A GESTÃO ESTRATÉGICA
DO TERCEIRO SETOR
A GESTÃO ESTRATÉGICA DO
TERCEIRO SETOR
As questões acerca da gestão nas instituições que
formam o Terceiro Setor existem praticamente,
desde que as mesmas nasceram. Na verdade o
termo gestão era repudiado pelo Terceiro Setor por
se confundir com cultura e práticas típicas das
empresas particulares.
Segundo Peter Drucker “há 40 anos, gerência era
um palavrão nessas organizações”.
A GESTÃO ESTRATÉGICA DO
TERCEIRO SETOR
Mas o fato é que esse pensamento mudou
completamente e o que antes era proibido, hoje é
exigido. Atividades como realização de planos
estratégicos para definição de metas de pequeno,
médio ou longo prazos, passaram a ser vital para a
existência do Terceiro Setor. Isso porque a onda de
amadorismo que reinava nas instituições do
Terceiro Setor foi substituída pela prática
profissional séria e responsável daqueles que hoje
o formam. Nada mais óbvio que esses profissionais
busquem uma gestão eficiente na sua prática e
eficaz no alcance de resultados satisfatórios.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
O Terceiro Setor não possui seus modelos
próprios de gestão, porém, de forma
adaptada à sua atuação, se utiliza de
modelos de gestão tanto do setor público
como do setor privado. É uma adaptação
dos modelos dos dois outros setores para a
lógica do seu propósito.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
A inexistência de teorias administrativas específicas
para o Terceiro Setor dificulta muito os trabalhos de
suas instituições. Trabalhar baseado nas lógicas do
setor público ou do setor empresarial pode ser
perigoso no sentido da possibilidade de
influenciarem as instituições, podendo as mesmas
perder seu foco de atuação. Segundo
Luciana
Costa, Assessora de Comunicação do Instituto de
Estudos Socioeconômicos, “as instituições do
Terceiro Setor têm natureza e objetivos singulares:
não têm fins lucrativos nem fazem parte do Estado,
e se orientam por valores”.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
O mercado de cooperação internacional,
bem como as agências de cooperação
internacional têm sido atualmente, os
maiores influenciadores das práticas
gerenciais das instituições do Terceiro
Setor. Elas ajudam financeiramente as
instituições ao passo que compartilham com
as mesmas suas experiências na área de
gestão.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
A influência dessas agências se dá tanto na cultura
como também no modelo organizacional das
instituições. Elas também verificam de perto que
tipo de estratégia está sendo utilizado e quais as
possibilidades
de
alcance
dos
objetivos
pretendidos, para assim, começarem a “negociar” a
concessão de financiamento.
Algumas agências controlam diretamente toda a
movimentação financeira das instituições com as
quais possuem algum tipo de cooperação e
apresentam uma série de normas a ser respeita,
cujo repasse de verbas depende do respeito a
essas normas.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
O comportamento, bem como, o tipo de ação essas
instituições acaba dependendo da parceria que as
mesmas fazem. É uma influência quase que
inevitável e presente na maioria das instituições
que recebem financiamentos de outras empresas,
principalmente depois que os recursos deixaram de
enviados diretamente para as contas das ONG´s e
passaram a ser vinculados à realização de projetos
pré-aprovados pelos próprios investidores. A
utilização dos recursos se dá de forma gradual, ou
seja, a medida que as etapas previstas no projeto
vão sendo realizadas.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
Esses mesmos financiadores foram os responsáveis
pela profissionalização do Terceiro Setor, quando
passaram a privilegiar a entrada de pessoas
especializadas para o desenvolvimento dos trabalhos,
ao invés de voluntários.
A profissionalização muda o perfil da força de trabalho
do Terceiro Setor que não descarta o trabalho
voluntário, mas o une a uma mão-de-obra
profissionalizada e capacitada para a realização do
trabalho proposto pela instituição. Por exemplo, nas
escolas os voluntários que ajudavam nas tarefas das
crianças ou na preparação das merendas passaram a
receber o suporte de pedagogos e nutricionistas para a
orientação formal de suas atividades.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
Ainda segundo Luciana Costa “os que atuam em
ONG`s não são apenas os antigos voluntários ou
os românticos militantes, mas profissionais e
técnicos acostumados a imprimir uma cultura
pragmática às suas ações. A mudança de perfil do
grupo sugere a possibilidade de que o ambiente
tende a se tornar mais competitivo, mas os efeitos
disso demandarão tempo para serem mais bem
avaliados”.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Que modelo seguir?
Com a globalização as instituições do Terceiro
Setor passaram a sentir a necessidade de um
planejamento mais eficaz de suas ações futuras
para a garantia de um espaço político que lhes
desse tanto uma maior credibilidade, como maiores
possibilidades de novas parcerias.
Dessa forma, cada vez mais a gestão das
instituições do Terceiro Setor se assemelha a
administração das empresas privadas que formam
o segundo setor, principalmente em relação aos
seguintes pontos:
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO





Ambas necessitam do suporte direto de
administradores de excelente competência;
A delimitação de metas é de vital
importância para a realização de seus
trabalhos;
No gerenciamento e controle dos recursos
materiais e financeiros;
No desenvolvimento do trabalho em grupo
com base na cooperação mútua e;
Na profissionalização de sua força de
trabalho.
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Em relação aos pontos em que as mesmas se opõem
podemos destacar a diversidade de relacionamentos
que o Terceiro Setor é capaz construir, inclusive com
instituições fora de sua área de atuação.
Indústrias
Bancos
ONG’s
Igreja
Órgãos Públicos
O MODELO DE
ADMINISTRAÇÃO
Toda essa abrangente rede de relacionamentos
gera uma necessidade de desenvolvimento de
estratégias de relacionamento personalizada para
cada parceiro, termo dado aos investidores do
Terceiro Setor, antes chamados de doadores.
Outro aspecto que diferencia as instituições do
Terceiro Setor é em relação à sua avaliação de
desempenho, já que não existem indicadores
definidos para medir seus resultados. Enquanto no
Segundo Setor o volume monetário indica seu nível
de resultado, no Terceiro Setor esse parâmetro se
torna inválido, já que seus fins não podem ser
lucrativos.
A CAPTAÇÃO DE RECURSOS
PARA O TERCEIRO SETOR
Captar recursos para nada mais é que buscar
meios para sustentar uma determinada causa ou
entidade. Porém, a captação de recursos para o
Terceiro Setor deve ser avaliada de forma muito
especial, pois os fins jamais podem ser capitalistas.
Ao contrário, todo o volume monetário
movimentado pelas instituições que compõem o
Terceiro Setor deve ser utilizado para o pagamento
das despesas fixas e todo o restante revertido, seja
ele oriundo de doações ou de produção própria,
somente para causas sociais.
As Formas de Captação
de Recursos
Primeiramente, para que uma captação de recurso seja
favorável é de fundamental importância que as
instituições elaborem suas próprias estratégias de
comunicação com seus atuais e futuros doadores para
que os contatos desenvolvidos resultem em um clima
propício à doações voluntárias. Importante também que
a comunicação não seja realizada apenas no momento
de solicitação da doação. A manutenção de
relacionamentos agradáveis e duradouros pode
representar futuras doações. Mas, é bom deixar claro
que manutenção de relacionamento não tem nada a ver
com ligações quase que diárias para o doador. Isso, ao
contrário, poderá cansar os doadores e lavá-los a
buscar outra instituição para ajudar.
As Formas de Captação
de Recursos
Diversos são os meios que as instituições dispõem para
desenvolver uma comunicação eficaz com seus doadores,
como os contatos pessoais, os contatos telefônicos, e-mails,
cartas, enfim um mundo de possibilidades, porém, não se
pode esquecer que a criatividade é uma grande aliada e pode
ser explorada para chamar a atenção do público-alvo. Todo
material promocional precisa ser elaborado de acordo com a
missão da Instituição e deverá passar para a sociedade uma
imagem de organização motivada e atuante. A imagem de
“coitadinho” já não comove a sociedade, que prefere ajudar a
quem tem disposição para atuar.
Antes de pedir recursos à sociedade mostre-a que tipo de
instituição é a sua, os trabalhos realizados com seus
respectivos alcances, bem como suas pretensões. O futuro
doador se motiva ao ver em que seu dinheiro será investido.
A Auto-Sustentabilidade do
Terceiro Setor
Atualmente, algumas entidades que fazem parte do
Terceiro Setor vêm desenvolvendo seus próprios
produtos/serviços que acabam sendo consumidos pela
sociedade e gerando renda com essa atividade. Muitas
instituições já conseguiram inclusive fixar sua marca no
mercado. Mesmo nesse caso o lucro obtido não deve
ultrapassar os limites da instituição nem tão pouco
beneficiar a algum de seus administradores, uma vez
que a missão da mesma é realizar uma atividade
desligada de fins lucrativos.
Observar o cumprimento de sua missão deverá ser um
cuidado constante dos administradores das instituições
que fazem parte do Terceiro Setor.
Para Peter Drucker “a primeira tarefa do líder é de
conceber e definir a missão da instituição”.
Os Tipos de Financiamentos
para o Terceiro Setor



Recursos a Fundo Perdido – representam os recursos que
não são passíveis de juros e nem é exigido um retorno do
volume investido. Nesse tipo de financiamento apenas é
exigida uma correta prestação de contas demonstrando
verdadeiramente tudo que foi aplicado;
Linhas de Crédito com Juros Subsidiados – são espécies de
microcréditos oferecidos pelas instituições financeiras com a
vantagem de terem juros mais baixos que a maioria praticada
pelo mercado;
Incentivos Fiscais para Financiadores Privados – são
benefícios que o Governo oferece para empresas privadas
que desejem atuar no Terceiro Setor. A maioria desses
benefícios gira em torno de deduções de impostos como
compensação pelo serviço prestado.
Os Incentivos
As Doações
Analisando o conceito de doação segundo o
Código Civil Brasileiro veremos “doação é o
contrato pelo qual uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio, Bens ou vantagens
para o da outra, que os aceita”. Obviamente que
em relação aos bens públicos a doação deverá ter
um caráter totalmente voltado para o bem comum.
Vale a pena esclarecer que doação não é a mesma
coisa que patrocínio. Este último representa “a
transferência gratuita e definitiva de numerário para
entidades com ou sem fins lucrativos, para a
realização de projetos com finalidades sociais ou
institucionais”.
Os Incentivos
Os Incentivos Fiscais
As empresas privadas passaram a investir muito
mais nas instituições do Terceiro Setor desde que o
Governo as apresentou a possibilidade de
diminuição de pagamento de seus tributos caso as
mesmas passassem a ajudá-lo em relação às
questões sociais.
Captação de Recursos Privados
Captar recursos do setor privado significa
conseguir que empresas particulares destinem
algum tipo de investimento para causas sociais.
Parece fácil, mas podemos afirmar que se trata de
um trabalho extremamente difícil, principalmente
por questões culturais, ou seja, pela falta de
tradição que as empresas particulares brasileiras e
realizar investimentos no Terceiro Setor. Segundo
Marcelo Giovani da Costa “as empresas brasileiras
gastam em média quatro bilhões de reais por ano
em segurança patrimonial e pessoal de seus
executivos e apenas cinco mil reais por mês em
filantropia”.
Captação de Recursos Privados
Contudo, esse quadro vem se alterando na medida
em que cresce dentro das empresas o sentimento
de responsabilidade social. Fato que atinge não
somente as corporações, como também as
pessoas físicas.
As empresas contribuem com alimentos, máquinas,
remédios ou ainda com valores em espécie. Já as
pessoas individualmente além de oferecerem seus
trabalhos de forma voluntária, passam a adquirir os
produtos e/ou serviços de empresas doadoras e
assim, passam indiretamente, a contribuir
financeiramente com as instituições do Terceiro
Setor.
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