FUNÇÕES DA LINGUAGEM Noções Preliminares Em geral, o objetivo dos processos comunicativos é o convencimento, ou seja, a tentativa de levar o outro (o destinatário da mensagem) a: 1. Assumir o seu ponto-de-vista; 2. Aceitar sua argumentação; 3. Apreciar sua forma de se manifestar artisticamente (alcance do prazer estético); 4. Adquirir o conhecimento que você possui e deseja transmitir; etc. Funções da Linguagem Visando a esse convencimento, as funções da linguagem correspondem aos diferentes artifícios empregados pelo produtor da mensagem para atingir seu objetivo. • Cada um desses artifícios está associado a um elemento diferente do processo comunicativo (o emissor, o destinatário, o fato em si, a forma do texto, o conteúdo do texto, ou o contato). • Os diferentes artifícios produzem formas distintas de atração/convencimento. • 1. Função EMOTIVA (ou expressiva) Centrada no produtor, emissor da mensagem (EU). Atração/Convencimento através de autopromoção (tentação) ou de compaixão alheia. 1. Função EMOTIVA Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (Fernando Pessoa) Eu que queria tanto ter alguém Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém Longe de mim nada mais faz sentido Pra toda vida eu quero estar comigo Eu me amo, eu me amo Não posso mais viver sem mim (Ultraje a Rigor) 1. Função EMOTIVA 2. Função APELATIVA (ou conativa) Centrada no receptor, destinatário da mensagem (VOCÊ). Atração/Convencimento através de sedução ou de provocação (processos de manipulação). 2. Função APELATIVA Você É mais do que sei É mais que pensei É mais que esperava, baby Você É algo assim É tudo pra mim É como eu sonhava, baby (Tim Maia) Ouça-me bem amor Preste atenção, o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos Vai reduzir as ilusões à pó. Preste atenção querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás a beira do abismo Abismo que cavastes com teus pés (Cartola) 2. Função APELATIVA 2. Função APELATIVA 3. Função METALINGUÍSTICA Centrada no códigos utilizados para cada tipo de mensagem (O FAZER). Atração/Convencimento através da demonstração dos processos produtivos de cada texto. 3. Função METALINGUÍSTICA O maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... (Machado de Assis) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intacta. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. (Carlos Drummond de Andrade) 3. Função METALINGUÍSTICA 4. Função POÉTICA Centrada no resultado expressivo da mensagem (A FORMA). Atração/Convencimento através do inusitado, da inovação na estrutura ou da perfeição formal do texto. 4. Função POÉTICA Vozes veladas veludosas vozes, Volúpia dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (Cruz e Souza) (Augusto de Campos) 4. Função POÉTICA O poema “Viva vaia” (Augusto deCampos) foi dedicado a Caetano Veloso e até mesmo inspirado pelo compositor de “É proibido proibir”. Sua coragem perante vaias e abusos do público do III Festival Internacional da Canção (São Paulo, 1968) constituiu motivo de admiração. (Projeto Tropicália - Ana de Oliveira) 4. Função POÉTICA 5. Função REFERENCIAL (ou denotativa/informativa) Centrada no fato a ser transmitido pela mensagem (O CONTEÚDO). Atração/Convencimento através da objetividade e da velocidade na transmissão do fato. 5. Função REFERENCIAL As mitocôndrias são organelas presentes em todas as células eucarióticas podendo ter formas e tamanhos variados, possuem grande mobilidade, localizando-se em sítios intracelulares onde há maior necessidade de energia, pois sua função principal é a produção de ATP. (Bionet - UFTM) E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha – segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas – os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. (Pero Vaz de Caminha) 5. Função REFERENCIAL 6. Função FÁTICA Centrada na manutenção do contato entre os interlocutores (o DIÁLOGO). Diferentemente das demais, não visa ao convencimento. Deve garantir que a comunicação se mantenha. 6. Função FÁTICA – Olá! Como vai? – Eu vou indo. E você, tudo bem? – Tudo bem! Eu vou indo, correndo... E Você? – Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... – Quanto tempo! – Pois é, quanto tempo! (...) (Paulinho da Viola) Eu descobri um mundo teu e ele é manso Sem perceber tive paz e só me dei conta Quando eu te vi e perguntei: – Como é que vai você? Tudo bem? (Rodrigo Amarante) 6. Função FÁTICA