orientador, que foi mais uma das bênçãos de Deus em minha vida, pela paciência e dedicação que sempre demonstrou durante a construção do trabalho, por todos os nossos encontros sempre mostrando bastante interesse neste trabalho, assim me fortalecendo e incentivando a buscar novos conhecimentos, por ter acreditado no meu potencial e por todos os seus esforços. Agradeço ainda aos meus amigos e professores universitários, que sempre foram motivos de alegria pra mim, por serem sempre meus amigos e companheiros. 5 “A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus.” Pitágoras 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Triângulo Retângulo...............................................................................................10 Figura 1.2: Triângulo Retângulo com catetos unitários............................................................11 Figura 2.1: Triângulo acutângulo para as relações métricas.....................................................14 Figura 2.2: Triângulo obtusângulo para as relações métricas...................................................14 Figura 2.3: Triângulo acutângulo para o Teorema dos cossenos..............................................15 Figura 2.4: Triângulo obtusângulo para o Teorema dos cossenos............................................15 Figura 2.5: Mediana de um triângulo........................................................................................16 Figura 2.6: Altura de um triângulo acutângulo.........................................................................17 Figura 2.7: Altura de um triângulo obtusângulo.......................................................................17 Figura 3.1: Triângulo, Teorema de Stewart, demonstração feita por relações métricas...........19 Figura 3.2: Triângulo, Teorema de Stewart, demonstração feita pelo Teorema de Pitágoras..20 Figura 3.3: Triângulo, Teorema de Stewart, demonstração feita pelo Teorema dos cossenos.21 Figura 3.4: Bissetriz interna de um triângulo............................................................................22 Figura 3.5: Bissetriz externa de um triângulo...........................................................................23 Figura 3.6: Altura do triângulo, cálculo utilizando Teorema de Stewart..................................25 Figura 3.7: Diagonais do paralelogramo...................................................................................28 7 RESUMO O presente trabalho é uma abordagem sobre o Teorema de Stewart, a partir dos trabalhos de Tales, Pitágoras, Euclides e Matthew Stewart, que foram grandes geômetras. Apresenta uma proposta de ensino da Geometria Euclidiana, onde, relata a história dessa Geometria através de bibliografias sobre sua origem e sobre alguns estudiosos dessa área. Com o objetivo de demonstrar o Teorema de Stewart, o qual relaciona os comprimentos dos lados de um triângulo com suas cevianas, mostra um método de ensino, em que o aluno estuda a origem da Geometria, os triângulos quaisquer, o Teorema de Stewart, suas demonstrações e aplicações. Com isso, a aprendizagem é mais eficiente. Palavras- Chaves: Aprendizagem; Cevianas; Geometria Euclidiana; Teorema de Stewart. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 Capitulo 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 10 Capitulo 2 - TRIÂNGULOS QUAISQUER ......................................................................... 14 2.1 Relações métricas ........................................................................................................... 14 2.2 Teorema dos cossenos .................................................................................................... 16 2.3 Cálculo das medianas de um triângulo ........................................................................... 17 2.4 Cálculo das alturas de um triângulo ............................................................................... 18 Capitulo 3 – TEOREMA DE STEWART, SUAS DEMONSTRACÕES E ...................... 20 APLICAÇÕES ........................................................................................................................ 20 3.1. Cálculo das bissetrizes internas de um triângulo ........................................................... 23 3.2. Cálculo das bissetrizes externas de um triângulo .......................................................... 24 3.3. Cálculo das alturas de um triângulo utilizando o Teorema de Stewart ......................... 26 3.4. O Teorema de Heron (consequência do cálculo das alturas de um triângulo) .............. 29 3.5. Teorema das diagonais do paralelogramo ..................................................................... 29 CONCLUSÃO......................................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 32 9 INTRODUÇÃO As dificuldades do processo de ensino-aprendizagem de Geometria Euclidiana se explica pelo modo de como este está sendo trabalhado nas escolas. Pensar nesse problema, leva a uma reflexão sobre metodologias favoráveis para esse processo. Ensinar Geometria não é apenas apresentar Teoremas para os alunos decorarem, é preciso contar a História. Quando se aprende a origem de um determinado conceito, o aluno desenvolve uma motivação, nasce aí uma curiosidade, o que o leva à investigação sobre o assunto. Isso contribui para o desenvolvimento da sua aprendizagem. A Geometria tem função essencial na formação dos indivíduos, possibilitando uma interpretação mais completa do mundo, uma comunicação de idéias e uma visão mais equilibrada da Matemática (MACHADO, 2010). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) indicam a demonstração matemática para o ensino fundamental e médio nas escolas básicas. Relatam que as demonstrações em Matemática são importantes para o desenvolvimento dos alunos sobre estudos de teoremas, pois assim eles percebem as conjecturas e as relações vinculadas ao discurso teórico. Os maiores problemas relacionados à aprendizagem da Geometria Euclidiana, são as formas e metodologias de como ela é ensinada. Registrar figuras e fórmulas geométricas é uma atividade bastante complexa para os alunos. Foi a partir desta situação- problema que este trabalho foi concebido, isto é, pensar em uma maneira de resgatar os alunos nas aulas de Geometria Euclidiana, para uma melhor concepção do conteúdo, um raciocínio mais argumentativo e dedutivo sobre esta Geometria. Assim, o trabalho traz as demonstrações e as aplicações do Teorema de Stewart como uma proposta de ensino da Geometria Euclidiana, visto que a prova é o que sustenta a Matemática. É através dela que acreditamos na validade de propriedades descobertas há muito tempo e que desenvolvemos novas teorias. O primeiro capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre a história da Geometria. O segundo capítulo trata-se dos triângulos quaisquer, suas relações métricas e cevianas. O terceiro capítulo descreve o Teorema de Stewart, suas demonstrações e aplicações no cálculo das bissetrizes internas e externas e das alturas de um triângulo, e no Teorema da diagonal do paralelogramo. Por fim, são apresentadas as conclusões a que se chegou sobre a importância da demonstração do Teorema de Stewart, e através desta, o desenvolvimento de processos cognitivos como: a visualização, a construção e o raciocínio, que são instrumentos indispensáveis para o desenvolvimento do aprendizado dos alunos. Assim, os alunos poderão utilizar o Teorema de Stewart para deduções de outros Teoremas. 10 Capitulo 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Segundo os testemunhos de filósofos, como Heródoto e Aristóteles, a Geometria nasceu no Egito, pela necessidade de medir terras, que eram divididas para a agricultura e os proprietários tinham que pagar tributos conforme o tamanho do terreno. Os agricultores egípcios cultivavam as terras que ficavam as margens do rio Nilo, elas eram divididas em lotes, e quando chovia o rio transbordava alagando a terra, quando a água voltava ao nível normal deixava o solo fertilizado, mas as marcas dos lotes e boa parte das terras eram carregadas a cada cheia, tornando-se necessário refazer as demarcações para que os lotes fossem redistribuídos para os agricultores (EVES, 2011). Mas nesta época tinha-se pouco conhecimento sobre a Geometria. Foi nos últimos séculos do segundo milênio a.C., que o homem começou a indagar os „„porquês‟‟ das coisas, com um pensamento mais crítico sobre certos conceitos, tais como: „„por que os ângulos da base de um triângulo isósceles são congruentes?‟‟ e „„por que o diâmetro de um círculo divide este círculo ao meio?‟‟ E não se tinha naquela época respostas cientificas que satisfizessem estas perguntas, foi após este momento que começou na Matemática o desenvolvimento de experiências como as demonstrações e deduções (EVES, 2011). Os processos empíricos do Oriente Antigo, suficientes o bastante para responder questões na forma de como, não mais bastavam para as indagações mais científicas na forma de por quê. Algumas experiências com o método demonstrativo foram se consubstanciando e se impondo, e a feição dedutiva da matemática, considerada pelos doutos como sua característica fundamental, passou ao primeiro plano. Assim, a Matemática, no sentido moderno da palavra, nasceu nessa atmosfera de racionalismo e em uma das novas cidades comerciais localizadas na costa oeste da Ásia Menor. Segundo a tradição a Geometria demonstrativa começou com Tales de Mileto, um dos “sete sábios” da Antiguidade, durante a primeira metade do sexto século a.C., (Howard Eves, p. 94, 2011). Tales de Mileto foi um estudioso do século VI a.C., que dedicou uma parte da sua vida aos estudos, trabalhou boa parte da sua vida como mercador, só então depois de ter conseguido bastante riqueza, Tales dedicou-se aos estudos, hoje é considerado o primeiro personagem das descobertas matemáticas, ele visitou o Egito e a Babilônia e de lá trouxe para a Grécia o estudo da Geometria, ao invés de somente transmitir, introduziu um conceito revolucionário: As verdades matemáticas precisam ser demonstradas. E assim revolucionou o pensamento matemático começando as primeiras demonstrações matemáticas. Ele fundou a escola jônica onde se deu origem à filosofia grega. É muito conhecido na Geometria pelo fato de ter visto que uma pirâmide projetava sua sombra no chão, e que através desta sombra ele conseguiu calcular a medida da altura da pirâmide. E é possível que ele tenha desenvolvido alguns resultados na Geometria como: 11 1. Qualquer diâmetro efetua a bisseção do círculo em que é traçado. 2. Os ângulos da base de um triângulo isósceles são congruentes. 3. Ângulos opostos pelo vértice são congruentes. 4. Se dois triângulos têm dois ângulos e um lado em cada um deles respectivamente iguais, então esses triângulos são congruentes. 5. Um ângulo inscrito num semicírculo é reto. Após Tales de Mileto, o próximo famoso e conhecido estudioso de Matemática, na área da Geometria, foi Pitágoras. Nasceu por volta de 572 a.C., na ilha Egéia de Samos. Pouco se sabe sobre a vida de Pitágoras. Segundo relatos sobre a vida do filósofo, existe uma grande possibilidade de Pitágoras ter sido um discípulo de Tales, pois, era 50 anos mais novo do que ele, e morava perto de Mileto. Pitágoras fundou uma sociedade secreta dedicada ao estudo dos números conhecida como escola pitagórica, onde se estudava filosofia, matemática, ciências naturais e também era uma irmandade unida por ritos secretos e cerimoniais. A filosofia pitagórica baseava-se na suposição de que a causa última das várias características do homem e da matéria são os números inteiros (EVES, 2011). Ele fez estudos sobre triângulos retângulos que mais tarde ficou conhecido como Teorema de Pitágoras e é considerado uma das principais descobertas da Matemática, o Teorema de Pitágoras descreve as relações entre os lados de um triângulo retângulo. O triângulo retângulo é formado por uma hipotenusa e dois catetos (perpendiculares), conforme a Figura 1.1. Catetos: a e b Hipotenusa: c Figura 1.1: Triângulo Retângulo. Fonte: Autora. O Teorema diz que: “a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”, ou seja: Foi através do Teorema de Pitágoras que os conceitos e as definições de números irracionais começaram a ser introduzidos na Matemática. O primeiro irracional a surgir foi 12 , que apareceu ao ser calculada a hipotenusa de um triângulo retângulo com catetos unitários. A partir da Figura 1.2, temos: FIGURA 1.2: Triângulo Retângulo com catetos unitários. Fonte: Autora. Vários estudiosos contribuíram para a formação do conhecimento geométrico, mas foi Euclides que fez o primeiro grande resumo de todo conhecimento matemático que se conhecia antes dele. Euclides foi um matemático da escola platônica em Alexandria, é conhecido como o pai da Geometria, nasceu na Síria aproximadamente em 330 a.C., e realizou seus estudos em Atenas. Usando apenas uma régua não-graduada e um compasso, Euclides fez as primeiras construções gráficas e descobriu muitas relações entre os elementos geométricos. Dentre suas obras, a principal foi “Os Elementos”. Esta obra foi a mais estudada depois da Bíblia. “Os elementos” foi dividido em 13 volumes: 5 abordam a geometria plana, 3 enfocam os números, 1 destaca a teoria das proporções, 1 tem como núcleo central os incomensuráveis, e os 3 finais discorrem sobre a geometria no espaço. Para a realização deste trabalho a Geometria mais estudada foi a Euclidiana, que é a geometria, em até três dimensões, baseada nos postulados de Euclides de Alexandria, ou seja, em “Os Elementos”, ela assim como toda a Matemática, nasceu da necessidade humana de compreender aquilo que estar ao seu redor. Nela o polígono que mais se destaca é o triângulo, não existe alguma referência precisa de como e quando ele surgiu, mas se sabe que foi durante a evolução do homem que houve a necessidade de se criar o triângulo, que é uma figura geométrica construída através de três segmentos ligados por três pontos não colineares, 13 com seu espaço interno limitado e a soma dos ângulos internos igual a 180°. Pode-se relacionar as medidas dos lados do triângulo com suas cevianas. Os triângulos possuem várias propriedades e dentre elas o Teorema de Stewart que será mais detalhado a seguir. Matthew Stewart, foi um matemático do século XVIII, nasceu numa pequena ilha chamada Bute na Escócia, sua mais famosa obra: some general theorems of considerable use in the higher parts os mathematics. Foi professor na faculdade de Edimburgo, onde em 1746 apresentou a proposição II, hoje conhecida como: Teorema de Stewart, que relaciona os comprimentos dos lados de um triângulo com os comprimentos de suas cevianas. Cevianas de um triângulo são segmentos que possuem uma de suas extremidades no vértice, e a outra na reta suporte (reta que contém o lado) oposta a este vértice. Neste trabalho o Teorema de Stewart, será analisado, demonstrado e aplicado. A partir de vários estudos feitos sobre o Teorema de Stewart, e de estudos de conhecimentos prévios para a sua demonstração, este pode ser utilizado para provas de outros teoremas, tais como: o cálculo das bissetrizes internas e externas de um triângulo, o cálculo da altura de um triângulo e o Teorema da diagonal do paralelogramo. O Teorema de Stewart foi escolhido para a realização deste trabalho, pelo fato de abranger vários conceitos e propriedades de triângulos quaisquer, assim induzindo os alunos ao estudo destes conceitos, e ainda por ser um teorema aplicável para a demonstração de outras preposições envolvendo triângulos quaisquer. As demonstrações nas aulas de Matemática contribuem para que os alunos tenham um raciocínio lógico, partindo de premissas verdadeiras e usando resultados já provados para chegar a uma determinada conclusão; esta capacidade inclui também a compreensão do que é uma demonstração, dos conceitos de conjecturas e teoremas e não podem ser separadas do processo de descoberta e de formulação de postulados. Assim fica claro a importância do uso de demonstrações para o aprendizado da Geometria Euclidiana (MACHADO, 2006). Quando os alunos conseguem entender a formulação de um determinado cálculo, eles se sentem motivados com os sucessos de seus aprendizados, isso contribui muito para as suas formações, pois, assim eles não se limitam em aprender decorando, pelo contrário, eles buscam novos conhecimentos, ficando mais fácil a compreensão e aguçando o raciocínio argumentativo e dedutivo. O desafio intelectual pode ser um dos motivos pelo qual existem, em diversos casos, várias demonstrações para um mesmo teorema. Esse desafio pode estar relacionado com as outras funções da demonstração, por exemplo, o desafio para compreender ou para verificar (no caso de ainda não existir uma demonstração), ou simplesmente o desafio de encontrar uma demonstração mais bela. 14 Capitulo 2 - TRIÂNGULOS QUAISQUER Os triângulos podem ser classificados segundo a medida do seu lado. No triângulo escaleno: todos os lados são diferentes; no triângulo isósceles: dois lados são congruentes, e no triângulo equilátero: todos os lados são congruentes. O triângulo pode ainda ser classificado segundo seus ângulos internos. O triângulo retângulo, que tem um ângulo que mede 90º; O triângulo obtusângulo, que tem um ângulo maior que 90° e o triângulo acutângulo, que tem todos os ângulos menores que 90°. Para construir um triângulo não podemos utilizar qualquer medida, tem que seguir a condição de existência, é necessário que a medida de qualquer um dos lados seja menor que a soma das medidas dos outros dois e maior que o valor absoluto da diferença entre essas medidas (desigualdade triangular). O triângulo possui várias propriedades importantes e dentre elas apresentamos o Teorema de Stewart, que relaciona os comprimentos dos lados de um triângulo com o comprimento de sua ceviana, sendo aplicável a uma ceviana qualquer. São exemplos de cevianas: a mediana, que é um segmento que liga um vértice ao ponto médio do lado oposto a este vértice; a bissetriz que também é um segmento de reta com origem em um dos vértices do triângulo com a outra extremidade no lado oposto a esse vértice, sendo que ela divide o ângulo correspondente ao vértice em dois ângulos côngruos; e a altura que é um segmento com origem em uns dos vértices do triângulo, e extremidade na reta suporte do lado oposto, sendo-lhe perpendicular. 15 2.1 Relações métricas a) a) Num triângulo acutângulo qualquer o quadrado do lado oposto a um ângulo agudo é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados, menos duas vezes o produto de um desses lados pela Figura 2.1: Triângulo acutângulo para as relações métricas. Fonte: Autora. projeção do outro sobre ele. Seja h a altura do ∆ABC Hipótese Tese ⇒ A< 90°, m= proj. de b sobre c b) Num triângulo obtusângulo qualquer, o quadrado do lado oposto ao ângulo obtuso é igual à soma dos quadrados dos outros lados, mais duas vezes o produto de um desses lados pela projeção do outro sobre ele. (ou sobre a Figura 2.2: Triângulo obtusângulo para as relações métricas. Fonte: Autora. reta que o contém). Seja h a altura do ∆CAB Hipótese A>90°, m= proj. de b sobre c Tese ⇒ 16 Demonstração (conjunta ─ para os dois casos) Conduzindo CD = h, a altura relativa ao lado c, vem: ∆ CDB: (1) ∆ CDA: (2) Substituindo (2) em (1), temos: ⇒ ■ 2.2 Teorema dos cossenos Em qualquer triângulo, o quadrado de um lado é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados menos duas vezes o produto desses dois lados pelo cosseno do ângulo por eles formado. Figura 2.3:Ttriângulo acutângulo para o Teorema dos cossenos. Fonte: Autora. No ∆ ABC: No ∆ CDA: (1) ⇒ Substituindo m em (1): Assim para os dois casos temos: Figura 2.4: Triângulo obtusângulo para o Teorema dos cossenos. Fonte: Autora. No ∆ ABC: No ∆ CDA: (2) ⇒ Substituindo m em (2): ■ 17 2.3 Cálculo das medianas de um triângulo Sendo dados os lados a, b e c de um triângulo, calcular as três medianas: ma, mb, mc: Figura 2.5: Mediana de um triângulo. Fonte: Autora. Seja m = ma a mediana relativa ao lado e Y=90° ∆ADC, α obtuso ⇒ (1) ∆ADB, β agudo ⇒ (2) Somando (1) e (2) membro a membro, temos: ⇒ ⇒ ⇒ Analogamente: e Se α for reto então o triângulo é isósceles, assim basta aplicar a relação de Pitágoras. ⇒ ⇒ , Ou ainda se α for reto, temos que b = c, assim aplicando na equação das medianas, temos: ⇒ , então: ■ 18 2.4 Cálculo das alturas de um triângulo Num triângulo ABC, conhecem-se as medidas dos lados a, b e c. Calcule as três alturas. c-m Figura 2.6: Altura de um triângulo acutângulo. Fonte: Autora. Figura 2.7: Altura de um triângulo obtusângulo. Fonte: Autora. Δ ADC: Relação métrica Δ ABC ⇒ (1) ⇒ (2) Substituindo (2) em (1): (3) Fazendo: (notar que p é semi-perímetro do triângulo) temos: Então substituindo em (3) temos: 19 Analogamente: e ■ 20 Capitulo 3 – TEOREMA DE STEWART, SUAS DEMONSTRACÕES E APLICAÇÕES O Teorema de Stewart produz uma relação entre o tamanho dos lados de um triângulo e o tamanho de uma ceviana qualquer do triângulo. Este nome é em honra do matemático escocês Matthew Stewart que publicou o Teorema de Stewart em 1746. Dado um triângulo ABC e sendo D um ponto do lado diz que: . então o Teorema de Stewart Demonstração (1) Dado um triângulo ABC e Sendo a, b, e c os tamanhos dos lados do triângulo. Sendo z a ceviana do lado c . Se a ceviana divide o lado c em dois segmentos de tamanho x e y, e D um ponto do lado , utilizando relações métricas de triângulos quaisquer temos que: Figura3.1:, Triângulo, Teorema de Stewart, demonstração feita por Relações métricas. Fonte: Autora. ΔBCD: (1) ∆ACD: (2) Multiplicando (1) por y e (2) por x, temos: (1) (2) Somando (1) e (2) membro a membro (1) e (2), temos: , como (x + y)=c , então: ■ 21 Demonstração (2): Dado um triângulo ABC e sendo a, b, e c os tamanhos dos lados do triângulo. Seja h a altura do ∆ ABC. Se a ceviana divide o lado c em dois segmentos de tamanho m e n, e D‟, utilizando o Teorema de Pitágoras, segue que: Figura 3.2: Triângulo,Teorema de Stewart, demonstração feita pelo Teorema de Pitágoras. Fonte: Autora. Do triângulo BCD, temos: ⇒ (1) Sendo d a medida do segmento , e analisando o triângulo DCD‟, temos que: ⇒ (2) Substituindo (2) em (1), temos: ⇒ (3) Do ∆ ACD‟, temos que: ⇒ (4) e do ∆ DCD‟, temos que: ⇒ (5) Substituindo (4) em (5), temos: (6) De (3) e (6), temos: 22 Multiplicando (7) por m e (8) por n. (9) Somando membro a membro as duas equações do sistema (9): , como , então: ■ Demonstração (3) Seja o ângulo formado pelo seguimento d e m e o ângulo seguimento d e n, então : , pela lei dos cossenos temos: formado pelo Figura 3.3: Triângulo, Teorema de Stewart, demonstração feita pelo Teorema dos cossenos. Fonte: Autora. Multiplicando a 1° equação por n e a 2° por m: (1) Somando membro a membro das equações do sistema (1), temos: , como (m +n) = c logo: ■ 23 3.1. Cálculo das bissetrizes internas de um triângulo No triângulo ABC conhece-se as medidas dos lados a, b e c. Pode-se determinar as medidas das três bissetrizes internas, observe a figura abaixo: Dados a, b e c e incógnitas: x, y e s. Figura 3.4: Bissetriz interna num triângulo acutângulo. Fonte: Autora. Seja: s = sa a bissetriz relativa ao ângulo A. O Teorema da bissetriz interna diz que: uma bissetriz interna de um triângulo divide o lado oposto em segmentos proporcionais aos lados adjacentes. ⇒ ⇒ e Considerando a relação de Stewart no ΔABC Substituindo x e y pelos valores calculados acima vem: Sendo p o semi-perímetro do triângulo ABC: 24 e analogamente: e ■ 3.2. Cálculo das bissetrizes externas de um triângulo Num triângulo ABC conhece-se as medidas dos lados a,b e c. Pode-se determinar as medidas das três bissetrizes externas, observe a figura ao lado. Considere s = sa. Figura 3.5: Bissetriz externa num triângulo obtusângulo. Fonte: Autora. Dado: a, b, c incógnitas: x, y, sa O Teorema da bissetriz externa diz que: sempre que a bissetriz de um ângulo externo interromper a reta que possui o lado oposto, ficará estabelecido nesta mesma reta, dois seguimentos proporcionais aos lados desse triângulo. Considerando a relação de Stewart no ∆ ASC 25 E substituindo x e y pelos valores calculados acima, vem: , sendo P o semi-perímetro do ∆ ABC, ■ 26 3.3. Cálculo das alturas de um triângulo utilizando o Teorema de Stewart Seja o triângulo ABC um triângulo qualquer. Considerando h = hc . Figura 3.6: Altura do triangulo, cálculo utilizando o Teorema de Stewart. Fonte: Autora. Aplicando-se o Teorema de Pitágoras aos triângulos BHC e AHC, obtém-se, respectivamente: (1) e (2) Subtraindo-se membro a membro as equações (1) e (2), tem-se: (4) Como: ⇒ Substituindo (5) em (4), temos: ⇒ (6) (6), e substituindo (6) em (5), temos: (5) 27 (7) Aplicando o teorema de Stewart ao triângulo ABC, tem-se que: (8) Substituindo (6) e (7) em (8), obtém-se (9) Somando-se e subtraindo-se , ao lado direito de (9), obtém-se: 28 (10) Como a, b e c, são os lados do triângulo ABC, o seu perímetro será dado por: Logo: (11) (12) (13) Substituindo as igualdades (11), (12), e (13) em (10), temos: De maneira análoga, tem-se que: ■ 29 3.4. O Teorema de Heron (consequência do cálculo das alturas de um triângulo) A área S de um triângulo ABC qualquer e dada por: Sendo: o semi-perímetro do triângulo e a, b, e c as medidas dos lados. Como a área S do triângulo ABC pode ser calculada pelo semi-produto de um lado pela altura relativa a esse lado, tem-se que: Como: ■ Então: 3.5. Teorema das diagonais do paralelogramo A soma dos quadrados das medidas dos lados de um paralelogramo é igual à soma dos quadrados das medidas das diagonais. Seja um paralelogramo MNOP, de lados MN=PO=a e NO=MP=b, MO=d1 e NP=d2 as diagonais do paralelogramo MNOP, e MC=CO=d1/2 e NC=CP=d2/2. Aplicando o Teorema de Stewart nos triângulos MOP e MNP, obtém-se respectivamente: Figura 3.7: Diagonais do quadrilátero. Fonte: Autora. Analisando o triângulo MNP e aplicando o Teorema e Stewart, temos que: 30 (1) Do triângulo MOP, temos: (2) Somando (1) e (2), temos: ■ 31 CONCLUSÃO Ressaltou-se neste trabalho a demonstração do Teorema de Stewart com o propósito de estimular o professor/aluno ao interesse pelas demonstrações geométricas, utilizando-a como metodologia de ensino para a melhoria do processo de ensinoaprendizagem. Enfatizou-se que saber a origem de um determinado conceito é essencial para o aprendizado dos alunos. A história da Geometria é uma ferramenta muito útil para motivar e envolver os alunos na compreensão dos conceitos geométricos. É importante que eles saibam o porquê do surgimento desses conceitos; as transformações e as evoluções pelas quais eles passaram, tornando-se essenciais para o enriquecimento da aprendizagem. A partir da revisão da literatura sobre a história da Geometria Euclidiana e estudos sobre triângulos quaisquer, foi demonstrado o Teorema de Stewart. Este Teorema foi analisado e aplicado em outros teoremas da Geometria Euclidiana; sendo também uma ferramenta muito útil para outros estudos envolvendo triângulos quaisquer e suas demonstrações; ele pode motivar os leitores (alunos e professores) à prática dedutiva (demonstrações de fórmulas), influenciando no processo ensino-aprendizagem. Durante o processo da demonstração do Teorema de Stewart, trabalha-se progressivamente a hipótese, surgindo um raciocínio que leva à organização de pensamentos por meio de relações construídas a partir dessa hipótese, isto resulta em justificativas necessárias para a prova da hipótese inicial, ou seja, a tese. Com este método de ensino o aluno consegue verificar, explicar, descobrir, comunicar, ter um desafio intelectual, sistematizar e aplicar o Teorema de Stewart. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMOULOUD, Sadd Ag, Prova e demonstração em Matemática: Problemática de seus processos de ensino e aprendizagem. Grupo de trabalhos em Educação Matemática GT19,UFRRJ, PUC, São Paulo: 2007. BARBOSA, João Lucas Marques. Geometria Euclidiana Plana. Coleção do Professor de Matemática. 10 ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2006. BOYER, C., História da Matemática. Tradução Elza Gomide, São Paulo: Edgar Blucher, 1974. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental (1998). 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