Sistema locomotor • Com excepção das patologias de origem traumática, a maioria das afecções clínicas do sistema locomotor (também genericamente conhecidas por reumatismos) não têm etiologia bem compreendida. Principais sinais e sintomas • Artrite – Designa inflamação em algum dos componentes da estrutura articular (cartilagem articular, osso sub-condrial ou membrana sinovial) • Sinovite – Inflamação da membrana sinovial caracterizada pelos sinais clássicos de inflamação (calor, tumor, rubor e dor) SINOVITE Principais sinais e sintomas • Aumento do volume articular – Sensação subjectiva ou achado objectivo de espessamento da membrana sinovial com derrame periarticular do conteúdo articular • Crepitação – Atrito audível e palpável durante o movimento. Principais sinais e sintomas • Dactilite (ou dedos em salsicha) – Aumento de volume de todo o dedo pela inflamaçao da articulação e dos tendões • Fenómeno de Reynaud – Sensação de frio ou de dor acompanhada de mudança de coloração das mãos e dos pés desencadeada por temperaturas baixas ou stress emocional. O fenómeno compreende três fases: • Palidez (espasmo das arteríolas pré-capilares) • Cianose (shunts arteriovenosos) • Eritema (reversão do vasoespasmo) Fenómeno de Reynaud: palidez Fenómeno de Reynaud: cianose Fenómeno de Reynaud: eritema Principais sinais e sintomas • Rigidez articular – Desconforto ou restrição em iniciar o movimento após periodos de repouso • Sinal de flecha – Incapacidade de encostar o occipito na parede quando o doente está de pé com os calcanhares junto à mesma (espondilite anquilosante) • Sinal de gaveta – Em decúbito dorsal, o doente deve ter os joelhos flectidos a 90º e os pés devem ser fixados com o examinador sentado sobre eles. A partir daí tenta-se traccionar a tíbia. Se o deslocamento for desproporcional em relação ao joelho contra-lateral, o teste é positivo e indica lesão do ligamento cruzado anterior Sinal da Gaveta • Artose – Degeneração progressiva da cartilagem articular com neoformação óssia subcondrial ARTROSE ARTRITE • Para classificar um síndrome articular é necessária a obtenção de várias informações através da anamnese: – Presença ou não de inflamação – Tempo de evolução (doença aguda, sub-aguda ou crónica) – Tamanho das articulações envolvidas (pequenas, grandes) – Número de articulações envolvidas (monoarticular, uma articulação, oligoarticular, até quatro articulações e poliarticular, mais de quatro articulações) – Padrão de instalação (súbito, intermitente, progressivo), simétrico ou assimétrico Principais quadros • Sindromes articulares – Poliartrites e oligoartrites agudas • – Poliartrites sub-agudas e crónicas • • • • • – Osteoartrose Monoartrites agudas – – – • • Espondilite anquilosante Artrite reactiva Artrite psoriásica Artropatias associadas a doenças inflamatórias do intestino Poliartropatias não inflamatórias • • Artrite reumatóide (AR) Lupus eritematoso sistémico (LES) Esclerose sistémica Polimiosite e dermatomiosite Sindrome de Sjogren Poliartrites e oligoartrites com envolvimento axial • • • • – Febre reumática, artrite gonocócica, viroses Artrite gotosa Artrite séptica não gonocócica Traumas articulares Monoartrites crónicas Reumatismos dos tecidos moles – Sindromes dolorosos regionais localizados • Bursite, Tendinite, Lombalgia, Neuropatias de compressão quistos sinoviais, contratura de Dupuyten • Febre reumática – Pico de incidência aos sete anos de idade. É uma oligoartrite migratória das grandes articulações. Quadro flogístico pode ser exuberante, acompanhado de febre, prostação e mialgias. Inicia-se 2 a 3 semanas após uma infecção estreptocócica (mais frequentemente laringite) que pode ser subclínica.É frequente o envolvimento cardíaco, com taquicárdia, sopro de início recente, cardiomegália e insuficiência cardíaca. Pode cursar com eritema marginado e nódulos subcutâneos aderentes e indolores. Febre Reumática • Artrite gonocócica – É a artropatia infecciosa mais comum. É secundária à bacteriémia por N. Gonorrhoeae. Surge em mulheres jovens mais frequentemente durante a menstruação ou a gestação. É também frequente em homossexuais masculinos. Manifesta-se inicialmente por poliartralgias migratórias nos punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos. Após alguns dias tende a localizar-se num único sítiocomo uma tenossinovite ou monoartrite purulenta. Pústulas necrohemorrágicas são muito sugestivas da doença e localizam-se principalmente bas superfícies palmares e plantares. • Viroses – Poliartrite aguda especialmente em mulheres jovens. Situação auto-limitada (menos de seis semanas). Confirmação diagnóstica por serologia. • Artrite reumatóide – Preferencialmente mulheres entre a 4ª e 5ª décadas de vida. O síndrome clássico tem início insidioso de uma poliartrite simétrica, aditiva de pequenas articulações, com evolução centrípeta. A rigidez matinal pode ser a queixa inicial e é um marco da doença activa. As articulações interfalagianas proximais e metacarpofalangeanas estão envolvidas em mais de 90% dos casos. O curso é progressivo determinando deformidades decorrentes da ruptura de tendões e erosões articulares. Critérios diagnósticos ARA. Artrite Reumatóide • LES – Manifestações iniciais mais frequentes: fadiga, febre moderada e poliartrite. Muito semelhante à AR, diferindo desta pela natureza não erosiva, pouca rigidez matinal e ausência de quadro inflamatório exuberante. – A lesão eritematosa em asas de borboleta na região malar e dorso do nariz está presente em, pelo menos, 50% dos casos. – Critérios diagnósticos ARA e ADA. Lupus eritematoso sistemico Reumatismos dos tecidos moles • Os reumatismos dos tecidos moles são um grupo de patologias que afectam estruturas periarticulares (tendões, músculos, bursas) conduzindo a limitações funcionais do sistema musculo-esquelético. • São classificados como – Locais – Regionais – Gerais Reumatismos dos tecidos moles • Sindromes dolorosos – Bursite • Inflamação das bursas com dor localizada de intensidade variável. As bursas são bolsas contendo pequena quantidade de líquido semelhante ao sinuvial, que visam facilitar os movimentos dos músculos e dos tendões ao diminuir a fricção entre estruturas adjacentes • O doente pode referir um início súbito, normalmente associada a um acontecimento traumático • Os casos com dor insidiosa estão associados a movimentos repetitivos e não usuais da articulação - Trocantérica: dor na face lateral da coxa que pode irradiar para a região glútea e perna. Mais frequente na mulher. É a mais prevalente. - Isquiática: a dor irradia para a porção posterior da coxa e apresenta sensação dolorosa à pressão ou ao sentar em superfícies duras - Anserina: a bursa anserina localiza-se no joelho (inferiormediana). Dor nas faces mediais do joelho e da coxa que se agrava ao subir e descer escadas. Reumatismos dos tecidos moles • Sindromes dolorosos – Tendinites: inflamção do tendão particularmente nos locais envolvidos por baínhas sinoviais. • Ombro doloroso. Dor ao tentar elevar o bralo acima da cabeça. A dor é manifestada a partir de 70º até 120º - arco doloroso • Cotovelo doloroso (cotovelo de golfista) • Punho. Inflamação da baínha tendinosa que envolve os tendões dos músculos abdutor longo e extensor curto do polegar (tendinite de De Quervain) Reumatismos dos tecidos moles • Sindromes dolorosos – Lombalgia (low back pain): é normalmente causad por distúrbios mecânicos mas pode ser indicativa de doenças inflamatórias sistémicas. Importante valorizar a faixa etária, factores de alívio e presença de sintomas associados – Sinais de alerta nas lombalgias: • • • • • • Emagrecimento Febre Dor noturna Dor vertebral localizada Sinais de compressão radicular Idade acima dos 60 anos