20 DOMINGO, 21 DE AGOSTODE 2011 www.ovale.com.br CONHECIMENTO GRUPO JÁ TEM SÓCIOS EM SÃO JOSÉ Sociedade mundial busca pessoas com inteligência acima da média no Vale Entidade quer contato com pessoas do Vale que têm QI acima da média; região tem mais de 40 mil pessoas consideradas superinteligentes SAIBA MAIS XANDU ALVES SÃO JOSÉ DOS CAMPOS João Vitor Gonçalves Procuram-se pessoas superinteligentes na região. Elas formam um seleto grupo de 2% da população brasileira, em torno de 4 milhões de pessoas. Pela estatística, os superdotados chegam a 40 mil no Vale. Eles têm QI (Quociente de Inteligência) acima de 150, quando o valor médio mundial é 100. Encontrar esses prodígios é a missão da Mensa Brasil, sociedade formada por pessoas de alto QI. Fundada em 1946 na Inglaterra, a entidade reúne 800 membros no Brasil e 100 mil no mundo e quer ampliar suas atividades no Vale, especialmente em São José. “Temos interesse em promover a Mensa no Vale”, diz a presidente Cristiane Cruz. O objetivo da entidade é cultivar a inteligência, promover contatos intelectual- k SUPERDOTADO Quem tem alto desempenho ou grande potencialidade em capacidade intelectual, aptidão para matéria específica, criatividade, liderança, talento para artes, esportes ou atividade psicomotora k CARACTERÍSTICAS Alto grau de curiosidade, boa memória, atenção concentrada, persistência, autonomia, interesse por diferentes assuntos, facilidade de aprendizagem, iniciativa, liderança, originalidade e habilidade k COMO IDENTIFICAR Métodos para saber se alguém é superdotado: questionários, observação do comportamento, entrevistas, testes e escalas de características. Estimuladas, crianças superdotadas desenvolvem suas aptidões mente estimulantes e encorajar pesquisas. Usando a internet, o piloto de avião de São José Antonio Carlos Spiguel, 39 anos, se encontra com outros membros da Mensa. “A sociedade é propícia para conhecer pessoas interessantes”, afirma. Para ele, só um ambiente favorável não estimula a inteligência de um superdotado, mas a própria vontade da pessoa, de pais e professores. Em Taubaté, Isabella Guerrero, 17 anos, estuda mais de 8 horas por dia para entrar na faculdade de Direito. Uma das primeiras alunas do cursinho, ela sabe que, inteligência sem esforço, é como nadar sem direção. “Sou batalhadora”, diz a garota, que sempre tirou boas notas e gosta de estudar. Estímulo. Para identificar e estimular crianças com inteligência acima da média, a Secretaria de Educação de São José mantém desde 2007 o Programa Decolar. São 480 alunos, entre 11 e 14 anos, que têm contato com atividades fora do currículo escolar e em horário contrário ao das aulas. Tais opções servem para ampliar o leque de conhecimento, estimular a criatividade e o aprendizado dos adolescentes. “Cada aluno tem seu plano individual de trabalho e nada é forçado, mas feito a partir da vontade dele”, explica Marilza Coelho, coordenadora do Decolar. “Contamos com voluntários para explicar os assuntos aos alunos.” Robôs. Os interesses dos jovens são diversificados. As atividades dividem-se em criatividade, ciência e tecnologia e comunicação e humanidade. Aos 12 anos, o pequeno João Vitor Gonçalves está em dúvida entre engenharia ambiental ou mecatrônica. Não para as atividades no Decolar, mas para a faculdade. O menino pensa longe. “Gosto de estudar e quero um futuro melhor. Ficar brincando nas aulas não irá me trazer isso”, afirma. Márcio Luís Peres de Paula, 12 anos, acostumou-ser a ser chamado de ‘nerd’. Para ele, que ama xadrez, jogos de tabuleiro e robôs, não faz diferença as brincadeiras. Importa são as coisas novas que ele aprende no programa. “Para quem gosta, aprender é uma brincadeira, mas também é um compromisso”, afirma. “Quero ser jornalista”, diz Vinícius Carvalho, 13 anos, que já fez cursos de botânica, teatro, arquitetura, química e espanhol. E ele têm fôlego para mais. “Sou curioso.” l THIAGO LEON O menino Vinícius da Silva Oliveira Carvalho, de 13 anos, que participa do Decolar em cursos de botânica, entre vários outros DECOLAR Programa ajuda alunos inteligentes INTELIGÊNCIA Aluno superdotado pode ter problemas Professores da rede de ensino de São José estão de olho nos alunos. Quem demonstra interesse, raciocínio e aptidões acima da média é observado pelo pessoal do Decolar. O contato leva a um convite aos pais e aluno. No programa, ele recebe mais estímulos em atividades de sua escolha. A ideia é colocar o aluno em contato com as áreas e promover o aprendizado. l Crianças muito inteligentes podem ter dificuldade de relacionamento quando não recebem a devida atenção. Normalmente, elas são irrequietas, questionadoras e mais rápidas em aprender. A psicóloga Cristiane Cruz, presidente da Mensa Brasil, diz que pais e professores devem perceber essas aptidões e estimulálas. Se isso não ocorre, pode trazer frustrações no futuro. l