Universidade de Brası́lia Departamento de Matemática Cálculo I Prova 2 - 1.o /2003 - 02/06/2003 – Gabarito – 1) Em um experimento, um pequeno foguete é lançado por meio de motores que imprimem uma aceleração positiva ao foguete. Pouco depois, os motores são desligados, o foguete continua a subir até alcançar uma altura máxima para, em seguida, começar a cair em queda livre. Instantes depois, abre-se um pára-quedas que reduz a velocidade de queda e impede que o foguete se danifique ao pousar. A figura abaixo ilustra o gráfico da velocidade do foguete, em m/s, a partir do lançamento. Observação: os items dessa questão diferiam de prova para prova, e segue uma solução que responde a todos eles. a) Sobre o instante em que os motores foram desligados. 150 100 Solução: os motores foram desligados no instante em que a velocidade começou a diminuir, isto é, em t = 20. PSfrag replacements b) Sobre o instante em que o foguete alcançou a altura máxima. 50 0 20 40 60 80 100 120 –50 Solução: o foguete alcançou a altura máxima em t = 80, pois é o instante em que a velocidade se anula. c) Sobre o instante em que o pára-quedas foi aberto. Solução: foi no instante t = 100, em que a velocidade de queda do foguete muda bruscamente de comportamento, passando de decrescente para crescente. d) Sobre o intervalo de tempo entre o inı́cio da queda e a abertura do pára-quedas. Solução: entre o inı́cio da queda em t = 80 e a abertura do pára-quedas em t = 100 decorreram 20 segundos. e) Sobre o comportamento da função s(t), que descreve a posição do foguete no instante t, em uma vizinhança do instante t0 = 20. Solução: indicando por v(t) a velocidade do foguete no instante t, tem-se s0 (t) = v(t), e portanto s00 (t) = v 0 (t) é a aceleração do foguete. Do gráfico percebe-se que, em uma vizinhanção de t0 = 20, v 0 (t) > 0 para t à esquerda e v 0 (t) < 0 para t à direita desse instante, e portanto t0 = 20 é um ponto de inflexão de s(t). 2) Suponha que um barco seja puxado para o cais por uma corda presa à sua proa, situada 6 m abaixo do apoio da corda no cais, conforme a figura abaixo. Suponha ainda que a corda seja puxada com uma velocidade de 2 m/s. Nesse caso, o comprimento c(t) da corda entre a proa e o apoio, a distância d(t) do barco ao cais e o ângulo θ(t) entre a corda e a vertical são funções do tempo t. Denote por t0 o instante em que c(t0 ) = c0 m. Observação: nessa questão, o comprimento c0 diferia de prova para prova, e segue uma solução que responde a todos os casos. a) Calcule o valor de d(t0 ). c(t) rag replacements Resposta: θ(t) d(t) 6 d(t0 ) = q c20 − 62 m Solução: basta utilizar o Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo de lados d(t0 ), c(t0 ) e 6 m. b) Calcule a derivada d0 (t0 ). Resposta: −2 c0 d0 (t0 ) = p m/s c20 − 62 Solução: novamente por Pitágoras, segue-se que as medidas c(t), d(t) e 6 estão relacionadas por c2 (t) = d2 (t) + 62 . Derivando implicitamente essa igualdade com relação ao tempo e isolando d0 (t), obtémse d0 (t) = c(t) c0 (t)/d(t). Observe agora que c0 (t) = −2, uma vez que a corda está sendo puxada com uma velocidade de 2 m/s. Após esta observação, basta substituir t = t 0 na expressão de d0 (t), usar o resultado obtido no item a) e os valores de c(t0 ) = c0 e c0 (t0 ) = −2. c) Calcule o valor de tg(θ(t0 )). p c20 − 62 tg(θ(t0 )) = 6 p Solução: a tangente de θ(t0 ) é igual à medida d(t0 ) = c20 − 62 do cateto oposto dividida pela medida 6 do cateto adjacente. Resposta: d) Usando os itens anteriores e a regra da cadeia, calcule a taxa de variação de θ(t) no instante t0 . Resposta: θ 0 (t0 ) = −12 p rad/s c0 c20 − 62 Solução: em um instante genérico t, tem-se tg(θ(t)) = d(t)/6. Derivando esta igualdade em relação a t, obtém-se que ( 1 + tg2 (θ(t)) ) θ 0 (t) = d0 (t)/6. Bastaqagora isolar θ 0 (t), susbtituir t = t0 e usar os valores já calculados de tg(θ(t0 )) = q 0 d (t0 ) = −2 c0 / c20 − 62 . c20 − 62 /6 e 3) Conforme ilustra a figura ao lado, as áreas dos retângulos inscritos na circunferência √ 2 2 x + y = 16 podem ser calculadas por meio da função A(x) = 4 x 16 − x2 , com x ∈ [0, 4]. a) Calcule os pontos crı́ticos da função A(x) no intervalo (0, 4). y Solução: para x ∈ (0, 4), a derivada A0 (x) é dada por 8 − x2 A0 (x) = 8 √ . 16 − x2 PSfrag replacements x Assim, √ o único ponto crı́tico da função A(x) é x = 8. b) Determine os intervalos de crescimento e os de decrescimento da função A(x). Solução: o sinal de A0 (x) é igual ao sinal do polinômio 8 − x2 , que é positivo no √ √ 8) e negativo no intervalo ( 8, 4). Daı́ segue-se que A(x) é cerscente em intervalo (0, √ √ (0, 8) e decrescente em ( 8, 4). c) Determine os intervalos em que a concavidade do gráfico de A(x) é voltada para baixo e os intervalos em que concavidade é voltada para cima. Solução: a derivada segunda da função é igual a A00 (x) = 8 x (x2 − 24) . (16 − x2 )3/2 e o sinal de A00 (x) é igual ao sinal do polinômio x (x2 − 24). Ora, este polinômio é negativo para x ∈ (0, 4), e portanto A00 (x) < 0 em todo o intevalo aberto (0, 4). Segue-se que A(x) tem sempre concavidade voltada para baixo. d) Esboce o gráfico de A(x). Solução: utilizando as informações obtidas nos itens anteriores e os valores A(0) = 0 e A(4) = 0, obtém-se que o gráfico de A(x) é como ilustrado abaixo. PSfrag replacements √ 8 4 4) Suponha que, na produção de uma lata de refrigerante, o custo do material da lateral e do fundo é de uma unidade monetária por centı́metro quadrado, mas para o material da tampa esse custo é de 98/27 unidades monetárias. Suponha ainda que a lata seja cilı́ndrica de raio r cm, altura h cm e que o volume seja constante e igual a 53 π cm3 , conforme ilustra a figura abaixo. r a) Obtenha a expressão da altura h em função do raio r e do volume da lata. Solução: o volume V da lata é dado pela área da base π r 2 vezes a altura h, isto é, V = π r 2 h. Usando que V = 53 π cm3 e isolando h na igualdade anterior, obtémse h = h(r) = 53 /r 2 cm. h PSfrag replacements b) Calcule a área lateral L(r) da lata em função do raio r. Solução: substituindo h = h(r) na expressão da área lateral L = 2 π r h, obtém-se L(r) = 2 π 53 /r. c) Determine a função C(r) que, a cada r, associa o custo de produção de uma lata de raio r. Solução: a soma das áreas lateral e do fundo é igual a L(r) + π r 2 , enquanto que a área da tampa é π r 2 . Considerando o custo destes materiais e a expressão de L(r), segue-se que C(r) é dada por 53 98 2 C(r) = 2 π + π r2 + πr . r 27 d) Calcule o valor r0 que minimiza o custo de produção, justificando a sua resposta. Solução: é claro que C(r) > 0 e, estudando o comportamento desta função com r → 0 + e r → ∞, obtém-se lim+ C(r) = lim C(r) = ∞. r→0 r→∞ Assim, C(r) possui um ponto de mı́nimo r0 no intervalo aberto (0, ∞), e portanto r0 é um ponto crı́tico de C(r). A derivada C 0 (r) é dada por C 0 (r) = −2 π 53 98 +2πr + 2 π r. 2 r 27 e os pontos crı́ticos são as soluções da equação C 0 (r) = 0. Calculando, obtém-se que o único ponto crı́tico é r = 3. Como r0 é necessariamente um ponto crı́tico da função, segue-se que r0 = 3.