O conteúdo Expediente – quem é quem na revista: Costuma começar com os nomes do editor e da diretoria da empresa, seguidos dos nomes do diretor de redação e dos principais editores; depois vêm os dos editores-assistentes e colaboradores; pessoal da área comercial e da distribuição. Geralmente – até por uma questão política – os nomes da equipe e dos principais colaboradores são listados em ordem descendente de autoridade. Para a equipe, a inclusão de seus nomes no expediente assim como a sua ordem de colocação têm um valor significativo. A posição no expediente funciona como reconhecimento do trabalho e, para alguns, pode ser mais importante do que um aumento de salário. Coluna do diretor - intimidade: É uma boa oportunidade para o leitor ter contato direto com o diretor de redação e sua equipe, e sentir-se mais próximo da revista. O conteúdo varia de acordo com os objetivos da revista ou do diretor de redação: • Chamar a atenção para o conteúdo • Falar dos bastidores de execução das matérias • Comentar ou discutir os temas abordados na edição • Apresentar colaboradores • Dar informações sobre o contexto dos assuntos Cartas – a voz dos leitores: O leitor presta mais atenção na seção de cartas do que se imagina. Quando bem-editada, costuma ser uma das seções mais lidas da revista. Mostra que a palavra e as opiniões do leitor são apreciadas, além de ser uma boa oportunidade para ele se expressar e estabelecer um diálogo com a equipe de redação e com os colaboradores. Pode também ser um lugar para debates vivos e inteligentes. O leitor tem, assim, a chance de discordar das matérias publicadas ou da opinião de outros leitores, mostrar seu conhecimento sobre determinado assunto ou apresentar suas ideias sobre uma questão relevante. A seção de cartas muitas vezes recebe ouca atenção, porque se acredita que ela se resolve por si só: se a revista é interessante, automaticamente as cartas serão interessantes. Não é bem assim. Poucas revistas recebem muitas cartas que tratam de conteúdos polêmicos e acalorados. Muitas revistas com um editorial sólido têm dificuldade para fazer que sua seção de cartas seja compatível com o padrão das demais áreas da publicação. Esta seção deve merecer o mesmo cuidado de edição que se dedica às grandes matérias. Equilíbrio na seleção: Escolha cartas que abordem assuntos diferentes com opiniões a favor e contra. A não ser, é claro, que um deles tenha monopolizado a opinião dos leitores e mereça predominar. Ainda nesses casos, o melhor é que cada uma das cartas mostre um lado diferente da questão, e não seja uma repetição das outras. Não tenha medo de publicar cartas com críticas à revista e ao seu conteúdo. Essas são mais lidas do que as que elogiam. Quando a questão é controversa, justaponha cartas favoráveis às contrárias, para que o leitor se divirta com as diferenças de opinião e se identifique com um ou outro lado. Ninguém aguenta uma seção de cartas cheia de elogios: Esse é um espaço do leitor, um fórum de opiniões e debates, e não um lugar de autopromoção da revista. Títulos atraentes: Como em todas as outras seções e matérias, os títulos das cartas são feitos para chamar a atenção do leitor e merecem o mesmo cuidado e dedicação. Direto ao ponto: Evite publicar introduções do tipo “Fiquei comovido quando li...” ou “O artigo de fulano de tal é ótimo...” Vá direto ao assunto. Além de tornar o texto mais interessante, ganha-se espaço para publicar mais uma ou duas cartas e agradar um maior número de leitores. Texto autoexplicável: O leitor pode não ter lido a edição na qual foi publicada a matéria em questão, por isso, de alguma forma, o texto deve ter alguma referência sobre o assunto para localizá-lo devidamente. Edite as cartas quando necessário: As cartas podem ser ligeiramente editadas, especialmente para reduzir o seu tamanho e eliminar repetições, substituir palavras inadequadas, corrigir erros gramaticais ou comentários ininteligíveis. Lembre-se de, em algum lugar, avisar o leitor de que sua carta é passível de edição. Elementos gráficos para chamar atenção: Fotos, desenhos e subtítulos ajudam a dar movimento e tornar a seção mais atraente. Chamadas: Use para acentuar comentários ou destacar frases extraídas da correspondência. Respostas do diretor: É necessário dar uma resposta às cartas para: Corrigir: Quando alguém escreve para corrigir um erro publicado pela revista, o diretor pode querer admitir o erro e fazer a devida correção. Esclarecer: No caso de haver um protesto contra algo publicado e o diretor decidir manter o que foi feito ou dito, é importante que o leitor fique ciente. Informações adicionais: Cartas que pedem mais informações sobre alguma matéria merecem resposta, se possível com a informação desejada. Outros leitores podem estar interessados na mesma coisa. Encorajar o leitor a escrever: Uma coluna que mantém um debate vivo estimula espontaneamente mais correspondência. Entretanto, se o número de cartas não é suficiente ou se a maioria delas é impublicável, pode-se convocar a participação do leitor com um box ou coisa parecida no final da seção convidando-o a escrever. Colunas assinadas – prestígio e autoridade: É um espaço reservado para pessoas conhecidas ou respeitadas que conferem a revista certa credibilidade e com as quais o leitor se identifica. Podem ser escritas por pessoas notórias nas suas áreas ou especialistas em determinados assuntos. É preciso cuidado, porém, para que a coluna não seja posta a serviço do ego do colunista. A última página – algo memorável: Vale a pena reservar para a última página, ao lado da terceira capa, uma coluna ou seção atraente, para quem folheia a revista de trás para diante. No caso dos leitores que a folheiam de maneira convencional, da frente para trás, a última página pode ser programada para deixar uma lembrança, uma ideia ou uma imagem forte na memória do leitor. As matérias são as principais representantes do conceito da revista. Cada uma delas deve estar de acordo com sua missão e com a visão das necessidades e desejos do leitor: não apenas no que se refere ao tema, mas ao tom, à atitude e à abordagem. Um conjunto característico de uma determinada revista. Aqui estão os principais tipos de matérias e o que é relevante na execução de cada uma delas. Matéria noticiosa: Revistas não podem competir em atualização com a internet, o rádio, os jornais e a tv. Até no caso das publicações semanais, a notícia já está ultrapassada quando o exemplar chega ao leitor. O diferencial da revista, então, é a exploração do assunto em profundidade, a análise e a explicação. Relevância para o leitor: Os objetivos do jornalismo não se limitam a noticiar os fatos, mas também selecionar, orientar e educar. Infelizmente, os veículos noticiosos muitas vezes perdem a oportunidade de prestar um importante serviço ao leitor e ao cidadão: o de ajudá-lo a entender como as notícias afetam a sua vida para que ele possa formar sua opinião e agir no seu interesse. Como todos sabem, a força da opinião pública é o mais poderoso instrumento de mudança e evolução do país e de suas instituições. Nas redações, os profissionais são pessoas educadas e bem-formadas – algumas são especialistas em educação, política, ciência e assuntos internacionais. É comum terem uma atitude de condescendência para com pessoas com pouca educação e usarem termos e palavras que os leitores não têm obrigação de conhecer. Matérias com denúncias sobre corrupção, desonestidade política, má-gestão por parte dos governos e abusos por parte das empresas são escritas numa linguagem cifrada, cheia de jargões. É a notícia pela notícia, a informação pela informação, sem busca de entendimento e significado. Para a maioria dos leitores, trata-se de um amontoado de palavras que não leva a lugar nenhum. Para muitos deles, o poder público é uma abstração – gente que fala uma língua que não entendem e tomam decisões sobre o que eles não sabem. A boa matéria noticiosa estabelece um elo entre o leitor, a notícia e o poder público; a relação de causa e efeito entre o que acontece nos salões do Congresso e a vida do cidadão. O leitor não é uma abstração. É o povo deste país. Exclusividade: A garantia de exclusividade é essencial para matérias noticiosas em revistas. Especialmente no caso das mensais, que têm mais tempo de elaboração, é possível conseguir assuntos e entrevistas exclusivas. Novidade: Isso não quer dizer que o acontecimento seja necessariamente recente, mas sim que não chamou a atenção do leitor até então. Um fato dramático que envolve crianças e não foi abordado pelos jornais pode ser notícia em algumas revistas femininas. Um novo software é notícia numa revista de informática. Um novo material de revestimento é notícia para uma revista de construção. Surpresa: O elemento inesperado é central numa boa matéria. Chocante, alarmante ou divertido que provoque no leitor a vontade de procurar o vizinho, amigo ou colega para dizer “Você sabia disso?”. Fatos extremos são notícia: grandes números, grandes quantias, multidões, comportamentos radicais, emoções fortes. Gente: Muitas revistas dão a assuntos áridos um tratamento humano, colocando no centro das matérias uma personalidade proeminente na sua área de atuação que faz declarações dignas de notícia. As revistas de economia frequentemente utilizam esse recurso. Contatos e fontes: Não só os repórteres e editores devem manter uma lista de consultores e fontes, mas toda a redação – uma base de dados organizada e atualizada de fontes das diferentes áreas da revista para serem acessadas rapidamente. O mesmo se aplica a áreas do governo, seus membros e porta-vozes, empresas e executivos, sem falar, é claro, das quase infinitas possibilidades de pesquisa que a internet oferece. Reportagem investigativa: Baseadas em pesquisa e investigação elas expõem um escândalo, fazem denúncias, revelam a incompetência na gestão dos recursos públicos, o abuso de poder, crimes ambientais, corrupção política, crimes contra o consumidor, entre outras questões. Essas matérias requerem cuidado. Um erro pode trazer problemas para a revista e se tornar um desserviço ao leitor. Mais: o jornalista pode ser usado pelas fontes da notícia para tirar proveitos pessoais, atacar um adversário. Documentação é essencial (cartas, emails, cópias de cheques), e ética também – no afã de conseguir um furo, o jornalista pode se esquecer disso. Roubos, mentiras ou ameaças são antiéticos. Celebridades: Parte do interesse do público pelas celebridades está nas fantasias criadas a respeito de suas vidas. As pessoas imaginam que os famosos vivem num clima eternamente espetacular e fascinante, diferente da vida dos comuns dos mortais. Muitos se perguntam o que fariam se fossem ricos como eles e pudessem comprar tudo o que desejassem. Daí o sucesso desse gênero. Nos últimos tempos, porém, jornalista enfrentam uma questão ética: frequentemente as grandes estrelas tentam controlar a exibição de sua imagem. Algumas exigem que as fotos sejam feitas por profissionais de sua escolha e querem selecioná-las antes da publicação. Essa não é uma boa prática jornalística e, se possível, deve ser evitada. Enquete ou debate: Um grupo de pessoas opina sobre um determinado assunto. Quantas pessoas? Depende do espaço disponível e do aprofundamento pretendido. Quanto mais pessoas participarem, menos espaço para cada um desenvolver a sua opinião. Depoimento: A narrativa em primeira pessoa pode ser usada nas matérias em que o repórter é testemunha de um acontecimento ou quando passa pela experiência de viver um dia como garçom, por exemplo. Quanto mais especifica a experiência, melhor. Todos têm uma história para contar, como a situação difícil – sobreviver a um ataque de tubarão ou testemunhar um assassinato, por exemplo -, uma aventura bonita, perigosa ou engraçada; alguém que fez uma viagem ou participou de uma competição esportiva. Embora essas matérias sejam pessoais, devem ter um conteúdo universal para que o leitor se identifique com elas.