“POR UMA SOCIEDADE SEM
MANICÔMIOS”
Ou ressignificamos a Loucura ou
perpetuamos o preconceito e a
discriminação
Loucura:
Da desrazão à noção de sujeito portador
“A loucura, objeto dos meus estudos, era até
agora uma ilha perdida no oceano da razão;
começo a suspeitar que é um continente”.
Comentário de Simão Bacamarte, personagem
de O Alienista, de Machado de Assis.
Principais aspectos problemáticos do manicômio:
1) ao separar o sujeito do seu local de vivência, este se
afasta de suas referências de vida, que constituem sua
subjetividade;
2) cronifica o sofrimento, pois observamos nas histórias de
vida das pessoas que estão em tratamento, inúmeros
internamentos (às vezes dois ao ano).
Principais aspectos problemáticos do manicômio
3) promove práticas massificadas de tratamento:
salas de grupo terapêuticos com muitas pessoas
(às vezes mais de 40), oficinas terapêuticas que
desconsideram os gostos e desejos de cada sujeito,
pois têm de ser realizadas dentro do hospital;
4) distanciamento da família do processo de
cuidados, sem estar diariamente junto, não se coresponsabiliza pelo cuidado, assim a família não
“aprende” a se relacionar com o sofrimento.
Principais aspectos problemáticos do
manicômio
5) a lógica de tratamento manicomial tem a
função social de ser o espaço do sujeito
considerado improdutivo, incapaz de vender sua
força de trabalho e. portanto, de gerar lucro à
nossa sociedade, capitalista (que se produz a
partir de uma classe que produz a riqueza e
outra que a acumula).
Principais aspectos problemáticos do
manicômio
6) devemos observar que está em disputa não só
uma concepção de cuidados, mas também há
interesses privados em questão: a maior parte dos
leitos psiquiátricos no Paraná (financiados pelo
SUS) estão dentro de instituições privadas.
Caminho para a Desinstitucionalização:
Tratamento humanizado dentro dos
hospitais psiquiátricos: as comunidades
terapêuticas e a psiquiatria institucional
Salto qualitativo: superar a lógica do
tratamento isolado e construir serviços de
base territorial: a antipsiquiatria e a
psiquiatria italiana
Mudança de paradigma: A Desinstitucionalização
1 – questiona a dissociação entre a experiência
humana de adoecer e a doença (a depressão, a
esquizofrenia, a dependência de drogas) e traz a
idéia de que as diferentes formas de experiência de
sofrimento são sintomas que devem ser analisados
considerando todos os aspectos do ser humano (sua
relação com o meio social);
2 – trabalha o tratamento como forma de
cuidado, não busca a cura: procura contribuir
para que o sujeito transforme os modos de
viver e sentir o seu sofrimento, intervindo em
sua vida concreta (em casa, na comunidade,
no trabalho) que alimenta o sofrimento;
3 – desinstitucionalizar não é apenas
desospitalizar, mas é desfazer o aparato
institucional e cultural do isolamento, construindo
uma diferente maneira de a sociedade lidar com a
loucura: deve-se redefinir não somente as
instituições manicomiais, mas os conceitos,
práticas e valores acerca de como nos
relacionamos com o sofrimento humano – o nosso
e do outro. Hoje somos coagidos a não sentir
sofrimento.
4 - A Luta Antimanicomial questiona denuncia a
cronificação do modelo tradicional propondo um
diálogo entre a loucura e a razão, colocando-a
entre os homens e não dentro deles, ou seja,
como produto das relações sociais entre seres
humanos.
Contesta o poder instituído a alguns sujeitos da
sociedade para indicar quem está fora ou dentro
dos limites da normalidade.
Como chegamos lá?
1 – Como profissionais da área de saúde
mental: nos tornando o que chamamos de
técnicos-militantes, que atuam em serviços
comunitários (de base territorial)
estabelecendo práticas que promovem a
autonomia. Participando de movimentos
sociais que contestam a lógica hegemônica
nos campos político-jurídica e sócio-cultural.
2 - Enquanto usuários dos sistemas de saúde
mental e familiares, organizando Associações de
Usuários, e práticas que demonstram do que são
capazes os loucos (ex: rádio e TV TAM-TAM,
cooperativas de trabalho, voltar a estudar, sair às
ruas para manifestar-se). Assim como,
pressionando, enquanto sujeito social coletivo, as
instâncias governamentais a modificarem as
legislações para defender os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais (a Lei 10216 é
fruto de mobilizações por dez anos).
3 – Enquanto estudantes, da Psicologia e outras
áreas que têm como objeto de conhecimento o
homem e (também) seu sofrimento, cabe apoiar e
participar da luta antimanicomial através de sua
forma de organização, o movimento estudantil.
Este deve ter a Reforma Psiquiátrica como
bandeira de luta. O movimento estudantil também
deve ser instrumento para pressionar e contribuir
para a reformulação dos currículos, que não dão
base para atuar na área.
Movimento Social
“Por uma sociedade sem manicômios”
18 de maio: Dia Nacional da Luta
Antimanicomial
O movimento social
• A organização
dos encontros
de usuários e
familiares
• o usuário e a
família como
protagonistas
do processo
Diana
[email protected]
(41) 9151-1570
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