1 Faculdade XV de Agosto, Socorro SP dezembro/2004 Ferramentas de gestão para a agricultura familiar: o uso de sistemas de custeio e indicadores de desempenho. De: Timóteo Ramos Queiroz – XXVII EnANPAD – 2003 Por: Evandro Pereira de Morais – Denilson Torricelli Curso: Administração de Empresas – 4.º semestre/2004 Palavras-chave: Agricultura familiar – Produtores rurais – Ferramentas gerenciais Ao longo dos anos a agricultura vêm tomando um espaço significativo no mercado brasileiro, gerando grandes mudanças na economia do país e contribuindo assim para o desenvolvimento nos negócios relacionados com agricultores em geral. Uma situação que chama bastante atenção é que existem nessa área, grandes produtores agropecuários com fácil acesso às modernas tecnologias e fácil adaptação a esses processos, mas também surge um grande número de produtores que encontram muitas dificuldades para a exploração de seus negócios e podendo competir no mercado. Percebe-se que esses pequenos produtores estão voltados para agricultura familiar, tendo como característica a produção para o autoconsumo, passando por grandes dificuldades em termos gerenciais e de tomada de decisões. Em um processo de gestão sempre há uma grande barreira, chamada incerteza, que abrange todos os setores da economia. Entre eles está a agricultura familiar, que desempenha um papel econômico muito importante. A agricultura familiar é carente de ferramentas do sistema de gestão, como o esquema de custeio e indicadores de desempenho. Através dessa informação podemos perceber que como a agricultura é bastante significativa para a economia do país, é preciso que os agricultores tomem consciência da importância das ferramentas gerenciais específicas para o processo de produção. A agroindústria brasileira desempenha um papel significativo na economia nacional, ligando-se a produtos e serviços relacionados ao agrobusiness do país, tendo este uma relevante importância no equilíbrio das contas externas nacionais e na segurança alimentar interna. Por outro lado o sistema agroindustrial é bastante heterogêneo. Infelizmente hoje em dia as dificuldades são grandes, ficando inviável para o produtor estar contratando um profissional que atue dentro de sua empresa em determinada função, pois os custos seriam muito altos, assim seria essencial utilizar –se de uma ferramenta de fácil acesso e aplicação para atender as necessidades da agricultura familiar. Entende-se que na agricultura familiar o gerenciamento e investimento são sempre efetuados por indivíduos que mantém laços de sangue ou casamento, sendo o trabalho geralmente realizado por membros da família, e a propriedade de meios de produção, isto é, a terra, pertence, a família 2 Faculdade XV de Agosto, Socorro SP dezembro/2004 passando de pai para filho. As unidades de produção familiar geralmente não recorrem a mão-deobra assalariada, mantendo a preferência por trabalhadores da família, pois assim podem economizar na área trabalhista onde um empregado acarreta em despesas para uma empresa. Mesmo porque, apesar da dificuldade, o produtor agrícola obtém uma renda líquida superior ao que conseguiria obter em ocupações alternativas. Através de uma pesquisa pode se analisar que a maioria dos produtores não coletam os dados e nem registram qualquer efeito anormal que tenha acontecido no processo produtivo, ficando uma informação muito vaga a respeito. Um outro fato curioso foi que grande parte dos produtores afirmaram que os gastos realizados com a família, isto é, gastos pessoais, são misturados com os gastos comerciais. Essa é uma das razões que acabam gerando distorções no processo de tomada de decisão, pois acabam surgindo dificuldades para analisar quanto realmente se gasta nas despesas familiares e no processo de produção, surgindo aí o problema do preço de venda dos produtos agropecuários, não tendo informações suficientes, por exemplo, para saber se a empresa obteve lucro ou prejuízo. Foram apontadas na pesquisa as razões pelas quais os produtores não realizam essa coleta de dados, o que seria tão importante para o sucesso da empresa. Os principais fatores foram, a falta de tempo, muitos não acham que isso seja importante, e também a falta de hábito. Outro aspecto analisado foi que alguns produtores anotam informações sobre a produção, o procedimento realizado é muito precário, e os registros são em papel, ou até “de cabeça”. As razões desse procedimento rudimentar estes em que na maioria dos casos, nenhum membro da família ou funcionário que esteja relacionado com as atividades agrícolas, sabe utilizar um computador e que grande parte não possue escolaridade menos ainda acesso a tal tecnologia criando assim a falta de disponibilidade para o uso de computadores. Constata-se assim a carência gerencial. Tais fatores, como por exemplo, a baixa qualificação, formação escolar deficitária, acesso restrito à informática e falta de crédito prejudicam o desenvolvimento da agricultura no país. Muitas vezes a falta de informação é tão grande que gera decisões equivocadas; como foi apontado uma minoria dos agricultores coleta alguns dados na produção, como quantidade e valor de vendas, mas não utilizam essas informações de forma adequada, provocando incertezas e prejudicando a tomada de decisões. Uma consideração de grande importância que foi levantada, é que a maioria das informações necessárias estão acessíveis ao produtor e o que realmente falta é a ferramenta para poder analisar e tomar as decisões precisas. Sendo assim, é fundamental que os agricultores possam dispor de ferramentas gerenciais para tornarem seus sistemas produtivos e suas culturas em empresas. Problemas com crédito e imposições tecnológicas, não são abordadas pelo sistema de custeio e nem desempenho, onde seria necessário elaborar meios e ferramentas adequadas a este propósito para as pequenas propriedades agrícolas familiares. 3 Faculdade XV de Agosto, Socorro SP dezembro/2004 Mesmo com um forte vínculo dos produtores rurais com a terra e o local, pode-se dizer que se as oportunidades de trabalho existentes fora da propriedade forem mais remuneradas do que a renda gerada pela produção agrícola, a tendência será o esvaziamento da zona rural e se conseqüentemente a renda agropecuária for melhor àquela obtida fora da propriedade, o produtor irá procurar se manter na produção agropecuária. O produtor no Brasil vem sendo prejudicado pela falta de incentivo e de apoio e a agricultura familiar não apenas está sobrevivendo em condições adversas e sem ajuda das políticas públicas, como vem reforçando sua posição como produtora de mercadorias para o mercado doméstico e internacional.