COMUNICAÇÕES LIVRES
08.30 | 11.00
RETINA MÉDICA
SALA LINCE
Presidente: Marinho Santos
Moderadores: Rita Flores, Joaquim Canelas
09:00
CL169 - IMPLANTE INTRAVÍTREO DE DEXAMETASONA: OS NOSSOS PRIMEIROS 100
CASOS
Ana Travassos1, Didia Proença2, Isaura Regadas3, Isabel Pires4, Antonio Travassos5, Rui Proença2
( 1Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia dos HUC , 2Centro Cirúrgico de Coimbra ,
3
CRIO , 4HUC, Centro Cirúrgico de Coimbra , 5Centro de Responsabilidade Integrado de
Oftalmologia dos HUC-EPE; Coimbra;AIBILI - Associação para Investigação Biomédica e Inovação
em Luz e Imagem )
Introdução: O edema macular pode ter múltiplas etiologias, é uma causa frequente de baixa
acentuada de visão e o seu tratamento pode ser difícil, sobretudo quando crónico. Um dos
tratamentos propostos é a injecção intravítrea de corticosteróides, de eficácia comprovada, mas de
duração limitada. Recentemente, surgiu uma formulação de libertação prolongada de
dexametasona intravítrea, sob forma de implante, com indicação no tratamento do edema macular
associado a oclusão venosas, estando em aprovação a sua utilização em uveítes. No entanto, o seu
uso poderá ser generalizado a outras patologias que cursem com inflamação e edema macular.
Objectivos: Analisar a eficácia do tratamento com o implante intravítreo de 700 microgramas de
dexametasona em doentes com edema macular de diferentes etiologias e descrever eventuais
complicações associadas ao uso deste implante.
Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo envolvendo 100 olhos de 90 doentes, com edema
macular associado a múltiplas patologias e submetidos a injecção intravítrea de implante de
dexametasona. Os doentes foram submetidos a um exame oftalmológico completo, foi determinada
a MAVC e realizados diversos exames complementares (retinografia, angiografia fluoresceínica,
autofluorescência, microperimetria, OCT e Optomap). Foi avaliado o tempo de duração de acção do
implante e comparado o tempo médio em doentes não vitrectomizados e vitrectomizados.
Resultados: Foram estudados 100 olhos de 90 doentes, com uma média de idades de 62,4 ±12,2
anos (entre 16 e 85 anos), sendo 60 homens e 30 mulheres. As patologias associadas foram as
oclusões venosas (18 olhos), retinopatia diabética (19 olhos), cirurgia intraocular (40 olhos),
traumatismo ocular (7 olhos), uveíte (8 olhos), efusão uveal (2 olhos) e outras patologias (6 olhos).
O tempo médio de seguimento dos doentes foi de 6,0±3,0 meses.
Verificou-se uma redução significativa do edema em 93% dos casos, comprovado por AF e por
OCT, com um efeito mantido de 4,0±1,0 meses. Observou-se um efeito terapêutico mais duradouro
em doentes não vitrectomizados do que nos vitrectomizados. A melhoria da MAVC foi observada na
maioria dos olhos, variando com a patologia associada. Uma hipertensão intraocular transitória foi
observada em 7 olhos (7,0%), controlada medicamente em todos eles. Em 3 olhos verificou-se a
passagem do implante para a câmara anterior (um dos quais com edema corneano localizado) e
que exigiram a sua recolocação na cavidade vítrea.
Conclusões: O implante intravítreo de dexametasona pode acelerar a resolução do edema macular
em diferentes entidades patológicas e ter uma baixa incidência de efeitos secundários. No entanto,
a sua duração de acção é variável com a patologia associada e com a presença ou ausência de
vítreo. Será necessário um tempo de seguimento superior para se comprovar a eficácia e duração
de acção, bem como a sua segurança a longo prazo.
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