EDIN – Introdução à Educação
Inclusiva com Tecnologia
Prof. José Antonio Borges
PGTIAE – NCE/UFRJ – 2008
“O olho, pelo qual a beleza do universo é
revelada à nossa contemplação, é de tal
excelência que todo aquele que se
resignasse à sua perda privar-se-ia de
conhecer todas as obras da natureza, cuja
vista faz a alma ficar na prisão do corpo
graças aos olhos que lhe representam a
infinita variedade de criação.”
René Descartes – séc. XVII
A visão reduzida e o educador

Diagnóstico de limitação visual é uma
questão crucial de observação para o
educador


comumente confundida com distração, falta
de atenção, concentração ou dificuldade de
aprendizagem.
Um programa do governo federal:
capacitação dos professores de turma para o
teste com escalas Snellen
Tabela
Snellen
Problemas visuais

Muito comuns!


Freqüentemente não são detectados!
Problemas absurdos, especialmente para as crianças.


Especialmente no desempenho escolar
Solução:



Artefatos óticos (óculos, lentes)
Cirurgias
Muitos problemas não tem solução

Deficiências visuais
Discutir: diagnóstico educativo

Que ações eu, professor, poderia realizar como
rotina ao iniciar uma nova turma visando detectar
precocemente os casos de deficiência visual em
meus alunos?

Será isso somente importante em turmas de
crianças pequenas?
O professor e a identificação da
situação visual

Observando os alunos:









Olhos avermelhados e/ou lacrimejantes;
Estrabismo;
Nistagmo (olho que fica constantemente em movimento);
Aluno que reporta visão dupla ou embaçada.
Apertar e esfregar os olhos;
Pálpebras com bordas avermelhadas e inchadas, purgações e
terçóis;
Aluno que pisca excessivamente;
Franzimento constante da testa;
Sensibilidade à luz;
Analisando o comportamento











Aproximação excessiva do objeto investigado;
Dificuldade para leitura e escrita;
Postura inadequada;
Inquietação e irritabilidade;
Cautela excessiva ao andar;
Desatenção e desinteresse;
Tropeço e quedas freqüentes.
Fadiga ao esforço visual;
Tonturas;
Náuseas;
Dor de cabeça;
Fisiologia do Olho

Parece máquina
fotográfica

Os raios de luz que o
atingem são convergidos
por duas lentes para
serem focados na retina
(área nervosa no fundo
do olho, responsável pela
captação das imagens).
Anatomia do Olho

Lentes:



Abertura


Córnea
Cristalino
Íris
Sensor:

Retina


Cones e bastonetes
Transmissão:

Nervo ótico
Alguns problemas visuais
Conjuntivite
Miopia
Hipermetropia
Astigmatismo
Presbiopia
Estrabismo
Nistagmo
Daltonismo
afeta principalmente os homens

Protanopia (mais comum)



Deuteranopia



não possuem os cones verdes
Não diferenciam o verde, amarelo e vermelho.
Tritanopia



não possuem os cones vermelhos na retina.
Não diferenciam verde, amarelo e vermelho.
Não possuem cones azuis
Não vêem cores na faixa do azul e amarelo.
Acromáticos (raros)

Tudo é preto e branco.
Teste de daltonismo
5
6
2
8
7
5
Deficiência visual

Cegueira




ausência de distinguir objetos através da visão
inclui ou não a perda da percepção luminosa
Aprendizagem: Braille; computador com
síntese de voz e linha Braille
Visão subnormal


Grande variedade: desde a capacidade de
perceber luminosidade até o grau em que a
deficiência visual interfira enormemente no
seu desempenho.
Aprendizagem: Meios visuais ampliados,
Braille, computador com ampliadores de tela e
síntese de voz e/ou linha Braille.
“... quando perguntei pela minha filha, diziam
que estava bem, mas não ma traziam.
Quando a vi disseram-me que tinha os
olhos inchados, mas que depois passava.
Chamaram o meu marido e eu desconfiei ...
Em poucos dias tive certeza: minha filha
tinha glaucoma...”
Causas da deficiência visual

CAUSAS
CONGÊNITAS
Retinopatia da prematuridade;
Catarata congênita;
Corioretinite por toxoplasmose na
gestação;
Glaucoma congênito
(hereditário ou por infecções);
Retinose pigmentar

CAUSAS
ADQUIRIDAS
Diabetes
Deslocamento na retina
Glaucoma
Catarata
Traumas oculares
Degeneração senil
Acidentes
Situações causadas por violência
ou pelo uso de armas.
Doenças da córnea
Catarata



Cristalino se opacifica
Pode ser ou não operável
Senil ou congênita
Glaucoma

Alteração na pressão intraocular
Lesionará a retina se não for
tratada

Diabetes, o vilão silencioso

Mau funcionamento do pâncreas, órgão que produz a
insulina que é responsável pelo metabolismo da glicose,
das gorduras e das proteínas.

A presença excessiva de açúcar no sangue, gera inúmeros
danos a todo organismo, em especial à retina, provocando
cegueira ao longo do tempo.
Prevenir: é o melhor caminho


Vacinação da mulher contra rubéola;
Cuidado com animais domésticos






(cães, gatos, galinhas);
Detecção precoce das alterações visuais;
Triagem em berçário, creches e pré-escolas.
Observação de sinais, sintomas, posturas e
condutas.
Aconselhamento genético;
Políticas públicas;
... aos três meses notamos que o bebê não fixava o olhar e
pensamos que fosse estrabismo. A pediatra não deu por isso.
Fomos ao oftalmologista, que lhe fez um exame e de uma
maneira muito brusca disse:
- Confirma-se o diagnóstico de cegueira, ele é cego e não há
nada a fazer.
O choque para mim foi tão grande, e a forma com que ele me
disse isso foi tão brutal, que nunca mais pude voltar lá.
Andei por outros médicos, mas o diagnóstico foi sempre
confirmado e não me deram nenhum encaminhamento. Até
que um dia um colega do meu marido lhe falou no Instituto
de Cegos em que...
Estimulação precoce

A estimulação precoce
tem por objetivo facilitar
o desenvolvimento da
criança cega e portadora
de visão subnormal,
prevenindo problemas
adicionais à deficiência
visual por falta de
ambiente facilitador e que
estimule seu contato com
o "mundo".
O básico da Estimulação Precoce




Estabelecimento de laços afectivos;
Desenvolvimento Perceptivo-motor;
Aquisição da linguagem;
Conceito do Eu e noção de Objeto.
Escrita para cegos:
Um pouco de História
Codificação de Lana Terzi
Braille
Braille


Processo tátil baseado no uso de
6 pontos criados em relevo no
papel
Contato íntimo com a leitura




ortografia e gramática.
Equipamento simples de
produção: reglete e punção
Máquina de escrever (Perkins)
Produção automatizada:
computador
Exercício: traduzir
Variantes do Braille



Braille matemático
Braille musical
Representação de química

Comissão Brasileira de Braille normatiza no
Brasil.
Braille como identidade cultural
É nossa responsabilidade fazer do sistema
Braille não um sistema fechado e anti-social,
mas mostrá-lo ao mundo como uma marca da
cultura, um modo de visão de mundo, a senha
matriz da nossa emancipação social e da luta
pela nossa cidadania. (Belarmino, 1991)
Ensino de matemática: Sorobã




Ábaco japonês
Aumenta a capacidade
de abstração
Operações muito
simples
Para aprender: sorobã
virtual
Materiais diversos com marcação
Geoplano de preguinhos e
multiplano
Multiplano - detalhe
Calculadoras sonoras



Modelos simples: disponíveis no Brasil
Existem calculadoras sofisticadas
Softwares “calculadora com som”
Visão subnormal

Uso de recursos óticos




Óculos com prescrições especiais
Lentes de aumento manuais ou lentes de
amplificação
Telelupas (mini-telescópios)
Ampliação usando Xerox
Recursos não óticos





Material “dourado” Montessoriano
Painéis táteis e auto-colantes
Sistema para reprodução em acetato Thermoform
Papel microencapsulado para impressão térmica
com relevo.
É muito importante que o professor se sinta
motivado a criar seus próprios materiais.
Reproduzindo materiais na forma
tátil



Réguas, esquadros, etc... com marcas táteis
Papel “estufante”
Capsule paper


Usa forninho
ThermoForm
Recursos Eletrônicos


CCTV
Lupa eletrônica
Adaptação Curricular

Será quase sempre necessária


Cada caso é um caso
Ex.: uma cartilha, em que praticamente todas as páginas
contém imagens e nas quais o formato das letras que
estão sendo ensinadas imita o formato da figura.


Como transcrever isso para um código puramente textual,
como Braille? Descrevendo as figuras? Neste caso, a razão
maior da existência das figuras perde totalmente o sentido.
Já para uma criança com visão reduzida, a ampliação em xerox
será suficiente? Talvez sim, talvez não. Pode ser que o
desenho ampliado fique tão grande que a criança com visão
lateral não consiga ter a noção do seu todo.
Adaptação curricular não é
simples


Realizada por profissional especializado.
Demorado, na medida em que material apresenta
incompatibilidades conceituais.

Material para adaptação deve ser entregue com muita
antecedência para equipe de transcrição.
Cão guia


É uma “tecnologia
animal”
Ajuda na orientação e
mobilidade
Exercício

Em uma sala de aula de primeiro grau será colocado no
próximo período um aluno com visão subnormal, que
apenas consegue ler letras enormes, de tamanho 30, a uma
distância de 5 cm do papel.


A escola é muito pobre, mas tem acesso amplo à compra de
material (barato) para uso por deficientes visuais.
Cite 3 recursos você criaria para ensinar-lhe conceitos
básicos de topografia dos rios brasileiros.

Lembre-se também de sugerir à direção da escola alguma
adaptação do livro texto que contém 50 páginas sobre este
conteúdo e cerca de 20 mapas coloridos, de complexidade
variada.
LILI - “... a idiota da ledora que estava comigo no
concurso público, que eu estava respondendo no
DOSVOX, me disse assim: - Você tem mesmo é
que largar essa coisa de computador, e dar mais
importância ao Braille e ao Sorobã, que são coisas
do mundo de vocês.”
STAR - “Ela é maluca”.
(Magda, estudante cega do interior do Paraná num
batepapo por Internet através do programa Papovox
com seu namorado Bernard, também cego, no
CAEC/UFRJ, em 25/05/2005).
Tecnologias assistivas baseadas
no uso do computador
Tenho 56 anos. Nasci quase cega e o Braille foi, até meus 50 anos, meu contato principal
com leitura e escrita, o que me permitiu construir uma fida profissional como
professora de Literatura. Eu comecei a escrever poesia com a idade de 13 anos.
Muito cedo eu desisti. Escrever sempre foi fácil para mim, mas mostrar o que eu tinha
escrito para outros era muito complicado. Poucas pessoas conhecem o Braille. Com
50 anos eu conheci o sistema DOSVOX e minha vida mudou completamente.
Eu pude publicar e divulgar meus poemas e hoje, com 4 livros publicados, alguns prêmios
em concursos literários, meus textos ganharam um portfólio mágico na internet,
próximo aos meus tapetes e pinturas. Eu larguei meus antigos hábitos, ganhei novos
amigos, um público diferente, muito maior que eu jamais sonhara. As listas de
discussão enriqueceram meu mundo, o correio eletrônico me aproximou de amigos e
da família, de forma que o tempo e a distância se transformaram em doces memórias.
Cada dia, mais e mais pessoas conhecem meu trabalho e o trabalho de outras pessoas cegas
em minha homepage (www.virginiavendramini.com.br).
Tecnologia de computação
a) sistemas com exibição sonora
b) sistemas com exibição tátil dinâmica
c) sistemas de ampliação de imagem
d) sistemas de transcrição de texto
e) dispositivos de telecomunicações
Deficiente visual
Síntese de voz: a chave do acesso


IBM Outload (Via Voice)
ScanSoft RealSpeak
Uso de computadores por DVs

Leitura e escrita foram tornadas
razoavelmente compatíveis e acessíveis


entre videntes e DV
Revolução cultural



Integração do estudante
Acesso a muito mais materiais didáticos
Produção cultural dos cegos facilitada
Softwares de voz no Brasil

Dosvox



Virtual Vision



mais de 10000 usuários
democratizou o acesso
iniciativa da Fundação Bradesco
reconhecimento Microsoft
JAWS
Visão subnormal

Ampliadores de tela



equipamentos especializados
Software Magic e LentePro
IBM WAT (Web Adaptation Technology).

Integração de diversas tecnologias num único
produto
Lentepro
No celular

Tecnologia para dar acesso aos menus, com
síntese de voz.


Talks (para sistemas com Symbian e agora
Windows CE)
Outros sistemas em desenvolvimento

Importância de Java
Conhecendo o DOSVOX
As fragilidades se expõem...

Cegos que não sabem Braille o suficiente
para ler de verdade


gravador e computador são mais práticos
Custo de produção do Braille
computadorizado



Custo das impressoras e do papel
Custo dos painéis braille para leitura direta
Instituições não produzem qualquer coisa
Usando um leitor de telas

Necessidade de decorar teclas de atalho:



Alt F4, Alt Tab, F1, F3, F10, etc...
Cada leitor de telas tem sua característica
de acessibilidade, ergonomia, interação,
etc...
Monitvox: o leitor do DOSVOX
Virtual Vision



Síntese de voz com detalhe do Windows, Office, Internet
Explorer, Lotus Notes e outros aplicativos específicos
como Skype e MSN, emuladores de terminais, aplicativos
de desenvolvimento e processos, etc.
A navegação é realizada por meio do teclado comum, por
onde se controla a leitura e a interação com o programa
alvo.
Distribuição gratuita a usuários finais: Bradesco e Real

Comercializado para empresas
Jaws

Leitor de telas profissional, de uso internacional





Mais poderoso do que Virtual Vision, embora
naquele as versões novas tendem a se aproximar.
Suporta todas as operações com o Windows,
incluindo muitas que não tem acessibilidade
originalmente.
Possui scripts para automatizar tarefas
Muito usado no Brasil, na forma pirata
Bastante caro
NVDA





Sistema de acessibilidade gratuito
Desenvolvimento por programador cego na
Austrália, versão atual implementada
colaborativamente.
Open source (Python)
Em desenvolvimento, mas já é muito usado
Boa alternativa para uso inicial em empresas e
para pessoas com visão reduzida.
Orca





Leitor de Telas para Linux
Em desenvolvimento, versões já estão ficando
estáveis
Programas precisam ter sido preparados para
acessibilidade: ainda há muitos sem
acessibilidade.
A acessibilidade em Linux está apenas começando, mas
tudo indica que rapidamente se terá boas soluções.
Empresas estão investindo.
Impressão Braille
Computadorizada



Porque as impressoras braille são tão caras?
Experimentando o programa Braille Fácil
Automatização não é 100% confiável
Livros falados



Solução tradicional: uso de fita cassete, mais
recentemente CD.
Problema: indexar o conteúdo, acessar
rapidamente um certo ponto.
Formato Daisy


Leitores e geradores Daisy
Word para Daisy
Outras tecnologias para DV





Produção automatizada de Braille
Acessibilização da WEB
Localização por GPS
Telefonia móvel falante
Bibliotecas digitais sonoras...
Discussão
O Dosvox é um sistema que apresenta grande simplicidade
de uso, grande abrangência de funções e excelente
feedback. Em contrapartida, o acesso que ele dá aos
utilitários comuns do Windows é um tanto restrito.
Os leitores de tela profissionais apresentam grande acesso
aos programas do Windows, mas apresentam dificuldade
operacional intrínseca ao fato de que o Windows
apresenta uma interface bidimensional, e desta forma
terão que ser usados macetes para acesso a todo
momento (teclas de atalho, por exemplo) para promover
a linearização.
O que é melhor para o cego? O que é melhor para quem
tem visão reduzida? É possível conviver com os dois?
Internet

Virtualização da comunicação


você pode se plugar no mundo sem sair de casa
Programas para o cego ter acesso

Dosvox provê inúmeras ferramentas


Leitores de tela e navegadores convencionais


correio, bate papo, telnet, navegador, intercâmbio de
arquivos
Virtual Vision, Jaws, etc... com excelente interface para os
programas convencionais.
Telefonia por Internet (VOIP): Skype e MSN são
muito usados
Internet: dificuldades

Homepages não são acessíveis




gráficos sem legendas
computação gráfica e animação
forma gráfica inadequada
Movimento pró-acessibilidade

lei nos Estados Unidos, provavelmente no
Brasil também
Dicas de acessibilidade para o
construtor de páginas





Evitar a utilização de frames nas páginas
Colocar uma descrição "ALT" para cada imagem
Colocar um "link" em todas as imagens da página
Não utilizar o recurso "IMAGE MAP", ou seja,
uma única imagem com um mapeamento para
diversos links
Evitar o uso de "applets java"
EDIN – fim da aula #2
José Antonio Borges
[email protected]
(021) 2598-3339
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EDIN-aula2