AVALIAÇÃO DO TEMPO DE CULTIVO E FONTE DE CARBONO NA PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LEVANA DE Bacillus Subtilis Natto Tamires Minucelli (PIBIC/CNPq/UEL), Maria Antonia P. Colabone Celligoi (Orientadora), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina /Centro de Ciências Exatas/ Departamento de Bioquímica / Londrina, PR. Área: Ciências Biológicas e sub-área: Microbiologia Industrial e de Fermentação. Palavras-chave: Bacillus subtilis, levana, massa molar. Resumo Levana é um polímero de frutose que pode ser obtido por fermentação da sacarose pela bactéria Bacillus Subtilis Natto. Apresenta diversas aplicações industriais quando as condições de fermentação são adequadas. O objetivo desse trabalho foi avaliar a concentração, a fonte de carbono e o tempo de fermentação na produção de levana. Os resultados demostraram que a condição de máxima produção foi em meio de sacarose com 24 horas de fermentação, atingindo uma produtividade de 1,07g/L.h -1 . Introdução A produção de metabólicos microbianos por via fermentativa é uma alternativa que pode reduzir custos e otimizar a produção para uso industrial. Microrganismos naturalmente produzem uma variedade de carboidratos: oligossacarídeos e polissacarídeos, dentre eles a levana que pode ser produzida por algumas bactérias durante a fermentação de sacarose. Apresenta as características dentre elas a de ser um pó branco, não hidroscópico, solúvel em água quente e fria, não tóxica, não mutagênica, inodora e insípida, o que a torna um polímero com grande potencial de aplicação na indústria de alimentos, farmacêutica e de cosméticos, também podendo ser utilizada na medicina como agente hipocolesterêmico, anticarcinôgenico, imunoregulador e antiinflamatório. Para uma boa produção de levana as condições de fermentação como concentração inicial de açúcar no meio de cultivo, a temperatura e tempo de cultivo são importantes (Ananthalakhmy; Gunasekaran, 1999). Para estudar diversos fatores associados o planejamento estatístico do experimento se faz necessário para uma produção satisfatória. O trabalho teve como objetivo estudar o efeito da fonte e concentração de açúcar inicial utilizado nos meios de fermentação (frutose e sacarose), e os tempos de fermentação empregados para a produção de levana por Bacillus Subtilis Natto. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Materiais e métodos O microrganismo: Bacillus Subtilis Natto, isolado no Departamento de Bioquímica e Biotecnologia e identificado pela Fundação André Tosello Pesquisa e Tecnologia – Campinas, SP. Os meios de fermentação (g.L-1): Sacarose ou frutose 50 e 100 1, acrescidos dos demais componentes: Extrato de levedura 2,0; KH2PO4 1,0, (NH4)2SO4 3,0; MgSO4.7H2O 0,6 ; MnSO4 0,2. Os inóculos foram padronizados com 0,2 gL -1 de células. Ao término da fermentação, os cultivos foram interrompidos por centrifugação a 9000 rpm, por 15 minutos a 4°C, para a separação da biomassa e do sobrenadante. A biomassa foi determinada por turbidimetria e comparada a uma curva de biomassa em g/L. Do sobrenadante foi precipitada a levana, utilizando etanol 90% a 4°C na proporção de 3:1 (etanol: sobrenadante) por 12 horas. A levana foi separada por centrifugação a 14000 rpm por 15 minutos, a 4 oC. A levana foi hidrolisada por HCl 1N por uma hora a 100°C, resfriada e neutraliza com 0,1mL de NaOH 2N. A concentração desse EPS foi estimado por açúcares redutores pelo método Somogyi (1952) e Nelson (1944),. O consumo de açúcares foi pela determinação de açúcares totais das fermentações pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956). A levana precipitada foi dialisada e liofilizada. Esta levana foi submetida a cromatografia de coluna de exclusão utilizando sephadex gel, para a avaliação da sua massa molar. Os padrões com massa molar correspondente a 50,000; 150.00, 410.000, 670.000 e 1.400.000 Da foram usados como referências. Resultados e Discussão A partir dos resultados é possível observar que as maiores produções de levana ocorreram nos meios contendo sacarose na concentração de 100 g.L-1 e que não há grande variação de produção em relação ao tempo. As melhores produções foram 25,74 g.L -1 em 24 horas e 21,31 g.L-1 em 48 horas (Tabela 1). A produtividade caiu consideravelmente de 1,072 g/L.h-1 para 0,444 g/L.h-1 com o aumento do tempo. Quanto a frutose, não é consideranda uma opção viável para a produção desse EPS, pois apesar do consumo de açúcar ter sido maior no meio com frutose esse monossacarídeo não convertido à levana, uma vez que sua produção não ultrapassou 3,1 g/L.h-1. A enzima levanasacarase utiliza preferencialmente a sacarose e a frutose não estimulou a produção. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Tabela 1: Condições dos meios de cultivo e resultados das fermentações Meio 1 2 3 4 5 6 7 8 Açúcar Condiçoes Concentração g.L-1 Tempo Sacarose Sacarose Frutose Frutose Sacarose Sacarose Frutose Frutose 100 100 100 100 50 50 50 50 24h 48h 24h 48h 24h 48h 24h 48h Aç. Totais consumidos g.L-1 31,23 28,82 58,08 52,42 20,11 16,36 23,53 28,44 Levana g.L-1 25,7 21,3 2,6 3,1 7,9 5,4 1,1 1,1 Os padrões tiveram sua eluição no tubo 14 (1.400.000 Da) e no tubo 8 a de baixa molar (50.000 Da). Os cromatogramas revelaram predominante levana (Fig. 1) de 1.400.000 Da de alto peso molecular, mas que com o aumento do tempo a massa molecular diminui. Os meios com frutose predominam levanas de 50.000 Da (Fig.2), indicando presença de oligossacarídeos (FOS) e confirmando que a frutose não é utilizada na síntese da levana. 1,4 Abs 1,2 1 meio 1 0,8 meio 2 0,6 meio 5 0,4 meio 6 0,2 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Tubos Fig. 1 - Resultado da cromatografia dos meios contendo sacarose 2 Abs 1,5 meio 3 meio 4 1 meio 7 meio 8 0,5 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 Tubos 19 21 23 25 27 29 Fig. 2 - Resultado da cromatografia dos meios contendo frutose Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Conclusões A maior produção de levana foi de 25,74 g.L -1 correspondendo a uma produtividade de 1,072 g/L.h -1 no meio contendo 100 g.L-1 de sacarose em 24 horas, o aumento do tempo para 48 horas reduziu a produtividade para 0,444 g/L.h-1. A frutose não é viável para produção de levana uma vez que a enzima levanasacarase preferencialmente utiliza sacarose. A massa molar predominante foi de 1.400.000 Da nos meios contendo sacarose, independente da concentração (100 g/L.h -1 ou 50 g/L.h-1) e do tempo de fermentação (24 ou 48 horas). O meio contendo frutose a massa molar predominante foi de 50.000 Da, o que caracteriza o aparecimento de oligossacarídeos de frutose. Agradecimentos À minha orientadora pela oportunidade de trabalho e à Fundação Araucária pelo apoio financeiro. Referências Ananthalakshmy, V.K.; Gunasekaran, P. Optimization of levan production by Zymomonas mobilis. Brazilian Archives of Biology and Technology. 1999, 42, 3, 291. Calazans, G. M. T; Lima, R.C; França, F.P.de e Lopes, C. E. Molecular Weight and antitumour activity of Zymomonas mobilis levans. International Journal of Biological Macromolecules. 2000, 2, 245. Ernandes, F. M. P. G; Garcia-Cruz, C. Zymomonas mobilis: um microrganismo. Semina: Ciências Agrárias. 2009, 30, 2, 361. Han, Y. W. Microbial levan. Adv. Appl. Microbiol. 1990, 35, 171. Nelson, N. A photometric adaptation of the Somogy method for determination of glucose. Biochemistry. 1944, 84, 375. Somogy, M. A. A new reagent for determination of sugar. Journal Biology Chemistry. 1952,160, 61. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.