DIVULGAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE PIC NA REDE DE SAÚDE DO SUS DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA DE PIC NA REDE DE SAÚDE DO SUS OBJETIVO Apresentar estratégias de divulgação das PIC na rede de saúde do SUS orientadas para diferentes públicos. DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Existem duas redes de atores sociais ligados as PIC: a) rede formada na academia, desde os anos de 1980, composta por educadores, pesquisadores e estudantes; b) rede formada no SUS, principalmente a partir de 2006, configurada por gestores, profissionais e usuários DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Objetivos de divulgação para atores da rede formada na academia: Educadores – divulgar as possibilidades de formação de novos profissionais com as PIC no SUS Pesquisadores – divulgar a importância e alcance da temática das PIC para a produção de novos conhecimentos Estudantes – divulgar a possibilidade de trabalho com práticas não convencionais no sistema nacional de saúde brasileiro DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Objetivos de divulgação para atores da rede formada no SUS Gestores – divulgar experiências positivas e justificativas para implantação de PIC no serviço que coordena Profissionais – divulgar os arranjos possíveis para a oferta das PIC nas diferentes unidades do SUS Usuários – divulgar a potência, as vezes alternativa, outras complementar, das PIC para diferentes tratamentos crônicos e agudos DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Meta de divulgação para atores da rede formada na academia inclui a criação de materiais específicos para cada público, pois para: Educadores – é necessário divulgar COMO? PORQUE? ONDE? formar novos profissionais em PIC para o SUS Pesquisadores – é necessário divulgar a dimensão heurística das PIC para a produção de novos conhecimentos Estudantes – é necessário divulgar a FORMA, ALCANCE, SEGURANÇA, EFICÁCIA e outros aspectos do trabalho com PIC no cuidado e promoção de saúde DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Meta de divulgação para atores da rede formada no SUS inclui a criação de materiais específicos para cada público, pois para: Gestores – é necessário divulgar as evidências, justificativas e estratégias de convencimento, de superiores e subalternos, para a implantação de PIC Profissionais – é necessário divulgar as evidências, justificativas e estratégias de convencimento, de superiores, colegas e usuários do serviço, para a implantação de PIC Usuários – é necessário divulgar informações sobre o acesso, o uso racional, a segurança, a eficácia e a qualidade das PIC DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS DE DIVULGAÇÃO PARA DIFERENTES ATORES Assim, a divulgação dos programas de PIC na rede de saúde: – não deve se dar com um único material; – necessita apresentar aspectos específicos para cada grupo de atores envolvidos; – deve orientar-se para aprofundamentos sucessivos, sendo inicialmente de ordem informativa e, posteriormente, formativa; – Deve ser continua; – produzida pelas diferentes esferas de gestão das PIC, local, regional, estadual e nacional; – envolver também a população e utilizar todos os meios de divulgação disponíveis. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA Exemplo de avaliação quantitativa-qualitativa que mostrou um dos principais desafios das PIC no campo da saúde AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA “No Discurso uma Prática Baseada em Evidência, na Prática um Discurso Baseado em Preconceito” (Luz e Barros, 2012) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes • Estudo quantitativo e transversal, tendo como população total os 476 médicos matriculados nos programas de residência médica da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). • Amostra, calculada de forma aleatória e sistemática, composta por 220 residentes, computando-se uma perda de 20%, intervalo de confiança de 95% e erro alfa de 5%. • Foi utilizado um questionário com questões fechadas, sendo este respondido no total por 176 médicos residentes. • Estudo mostrou que 48,8% dos médicos residentes da FCM/Unicamp são contra o ensino da homeopatia na graduação. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes Estudo qualitativo complementar ao quantitativo, com 19 médicos residentes anteriormente entrevistados no estudo transversal, para compreender seu posicionamento contra o ensino da homeopatia na graduação médica. – – – – Os 19 participantes cursavam 15 especialidades médicas diferentes; 9 são do sexo feminino e dez do sexo masculino; a idade variou de 26 a 31 anos; o ano de conclusão do curso médico variou de 2002 a 2007, com prevalência 2006-2007 (79%); – 11 dos entrevistados são formados na FCM/ Unicamp e oito em outras sete diferentes instituições. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS • não houve nenhum discurso que pudesse ser classificado como objeção de consciência, • cinco, apresentaram relação com o desconhecimento • quatorze apresentaram forte associação com o que se define como preconceito, pois os médicos partiram de generalizações expressas por experiência pessoal, mostrando-se contrários a essa prática antes mesmo de conhecê-la ou estudá-la. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS Objeção de Consciência - é o que faz o indivíduo recusar-se a praticar ou agir segundo determinadas práticas que ele considera impróprias, porque contrariam o seu julgamento moral de acordo com crenças filosóficas e/ou religiosas. Tratase de um conceito mais reconhecido no meio médico, principalmente, nos debates da ética médica. Desconhecimento - não conhecer (algo ou alguém), não ter informação a respeito; ignorar; não identificar; não ter a certeza ou não se lembrar de algo que era conhecido; não ter experiência ou vivência de algo. (Houaiss, 2010) Preconceito - qualquer opinião ou sentimento, favorável ou desfavorável, concebido sem exame crítico; idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão; atitude, sentimento ou parecer insensato e de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância (Houaiss, 2010) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS Os extratos de discurso do entrevistados mostram a expressão do preconceito, pois para negar a homeopatia se constrói um discurso com base na falta de evidência científica e para justificar sua posição discursa-se com base na: experiência própria, falta de interesse e ideologia pessoal. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS – preconceito com base na experiência própria (E): Com base em que evidência você identifica esses pontos negativos da homeopatia? (R) Com base na prática clínica mesmo. (...) Eu nunca peguei assim de eu sentar e ler um estudo, já ouvi comentários de estudos que fizeram que nunca conseguiram comprovar a eficácia da medicação homeopática. Eu nunca peguei um estudo pra ler mesmo e nunca me interessei nem em procurar. (3) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS – preconceito com base na experiência própria (R): Porque eu acho que não tem embasamento cientifico muito grande. Eu acho que isso num nível de paciente que a gente tem, de baixo nível social, pode ser perigoso, acho que ele pode ser orientado por profissionais não habilitados. (...) Eu acho que a falta de respaldo científico. (E): Você se baseia em alguma evidência para identificar esse ponto negativo da homeopatia? (R): Experiência pessoal só, nenhuma evidência científica, nada disso. Experiência pessoal, dos meus pacientes. (12) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS – preconceito com base no desinteresse (R): Porque eu acho que não tem muito assim, evidência cientifica disso (homeopatia) e que, portanto não deveria ser ensinado. (E): Com base em que evidência você identifica esse ponto negativo da homeopatia? (R): É o que eu conheço sobre a homeopatia não tenho assim... É o que eu... a homeopatia parte desse principio de dividir um negócio várias, várias e várias vezes, diluir, né? Agora eu confesso que nunca estudei direito pra saber. (4) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA para a rede de Educadores, Pesquisadores e Estudantes RESULTADOS – preconceito com base ideológica (E): Você disse na pesquisa ano passado que a homeopatia não deveria ser introduzida na graduação como disciplina, por quê? (R): Porque pra mim não tem fundamento científico, a gente faz basicamente uma medicina baseada em evidência, como não tem nada que comprove, não tem o porquê tá incluído. (E): Com base em que evidência você identifica esses ponto negativo da homeopatia? (R): Ideologia mesmo, eu não acredito, porque nada me comprovou até hoje que funcione e todos os estudos que foram feitos, pelo menos que eu conheço, ou que eu ouvi falar, nenhum teve nenhuma prova que pelo menos, que pudesse suportar a ideia de que funcionasse. (E): Esses artigos que você disse que não comprova homeopatia, você leu, você foi atrás ou é mais do que você ouvi falar? (R): Eu li um, teve um estudo grande na Inglaterra, que não lembro o nome, não vou lembrar de cabeça. (9) IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO De acordo com o material produzido na sessão sobre a “Inserção das PIC na rede de saúde”, sabe-se que se deve buscar uma implantação das PIC de forma: – progressiva – com apropriação democrática dos processos de gestão – atendendo às especificidades locorregionais – contínua – cíclica IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO “Implantar” é um verbo que indica ação relacionada a: – “plantar” – “iniciar” – “realizar” – “executar” Uma estratégia clara de implantação é fundamental para a expansão sustentável das PIC, já que somente a regulamentação não garante isso. (Santos e Tesser, 2012) IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO “Implementar” é um verbo que indica ação relacionada a: – “implemento” – “dar prosseguimento a algo” (geralmente a um plano, a um programa ou projeto). Na fase de implementação atividades de apoio relacionadas à Educação Permanente em Saúde (EPS) é fundamental. A EPS relacionada às PIC é diferente de uma atualização teórico-conceitual, pois introduz outras visões, percepções e práticas ligadas ao processo saúde-doençacuidado-qualidade de vida inovando em relação ao modelo científico hegemônico. IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO Implementar EPS em PIC é trabalhar com a ordem da inovação e precisa que ser: – estrategicamente construída para informar, formar e transformar – contextualizada nos problemas específicos da unidade de saúde – orientada para categorias profissionais específicas e seus dilemas, em relação ao agendamento, por exemplo – orientada para a equipe e os desafios específicos para populações determinadas – orientada para o serviço e as demandas específicas do território IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO "avaliar” é um verbo que indica ação relacionada a: – determinar o valor de – compreender – apreciar A avaliação pode ser conduzida buscando: – intraconexões, nos laços que se criam e desenvolvem entre os profissionais de uma equipe ou serviço; – interconexão, nas relações entre os serviços de uma rede; – sistema, formado pelas intraconexões e interconexões entre profissionais, serviços e usuários. IMPLEMENTAÇÃO COMO SISTEMA PÓS-AVALIATIVO Assim • “implantar” marca o início (a execução) da introdução das PIC na rede de saúde • “avaliar”é parte do processo de acompanhamento das ações de implantação • “implementar” expressa a continuidade, prosseguimento, aprofundamento e ajuste da forma de implantação das PIC na rede desaúde Referências Bibliográficas Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/avaliar [consultado em 16-12-2013]. Luz, M.T e Barros, N.F. Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas em Saúde - estudos teóricos e empíricos. In: Campos, G.W.S.; Minayo, M.C.S; Akerman, M.; Drumond, M; Carvalho, Y.M. (orgs.). Tratado de Saúde Coletiva. Segunda Edição. São Paulo: Hucitec. 2012 SANTOS, Melissa Costa e TESSER, Charles Dalcanale. Um método para a implantação e promoção de acesso às Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva. 2012, vol.17, n.11, pp. 3011-3024.