O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Muito se tem falado no vertiginoso crescimento que
o terceiro setor vem sofrendo, principalmente nas
duas últimas décadas, mas a dúvida é: este
recente, porém, bastante representativo setor da
economia tem mesmo ofertado um número pelo
menos significativo de oportunidades de emprego?
Será que o terceiro setor tem se tornado
economicamente tão expressivo que já existe uma
demanda de profissionalização personalizada para
ele? Se isso for verdade novas profissões surgirão
exclusivamente para alimentar esse setor. Mas,
vejamos...
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Quando as organizações do terceiro setor entraram
para atuar no mercado a maioria destas entidades
objetivavam realizar um trabalho meramente social
e quase sempre filantrópico. O planejamento era
pouco e os profissionais bem variados. Na verdade
quem podia ajudar era bem vindo. A força de
trabalho era representada por voluntários que
sensibilizados ou identificados com alguma causa
destinavam parte de seus tempo a esses projetos
sociais.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Hoje, esse quadro é bem diferente. O trabalho
especializado para o terceiro setor vem se firmando
e as remunerações já chegam a patamares iguais
as do setor privado.
Segundo Engel Paschoal, “para falar do Terceiro
Setor como gerador de emprego, é preciso
entender que ele é a oitava economia do mundo,
movimentando mais de US$ 1 trilhão por ano,
cerca de 8% do PIB do planeta. No Brasil, ele
representa R$ 10,9 bilhões anuais (cerca de 1% do
PIB), sendo R$ 1 bilhão em doações. Reúne mais
de 300 mil ONGs, além de fundações, institutos
etc., emprega cerca de 1,2 milhão de pessoas e
tem 20 milhões de voluntários. O Brasil é o quinto
do mundo em voluntários”.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Ainda não existem indicadores que possam mensurar com
perfeição a dimensão que o terceiro setor já representa e o
motivo disso reside no fato de que todas as pesquisas
realizadas acerca deste foram realizadas com objetivos bem
distintos, como distintas também foram as fontes. Tudo isso
dificulta um resultado preciso da atuação do terceiro setor.
Mas, ainda que não tenhamos estatísticas completas não
podemos negar a perceptível mudança social ocorrida a partir
das ações deste setor. A impressão é de que toda a
sociedade foi acordada para a necessidade de atuar em prol
da melhoria social. São adultos, jovens, crianças e idosos
atuando como co-responsáveis pelo bem da maioria.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Para que possamos ter uma idéia do crescimento
no número de empregos oferecidos pelo terceiro
setor, entre os anos de 1991 e 1995, o mercado de
trabalho brasileiro cresceu aproximadamente 20%,
contra 45% do mercado de trabalho gerado pelo
terceiro setor. Foram 340 mil novos postos de
trabalho gerados num curto período de cinco anos,
e o crescimento no número de vagas é de 5% ao
ano neste setor. São dados verídicos e que
chamam bastante atenção, além de irem em contra
a desmotivadora situação econômica do país.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
As pesquisas sobre o nível salarial no terceiro setor
apontam uma diferença salarial para menos em
relação ao setor privado, apesar disso muitos
profissionais têm sido atraídos. A explicação é que
apesar do salário ser menor, o produto de seus
trabalhos pode ajudar a tornar o mundo um pouco
melhor. Aí reside a maior motivação. É a
responsabilidade social individual falando mais alto.
Recentemente, um diretor de publicidade da
“Revista Veja” saiu para ganhar 10% a menos no
“Instituto Cultural Maurício de Souza”.
Aliás, ética e responsabilidade social são
características presentes em todos que atuam no
terceiro setor, sejam pessoas físicas ou jurídicas.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
Mas, desde quando o terceiro setor vem empregando?
Para responder a esse questionamento é preciso que
tenhamos em mente que o terceiro setor nasceu muito antes
do que se pensa. Alguns autores indicam que o surgimento do
terceiro setor no Brasil, coincide com a inauguração da
primeira Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, datada
de 1543, pouco depois do descobrimento do nosso país. Ao
considerarmos esse fato, podemos afirmar que nosso país
praticamente já nasceu com o terceiro setor.
A chegada da Cruz Vermelha do Brasil, em 1908, é outro
evento importante para o histórico do terceiro setor em nosso
país, assim, como o escotismo com sua missão de sempre
ajudar ao próximo através das ações dos escoteiros. Vale
lembrar que o escotismo surgiu na Inglaterra e dois anos
depois chegava ao Brasil.
O MERCADO DE TRABALHO
NO TERCEIRO SETOR
A tabela a seguir apresenta, em ordem cronológica de
fundação, as principais instituições brasileiras do
terceiro setor, bem como suas ações mais relevantes.
OS NEGÓCIOS NO
TERCEIRO SETOR
O crescimento do terceiro setor foi tão expressivo
que hoje, as empresas ao fazerem a planificação
das suas ações já as fazem com base em dois
aspectos: sob o ponto de vista ético e sob o ponto
de vista da responsabilidade social.
Toda essa preocupação é justificada pelo volume
movimentado anualmente que segundo o Conselho
da Comunidade solidária “o setor movimenta cerca
de R$ 12 bilhões por ano e emprega perto de 1,2
milhão de pessoas, além de atrair 1,5 milhão de
voluntários. O universo de doadores no Brasil é de
quase 15 milhões, responsáveis por um volume
que bate no R$ 1,1 bilhão.”
OS NEGÓCIOS NO
TERCEIRO SETOR
A expectativa é que esse número cresça já que as
instituições
estão
se
profissionalizando,
despertando assim o interesse de mais doadores.
Os que entram voluntários rapidamente se
profissionalizam e acabam sendo contratados
como efetivos. A procura pelo emprega no terceiro
setor vem aumentando a cada dia principalmente
pela abundancia de oportunidades, fato raro nos
outros setores da economia.
OS NEGÓCIOS NO
TERCEIRO SETOR
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Mas não tem sido tão fácil para o terceiro setor
estar nessa situação e hoje, os esforços giram em
torno de alcançar alguns desafios como:
Conscientizar a população acerca do que o terceiro
setor representa bem como, da necessidade que o
mesmo tem do trabalho de bons profissionais;
Prezar pelo fortalecimento de organizações que se
preocupem com a qualidade de suas gestões;
Estar sempre captando recursos para o sustento do
setor;
Conseguir o maior número de voluntários para
auxiliar as campanhas sociais.
OS NEGÓCIOS NO
TERCEIRO SETOR
São esforços que dependem diretamente das
ações do marketing no desenvolvimento de
campanhas capazes de alertar e sensibilizar a
população em geral da importância de sua
colaboração, bem como aos empresários a respeito
na necessidade de maiores doações.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
O Terceiro Setor no Brasil passa a partir dos anos
90, a ganhar bastante força no cenário econômico
do país. De um lado as empresas despertam para
a responsabilidade que possuem para com a
sociedade na qual e para qual atua. Por outro lado
na sociedade civil aflora um senso de cidadania e
responsabilidade, transformado em ações de
solidariedade e voluntariado, cujo comportamento
semelhante é cobrado das empresas privadas, uma
vez que o setor público não dava conta de suas
obrigações. Mas, até chegarmos a esse nível
passamos por uma grande evolução que iremos
dividir em fases a serem detalhadas seguir.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 1ª Fase
Como já mencionado em módulos anteriores a maioria dos
historiadores concordam que o nascimento do Terceiro Setor
no Brasil se deu com a inauguração da Santa Casa de
Misericórdia, primeira instituição filantrópica do país, instalada
na antiga capitania de São Vicente, hoje cidade de São Paulo.
Essa Instituição era administrada pela igreja católica que
recebia as doações oriundas principalmente de Portugal e
Espanha. Toda e qualquer doação era fiscalizada pela própria
igreja que também as administrava. A rigor as doações se
limitavam à área da saúde.
Vale ressaltar também a contribuição social das Ordens
religiosas das Carmelitas e dos Padres Beneditinos,
principalmente no cuidado à crianças órfãs, idosos e doentes.
Nessa época contribuição social era totalmente confundida
com caridade e as doações eram chamadas de esmolas.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 2ª Fase
Compreendida entre as década de 30 até 60, coincide com o
momento em que o país entrou na era da industrialização, cujas
mudanças foram sentidas em todas as esferas sociais. As principais
mudanças ocorreram em relação ao comportamento e estilo de vida
das classes sociais mais elitizadas, que com a chegada dos
produtos industrializados passaram a experimentar o consumismo,
tornando assim o Estado mais rico, assim como a classe de
industriais.
O governo Vargas torna o Estado o único detentor do interesse
público, quando edita em 1935, a “Lei Brasileira de regulamentação
das regras para declaração de utilidade pública Federal”, que
regulamentava os trabalhos das associações e fundações em
exclusivamente social e desvinculado de qualquer tipo de interesse
político ou econômico. Nessa época cresce a atuação filantrópica da
sociedade economicamente mais abastarda, representada pelos
grandes comerciantes e industriais, que destinavam parte de seus
lucros às instituições dirigidas na maioria das vezes por suas
esposas.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 3ª Fase
As décadas de 60 e 70 são marcadas por uma
sociedade amedrontada com o cenário político
repressor trazido pela ditadura militar. Muitas
instituições sociais, principalmente as de trabalhos
educacionais foram fechadas por serem caracterizadas
como subversivas. Com medo da repressão muitas
fecham suas portas, deixando desamparada uma parte
representativa da sociedade.
Por ouro lado, alguns movimentos se aproveitam da sua
condição de filantropia para organizar movimentos de
luta por direitos, cidadania e liberdade. Nota-se uma luta
que mescla a busca por melhores condições de vida
com a busca por uma liberdade política.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 4ª Fase
A partir dos anos 70 vemos nascer o período que
muitos autores chamam de “embrião do Terceiro
Setor”. A sociedade civil agora fortalecida agora se
une para se opor ao autoritarismo do Estado e
começa a multiplicar o número de Organizações
Não-Governamentais. A sociedade queria não
somente reaver seus direitos suspensos no período
militar, mas também exercer sua cidadania de
forma plena, com ações de representações sociais
mais abrangentes.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 5ª Fase
A partir dos anos 90 os três setores da sociedade: privado,
público e terceiro setor passam a desenvolver um tipo de
relacionamento mais aproximado e até então inédito.Pela
primeira vez o Estado reconhece as forças econômica e
social do terceiro setor.
O Estado passa a perceber que o Terceiro Setor desenvolveu
um número significativo e interessante de estratégias
diferenciadas para resolver velhos problemas sociais como
fome, desemprego e analfabetismo e começa a atuar
“copiando” tais estratégias.
O setor privado enxerga o Terceiro Setor agora não somente
como um canal promissor e merecedor de seus
investimentos. As doações deixam de ser esmolas e passam
a representar um capital investido, cujo retorno é líquido e
certo.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
A 6ª Fase
O ano de 2001 é decretado pela Organização das Nações
Unidas – ONU como o ano internacional do voluntariado.
Esse fato serve como inspiração para muitos movimentos de
caráter socialmente responsáveis como o desenvolvimento de
inúmeros projetos auto-sustentáveis e não mais as antigas
ações geradoras de dependência entre as esferas da
sociedade. As instituições passam a gerar seus próprios
recursos com a fabricação e/ou venda de seus próprios
produtos, não dependendo mais exclusivamente da boa
vontade dos doadores. Passam a oferecer importantes
serviços de excelente qualidade a sociedade em troca de
apoio às suas causas.
O TERCEIRO SETOR E
SUAS FASES
Segundo o Sebrae de Minas gerais “a colaboração entre os
três setores por meio de ações em parceria estabelece um
novo espaço de pensar e agir às questões sociais. A parceria
está representando a soma de esforços com o intuito de se
alcançar interesses que sejam comuns. É o espaço do
exercício da democracia que valoriza a co-responsabilidade
dos cidadãos nos diferentes setores dos quais eles
participam. Essa responsabilidade implica na alternativa de
compor projetos capazes de enfrentar fatores tais como: a
exclusão social, na destruição do meio ambiente, na explosão
populacional, no crescimento do narcotráfico, das doenças,
da pobreza, da falta de capacitação, do desemprego e
permitir mobilizar recursos, meios, instrumentos e pessoas
com capacidade e segurança de implementar trabalhos de
interesse da humanidade”.
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