A PRÁTICA DOCENTE EM SALA DE AULA: MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA Rosani Casanova JUNCKES1 RESUMO: O presente trabalho aborda o tema mediação, apresentando o projeto realizado pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que contempla a leitura, escrita e oralidade para alunos de turmas iniciais do Ensino Fundamental de Escolas Públicas. Atuam neste Projeto 20 bolsistas do Curso de Licenciatura Pedagogia da Unisul, que ministram aulas no contraturno. O projeto acontece nas seguintes escolas da Região da Grande Florianópolis: Escola Estadual Básica Professor Aníbal Nunes Pires, Escola Estadual Básica Professora Claudete Maria Hoffmann Domingos e Centro Educacional Municipal Governador Vilson Kleinubing, atendendo em número de aproximadamente 80 crianças, com faixa etária entre 8 a 10 anos num período de 2 meses.Pelos resultados apresentados,o trabalho vem mostrando a importância da mediação pedagógica nas atividades desenvolvidas,pois através de técnicas, brincadeiras, jogos, histórias e diferentes leituras,está refletido o desenvolvimento das crianças que, muitas vezes, se sentem tristes e excluídas por não conseguirem ler e/ou escrever. PALAVRAS-CHAVE: Formação; Alfabetização; Letramento; Mediação. 1 Introdução A interação entre professor e aluno vem se tornando mais dinâmica, devido aos avanços nos âmbitos social, educacional, tecnológico e de mercado. A globalização e as tecnologias de comunicação e informação proporcionaram também avanços no modo de vida das pessoas e conseqüentemente no trabalho e na educação. A atuação dos profissionais da área de educação vem se remodelando com a finalidade de atender às demandas dos alunos, não só transmitindo conhecimento, mas buscando a interação e estimulando os alunos para desenvolverem suas habilidades e concretizarem iniciativas e sonhos. Essencialmente, o profissional da educação necessita saber conceitos básicos, como: educação, sociedade, aprendizagem, conhecimento para o êxito da sua atuação. Da mesma forma, o professor precisa conhecer a realidade de seus alunos, como vivem e se relacionam com o meio, pois isso permite que ele se aproxime de sua classe. Compreendendo seus alunos, o professor tem a possibilidade de atuar e interferir positivamente no processo educacional e na formação desses indivíduos. Também, é importante que o professor conheça a escola em que trabalha qual seu papel na comunidade na qual estão inseridos, seus objetivos e valores, pois, conhecendo o ambiente como um todo é possível estabelecer formas de trabalho mais interessantes para professor e aluno. Como reforça Santos (2013), a educação deve não apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho, mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que ocupa. 1 Coordenadora de Área PIBID Grande Florianópolis. Especialista em Inclusão e Políticas Públicas- UNISUL 1 Nesse sentido, este artigo busca relatar como o projeto do PIBID vem contribuindo com a formação de alunos de turmas iniciais do Ensino Fundamental de Escolas Públicas, contemplando a leitura, escrita e oralidade, considerando o trabalho realizado pelos bolsistas designados para atuar no projeto. As avaliações a respeito dos resultados apresentados foram obtidas por meio de relatórios apresentados periodicamente pelos bolsistas. Esses relatórios retratam o panorama das classes estudadas em cada escola participante, possibilitando conhecer quais as necessidades dos alunos observados durante o projeto. 2 O processo de ensino-aprendizagem O conceito de aprendizagem está, muitas vezes, relacionado à educação e vice-versa. Dessa forma, a aprendizagem social é vista como instrumento de desenvolvimento evolutivo, desempenhando importante papel na aprendizagem dos próprios indivíduos que constituem as sociedades (LONGHI, 2008). Os participantes desse processo alunos e professores envolvidos em nossa sociedade são peças fundamentais em nossa sendo que desencadeiam vários comportamentos, discussões no que diz respeito a cultura e aprendizagem na escola. Para o autor supracitado, “a aprendizagem é produzida a partir da capacidade do indivíduo, integrante de sucessivas gerações (individual e coletivamente), de se apropriar de novos comportamentos que, de forma paulatina, incorpora aos demais conteúdos socioculturais da espécie”. (LONGHI, 2008, p. 131). O desafio de contribuir com a educação do jovem e do cidadão, num momento de mudanças e incertezas e a necessidade de resgatar valores tão importantes condizentes com a sociedade contemporânea leva o professor a entender que deve exercer um novo papel, de acordo com os princípios de ensino-aprendizagem adotados, como saber lidar com os erros, estimular a aprendizagem, ajudar os alunos a se organizarem, educar através do ensino, entre outros. (SANTOS, 2013). O professor neste processo de mediação deve proporcionar e saber lidar com as diferenças em sala de aula, levando em conta que as mudanças e acontecimentos em nossa sociedade acontecem no dia a dia, e na escola se dá a cada momento, por isso é necessário o professor estar atento e envolvido no processo em todo momento. O aluno precisa adquirir habilidades como fazer consultas em livros, entender o que lê, tomar notas, fazer síntese, redigir conclusões, interpretar gráficos e dados, realizar experiências e discutir os resultados obtidos e, ainda, usar instrumentos de medida quando necessário, bem como compreender as relações que existem entre os problemas atuais e o desenvolvimento científico. (SANTOS, 2013). Para que isso aconteça é fundamental e primordial a presença da mediação do professor pois faz com que o aluno se sinta estimulado e busque a querer e entender cada vez mais que é importante no processo de aprendizagem, sentido necessidade de buscar e querer cada vez mais aprender a aprender. Na visão de Habernas (1987 apud LONGHI, 2008), a aprendizagem promove o aumento da autonomia, o que possibilita novas formas de pensar e agir e, isso se incorpora as estruturas cognitivas humanas. Nesse sentido, que a confiança na capacidade de aprendizado do ser humano faz com que o papel do sistema escolar seja o de assegurar a aprendizagem da racionalidade comunicativa. Isso só será possível, a partir do momento que o professor assumir o seu papel de mediador do processo ensino-aprendizagem, favorecendo a postura reflexiva e investigativa. Desta maneira ele irá colaborar para a construção da autonomia de pensamento e de ação, ampliando a possibilidade de participação social e desenvolvimento mental, capacitando os alunos a exercerem o seu papel de cidadão do mundo. (SANTOS, 2013). 2 O mundo atual exige indivíduos capazes de recriar suas aprendizagens e de se adaptar às constantes mudanças. Por conseqüência, as instituições de ensino precisam renovar sua forma de compreender e de atuar diante desta nova realidade. (CENTRO..., 2013). Nesse sentido, ressalta-se o pensamento de Lima (2010, p. 63), quando comenta que, “cabe às escolas se prepararem para receber os alunos, oferecendo-lhes um ensino que os estimule no seu desenvolvimento, independentemente da cor, etnia, religião, sexo, deficiência ou classe social”. No entender de Cagliari (2009, p. 38), a questão metodológica não é a essência da educação, apenas uma ferramenta. Por isso, é preciso ter idéias claras a respeito do que significa assumir um ou outro comportamento metodológico no processo escolar. É fundamental saber tirar todas as vantagens dos métodos, bem como conhecer as limitações de cada um. A esse respeito, Freire (1996) menciona que os sistemas de ensino precisam fornecer o apoio necessário, favorecendo, inclusive, a qualificação do professor. Para o autor, antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica é indispensável que o professor se ache repousado, no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, reconhecer. Cagliari (2002) acredita que a escola moderna se envolveu num emaranhado de teorias e métodos, mas se afastou da realidade de seus alunos. Para o autor, o aluno não aprende porque a escola não ensina e não sabe ensinar, e os que aprendem o fazem em grande parte, apesar do que a escola ensina. Na visão do autor supramencionado, a escola usa e abusa da força da linguagem para ensinar a para deixar bem claro o lugar de cada um na instituição e até na sociedade. Fora de seus muros. A maneira como se fala, como se deixa falar, sobretudo como se pergunta e como são aceitas as respostas, muitas vezes é usada não para avaliar o desenvolvimento intelectual do aluno, mas como um subterfúgio para lhe dizer que é burro, incapaz ou excelente. (CAGLIARI, 2002, p. 25). Dentro das competências: científica, técnica, humana e política desenvolvidas pelo professor é essencial propiciar aos alunos condições para o desenvolvimento da capacidade de pensar crítica e logicamente, fornecendo-lhes meios para a resolução dos problemas inerentes aos conteúdos trabalhados interligados ao seu cotidiano, fazendo com que ele compreenda que o estudo é mais do que mera memorização de conceitos e termos científicos transmitidos pelo professor ou encontrados em livros (SANTOS, 2013). Transmitir conhecimentos e ensinar procedimentos não são suficientes para assegurar que o aprendiz torne-se um indivíduo autônomo, capaz de transcender e re-utilizar aprendizagens em diferentes contextos. (CENTRO, 2013). É necessário saber para ensinar. O professor deve se mostrar competente na sua área de atuação, demonstrando domínio na ciência que se propõe a lecionar, pois do contrário, irá apenas "despejar" os conteúdos "decorados" sobre os alunos, sem lhes dar oportunidade de questionamentos e criticidade. (SANTOS, 2013, grifo do autor). Professor deve ser criativo e não depender somente do que já esta pronto, mas poder utilizar novas técnicas por ele elaborada, sendo assim a diferença em sala de aula. Necessário é estar em constante aperfeiçoamento, buscando cada dia mais para evitar o tradicionalismo em sala de aula. Cagliari (2002) afirma que o professor precisa saber como acontece o processo de 3 aquisição do conhecimento de seus alunos, de como eles se situam em termos de desenvolvimento emocional e de como eles vêm evoluindo no processo de interação social, pois assim, o ele pode encaminhar o processo de aprendizagem de forma agradável e produtiva. Dessa forma, ele estará mais livre para selecionar métodos e técnicas, buscando os rumos e o ritmo que considerar mais adequados a sua turma, colocando sua sensibilidade acima de qualquer modelo pré-estabelecido. Adequar a metodologia e os recursos audiovisuais de forma que haja a comunicação com os alunos, é também, uma forma de fazer da aula um momento propício à aprendizagem. É importantíssimo que o professor tenha, também, competência humana, para que possa valorizar e estimular os alunos, a cada momento do processo ensino-aprendizagem. A motivação é imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo, pois bons resultados de aprendizagem só serão possíveis à medida que o professor proporcionar um ambiente de trabalho que estimule o aluno a criar, comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar idéias. (SANTOS, 2013). 3 O professor como mediador no processo de ensino-aprendizagem Na concepção de Vygotsky, o processo de aprendizagem humano é desenvolvido através da interação com o ambiente no qual ele está inserido. Trata-se de uma relação dialética, na qual o homem modifica o meio, e este o modifica. (COUTINHO; OLIVEIRA, 2011). Neste sentido, a teoria vygotskyana atribui muita importância ao papel do mediador – exemplo o professor – como agente impulsionador do desenvolvimento psíquico humano. (COUTINHO; OLIVEIRA, 2011). Sem dúvida, o professor além de ser educador e transmissor de conhecimento, deve atuar, ao mesmo tempo, como mediador. Ou seja, o professor deve se colocar como ponte entre o estudante e o conhecimento para que, dessa forma, o aluno aprenda a “pensar” e a questionar por si mesmo e não mais receba passivamente as informações como se fosse um depósito do educador. (BULGRAEN, 2010, p. 31). A formação na mediação da aprendizagem, cujos princípios são derivados da Teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada de ReuvenFeuerstein, tem por objetivo: desenvolver a consciência da importância do papel do mediador na promoção das habilidades cognitivas, afetivas e sociais inerentes aos processos de pensamento e de aprendizagem; apresentar e discutir os critérios necessários à mediação efetiva em vários âmbitos de interação: professor/aluno, terapeuta/paciente, gerente/subordinado, etc.; instrumentar os profissionais para melhorar a sua atuação como mediadores nos contextos acadêmico, empresarial, reabilitativo, social e familiar.(CENTRO..., 2013). Este curso de formação é composto de uma análise profunda dos seguintes aspectos: análise dos fatores relevantes que afetam a qualidade e a efetividade do processo de aprendizagem – Paradigma Holístico da Aprendizagem; a centralidade do papel exercido pelo mediador e suas implicações práticas no seu ambiente e na interação educativa ou reabilitativa; o desenvolvimento do pensamento e das habilidades de aprendizagem; os critérios de Mediação de Feuerstein e suas implicações práticas em situações de aprendizagem e a análise de extratos de filmes. (CENTRO..., 2013). Como mediadores do conhecimento, na fase de alfabetização das crianças, os professores precisam estar atentos aos diferentes acontecimentos que chegam a surpreendêlos, como por exemplo, ao verem de repente uma criança que até então parecia avançar no processo, dar um salto qualitativo no aprendizado da leitura e escrita. Estas questões quase 4 sempre estão ligadas aos acontecimentos que vêm de casa, tendo relação com o convívio com pais e amigos. Fontana (2000) afirma que é preciso que o adulto assuma o seu papel com o objetivo claro da relação de ensino (que é o de ensinar), levando em consideração a condição de ambos os lados dessa prática, como parceiros intelectuais, desiguais em termos de desenvolvimento psicológico e dos lugares sociais ocupados no processo histórico, mas por isso mesmo, parceiros na relação contraditória do conhecimento. Apesar de considerar a interação do meio na formação individual, Vygotsky não desconsidera as definições biológicas da espécie humana, mas afirma que estas são sobrepostas ao convívio com o meio, por exemplo, uma criança jamais aprenderá a escrever, apesar de ter habilidades para tal, se estiver no convívio de uma sociedade que não usa os signos para se comunicar. Entretanto, ao mudar para um ambiente onde as pessoas usem destes para manterem contato, possivelmente a mesma irá desenvolver a prática da escrita, que será viabilizada junto um agente que proporcione o desenvolvimento de tal destreza (COUTINHO; OLIVEIRA, 2011). Vale destacar que para que o professor tenha êxito em sua empreitada, a de educar, considera-se como um dos fatores importantes, a afetividade da relação aluno-professor em sala de aula, pois se deve levar em conta que muitas crianças não têm em casa o afeto necessário para alavancar sua autoestima. Entende-se que a afetividade em sala de aula pode auxiliar o professor e o aluno a atingirem seus objetivos, seja este para alfabetizar ou para a apropriação do conhecimento em classes mais avançadas. A afetividade surge à medida que os seres humanos estabelecem relações entre si e com a natureza, ocasião em que vivenciam emoções e sentimentos, isto é, reagem afetivamente aos acontecimentos. (ALMEIDA,1999). O desenvolvimento do ser humano e a consciência de si vão sendo construída pelo sujeito nas suas relações com o outro e isto acontece no dia a dia em sala de aula quando professor e aluno trocam momentos de afeição, respeito nisso resulta em um melhor aprendizado. O papel da afetividade processo de desenvolvimento da personalidade da criança é imprescindível, já que se manifesta primeiramente no comportamento e posteriormente na expressão. Além disso, a afetividade desempenha um papel fundamental na interação social da criança. As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente (ALMEIDA, 1999). O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar garantia as suas idéias, valorizar sugestões, analisar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando diferentes conversas. É preciso ter clareza de que cada aluno é diferente um do outro, com diferentes retornos da aprendizagem. Cabe aos professores verem como eles se desenvolvem, dentro de seus limites, mas sempre motivando e estimulando-os com mediação e propostas pedagógicas diferenciadas, que despertem a curiosidade e interesse por parte das crianças. É necessário que professor se torne criativo no momento de elaborar seus planos de aula, sempre procurando inovar e, assim, ministrar uma aula na qual os alunos possam interagir com entusiasmo, facilitando assim seu aprendizado. No caso dos alunos do PIBID, o professor precisa sempre buscar ver o que é necessário para cada criança, elaborar e colocar em prática seu plano para conseguir atingir seu propósito. A mediação, nesse caso, faz com que o aluno participe e se sinta parte desse processo. O que está à disposição dos professores hoje é um corpo de conhecimentos que, se não dá conta de tudo, pelo menos ilumina os processos através dos quais as crianças conseguem ou não aprender certos conteúdos (WEISZ, 2002). 5 Um grande contingente de crianças convive na escola restrita pelos textos e materiais didáticos que circulam em seu contexto social, limitado pelos seus espaços mediadores de práticas e em especial, por uma prática pedagógica que, assumindo a lamentação como escudo, se exime de realizar o que é preciso: esforçar-se por ensinar a ler, escrever, falar, a ouvir; esforçar-se por cada um a seu modo, suprir necessidades culturais que os outros espaços não são capazes de provocar. (MELLO, 2004, p.53). Outro aspecto importante quando se analisa a ação docente é que o professor hoje se mantém mais aberto a novas idéias e estratégias, ou seja, há uma tendência por parte dos professores em melhorar sua prática através da reflexão sobre a própria ação com o objetivo de superar suas deficiências e desenvolver aspectos positivos, tanto no que se refere à interação professor-aluno, como na qualidade do processo de aprendizagem (BORTONIRICARDO, 2008). Muitas vezes, o professor de sala de aula não utiliza métodos que facilitem o aprendizado de seu aluno especificamente, porém na sala do PIBID, onde acontece um aprendizado mais direcionado a criança com dificuldade, isso se torna um diferencial no trabalho realizado pelos bolsistas, pois a adaptação e estratégias utilizadas facilitam o aprendizado dessas crianças que são atendidas em pequenos grupos. Freqüentemente o discurso é diferente da prática, que é quando o verdadeiro aprendizado acontece. Os resultados positivos acontecem e é percebido por meio da melhora no desempenho escolar dessas crianças na sala regular, e, isso trás benefícios tanto para os alunos quanto para os próprios bolsistas que vêem o resultado de seus esforços. O modo como se entende e age a respeito da heterogeneidade possibilita não deixar o professor se abater pela adversidade e, até mesmo, de utilizá-la para crescer. Uma das causas do fracasso do ensino é que tradicionalmente, a prática mais comum era aquela em que o professor apresentava o conteúdo partindo de definições, exemplos, demonstração de propriedades, seguidos de exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, pressupondo-se que o aluno aprendia pela reprodução. Considerava-se que uma reprodução correta era evidência de que ocorrera a aprendizagem. Essa prática mostrou-se ineficaz, pois a reprodução correta poderia ser apenas uma simples indicação de que o aluno aprendeu a reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo. (SANTOS, 2013). Entende-se que, grande parte dos professores que atua nas salas regulares não apresenta a preparação adequada, pensando sempre que teriam em suas salas de aula alunos nota dez alunos exemplares, alunos que só lhe trariam alegrias. Neste caso, existe uma homogeneidade dentro das salas de aula, que se refere a padrões bem diferentes aos imaginados pelo professor. Por isso, a importância de se entender o trabalho que um professor mediador deve fazer para conseguir atingir seus objetivos. Sabe-se que nenhum professor, mesmo com todos os saberes necessários, conseguirá chegar a atingir todos os seus objetivos. Percebe-se que, mesmo com as necessidades dos professores explicitadas, diante dos conflitos e dilemas de suas atividades de ensinar, ocorre uma conscientização do professor de que sua prática envolve um comportamento de observação, reflexão crítica e reorganização de suas ações. (ALMEIDA; MENDES; HAYASHI, 2008). O trabalho realizado pelos bolsistas necessita encaminhar-se no sentido de promover atividades significativas para o aluno, que possibilite a reflexão e ação em direção a um processo melhor elaborado de construção seja de um texto, frase, leitura e até mesmo a fala. O desafio do professor está em integrar seus papéis, desempenhando-os de maneira que não estejam em conflito básico com seu autoconceito. Discrepância entre as expectativas da comunidade escolar sobre o professor e o que este espera de si mesmo, podem fazer do 6 ensino uma tarefa difícil e extenuante, resultando na instalação de um conflito psíquico, em que o educador sente-se confuso e inseguro em relação ao que realiza e o que acredita ser o ideal em sua tarefa pedagógica (LINDGREN,1971). Para Dolzan e Rego (1997), a idéia de mediação na escola, através de uma perspectiva de Vygotskiana, coloca que a construção do conhecimento está diretamente relacionada à interação entre sujeito/sujeito e sujeito/objeto. Desta forma, se pensa que, hoje em dia, muitas escolas valorizam a homogeneidade dos alunos podem não ser bem sucedidas em seus propósitos, pois, percebe-se, pela idéia de mediação e troca, que a heterogeneidade dos alunos tem grande importância. Isto acontece porque os “diferentes” podem ser mais criativos e compartilhar novos conhecimentos. 3 Considerações finais É importante salientar que a conquista o esforço de todos no Projeto PIBID tem trazido muitas alegrias, a superação e a melhoria no processo de ensino e aprendizagem. As crianças também têm se mostrado bastante abertas ao trabalho que vem sendo realizado, tendo em vista que algumas já apresentam mudanças notáveis tanto em sala de aula quanto em casa. Isso tudo gira em torno da perspectiva do fazer e aprender, na qual aluno e professor trabalham por um mesmo objetivo: aprender. O aluno aprende o conteúdo e o professor procura saber como utilizar os métodos de ensino que poderão lhe auxiliar para melhor ensinar as crianças. Estabelecer uma relação de confiança mútua é fundamental para minimizar a dificuldade comunicativa entre o professor e os alunos. Essa é a perspectiva da pedagogia culturalmente sensível e requer do professor sensibilidade e compromisso social que permita uma relação de igualdade e respeito, acreditando que todo aluno é capaz de construir uma aprendizagem significativa, independente da classe social a que pertença. Esta postura favorece o clima de confiança, permitindo que o aluno possa participar mais ativamente na construção do próprio conhecimento. Estudos apontam que as relações estabelecidas entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem são decisivas ao possibilitar a construção do conhecimento. Nesse sentido, a relação pedagógica do professor pautada no respeito e afetividade favorece a produção do conhecimento como prática humanizada. (BAIBICH-FARIA, 2004). Sentem vontade de ir à escola, buscam livros na biblioteca e, o despertar em querer aprender mais, se aflora a cada dia. Acredita-se que este projeto possa se expandir cada vez mais, trazendo resultados surpreendentes a cada dia no trabalho desenvolvido por estes acadêmicos, com a visão de que na sala de aula tudo é possível fazer quando se tem vontade, objetivos bem definidos e apoio de todos que convivem neste espaço. Cabe ao professor procurar mediar sempre, não só pensando no conteúdo em si, mas como é a relação do aluno com o conteúdo apresentando, sempre usando a criatividade e fazendo com que este aluno se sinta parte do processo de ensino-aprendizagem. Ao falar dos conhecimentos específicos para sala de aula é importante que o professor utilize sua criatividade para conseguir responder os porquês e dúvidas de seus educandos. Sabe-se da dificuldade que existe em se trabalhar com pessoas diferentes, no entanto é de fundamental importância que o professor consiga trabalhar com diferentes realidades num único ambiente, a sala de aula, considerando a realidade de cada criança, buscando atender a todos de maneira similar. O trabalho dos acadêmicos bolsistas do PIBID tem surpreendido, pois o planejamento e os métodos utilizados têm apresentado resultados positivos. No início do trabalho os bolsistas se sentiam inseguros, tendo em vista que a prática em sala de aula, o contato com o 7 aluno parecia ser algo distante. Atualmente estas questões estão superadas, pois os resultados e trabalhos são reconhecidos na comunidade acadêmica. Por fim, o desempenho, o trabalho desenvolvido e a participação de todos envolvidos no PIBID têm trazido um melhor entendimento do que é a formação para poder atuar em sala de aula, tudo gira em torno da mediação, todos são mediados para se ter um resultado que traz uma completa satisfação, resultados positivos que com certeza no desenrolar da profissão, no caminhar pela área da educação sempre levaremos algo que foi plantado e o PIBID têm esse papel fundamental, despertar para o aprendizado, para a mediação para a conquista no espaço educacional sendo ele na escola. Referências ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus,1999. ALMEIDA, Maria Amelia;MENDES, Enicéia Gonçalves; HAYASHI, Maria Cristina PiumbatoInnocentini. IV Temas em educação especial.Brasília/DF: CAPES- PROESP,2008. BAIBICH-FARIA, Tânia Maria; MENEGUETTO, Francis Kanashiro. Metodologia do ensino superior ou ética da ação do Professor. Curitiba: UFPR/GT: Didática, 2004. BORTONI-RICARDO, S.M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. BULGRAEN,Vanessa C. O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.4, ago./dez. 2010 CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 2002. ______. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 2009. CDCP - Centro de Desenvolvimento Cognitivo do Paraná. Mediação da aprendizagem. Disponível em: <http://www.cdcp.com.br/mediacao_aprendizagem.php>. Acesso em: 18 abr. 2013. COUTINHO, Jamile Serra; OLIVEIRA, Vinicius. Qual a importância da mediação no processo de aprendizagem? Disponível em: <http://vsos.blogspot.com.br/2011/01/qualimportancia-da-mediacao-no.html>. Acesso em 20 abr. 2013. DOLZAN, Cecilia:REGO, Tereza Cristina. Vygotski:uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes,1997. FONTANA, R.A.C. Mediação pedagógica na sala de aula. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,1996. LIMA. Priscila Augusta.Educação inclusiva: indagações e ações nas áreas da educação e saúde. São Paulo: Avercamp,2010. LINDGREN,H.C. Psicologia na sala de aula: o professor e o processo ensino-aprendizagem ao livro técnico. Rio de Janeiro, 1971, v. 2. LONGHI, Armindo José. Ação educativa e agir comunicativo. Caçador: Unc caçador, 2008. MELLO, M. C.; RIBEIRO, A. E. A. Letramento: significados e tendências. Rio de Janeiro: Wak, 2004. 8 SANTOS, Elenir Souza. Trabalhando com alunos:subsídios e sugestões: o professor como mediador no processo ensino aprendizagem. Revista do Projeto Pedagógico; Revista Gestão Universitária, n. 40. Disponível em: <http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_05Professor.htm>. Acesso em: 18 abr. 2013. WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002. 9