Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 POLÍTICA E RELIGIÃO NO ÂMAGO DA IGREJA CATÓLICA ANTE A DITADURA MILITAR NO BRASIL Denes Augusto Clemente 1 Mariana Gino 2 “O mundo Marcha para o Socialismo (...) idéias erradas de que a Religião aniquila o homem diante de Deus, a ponto de a morte de Deus 3 parece ser o preço inevitável da liberdade do homem”. INTRODUÇÃO Este pequeno trabalho é fruto de uma das aulas de Eclesiologia e Diálogo Inter-religioso, que foi alimentado durante os meses em que cursamos disciplinas que focam no assunto, mas só agora tivemos a coragem de fazê-lo, não por medo de não lhe dar com o assunto, que por sinal é muito Rico e Extenso, mas sim por naquele momento nossos olhos estavam voltados para outras questões as quais não nos ateremos por agora, pois este também será um assunto que breve também poderemos nos ater. Ter como tema de Pesquisa, a atuação da Igreja Católica no Brasil durante a Ditadura Militar é estar passivo a todas as críticas, tanto dos nossos colegas Teólogos que apresentaram a nós argumentos que talvez possam justificar a omissão da Igreja em certos acontecimentos ou mostrar que de certa forma ela esteve presente na vida da Sociedade Brasileira atuando firmemente para que o Povo não se esmorecesse diante do Terror da Ditadura, ou com a sustentação crítica dos nossos Amigos Historiadores, de que a Igreja não esteve do lado do Povo e sim dos seus interesses, que não ouve atuação frente a Ditadura e sim um “adestramento” do povo junto aos Partidos Direitistas, por meio de jornais informativos que mostrava a Sociedade quais eram os verdadeiros inimigos, ou seja, toda e qualquer ameaça Vermelha4, para que assim a Paz reinasse. Diante desta questão, de tentar mostra um ou outro olhar, sobre a Igreja, preferimos assumir os riscos de utilizar tanto os argumentos Teológicos como os argumentos Histórico-filosóficos para compor este trabalho, de tudo ele não é totalmente acabado, pois o que apresento é apenas um esboço de um ano de pesquisa em periódicos (revistas e jornais) nos mais diversos meios sociais. Assim sendo este acaba por ser uma descrição do que foi feito ate agora, poderia eu espera mais tempo para apresentar um trabalho Acabado, mais preferimos semear a Imaginação dos mais assíduos ao tema com o pouco que temos pesquisado. 1 Teologia e história, Hitória e teologia. 1 Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Al Dawa Instituto Latino Americano de Estudos Islâmicos. 2 Graduanda em Teologia Pelo Instituto Teológico Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de ForaCES e em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora, atualmente é Bolsista de Iniciação Cientifica pelo departamento de Ciência da Religião-UFJF. 3 Discurso inaugural de Dom Hélder Câmara no ITER. 4 Como era referenciado o Partido Comunista. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 1 Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 Toda vez que pesquisamos um tema Teológico relevante em sala ou que nos chamou atenção por algum motivo específico, logo nos dizem que é preciso “Tira os Olhos Históricos” dos fatos ou assuntos que cabe à Teologia responder. Pois bem, agora que apresenta o nosso trabalho, vemos que para nós é quase impossível desvincular Teologia e História ou História e Teologia. Infelizmente ou Felizmente o varal que penduramos os nossos argumentos tem em si um pouco de cada Ciência. Se fomos buscar a argumentação Teológica é por que a História não nos satisfez frente aos questionamentos que fizemos e ainda façamos acerca da Historia da Igreja , e se continuo com a Historia é por que aos poucos estou me moldando com a barganha intelectual que estamos adquirindo, sem menosprezar esta ou aquela ciência. Por isto pra iniciar este trabalho pretendemos fazer uma rápida recordação dos fatos especificamente a partir da II Guerra Mundial-que antecedem a Ditadura Militar no Brasil, pois as bases, de compreensão estão logo após a Grande Guerra. 2 Um Breve Momento Histórico O século XX deixou grandes marcas na história da humanidade. Vivenciamos duas Guerras Mundiais, que hoje podem ser revistas como grande hecatombe humana, período este de grande repressão social, política e religiosa. Os reflexos de tais acontecimentos foram sentidos não só na Europa, palco dos acontecimentos, mas também em todos os países que não aderiram à neutralidade da Guerra, e que de uma certa forma estiveram atuantes nos conflitos. Com o fim da Grande Guerra e a partilha da Alemanha, o que se vê é a luta de duas grandes potências mundias, de um lado a União das Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS) denominado bloco Socialista e do outro os Estados Unidos da América denominado bloco Capitalista. Jornal, O Lar Católico, 1964. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 2 Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 Logo depois da guerra, a Europa ficou dividida entre o socialismo, que se estabeleceu na parte centro oriental, e capitalismo, que se manteve nos países ocidentais. Na Europa Ocidental, a reconstrução foi ajudada pelos Estados Unidos, por meio do Plano Marshall, e realizou-se em meio a altas taxas de crescimento, que caracterizavam o capitalismo do pós-guerra. (CAMPOS, 1991: 219). Tal disputa atinge não só meios sociais, político-econômicos, mas também caiu no meio dos “Seios da Igreja Católica”, não só na Europa, que segundo Étienne Gilson5 em O filosofo e a Teologia, estava vivenciando um momento de uma profunda descristianização, mas também em outros continentes que se fazia presente,como por exemplo, aqui na América. Em maio de 1968, enquanto em Paris os estudantes protestavam nas barricadas, no seminário maior de Viamão, próximo a Porto Alegre, numerosos seminaristas coléricos e confusos decidiram contestar a autoridade dos bispos pondo abaixo a cozinha, cantado em latim “Queremos Deus” (SERBIN, 2008:155). Assim sendo era quase que um dever da Igreja Católica não deixar que a ameaça Vermelha contaminasse as terra do Novo Mundo. E o que percebe-se por meio de periódicos e outros informativos da época é que a Igreja Católica estava mesmo fazendo tudo para que o Povo não tivesse contato com as idéias comunistas. 3 CASO BRASIL: A Igreja Dividida No Brasil a situação de luta contra o Terror Vermelho não era muito diferente das realidades dos outros países ditos Capitalistas, não só pelo fato do Estado ser aliado da Potencia Capitalistas, USA, mas sim que com morte de a Getúlio Vargas e a deposição de João Goulart, pelos militares, o governo brasileiro começa a tomar novas roupagens, perdendo aos poucos os resquícios das características do governo varguista que ainda ecoava no governo de Jango. O período que vai de 1964-1985 foi marcado fundamentalmente pela presença dos militares na vida política. Instalados no poder, os militares e seus aliados civis suprimiram inúmeros aspectos da organização nacional, estabelecendo um regime autoritário, centralizado em relação aos Estados, conservador em muitos aspectos e modernizador noutros tantos (CAMPOS, 1991248). 5 Filósofo historiador e exegeta, nasceu em Paris (1884) se interessou pelos estudos de Historia da Filosofia Medieval, faleceu em 1978. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 3 Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 Jornal, O Lar Católico, julho de 1963. Tais reflexos afetaram profundamente o discurso da Igreja Católica no Brasil, como aponta CAMPOS: (...) a radicalidade do debate político se fazia no interior da Igreja, que passava por profundas renovações depois do Concilio Vaticano II. Entre o clero era muito grande a força dos conservadores, que identificavam as reformas, e a reforma agrária em particular, com o comunismo. Mas era cada vez maior o numero de católicos que se aproximava de posições reformistas e nacionalistas. Outros avançavam ainda mais, procurando conciliar cristianismo e socialismo, militando em sindicatos, partidos, jornais e outras organizações de esquerda. Assim vemos surgir de um lado o discurso do clero conservador, que lutava contra reforma agrária, dizendo estar agindo a favor da “Família Brasileira”, e do outro a Esquerda Católica, movimento formado por religiosos, leigos e sindicalistas que aos pouco começavam a ter contado direto com os membros do Partido Comunista do Brasil e outras organizações de esquerda. Segundo Serbin, Pernambuco foi o cenário da maior violência pós-golpe em 1964, mais os jornais locais não publicaram noticias sobre as torturas. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 4 Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 Jornal, O Lar Católico. 1964 Enquanto um lado da Igreja festejava o Concilio Vaticano II, o outro lutava frente os abusos do Estado Militarista, o que deixava o Vaticano ainda mais preocupado. Este fato é perceptível em todos os periódicos da época, pois isto não foi mal que para Igreja, desta cisão entre Católicos conservadores e vanguardistanascionalistas nasceu a Teologia da Libertação. Uma Teologia com características próprias da América Latina, e que foi considerada por muitos como uma Teologia. Marginal e Comunista. Jornal, O Lar Católico, Fevereiro de 1964. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 5 Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí – Realização Cursos de História, Letras, Direito e Psicologia – ISSN 2178-1281 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como havia salientado na introdução, este trabalho não é de tudo acabado, apenas quisemos mostrar o resultado de alguns meses de pesquisa, escritos que fizemos após refletirmos sobre o período em que estamos pesquisando. Por isto paramos justamente no terceiro item. O tema é muito amplo e demandaria mais tempo de pesquisa e dedicação. Esperamos ter lançado pequenas pistas para que os próximos, que se interessassem pela temática. Diante destas perspectivas que tentamos esboçar brevemente o que estava acontecendo nos vivenciados pela Igreja Católica no Brasil durante o período da Ditadura Militar. BIBLIOGRAFIA Fonte Primaria 1. Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora. Jornal: O lar Católico, Rio de Janeiro, 1963-1964, 2 .Biblioteca Redentoristas Jornal: O lar Católico, Juiz de Fora, 1963-1964, Caderno de anotações da Juventude Operaria Católica (JOC). Fonte Secundaria SERBIN, Kenneth P. Padres, celibatos e conflitos sociais: uma historia da Igreja Católica no Brasil; tradução de Laura Teixeira Motta.- São Paulo: Companhia das Letras, 2008 446p. MICELI, Sergio. A elite eclesiástica brasileira: 1890-1930. -São Paulo: Companhia das Letras, 2009. 213 p. CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. Historia do Brasil. -2.ed.-São Paulo: Atual, 1991.183-248p. LIBÂBIO, João Batista. A volta à grande Disciplina. - São Paulo: Edições Loyola, 1983.180p. Textos Completos: II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí: História e Mídia – ISSN 2178-1281 6