Discurso de Posse da Gestão Oscar e Ivanise Gostaria de cumprimentar o Prof. Amaro Lins e em seu nome cumprimentar todas as autoridades presentes na mesa. Agradecer a presença do meu pai que durante mais de 4 décadas serviu a esta Universidade e sempre me serviu de exemplo, o da minha querida mulher Lígia Lacerda e registrar com pesar a ausência de minha amada mãe que nos deixou o ano passado.Agradecer de modo especial todos os aqueles que realizaram nosso Núcleo Pedagógico.Agradecimentos especiais a Ângela, Janete, Thiago, Rafaela, Valquíria, Sr.Brito,Daniele e a nova funcionária Eveline com a qual renova as boa vindas, pessoas que nos acompanham no dia a dia da Coordenação. Este momento que marca o início de uma segunda gestão como Coordenador do Curso de Medicina da UFPE, agora ao lado da Profa. Ivanise Torres é de reafirmação dos compromissos assumidos em nossa primeira gestão ao lado do companheiro Prof.Marcelo Salazar quando nos propusemos a melhorar o Curso de Medicina e de buscar a consolidação de maiores avanços. Agradeço Marcelo. Durante estes dois anos nos posicionamos como Coordenadores e como equipe de Coordenação com base nos seguintes princípios operacionais: Mobilização docente e discente com gestão participativa; Articulação político-institucional com a Reitoria, Articulação político-institucional com a rede de serviços; Comunicação permanente com professores e estudantes mediante uma política de informação e comunicação virtual e direta, Qualificação da formação, mediante a adoção de instrumentos de avaliação discente e docente, Construção de ações de intercâmbio Internacional de qualidade e melhoria das condições de infra-estrutura do curso como um todo. O trabalho desenvolvido apontou para vários desafios e potencialidades internas e externas. Entre as potencialidades internas tem sido fundamental a participação efetiva de um grupo de docentes que passou a integrar a gestão do Curso de Medicina através da criação do NÚCLEO PEDAGÓGICO, o NUPED, que durante 62 reuniões semanais atuou e vem atuando como principal elo de discussão, proposição e ação coletiva do Curso de Medicina. Um segundo potencial que marcou durante estes dois anos a gestão tem sido a participação qualitativa dos estudantes de medicina que, a partir do DAMUC (Diretório Acadêmico de Medicina Humberto Câmara) tem proporcionado intervenções em torno das principais necessidades de mudanças na graduação que sempre foram tratadas por nossa gestão como ações propositivas, a exemplo do Movimento GRITEM – Grupo Integrado pela Transformação da Educação Médica que teve o apoio do Prof.Fernando Meneses e representou uma iniciativa singular e importante por parte dos estudantes, na qualificação do nosso modelo pedagógico. A participação docente e discente em torno do NUPED atuou e atua como o principal motor das ações realizadas. Para nós, isto demonstrou o quanto é necessário fazermos para trazer de volta o espírito de lutas por melhorias do curso e da própria sociedade no qual estamos inseridos. Era necessário trazermos uma GESTÃO VIVA, MOBILIZADORA, permanentemente próxima dos problemas do dia a dia do curso. Enfim, romper com o quadro de distanciamento e de desmobilização docente que predominava no curso. Temos consciência de que as mudanças realizadas possam ser consideradas tímidas se comparada aos desafios históricos que o curso ainda apresenta, mas identificamos no dia a dia um valor significativo do trabalho realizado ao observarmos que agora há, por parte de um grupo de docentes e discentes uma vontade coletiva de retomada do espírito de mudanças no Curso de Medicina. Um espírito de mudança que precisava ser resgatado internamente. Afinal de contas fica muito difícil aceitar que as transformações requeridas pela sociedade na formação e na prática médica passem ao largo deste curso. Sabemos que historicamente o Curso de Medicina da UFPE sempre teve uma importância social de destaque, seja pela competência na formação de seus médicos, seja na produção científica e na prática médica com profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente. Porém, esta realidade vem mudando em todos os seus aspectos. Convivemos, desde 1975, com a perda da sede da antiga Faculdade de Medicina como espaço gerador de identidade e de convivência. Tal perda também desencadeou danos no poder de regulação, de gerenciamento e de força política e institucional do Curso, gerando desafios sobretudo em sua capacidade de promover formas e práticas de integração, quer internas, entre professores vinculados a departamentos fragmentados em áreas de conhecimento que pouco dialogam, quer externas, com pouquíssimos docentes participando dos processos de acompanhamento das práticas desenvolvidas nos serviços. Mesmo em um contexto de apoio político-institucional do Ministério da Saúde e do diálogo atual que historicamente nunca vivenciado entre os Ministérios da Saúde e da Educação, explicitando políticas de Estado, mediante programas como o Pró-Saúde, PET-Saúde, Residências Multiprofissionais, Residência de Medicina da Família e da Comunidade, comprometendo o que rege a Constituição Brasileira ao assegurar ao Sistema Único de Saúde como espaço ordenador de recursos humanos na saúde. O desafio de construirmos uma prática articulada entre ensino e serviço tem mostrado a importância da figura do preceptor como parceiro fundamental na formação médica. O valor da preceptoria exercida nos três níveis de atenção básica, média e alta complexidades é para nossa gestão de importância crucial para o desenvolvimento de práticas de qualidade. Nesse sentido, estaremos assumindo para os dois próximos anos uma política de apoio, acompanhamento e formação dos preceptores que permita a sua valorização na formação médica. Este desafio deve ser de todos nós. A busca da institucionalização da relação dos serviços e preceptores e os cursos da área de saúde de nossa Universidade. Ainda nos referindo à fragmentação entre as áreas de conhecimento, queremos avançar na construção de uma cultura avaliativa dentro do curso. Precisamos fazer da avaliação um instrumento de formação e não de punição. Realizamos a primeira Avaliação dos Docentes pelos Discentes, que deverá ser tornar periódica e estamos realizando a primeira Avaliação Docente com base no conceito de competências tendo como objetivo reconstruirmos juntos o Perfil do Egresso do Curso de Medicina da UFPE, tornando-o mais próximo das competências, habilidades e atitudes necessárias a um médico generalista, inserido em nossa realidade. Nesse processo, os desafios estiveram presentes todos os dias, de todas as ordens e estes precisam ser compartilhados por todos. Precisamos viabilizar um espaço de integração para a convivência entre discentes e docentes e que também permita servir de referência pedagógica com atividades inovadoras na formação médica, com laboratórios modernos e funcionais. Precisamos qualificar as ações de parceria com os serviços para uma efetiva integração entre escola, serviços e comunidade. E finalmente a pergunta que no momento ressoa: O enfrentamento destes desafios interessa a quem? A quem interessa o fortalecimento do Curso de Medicina da UFPE, numa realidade que é ditada pelas leis de mercado, que privilegiam o ensino instrumental em detrimento da qualidade de uma formação orientada pela ética, competência técnica e compromisso social? A quem interessa buscar formas de integração deste ensino com a organização da rede de saúde que tem um papel constitucional de ordenar recursos humanos comprometidos com a realidade de saúde da população? A quem interessa formar os docentes para o aprendizado de práticas pedagógicas mais adequadas à relação com os estudantes? A quem interessa formar médicos que possam exercer práticas de alta competência profissional, com atitudes e habilidades para lidar com um ser humano inserido num contexto cada vez mais complexo? A quem interessa valorizar a preceptoria, em seus três níveis de atenção: primária, secundária e terciária como práticas formadoras do profissional médico? A quem interessa criar laços com outros cursos de saúde por compreender que o cuidar das pessoas é um ato socialmente compartilhado por várias competências? A nós, que fizemos e fazemos o Curso de Medicina, interessa. É com este espírito que renovamos nossa gestão. A condição para a mesma ser exitosa dependerá de todos nós. Fazer a entrega do Projeto da sede do Curso de Medicina da UFPE.