O conteúdo
A essência da revista:
Para o leitor, o conteúdo editorial é a revista. A
razão da compra. O que estabelece a relação de
fidelidade. Um vínculo que se constrói ao longo
do tempo, com a soma de todas as seções e
matérias, edição após edição, ano após ano.
Não uma, nem duas, mas mil ideias:
Conquistar um público cativo que garanta o
sucesso da revista depende de fazer o leitor
sentir-se parceiro em uma jornada. As etapas
dessa aventura se desenrolam pouco a pouco,
com cada seção e cada matéria. A seguir,
algumas considerações sobre a criação e
execução do conteúdo editorial.
Banco de ideias:
A capacidade de gerar ideias que agradam aos
leitores é o maior patrimônio de uma revista.
Não há limite para a quantidade necessária capaz
de garantir um bom conteúdo, edição após
edição. Quanto mais, mais apurada a seleção,
melhor a revista.
Ideias surgem nos lugares mais estranhos, pelas
mais estranhas razões e sem hora marcada. Por
isso escapam com facilidade. O registro e a
organização regular dessas ideias deve ser uma
das maiores preocupações do diretor de redação
para garantir que estejam disponíveis na hora
que precisar delas. “Ah, mas a equipe é pequena,
falta tempo para pensar; a pressão é grande. Não
há ambiente para ter tantas ideias!” Não é
verdade.
Platão disse que “a necessidade é a mãe da
invenção”. Sem recursos, você improvisa e, quem
sabe, inova. Além disso, acredite, a equipe
costuma cooperar mais e trabalhar melhor em
épocas de dificuldade. Em um único dia podemse encontrar ideias suficientes para várias
edições. Aqui está uma lista de fontes ricas e
renováveis que não dependem de dinheiro nem
de tempo, mas de mente aberta e sentidos
alertas.
O mundo lá fora:
O ambiente da redação não costuma ser o
melhor para se ter ideias – é tumultuado demais.
Se possível, faça reuniões fora. Pode ser num
restaurante, no meio do parque, na casa de
alguém. A equipe tende a se embotar com a
rotina e perder o contato
com a realidade e com o
leitor. Saia, almoce fora,
visite lojas, viaje, fale
com pessoas.
Reuniões de ideias:
Reuniões semanais com a equipe são uma
grande fonte de ideias. Uma reunião rápida – não
mais do que meia hora. Reuniões que não
acabam nunca tomam tempo da equipe,
costumam ser pouco produtivas, ninguém
aguenta e todos terão sempre uma desculpa
para não comparecer.
O objetivo dessas reuniões é levantar e registrar
ideias, não discuti-las ou montar pautas. Cada
participante traz suas ideias por escrito – para
evitar que a descrição de proposta vire uma
novela – e as lê em voz alta. Não há certo ou
errado nessas sessões, nada deve ser criticado ou
censurado.
Alguém deve se encarregar de recolher os
registros por escrito para em seguida alimentar
um banco de ideias. A equipe sente-se motivada
por participar das reuniões e, mais ainda,
quando uma de suas ideias é publicada. Além
disso, passa a ter consciência de que todos são
geradores de ideias, e não somente executores.
O dia a dia:
As boas matérias quase sempre estão na cara. Dê
uma olhada à sua volta. Seus amigos a parentes
fazem alguma coisa interessante? Alguém passou
por uma dificuldade ou experiência que vale a
pena ser contada? Anote tudo o que vier à
cabeça sobre seu primo ou aquela turma com
quem você joga cartas.
Pergunte, peça detalhes. Veja o que seu vizinho
tem para contar. Fale com estranhos – no taxi, na
loja, em qualquer lugar. As ideias podem vir de
uma visita à barbearia, onde os clientes
conversam sobre a calvície. A matéria? Uma
sobre a calvície e a vaidade masculina; outra
sobre o crescente consumo de produtos para
crescimento de cabelo; mais uma sobre novos
tratamentos para a restauração de cabelo; outra
ainda sobre a prevenção à calvície ou sobre a sua
aceitação.
Pode-se escrever sobre qualquer coisa: o livro
que estamos lendo, a notícia no jornal, um amigo
que acabou de fazer uma viagem, o sofá-cama, a
cirurgia do cunhado, o plantador de cana, a vaca
na fazenda do amigo, a sala do tribunal, o guarda
de trânsito, os aparelhos de cozinha, a loja de
ferragens, a feira, o mercado, sapatos que
apertam. Os temas corriqueiros e banais podem
se tornar interessantíssimos se forem enfocados
do ponto de vista do leitor, de suas ansiedades e
desejos.
Os cinco sentidos:
Ouvir:
Um jornalista aprende cedo
que pelo menos metade do
resultado do seu trabalho
depende de sua capacidade
de ouvir. Na sala de espera de
um médico, na fila do banco,
na pizzaria, na academia ou
no aeroporto, feche a boca e
preste atenção nos
comentários.
Ali podem estar boas ideias para serem
desenvolvidas. Num coquetel, o bate-papo
pode revelar uma nova tendência no mercado
financeiro; a maneira como as pessoas estão
vestidas, uma novidade da moda; a fofoca
circulante, um novo comportamento. As
pessoas no balcão do supermercado
reclamando do preço de determinado produto
podem motivar uma reportagem investigativa.
Olhar:
Um outdoor, ou um anúncio nos
jornais, nas revistas ou na tv,
pode disparar uma ideia; a
pressa das pessoas na rua, a
moça da bilheteria do cinema, a
senhora passeando com o
cachorrinho, o novo corte de
cabelo da recepcionista. Tudo
isso pode sugerir matérias sobre
pessoas que correm, outras que
passam o dia em contato com
pessoas.
Cheirar:
Um cheiro ruim na rua. Lixo? Gases poluentes?
Pode haver uma ideia aí.
Saborear:
Uma fruta diferente.
Uma nova receita?
Uma tendência na
culinária? Uma nova
espécie de
desenvolvimento? De
que país vieram as
sementes? A fruta
como componente de
um perfume?
Tocar:
A mão macia de um músico. Alguma ideia?
O sexto sentido:
Tendências são duradouras e influenciam a
sociedade mais do que modas passageiras.
Quem, anos atrás, previu a importância dos
produtos orgânicos estava atento.
Fatos da sua vida:
Sua história pessoal, o que você tem de
específico, o que o diferencia dos outros. Sua
matéria será única porque terá uma perspectiva
única.
Obsessão por recortes:
Do jornal, da revista, de um folheto, a conta do
restaurante, uma anotação num guardanapo de
papel, uma cor bonita para um layout.
Um olhar novo para a mesma ideia:
Há assuntos que interessam sempre e são
repetidos ano após ano cada vez com uma cara
nova, num novo contexto. A repetição não é
prejudicial desde que haja um intervalo de
tempo suficiente entre uma e outra publicação.
Além disso, a matéria nunca é escrita da mesma
maneira, pois a experiência modifica a
abordagem. É bom lembrar que os leitores não
são sempre os mesmos.
Outras revistas:
Todo mundo se inspira em todo mundo – os
europeus nos americanos, os americanos nos
europeus, os japoneses nos europeus, os
europeus nos chineses. Revistas internacionais
são uma generosa fonte inspiradora de ideias.
Além dessas, existem revistas que você nunca viu
– para médicos, advogados, revendedores de
automóveis; de companhias aéreas ou empresas
rodoviárias; de bancos, cartões de crédito, loja
ou associações.
Não se intimide em tirar ideias de outras revistas
e adaptá-las para você. Não falo de copiar, mas
de buscar inspiração e adequar a ideia ao estilo
da revista e à sua imaginação. No processo de
discussão, desenvolvimento e elaboração, essa
mesma ideia se transforma em algo
completamente diferente e original.
As seções fixas têm 3 importantes funções:
reforçar a personalidade da revista com sua
repetição contínua; estabelecer a relação de
familiaridade do leitor com a revista; encaminhar
e preparar para a leitura das matérias com maior
quantidade de texto e conteúdo mais denso.
Sumário – uma segunda capa:
É um recurso de venda do editorial, uma
extensão das chamadas de capa. Na banca,
muita gente consulta o sumário para decidir se
compra ou não o exemplar. Para aproveitar essa
oportunidade, o sumário deve apresentar o
conteúdo de maneira mais atraente possível. Há
revistas que dedicam 3 e até 4 páginas para essa
seção, com muitas fotos e chamadas. Com não se
espera que o leitor leia a revista toda, o sumário
é especialmente importante porque dá a ele a
chance de selecionar o que lhe interessa.
Fácil localização do conteúdo:
Essa é a chave do sumário. Se o leitor tiver
dificuldade em localizar o que quer, poderá
desistir da compra ou da leitura da revista. Falta
de lógica desanima e irrita o leitor – falta de
correspondência entre fotos e títulos.
A maioria das revistas organiza o sumário em 3
partes: seções, colunas e matérias. As matérias,
por sua vez, são agrupadas em departamentos
ou retrancas; economia, culinária,
comportamento. A ordem dos itens pode seguir
a numeração das páginas ou a organização do
conteúdo por seções e departamentos.
Em qualquer caso, deve ter uma hierarquia visual
que indique o que é mais importante na edição,
hierarquia que pode ser estabelecida pelo
tamanho e pela cor da tipografia. Os títulos das
matérias e números de páginas devem ser
destacados e colocados perto das fotos
correspondentes, junto com uma breve descrição
do assunto em questão. Evitar layouts
congestionados para não dificultar a localização
do conteúdo.
Lugar fixo:
A página do
sumário deve ter
um lugar fixo – de
preferência na
página 3 ou 5 – e
obedecer a um
padrão de layout
que o leitor se
familiarize com ele
e encontre
rapidamente o que
procura.
Espaço:
No mínimo, uma
página simples; uma
página dupla, é claro,
causa mais impacto
visual. Ainda 2 páginas
separadas, o que é
mais comum,
principalmente para
espelhar o sumário
com anúncios.
Títulos iguais aos das matérias:
Os títulos das matérias no sumário devem ser
idênticos aos do interior da revista para ajudar as
pessoas a identifica-las com facilidade.
Textos diferentes:
Os textos que descrevem o conteúdo, porém,
devem ser diferentes do título e do olho das
matérias, para não tirar a surpresa do interior.
Ligação clara com as chamadas de capa:
O que não pode acontecer é o leitor comprar a
revista por causa da capa e depois ter dificuldade
para encontrar as matérias. Evite gracinhas ou
conexões remotas. Fotos ou outros recursos
funcionam bem quando são facilmente
relacionados com as matérias, mas não quando
confundem o leitor.
Números corretos das páginas:
Parece óbvio, mas, acredite, acontece com
frequência das referências de página do sumário
não coincidirem com o número da página da
matéria no miolo da revista.
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História dos Movimentos Artísticos do Século XX