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EDITORIAL
A demora na assinatura da medida provisória (MP)
223, que liberou o plantio e a comercialização de soja
transgênica, mais uma vez deixou o produtor à margem das decisões políticas, que não levam muito em
conta as necessidades dos produtores rurais, e demonstra a falta de conhecimento das autoridades e a
politização do tema, de tão grande importância para
economia nacional. A intervenção da ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, atrasou a edição da MP, que
teria de ser feita em função da inexistência de sementes convencionais no mercado. A história da safra passada voltou a se repetir. Novamente, o produtor rural
fica em situação de liberdade condicional, podendo
plantar e comercializar soja transgênica, desde que
de forma controlada, assinando o Termo de Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (Trac).
Agora, passado o segundo turno das eleições, o
tema volta a ser discutido. Segue o esforço dos produtores para buscar solução definitiva para o problema. O setor está descapitalizado e os preços dos
insumos aumentaram. A única forma de o produtor
não ter prejuízo é reduzir custos, e as sementes transgênicas dão esta possibilidade ao produtor. As autoridades deveriam respeitar mais o trabalho dos produtores rurais, que vêm alavacando a economia nacional nos últimos anos. O agronegócio gera empregos, renda, divisas, impostos, alimentos para o país
e, ultimamente, a colheita de dificuldades quase supera a dos grãos.
As autoridades às vezes esquecem a importância
da agropecuária na estrutura econômica do país. Além
dos benefícios diretos da atividade, o setor tem investido alto em programas de melhoria da qualidade
da produção, como o Juntos para Competir (em parceria com Sebrae), além de programas como de alfabetização de adultos e de formação profissional (do
Senar), que contabilizam, todos os anos, milhares de
trabalhadores rurais e produtores treinados. Sem contar as ações de promoção social voltadas para crianças e jovens do meio rural, mulheres e comunidades
excluídas.
É hora de valorizar e respeitar mais o trabalho dos
produtores rurais. Ora vigiados por invasores, ora
por abigeatários, ora pelo mau tempo e agora também pelas autoridades, que sabem perfeitamente que
não se põe uma fazenda na pasta e desaparece no
nada. Todos os produtores têm endereço certo como
todo o cidadão brasileiro. O que se quer é liberdade
para produzir porque respeitar a natureza e o consumidor é o que sempre se fez.
EXPEDIENTE
Tudo por causa de um tombo
Blau Souza * Estaria eu fechando um ciclo vital? Quereria Deus, ou
Não era minha intenção o destino, mostrar a precafalar de mais um tombo no riedade da condição humajá longo convívio com os na ou o valor da humildade
cavalos, mas aconteceu. A cristã? Pois, para fugir a penégua baia e mansa meteu samentos como esses, pasuma das mãos num buraco, sei a fixar-me em pequenos
ao tranco, na volta para as detalhes do dia-a-dia de pacasas e o golpe foi violen- ciente. Assim, ao ser barbeto, interrompendo pensa- ado, lembrei do livro Cidamentos longínquos de um de dos Mortos, que li quandistraído. A fratura de rádio do trabalhava no IML há
direito exigiu cirurgia com muitos anos. Nele, um méa colocação de placa metá- dico legista americano se
lica e parafusos. Tudo pare- transformava em principal
cia ir bem, quando, três se- agente na solução de uma
manas depois do tombo, a série de crimes em que o facoisa complicou. Fui sub- cínora esquartejava suas vímetido à craniotomia para timas. Isso aconteceu quantratamento de hematoma do ele descobriu entre os
sub-dural. E fiz questão de pedaços das vítimas, alguns
ocupar os amigos Oppitz e dedos com unhas pintadas
Stefani no Hospital Cristo transversalmente, não seRedentor para por ordem na guindo o eixo longitudinal
cuca. Tudo foi bem, mas per- dos dedos. Concluiu que
maneci numa UTI o tempo jamais uma mulher faria
inteiro e isso não é fácil ape- isso e orientou a polícia a
sar das atenções dos cole- procurar um exterminador
gas e de todo o pessoal do de homossexuais. Pois a
hospital. Numa UTI não se maneira de barbear das autem acesso a uma pia e mui- xiliares de enfermagem
to menos a um banheiro. Tive jamais seria a empregada
de tomar banho de gato e por homens...
usar papagaio e comadre
Ainda sobre o acontecipor alguns dias, pensando no do, registro alguns versos do
quanto é bom não depender amigo José Brasil Teixeira,
desses confortos. Mas, na médico de Bagé e fazendeiânsia de me assegurarem um ro nas Lavras, que me ajunicho individual, eu passara dam a rir e a bem me recuda Sala de Recuperação para perar dos estragos. Lá vão
a chamada UTI Intermediá- os versos: “Amigo, Dr. Blau
ria. Quando me dei por bem Souza, desculpe-me a petuacordado, vi que minha lância / o senhor, um homem
cama ocupava o mesmo lo- de estância, conhecedor da
cal em que dormia, trinta e lida, / foi, nesta altura da
oito anos atrás, no quarto vida, meter-se com tal redodos médicos, como futuro- ma.// Saldo de briga feia,
so plantonista de uma das contou-me o Franklin / nesprimeiras UTIs do Estado. ta manhã de domingo, tuas
FARSUL
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Carlos Rivaci Sperotto
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Francisco Lineu Schardong
Diretor Administrativo:
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Diretor Financeiro:
Jorge Rodrigues
SENAR-RS
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Carlos Rivaci Sperotto
Superintendente:
Gilmar Tietböhl
Chefe Divisão Administrativa:
Carlos Alberto Schütz
Chefe Divisão Técnica:
Taylor Favero Guedes
peripécias de doma: / além
da alma abalada e da rotina
quebrada,/ quebraste a cana
do braço e ainda mais um
hematoma.// mais notável,
ainda, pra cima de um acadêmico, / foi a arrogância da
égua;/ - talvez a de puxar pipa
ou do andar da gurizada- /
Não é que a idade ousa! Pois,
sonhando com / o tempo de
chucra, botou à nocaute um
Souza! // Vou noticiar aos
amigos com ar de admiração, / Sefrin, Medina e aos
demais, este fato surpreendente / que não saiu nos jornais: ginete desaquecido e
poeta conhecido leva golpe
contundente! // Desgraça
pouca é bobagem, é o que
deves estar pensando; / mas,
nada é tão ruim que não possa acabar em poesia... /
Aproveita o teu por enquanto, neste compasso de espera, / e em insólita homenagem, faz pra égua uma elegia. // Desfalque em cavalaria, resta o lanceiro a pé /
para enfrentar a peleia – rente do chão, / nesta altura, a
vida é bem mais segura - / é
o que deve ser, por certo,
tua madura conclusão; // Cá
pra nós, reserva o teu entreperna / para outra montaria,
antiga modalidade / que,
embora não tão freqüente,
/ é mais condizente com a
idade; // e em nome da prosa, do verso e também do
coração: / Ouve o clamor
das juntas e esquece esta
pangaré; / abre pra fora,
agradece, olha de longe, /
melhor andar embarcado ou
ser um gaúcho a pé!”
* Médico e escritor
JORNAL SUL RURAL
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Jornalista responsável:
Marcela Duarte
Fotos: Luiz Ávila, Emerson
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Colaboração: Alessandra Bergmann
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