No que iremos nos transformar? Quais as atribuições do Professor?
Declarações de um Docente do Estado do Rio de Janeiro.
Pensou que sua Internet “grátis” não “iria“ prejudicar a quem quer que fosse?
Só beneficiar aos “Amigos dos Amigos”? Nada é de graça companheiro. Você já vinha
acumulando as funções de Orientador Pedagógico, Orientador Educacional,
Disciplinador, Amigo, Pai, Mãe, Familiar... Agora está “entrando” (Coca de 3 litros)
novas atribuições: “Guarda Patrimônio” (não se pode fazer aferição de presença com
um único leitor de cartão no portão da escola, ou exagerando, um por andar! Temos
que ter um por sala!!!!!! – Quero ver quem vai pagar a conta dos antialérgicos e os
futuros gastos com doenças transmitidas em ambientes com ar condicionado – Incrível!
Em plena era do combate ao aquecimento global, quando cientistas estudam cupins,
formigas, seres que vivem em comunidade e constroem casas com sistema de controle
de temperatura por convecção, usando o próprio calor para gerar correntes de ar
internas, usando o vento, o sol, verdadeiras casas inteligentes. Nós vamos adotar
casas BURRAS, que vão consumir quantidades enormes de energia – Quem vai pagar
essa conta? – Outra: IINFORMÁTICA (hardware) fica obsoleto rapidamente – corrosão,
quedas de tensão, pessoal não habilitado... Meu LapTop do governo, por exemplo, já
nasceu obsoleto!!! 512Mb de RAM com S.O. WinXP sem memória de vídeo (vídeo On
Board!!! Matou 128Mb da pereça) Celerom 1.8GHz... Tadinho, já nasceu velhinho!!!)...
Mas nada disso é pior do que, agora, termos que assumir o trabalho da Secretaria da
Escola! Coisa antiética e fora do “contrato de trabalho” assumido com o Estado! Na
minha escola ainda vamos ter que fazer os dois, o velho diário em papel e
desempenhar a transmissão de dados para o Banco de Dados da SEEDUC. Com o
tempo vamos ganhar menos para fazer mais... Mais trabalho dos outros! Com esse
“entra e sai do sistema” os meus 100 minutos por semana já vão ficar mais curtos,
fazendo como no “lindo” vídeo apresentado... Nossa! Vou virar um contador de alunos
e administrador de sistemas! O pessoal que trabalha com Espanhol... kkkkkkkk... Só
rindo mesmo amigos!
Agora vamos analisar o diz “o tal” Howard Gardner em Inteligências Múltiplas – A
Teoria na Prática – 1995 – Editora Artes Médicas:
Pagina 16
...
“O planejamento de minha escola ideal do futuro baseia-se em duas
suposições. A primeira delas é a de que nem todas as pessoas têm os mesmos
interesses e habilidades; nem todos aprendem de mesma maneira (E agora nós temos
os instrumentos para começar a tratar dessas diferenças individuais na escola). A
segunda suposição é uma que nos faz mal: é a suposição de que, atualmente, ninguém
pode aprender tudo o que há para ser aprendido. Todos nós gostaríamos, como os
homens e mulheres da Renascença, de saber tudo, ou pelo menos de acreditar no
potencial de saber tudo, mas esse ideal claramente já não é mais possível.
Conseqüentemente, a escolha é inevitável, e uma das coisas que gostaria de
defender é que as escolhas que fazemos para nós mesmos, e para as pessoas
que estão sob nossa responsabilidade, deveriam pelo menos ser escolhas
informadas (todos os grifos serão meus, não do autor). Uma escola centrada no
indivíduo seria rica na avaliação das capacidades e tendências individuais. Ela
procuraria adequar os indivíduos não apenas a áreas curriculares, mas também a
maneiras particulares de ensinar esses assuntos. E depois dos primeiros anos, a
escola também procuraria adequar os indivíduos aos vários tipos de vida e de opções
de trabalho existentes em sua cultura”.
“Eu gostaria de propor um novo conjunto de papeis para os educadores, que
poderia transformar esta visão em realidade. Em primeiro lugar, nós poderíamos ter o
que chamarei de ”especialistas em avaliação”. A tarefa dessas pessoas seria tentar
compreender, tão sensível e completamente quanto possível, as capacidades e
interesses dos alunos de uma escola. Entretanto, seria muito importante que os
especialistas em avaliação utilizassem instrumentos “justos para com a inteligência”.
Queremos ser capazes de observar, específica e diretamente, capacidades pessoais e
assim por diante, e não através das lentes habituais das inteligências lingüística e
lógico-matemática. Até o momento, quase toda avaliação dependia indiretamente da
medida dessas capacidades; se os alunos não são bons nessas áreas, suas
capacidades em outras áreas podem ficar obscurecidas. Quando começamos a tentar
avaliar outros tipos de inteligência diretamente, estou certo de que determinados
alunos revelarão forças em áreas bastante diferentes, e a noção de inteligência geral
irá desaparecer ou atenuar-se imensamente”.
‘Além do especialista em avaliação, a escola do futuro poderia ter o “agente do
currículo para o aluno”. Sua tarefa seria a de ajudar a combinar os perfis, objetivos e
interesses dos alunos e determinados currículos e determinados estilos de
aprendizagem. Incidentalmente, penso que as novas tecnologias interativas são
consideravelmente promissoras nesta área: no futuro, provavelmente será muito fácil
para esses “agentes” combinarem cada aluno com cada modo de aprendizagem mais
confortável para ele”.
“Eu penso que também deveria haver um “agente da escola-comunidade”,
que adequaria os alunos a oportunidades de aprendizagem na comunidade mais
ampla. A tarefa dessa pessoa seria a de encontrar situações na comunidade,
determinadas opções não disponíveis na escola, para as crianças que apresentam
perfis cognitivos incomuns. Eu tenho em mente aprendizados, atividades
acompanhadas por um mentor e estágios supervisionados em organizações, “irmãos
mais velhos”, “irmãs mais velhas” – indivíduos e organizações com os quais esses
alunos poderiam trabalhar para assegurar uma sensibilidade em relação a diferentes
tipos de papeis profissionais e de passa-tempo no sociedade. Não me preocupo com
aquelas ocasionais crianças que são boas em tudo. Elas vão se sair bem. Eu me
preocupo com aquelas que não brilham nos testes padronizados, e que,
conseqüentemente, tendem a ser consideradas como não tendo nenhum tipo de
talento. Perece-me que o agente da escola-comunidade poderia identificar essas
crianças e encontrar colocações na comunidade que lhes dariam uma chance de
brilhar”.
“Existe um espaço imenso nesta visão para os professores, igualmente, e
também para os professores-mestres. EM MINHA OPINIÃO, OS PROFESSORES
SERIAM LIBERADOS PARA FAZER AQUILO QUE DEVEM FAZER, QUE É ENSINAR
O ASSUNTO DA SUA MATÉRIA, EM SEU ESTILO DE ENSINO PREFERIDO. A
tarefa do professor-mestre seria bastante exigente. Envolveria, antes de tudo,
supervisionar e orientar os professores inexperientes; mas o professor-mestre também
procuraria assegurar que a complexa equação aluno-avaliação-comunidade estivesse
adequadamente equilibrada. Se a equação estivesse seriamente desequilibrada, os
professores-mestre interfeririam e sugeririam maneiras de melhorar as coisas”.
“Certamente, o que estou descrevendo é uma tarefa difícil; poderia inclusive ser
chamado de utópico. E existe um grande risco nesse programa, do qual estou bem
consciente. É o risco da destinação prematura – de dizer: “Bem, Johnny está com
quatro anos de idade, ele parece ser musical, então vamos mandá-lo para Juilliard
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Juilliard_School) e suspender todas as outras coisas”.
Entretanto, nada existe de inerente nesta abordagem descrita por mim que exija esta
supradeterminação precoce – muito pelo contrário. Parece-me que a identificação
precoce das forças pode ser muito útil para indicar os tipos de experiências dos quais
as crianças poderiam se beneficiar; mas a identificação precoce das fraquezas pode
ser igualmente importante. Se uma fraqueza é identificada precocemente, existe a
chance de cuidarmos disso antes que seja tarde demais, e de planejarmos maneiras
alternativas de ensino ou de compensarmos uma área importante de capacidade”.
“Nós agora temos os recursos tecnológicos e humanos para implementar
essa escola centrada no indivíduo. Conseguí-la é uma questão de vontade,
incluindo a vontade de resistir às enormes pressões atuais para a uniformidade e
para as avaliações unidimensionais. Existem fortes pressões atualmente, sobre as
quais você pode ler todos os dias nos jornais, para comparar os alunos, para comparar
os professores, até mesmo países inteiros, utilizando-se uma dimensão ou critério, uma
espécie de QI-universal. Evidentemente, tudo o que eu descrevi hoje se opõe
diretamente a essa determinada visão do mundo. Na verdade, a minha intenção é esta
– acusar formalmente esse pensamento de via única”.
“Eu acredito que temos três preconceitos em nossa sociedade, que apelidei de
“Ocidentalista”, “Testista” e “Melhorista”. O “Ocidentalista” significa colocar certos
valores culturais ocidentais, que remontam a Sócrates, num pedestal. O pensamento
lógico, por exemplo, é importante; a racionalidade é importante; mas eles não
constituem as únicas virtudes. O “Testista” sugere um preconceito no sentido de focar
aquelas capacidades ou abordagens humanas que são prontamente testáveis. Se ela
não pode ser testada, às vezes parece, não vale a pena prestar atenção a ela. O meu
sentimento é o de que a avaliação pode ser muito mais ampla, muito mais humana de
que é atualmente, que OS PSICÓLOGOS DEVERIAM PASSAR MENOS TEMPO
CLASSIFICANDO AS PESSOAS E MAIS TEMPO TENTANDO AJUDÁ-LAS”.
...
... “Se pudermos mobilizar toda a gama das inteligências humanas e aliá-las a
um sentido ÉTICO, talvez possamos ajudar a aumentar a probabilidade da nossa
sobrevivência neste planeta, e talvez inclusive contribuir para a nossa
PROSPERIDADE”.
Tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese.
Consultoria, Supervisão e Revisão Técnica da Tradução: Maria Carmem
Silveira Barbosa – Mestre em Educação; Professora da Faculdade de Educação da
UFRGS.
Amigos: No que iremos nos transformar?
Se você se sente “o camarada” que preenche todas as funções e está
pronto para fazer esta escola ideal, do futuro, surgir de um trabalho sério... Com
esse tipo encaminhamento a que estamos sendo submetidos... Sei não!!!!!!
Não sei se tenho inveja ou vergonha desses companheiros! Certamente
vão fazer besteiras, falo assim para ao menos... Quem sabe?... Ser Educado!?!?
Nessas horas sinto vergonha de ser Brasileiro!
Luiz Canelhas
[email protected]
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Besteiras de um professor!