MC 142/08 12-2008-SGA-08-BR-142-PB VOLUME III • NÚMERO 2 • 2012 DMRI Degeneração Macular Relacionada à Idade Dr. Alexandre Ventura 1 DMRI Degeneração Macular Relacionada à Idade A neovascularização ocular é de extrema relevância clínica, e um grave problema socioeconômico mundial, seja pelo seu custo direto ou indireto de tratamento, consequência de uma cegueira legal1. Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) Prof. Dr. Alexandre Ventura – CRM 13.733 (PE) Doutor em Medicina/Oftalmologia pela Universidade de Brasília – UnB Pós-doutorado em Retina – Cleveland Clinic Foundation, EUA Professor do Dep. Oftalmologia da FCM de Campina Grande-PB FACISA/CESED Coordenador do Curso de Especialização e Residência Médica em Oftalmologia CBO/MEC do Hospital de Olhos Santa Luzia, Recife-PE Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio ou sistema, sem prévio consentimento da editora. copyright © 2012 – EPM - Editora de Projetos Médicos Ltda. O conteúdo deste material foi elaborado com base na experiência clínica do autor, sendo de sua exclusiva responsabilidade e não refletindo, necessariamente, o posicionamento da Novartis, que apenas patrocina sua divulgação à classe médica. Todos os direitos reservados à: EPM - Editora de Projetos Médicos Ltda. Rua Leandro Dupret, 204 - cj. 91 - Vila Clementino CEP 04025-010 - São Paulo/SP Telefax: (11) 5084-3576 / 5575-3450 E-mail: [email protected] www.epmeditora.com.br A neovascularização leva à formação de um composto fibrovascular e seus produtos (sangue, líquido e lipídio), acarreta fibrose e atrofia associadas ao rompimento de delicados tecidos da retina necessários para a formação da visão2. O tratamento, uma vez instalado o quadro neovascular, deve ser realizado com brevidade, a fim de minimizar os danos visuais e proporcionar uma melhor qualidade de vida. Doenças oculares relacionadas com neovascularização são a principal causa de cegueira irreversível atualmente na população adulta. Estima-se que cerca de oito milhões de norte-americanos sofram de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e que, nos próximos cinco anos, em torno de um milhão de novos casos serão diagnosticados na população com mais de 55 anos de idade3-7. No nosso país, cinco milhões de brasileiros são prováveis portadores de DMRI, o que leva à estimativa de que 500 a 800 mil pessoas devem portar a forma neovascular da doença3. Com relação à Diabete Melitus (DM) e à Retinopatia Diabética (RD), a prevalência de diabéticos tipo 2 nos Estados Unidos da América (EUA) é atualmente de acordo com as estatísticas nacionais de 8,3% da população (mais de 25 milhões de pessoas). Contudo, com o crescente aumento dos fatores de risco, em especial a obesidade e do aumento da expectativa de vida, a prevalência da DM apresenta franco aumento. Um terço dos americanos irá desenvolver DM. A diabete é a principal causa de cegueira na população economicamente ativa nos EUA, apresentando cerca de 20 mil novos pacientes cegos todos os anos8-10. Os dados no Brasil, apesar de uma população mais miscigenada, existem. No que tange à DM, estima-se que atinja, aproximadamente, 8% da população entre 30 e 69 anos de idade, cerca de 17% das pessoas com C ASOS CLÍNICOS idade entre 60 e 69 anos, e mais de 18% dos indivíduos com mais de 70 anos. A prevalência da RD varia de 24% a 39,4%. Avaliando-se as estatísticas, chega-se a um número aproximado de dois milhões de brasileiros com algum grau de RD11,12. Dentre as principais causas de neovascularização ocular, podemos citar entre as mais importantes a DMRI na sua forma úmida, a retinopatia diabética proliferativa, as oclusões vasculares, a retinopatia da prematuridade (ROP) e o glaucoma neovascular. O avanço da medicina neonatal elevou a taxa de sobrevivência de recém-nascidos cada vez mais prematuros, observando-se incremento do número de casos de ROP. Globalmente, 50.000 são cegos por conta de ROP, com tendência de aumento deste número principalmente dos casos vindos dos países em desenvolvimento, como Brasil, China, Rússia e Índia13. A retinopatia diabética e as doenças oclusivas da retina também são reflexo do mundo moderno e industrializado. A DM atinge, nos dias de hoje, cerca de 6,5% a 8% da população mundial e chegará a quase meio bilhão de pessoas em 2030. Em 2025, serão mais de 1,5 bilhões de pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica, enorme problema global, causa de quase um terço de todas as mortes. Haverá, em futuro próximo, uma grande quantidade de pacientes com fator de risco para baixa visual atrelada às tromboses vasculares e a outras retinopatias14-16. O LASER continua sendo uma das únicas armas disponíveis para tratamento de doenças neovasculares do olho, desde a década de 1970. Aliando-se ao tratamento fotodestrutivo, o advento e uso dos antiangiogênicos popularizaram as injeções intravítreas na terapêutica ocular. Isso trouxe novas perspectivas e esperança para a maioria dos casos de neovascularização e a certeza de que dias melhores estão chegando para o combate contra a baixa visual ou cegueira17-20. O olho, um dos órgãos mais vascularizados do corpo humano, apresenta também um alto poder de crescimento de novos vasos, sendo estes, na maioria das vezes, vasos incompetentes. Ao contrário de outros órgãos, como o coração, a neovascularização ocular pode levar a danos irreparáveis, acarretando perda visual permanente parcial ou total. A neovascularização intraocular é uma complicação patológica de muitas doenças oftalmológicas que a eleva como a principal causa de cegueira no mundo21-23. A formação de novos vasos se origina a partir de um dos dois mecanismos: a vasculogênese ou a angiogênese. A vasculogênese é a formação primária de vasos sanguíneos a partir dos precursores da célula endotelial, os angioblastos, durante o desenvolvimento embrionário, e são responsáveis pelos plexos vasculares primitivos primários (coração e seus vasos) e secundários (ligações com alguns órgãos). A angiogênese é definida pela formação de neovasos de capilares preexistentes através da proliferação de células endoteliais e divisão do lúmen vascular. No olho, acontecem também tais mecanismos, vasculogênese imperfeita levará à instalação da ROP; e a angiogênese, na maioria das vezes por conta de isquemia, leva a outras neovascularizações oculares1,21,24. A angiogênese pode ser fisiológica, pois está relacionada à cicatrização de feridas, à gravidez, a ciclo uterino e à vascularização de órgãos vitais, como o cérebro, a crescimento do cabelo, e, possivelmente, à regulação da pressão arterial; mas pode ter caráter patológico, como nos tumores e na neovascularização ocular1,25-28. No caso da RD e de outras vasculopatias retinianas, há neovascularização por não perfusão capilar com consequente isquemia, levando à difusão de fatores angiogênicos. A angiogênese retiniana é a consequência, portanto, de uma resposta vascular anormal à isquemia ou à hipóxia, que leva à proliferação de células vasculares endoteliais através da membrana limitante interna para o vítreo. Por outro lado, o controle desta isquemia através de fotocoagulação a LASER ou de crioablação leva à regressão dos neovasos e à prevenção das complicações1,23,24,29-32. Quando se fala sobre angiogênese coroideana, em especial a neovascularização que ocorre em pacientes com DMRI, não é observada hipóxia ou isquemia, até porque esta região é irrigada pelos vasos da coroide ricos em oxigênio e em nutrientes. O que ocorre é uma degeneração e enfraquecimento da membrana de Bruch, que permite a passagem de vasos para o espaço subretiniano, causando exsudação e hemorragia. É defendido um modelo no qual existe inflamação local associada à liberação de fatores de crescimento, como o “vascular endothelial growth factor” (VEGF), que está sendo o foco da patogênese da DMRI exsudativa24,33. Atualmente, é enorme a quantidade de estudos e pesquisas sobre o assunto, e incessante a busca pela cura e por combinações terapêuticas. Os antiangiogênicos são de fundamental importância nesta página da história a caminho do tratamento ideal34-40. Um abraço, Alexandre Ventura 3 Caso Clínico 1 Paciente do sexo masculino, 36 anos de idade, branco, formado em Ciência da Computação (muito exigente com sua qualidade de visão) natural e procedente do Recife, Pernambuco, refere embaçamento visual progressivo no olho esquerdo associado à visão binocular tipo “fantasma”, diplopia esporádica e tortuosidade há mais de um mês. Relatou ainda que, provavelmente, tudo começou pelos “flashes” que observa há, pelo menos, cinco meses. de feixe papilo macular, de tamanho aproximado de dois diâmetros de disco óptico com bordas hemorrágicas. Antecedentes pessoais: Nenhum. OE: observa-se área de Membrana Neovascular Sub-retiniana (MNVSR) em atividade com bordas hemorrágicas em região de feixe papilo macular inferior (Figuras 1 e 2). Antecedentes familiares: Pai hipertenso controlado e tratado de degeneração macular úmida em OD com Terapia Fotodinâmica (PDT). Mãe diabética tipo 2 em insulinoterapia. Exames complementares Retinografia e angiofluoresceinografia: OD: exame normal. Exame clínico Acuidade visual corrigida: OD: 20/20. OE: 20/100 nasal, com metamorfopsia. Biomicroscopia do segmento anterior: AO: fácico, córneas claras, conjuntivas normais, ausência de quaisquer sinais de inflamação/infecção. Figura 1: Retinografias coloridas do OD e do OE. Note área elevada (seta branca) e hemorragia (seta vermelha). Tonometria: AO: 12mmHg. Mapeamento de retina: OD: vítreo transparente, nervo óptico corado, escavação papilar 0,4; vasos, região macular e periferia da retina sem alterações. OE: vítreo transparente, nervo óptico corado, escavação papilar 0,5; periferia da retina sem alterações, presença de área de edema secundário a uma membrana neovascular sub-retiniana em região 4 Figura 2: Retinografias fluoresceínicas do OE, inicial (A) e mais tardia (B). Note área hiperflurescente da lesão em atividade e o bloqueio do contraste pela hemorragia. Tomografia de Coerência Óptica (OCT): OD: Normal. OE: interface vítreo-retiniana sem processos tracionais, observa-se componente neovascular coroideano, acometimento de retina neurossensorial associado a líquido sub-retiniano nasal à fóvea (Figura 3). Figura 4: Resultado após monoterapia com Ranibizumabe em OE. Retinografia colorida (A) e retinografias fluoresceínicas, inicial (B) e mais tardia (C). Note a diminuição do edema e da atividade da membrana neovascular quando comparada ao início do tratamento. Figura 3: Tomografia de Coerência Óptica (OCT) da primeira visita. Observe o componente neovascular associado a líquido subretiniano nasal à fóvea. Estratégia de tratamento proposto Foi conversado com o paciente e com os seus familiares sobre algumas terapias possíveis: drogas antiangiogênicas, esteroides, PDT, LASER térmico e/ou combinações destas. Figura 5: OCT após três aplicações de Ranibizumabe. Observe a diminuição expressiva da lesão e a ausência de líquido sub-retiniano. Optou-se pela monoterapia mensal com Ranibizumabe, pois já havia o seu pai tratado outrora com alternativa diferente – num tempo prévio à era antiangiogênica. O LASER e outros tipos de drogas foram afastados. Foram realizadas, então, três aplicações de Ranibizumabe intravítreo, com intervalo de quatro semanas entre as injeções. Sem intercorrências. Na oitava semana, já era vista uma excelente evolução, com diminuição da lesão e regressão da hemorragia. Em torno da semana 16, um mês após a terceira dose, o paciente apresentava visão corrigida de 20/25 em OE e não mais se queixava de metamorfopsia (Figuras 4 a 6). Ele evolui bem, após quase 120 dias do terceiro Ranibizumabe. Figura 6: OCT comparativo no baseline e após três aplicações de Ranibizumabe. Note a melhora da anatomia retiniana com a diminuição do componente neovascular e resolução do líquido subretiniano nasal à fóvea. 5 Caso Clínico 2 Paciente com 79 anos de idade, sexo feminino, oriental, natural do Japão e moradora da cidade do Recife, Pernambuco, há mais de 60 anos. Queixa principal de perda da visão do OD há cinco dias; referia ainda metamorfopsia e baixa visual progressiva no olho acometido por, pelo menos, seis meses. Não se queixava do OE. Antecedentes pessoais: Hipertensão arterial sistêmica leve. Exames complementares Retinografia e angiofluoresceinografia: OD: observam-se tempos circulatórios preservados, enchimento vascular retiniano normal, grande área de hipofluorescência secundária à hemorragia sub-retiniana em toda região macular associada à hiperfluorescência, de 1DD, temporal superior suprafoveal de suspeição de uma atividade neovascular sub-retiniana (Figuras 1 e 2). Exame clínico Acuidade visual corrigida: OD: vultos. OE: 20/40 parcial. Biomicroscopia do segmento anterior: AO: Catarata nuclear ++/4+, córneas claras, conjuntivas normais. Tonometria: OD: 12mmHg. OE: 11mmHg. Figura 1: Retinografias coloridas do OD e do OE da primeira visita. Note extensa área de hemorragia que acomete toda a mácula em OD, OE fundus miópico. Mapeamento de retina: OD: vítreo transparente, nervo óptico corado, escavação papilar 0,5; região macular acometida por densa hemorragia sub-retiniana e periferia da retina sem alterações, fundus tigroides. OE: vítreo transparente, nervo óptico corado, atrofia discreta em borda nasal do nervo, escavação papilar 0,5; vasos, região macular e periferia da retina normais, fundus também de aspecto tigroides. 6 Figura 2: Retinografias fluoresceínicas do OD e do OE da primeira visita. Observe, em OD, área hiperflurescente suspeita de lesão em atividade (seta vermelha) e o grande bloqueio do contraste pela hemorragia; OE normal. Diagnóstico A partir dos exames iniciais. foi levantada a hipótese de uma membrana neovascular sub-retiniana do tipo oculta. Contudo, avaliando a raça da paciente, o olho contralateral com ausência de drusas e o OCT, foi praticamente fechado o diagnóstico de vasculopatia polipoidal da coroide, mesmo sem a realização da indocianinografia. Tratamento proposto Foi, portanto, iniciado monoterapia com Ranibizumabe e foram programadas visitas mensais no primeiro ano de tratamento. A paciente obteve resposta satisfatória já na primeira aplicação, evoluiu com redução de quase 50% da hemorragia nos primeiros 30 dias (Figura 3). Foi realizado um total de cinco ampolas, sempre apresentando redução do sangramento e da atividade da doença de forma expressiva. Após a segunda aplicação, ainda havia componente hemorrágico discreto (Figura 4). Completadas as cinco doses de tratamento, foi atingido o objetivo traçado na primeira visita. Pode-se observar, na Figura 5, resolução total da hemorragia e ausência de líquido sub e/ou intrarretiniano ao OCT. Contudo, ainda existem exudatos e irregularidades no OCT, talvez pela gravidade da hemorragia e/ou pólipos e exudatos. A acuidade visual final foi de 20/200 com posição de cabeça. A paciente ainda frequenta com assiduidade o consultório e permanece sem atividade há quatro meses. Em futuro próximo, irá realizar facectomia em ambos os olhos, a fim de obter melhora visual complementar. A paciente, então, submeteu-se a injeções consecutivas em intervalos que variaram de quatro a seis semanas, tendo como objetivo ausência de hemorragia e fluído sub e/ou intrarretiniano. Figura 4: Retinografias coloridas (A) e fluoresceínicas (B), do OD, após duas aplicações de Ranibizumabe. Note diminuição da área do bloqueio do contraste pela hemorragia. Figura 3: Retinografias coloridas (A), fluoresceínicas (B) e OCT (C), do OD, 30 dias após a primeira injeção de Ranibizumabe. Observe diminuição do quadro hemorrágico e ainda grande volume de fluído/sangue sub-retiniano nasal à fóvea. Figura 5: Retinografias coloridas (A), monocromáticas (B), fluoresceínicas (C) e OCT (D), do OD, após cinco aplicações de Ranibizumabe. Note ausência de hemorragias e resolução do líquido sub-retiniano, entretanto observam-se regiões de exudatos em mácula. No OCT, áreas dos prováveis pólipos (setas vermelhas). 7 10FAQ (Frequently Asked Questions) 3. Qual é o exame complementar que vem se tornando padrão-ouro na DMRI? A tomografia de coerência óptica tem mostrado qualidades imbatíveis no diagnóstico e no acompanhamento dos pacientes acometidos. É um exame rápido, reprodutível e não invasivo. Contudo, a clínica é soberana. Uma cuidadosa anamnese e aferição da acuidade visual, avaliação dos fatores de risco associado aos achados clínicos e a angiografia fluoresceínica, pelo menos no baseline, são essenciais na condução inicial de cada caso55,56. 1. Quais são os principais fatores de risco da DMRI? Dentre os principais fatores de risco associados à DMRI, podemos enumerar: o aumento da idade, tabagismo, facectomia prévia e histórico familiar. São fatores de risco com associações moderadas: elevação do índice de massa corporal, doença cardiovascular, hipertensão e fibrinogênio plasmático elevado. Os fatores de risco considerados fracos são: sexo, etnia, diabetes, cor da íris, história de doença cerebrovascular e níveis de triglicérides, HDL e colesterol total no soro41. 2. Todos os tipos de neovascularizações oculares podem ser tratados com antiVEGF? Há um acervo enorme de publicações sobre o tema, desde o uso do anti-VEGF para tratamento de neovasos de córnea42 ou glaucoma neovascular43, membranas coroidianas inflamatórias ou infecciosas44,45 e membranas neovasculares idiopáticas46-48. As oclusões venosas da retina49-51 e a retinopatia diabética52-54 são “as bolas da vez” - com resultados visuais bastante promissores. Contudo, no nosso país, com relação à DMRI úmida, os únicos anti-VEGFs liberados para utilização intraocular são Pegaptanib e Ranibizumabe. 8 4. Qual a população mais afetada pela Vasculopatia Coroidiana Polipoidal (PCV)? A PCV, inicialmente considerada uma entidade rara, pode atualmente ser frequentemente diagnosticada em descendentes asiáticos e africanos. Nos caucasianos, corresponde a 10% dos casos de DMRI, ou até 85%, nos casos em que o paciente cursa com descolamento exudativo e/ou hemorrágico do epitélio pigmentar57. 5. Qual o tratamento ideal na PCV? O tratamento da PCV, como em toda patologia, deve ser individualizado, levando em consideração os achados clínicos e de exames complementares. A PCV é considerada uma forma específica da DMRI úmida e, por isso, possui boa resposta aos antiangiogênicos, como é o caso do Ranibizumabe. A terapia fotodinâmica (PDT) com a verteporfina também é uma alternativa, principalmente para os casos com pequenas lesões e ausência de pólipos subfoveais. Na PCV, mesmo após o PDT, a teia vascular persiste e frequentemente há recorrências57,58. 6. Qual é a importância de tantos testes clínicos (Clinical Trials) para nós retinólogos? Novos medicamentos e opções terapêuticas são amplamente testados em laboratório, estes testes só podem prever como um remédio vai agir. Para entender completamente como um novo medicamento realmente funciona em seres humanos, ele precisa ser testado em pessoas afetadas pela doença às quais o medicamento foi concebido para ajudá-las. Estes testes em humanos (testes clínicos) nos ajudam a avaliar se o novo medicamento é mais eficaz e seguro do que os medicamentos ou tratamentos antigos. 7. Quais as implicações do estudo CATT (Comparison of AMD Treatment Trials) na nossa prática clínica? (Parte1) Assim como todo estudo sério de degeneração macular, o CATT59-61 tratava até atingir uma “retina seca” com seguimento pelo OCT. Se houvesse baixa visual não justificada, nova hemorragia ou edema com alteração dos padrões angiofluoresceinográficos, o paciente deveria ser medicado. Esta deve ser a nossa meta, uma retina sem líquido e com a anatomia mais próxima do normal possível. 8. Quais as implicações do estudo CATT (Comparison of AMD Treatment Trials) na nossa prática clínica? (Parte2) A nossa vida real não é um Trial, a maioria dos nossos pacientes são submetidos ao esquema PRN (pro re nata – conforme necessário) ou ao tratar e estender. No CATT, foi avaliado o Ranibizumabe e o Bevacizumabe mensais e PRN. O Lucentis® se mostrou mais capaz em manter melhor visão ao final de dois anos, assim como uma retina menos espessada. O número médio de injeções no grupo PRN foi de 12,6 para Ranibizumabe e de 14,1 nos pacientes submetidos ao Bevacizumabe. O mais importante e crucial no Avastin® utilizado no estudo foi não fracionamento e a manipulação da droga padronizada e centralizada. No Brasil, não é a realidade. 9. E sobre o estudo IVAN (Alternative treatments to Inhibit VEGF in Age-Related Choroidal Neovascularization)? O estudo IVAN62 é patrocinado pelo National Institute for Health Research da Inglaterra, e, como o CATT, compara o Ranibizumabe com o Bevacizumabe. Difere do CATT na estratégia PRN, se há retratamento, são realizadas três aplicações mensais e consecutivas; enquanto, no CATT, somente uma aplicação era realizada. Os resultados parciais de um ano demonstram que, nos pacientes tratados com Ranibizumabe, houve ganho de 7,2 letras em média contra 5,0 no grupo submetido ao Bevacizumabe. No que tange à segurança sistêmica, foram dosados os níveis séricos de VEGF, em que a média foi de redução de 50% naqueles que utilizaram Bevacizumabe contra apenas 10% nos pacientes de Ranibizumabe. 10. Qual a importância do antibiótico para a prevenção da endoftalmite nas injeções intravítreas? Recente artigo publicado no Ophthalmolgy Journal, por Dr. Lam e seus colaboradores, demonstrou que o uso de antibiótico tópico logo após o procedimento ou durante cinco dias após a injeção não apresenta poder na prevenção da endoftalmite63. Há a necessidade de repensar a sua utilização, levando em consideração a resistência bacteriana e sua real necessidade. Cuidados básicos devem ser tomados durante o procedimento a fim de evitar complicações64,65. 9 Referências 1. Dorrell M, Uusitalo-Jarvinen H, Aguilar E, Friedlander M. Ocular neovascularization: basic mechanisms and therapeutic advances. Surv Ophthalmol 2007; 52 Suppl 1:S3-19. 2. Bressler SB. Introduction: Understanding the role of angiogenesis and antiangiogenic agents in age-related macular degeneration. Ophthalmology 2009; 116(10 Suppl):S1-7. 3. Bressler NM, Bressler SB, Congdon NG, et al. 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Procedimentos pré-injeção Provisões de injeção Instruir o paciente a aplicar colírios antimicrobianos de largo espectro no olho afetado 4 vezes ao dia por 3 dias antes do tratamento Antes de começar, assepticamente reunir as seguintes prestações: Luvas cirúrgicas estéreis Colírios antimicrobianos Almofadas estéreis 4 x 4 Espéculo palpebral Agente de dilatação pupilar Batas oftalmológicas estéreis Solução de iodopovidona 10% Paquímetro Estéril Colírio de iodopovidona 5% Procedimentos de injeção 1 3 4 2 1. Dilatar a pupila. 2. Aplicar anestesia tópica, e administrar colírio antimicrobianos de amplo espectro. 5 3. Aplicar a solução de iodopovidona 10% para a pele periocular, pálpebras, cílios e colocar bata estéril sobre o olho. 6 5. Instilar colírio oftálmico de iodopovidona 5%, e aguarde 90 segundos. 8 6. Lavar os olhos com solução salina oftálmica. 9 4. Insira espéculo palpebral estéril. 7 7. Orientar o paciente a olhar em outra direção do local da injeção. Marcar um local de injeção em uma área 3,5mm a 4,0 mm posterior ao limbus, evitando o meridiano horizontal e mirando em direção ao centro do globo. Procedimentos pós-injeção Descarte os materiais de injeção adequadamente e prepare uma avaliação de acompanhamento Avaliar a percepção à luz, descobertas oftalmoscópias indiretas, e pressão intraocular imediatamente após a injeção 8. Lentamente aplicar o volume da injeção, em seguida retirar a agulha lentamente. 9. Administrar colírio antimicrobiano de amplo espectro. Gire o local escleral para injeções intravítreas posteriores de modo que o mesmo local não seja injetado repetidamente Referência: 1. Aiello LP, Brucker AJ, Chang S, et al. Evolving guidelines for intravitreous injections. Retina. 2004;24:S3-S19. Antes de recitar LUCENTIS®, favor consultar a informação de receituário completa no seu país. LUCENTIS® é uma marcar registrada da Genentech, Inc. Instruir o paciente a aplicar o colírio antimicrobiano de largo espectro no olho tratado 4 vezes ao dia por 3 dias após o tratamento Instrua o paciente a relatar imediatamente quaisquer sinais de inflamação ou infecção, tais como dor ocular ou desconforto, agravamento da vermelhidão dos olhos, sensibilidade a alterações leves, flocos vítreos, ou mudanças na visão Monitorar o paciente durante a semana seguinte a injeção para permitir o tratamento adiantado no caso de uma infecção 11 MATERIAL PRODUZIDO EM AGOSTO/2012. ACESSE: WWW.PORTAL.NOVARTIS.COM.BR/LUCENTIS 6279079 LC CASO CLINICO 10 FAQ 2 0,01 0312BR