SUSANA ANTUNES DE FREITAS Área de Especialidade: Formação de Professores - Educação Especial As recentes publicações da OCDE e do CNE colocam a tónica na formação de professores, como resposta eficaz ao melhoramento da educação. Estando este estudo integrado num ciclo de ensino avançado sobre formação de professores, onde se procura entender os fenómenos educativos atuais e construir conhecimento útil para o progresso e a mudança, parece-nos pertinente apostar numa dimensão pessoal e profissional do professor, como uma mais-valia para o entendimento das próprias práticas e convicções, dando voz aos protagonistas da cena educativa. O desafio do estudo que nos propomos fazer baseia-se em trabalhar um conjunto de auto-narrativas temporais, onde se compreenda o percurso de cada docente de educação especial nos seus diferentes momentos, projetando a sua imagem e experiência de vida pela sua própria voz. Partindo de marcos temporais delineados, identificar-se-ão diferentes gerações de docentes de educação especial, acrescentando, assim, um elemento histórico a esta investigação. A análise das auto-narrativas cruza-se com a própria história da educação especial em Portugal e da formação de professores desta área. Ora, assim sendo, impõe-se a questão de partida: Que imagem têm os docentes de educação especial sobre si próprios, enquanto profissionais? Ouvir os docentes, entender o seu percurso, estudar a forma como se veem, enquanto profissionais, pode permitir entender como podemos estar mais próximo dos contextos reais e das necessidades verdadeiras. É preciso saber/conhecer a profissionalidade dos docentes, para organizar de forma mais eficaz a sua própria formação. Só com os nossos professores, que são o elo de ligação de todo o sistema educativo, é possível desenvolver políticas e mudanças educativas de sucesso. Dentro da evolução da formação de professores poderemos ver como são inúmeros os acontecimentos que marcam a história recente da educação especial, onde a designação dos cursos se vai modificando a par das evoluções sentidas na própria conceção da educação especial. A designação de “Professores de Crianças Anormais” (anos 40/50) passa nos anos 60 a “Professores de Crianças Inadaptadas”, nos anos 70 a “Professores de Crianças Deficientes”, no início dos anos 80, a “Professores do Ensino Especial” e, a partir de 1985, passam a designar-se “Professores de Educação Especial”, sendo estas mudanças um espelho das conceções que se tinham sobre os alunos. Será interessante ver como os docentes, sobretudo os mais experientes, que integram o estudo, sentem o “peso” destas designações e como as mesmas contribuíram para a forma como se veem, enquanto profissionais. Neste “debate” será curioso analisar estas conceções à luz das suas idades, pois a amostra terá uma ampla variação cronológica e questionamo-nos se isso terá influência na forma de ver a realidade. Traçados ficam desde já alguns objetivos que avançamos, tais como i) Compreender o percurso formativo de cada docente, tendo em conta a sua idade e o enquadramento nos marcos históricos definidos neste estudo; ii) Delinear momentos comuns ou tipicamente intrínsecos à carreira de docente de educação especial; iii) Percecionar de que forma as vidas: pessoal e profissional se (entre)cruzam. docentes de educação especial, narrativas, autoimagem, história da educação especial