Bronquiolites Constritivas José Antônio Baddini Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Bronquiolites Conceito • Patologista: termo genérico aplicado à varias condições inflamatórias dos bronquíolos. • Clínico: Condições mórbidas nas quais alterações histológicas dos bronquíolos e áreas adjacentes, são as principais responsáveis pelas manifestações clínicas e funcionais. • Classificação histológica: correlaciona-se melhor com as manifestações clínicas, quadro radiológico, resposta ao tratamento e prognóstico. Questões Semânticas • Bronquiolite Constritiva: padrão histológico, às vezes também chamado de Bronquiolite Obliterante ou Bronquiolite Obliterativa. PATOLOGISTAS • Bronquiolite Obliterante ou Síndrome da Bronquiolite Obliterante: quadro clínico caracterizado por dispnéia e obstrução pulmonar progressivas devido o padrão histológico Bronquiolite Constritiva. CLÍNICOS Bronquiolite Constritiva Padrão Histológico • Padrão distinto de fibrose peribronquiolar. • Processo inflamatório fibrosante concêntrico, que leva a estreitamento progressivo e mesmo à total obliteração das pequenas vias aéreas. • Atinge os bronquíolos de forma heterogênea e exibe caráter sutil, mesmo em fases avançadas da doença. (King TE, Up to Date 2009) (Ryu et al. AJRCCM, 2003; 168: 1227) Inflamação linfocítica submucosa e lesão epitelial Tecido de granulação com obstrução luminal Tecido de granulação organizado em padrão estereotipado (Reilly JJ, Up to Date 2009) Vanishing Airways Disease (Colby TV et al. Atlas of Pulmonary Surgical Pathology, 1991) Bronquiolite Constritiva Etiologia • Criptogênica. • Pós infecciosas: adenovirus, VSR, influenza, parainfluenza, mycoplasma, etc. • Colagenoses: AR, fasceíte eosinofílica. • Agressão inalatória: NO2, SO2, Amônia, Cl, fósgeno, gases aquecidos, poeiras industriais, etc. • Toxinas ingeridas: Sauropus androgynus. • Transplantes: pulmonares e GVHD crônico. • Drogas: D-penicilamina, ouro, sulfasalazina, cocaína. • Outras: DI intestinal, pênfigo paraneoplásico, hiperplasia de células neuroendócrinas, etc. Bronquiolite Obliterante Quadro Clínico • Tosse seca e dispnéia progressiva. • Antecedentes de exposição e manifestações articulares. • Exame físico: o Fase inicial: normal, mm. vesicular reduzido. o Fase avançada: roncos, estertores finos e grossos. o Sibilos e hipereatividade brônquica: incomum. • Instalação arrastada, mas há casos de evolução rápida, com ou sem estabilização. Bronquiolite Obliterante Quadro Radiológico • Normal. • Hiperinsuflação pulmonar. • Espessamento peribroncovascular. • Em fases muito avançadas: hiperinsuflação e imagens areolares. Bronquiolite Obliterante TCAR Áreas de diminuição da densidade pulmonar devido a hiperinsuflação aérea localizada. Redução do número e calibre dos vasos. Áreas em vidro despolido, devido a hiperperfusão do tecido pulmonar sadio adjacente. Combinação dos achados acima: padrão de perfusão em mosaico. Acentuação das alterações com a expiração forçada. Bronquiectasias: fases avançadas da doença. Combinação de todos os achados. Bronquiolite Obliterante TCAR Bronquiolite Obliterante TCAR Inspiração Expiração Bronquiolite Obliterante TCAR Bronquiolite Obliterante Função Pulmonar • Fases iniciais: FEF25-75% • Padrão obstrutivo de evolução progressiva • Fases avançadas: componente restritivo associado Bronquiolite Constritiva Diagnóstico História Clínica + Achados TCAR + Confirmação Histológica Biópsia Transbrônquica X Biópsia Cirúrgica Situações Especiais Artrite Reumatóide • Mais comum em mulheres com manifestações articulares. • Títulos elevados de fator reumatóide. • Pode ser manifestação inicial da doença: 12%. • Áreas de bronquiolite folicular associadas. • Má resposta ao tratamento, prognóstico ruim. (Divouassoux G et al. Eur Respir J. 2009; ahead of print) Situações Especiais Transplante Pulmonar • Principal causa de morbidade e mortalidade a longo prazo. • Após 5 anos: 45% de prevalência. • Fatores de risco: o Lesão de isquemia-reperfusão o Episódios de rejeição aguda ≥ 3 o Episódios de rejeição aguda tardia o Infecção por CMV o Refluxo gastroesofágico: 73% dos transplantados (Estenne M et al. AJRCCM. 2002; 166: 440) Transplante Pulmonar Bronquiolite Obliterante Síndrome (BOS) • BOS 0 (ausente): VEF1 > 90% do basal e FEF25-75% > 75% do basal. • BOS 0-p (potencial): VEF1 entre 81% e 90% do basal e/ou FEF25-75% 75% do basal. • BOS 1: VEF1 entre 66% e 80% do basal. • BOS 2: VEF1 entre 51% e 65% do basal. • BOS 3: VEF1 50% do basal. (Estenne M et al. J Heart Lung Transplant, 2002; 21:2397) Situações Especiais Silo Filler’s Disease • Exposição a gases de N, devido abertura precoce de um silo recentemente preenchido. • NO3- das plantas transforma-se em NO2. • Na dependência da intensidade e tempo da exposição: morte súbita, SARA, ou bronquiolite obliterante após semanas-meses. • Condição rara, principalmente com medidas de segurança ocupacional. (Fleetham JA et al. CMA Journal 1978; 119: 482) Situações Especiais Síndrome de Swyer James MacLeod • Síndrome do pulmão hiperlucente unilateral Tratamento • Corticosteróides em altas doses: prednisona 1-1,5 mg/kg/dia. • Imunossupressores associados: ciclofosfamida 2-3 mg/kg/dia. Tempo de tratamento ? Real efetividade ? • Fases avançadas: o Antibióticos, broncodilatadores, oxigenoterapia, fisioterapia, etc. o Transplante pulmonar Tratamento Transplante Pulmonar • Tratamento enérgico dos episódios de rejeição aguda e infecção por CMV. • Aumento ou mudança da imunossupressão. • Macrolídeos: azitromicina 250 mg VO em dias alternados melhora do VEF1 em 30% dos acometidos. • Tratamento do RGE: medidas clínicas e tratamento cirúrgico. • Re-transplante. Muito Obrigado !